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DISCIPLINA: TEORIA PSICANALÍTICA.

PROFESSOR: FLÁVIO R. PROVAZI

12a Aula:

Tema de discussão:

A Psicologia das massas e a Análise do Eu.

FREUD, S. A Psicologia das Massas e a Análise do Ego. (Caps. V, VII) (1921). In:
Obras Completas de S. Freud (volume XVII), Rio de Janeiro: Imago Editora
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Psicologia de Grupo e a Análise do Ego (Psicologia das Massas e a


Análise do Eu)
Líder: traz um refúgio a uma sensação de desamparo, que foi gerada lá na
infância (desamparo infantil).
Sugestão: são os laços emocionais que envolvem os indivíduos de um grupo.
O líder tem uma posição diferente em relação aos membros do grupo, algumas
vezes até perversa.
Freud começa sua obra com um resumo sobre o tema da psicologia de
grupo em profundidade, evidenciando o aparente contraste entre a psicologia
individual e a psicologia social salientando a impossibilidade de uma separação
entre estes campos. Coloca como possibilidade o entendimento da psicologia
individual como se limitando à esfera subjetiva, mais especificamente ao
universo do autismo e narcisismo.
No texto, Freud apresenta os trabalhos do sociólogo Gustave Le Bon (1841-
1931).
Na descrição de Le Bon da mente grupal apesar de adotar e comentar a
expressão massa analisando detalhadamente o comportamento humano em
grandes grupos amorfos ou multidão, a partir do seu livro “La psychologie des
foules” (1895), Freud nos remete aos princípios da determinação do
inconsciente e vida instintual destacando a atenção que dá aos processos de
sugestão, e influência do líder.
Freud argumenta que um indivíduo se sente seguro por ser parte de um grupo,
porém, este sentimento de pertencimento leva a uma perda dos indivíduos
conscientes. Assim quaisquer sentimentos no grupo tendem a ter uma grande
influência sobre os demais.

Freud procura examinar em detalhes, esse efeito que uma enorme massa de
pessoas tende a ter sobre o indivíduo. Ele procura examinar como os
sentimentos e pensamentos de completos estranhos podem acabar tendo um
impacto tão significativo sobre um indivíduo.

Em referência aos trabalhos de Le Bon, Freud cita duas ideias significativas:


em grupo o individuo tende a ser influenciado. No entanto, em
isolamento/individualmente seu comportamento e maneirismo seriam
totalmente diferentes. E, que o grupo é formado por um proposito, um objetivo
comum.

Freud indica os laços afetivos como a essência das massas, de modo como se
constitui o ideal de ego, partindo tantos dos múltiplos grupos do qual pertence
(etnia, classe, credo, nacionalidade).

Freud concorda com Le Bon que o grupo é influenciado por imagens, símbolos,
além disso, o grupo como um “ser” é impulsivo e intolerante, o modo de
controle é através de extremos, o grupo só escuta extremos de qualquer coisa
(ideias). Sobretudo o grupo deseja ser governado. O líder possui influência
hipnótica sobre a massa.

Sugestão e libido, para Freud “o indivíduo inserido no grupo está sujeito,


através da influência deste, ao que com frequência constitui uma profunda
alteração em sua atividade mental. Sua submissão à emoção torna-se
extraordinariamente intensificada, enquanto sua capacidade intelectual é
acentuadamente reduzida” (pag. 99)

Freud postula que os relacionamentos baseados principalmente na emoção do


amor são decisivos para integração genuína dos indivíduos juntos no grupo.
Sugere que, ao se fundir ao grupo, o indivíduo deve que desistir de alguma
coisa. Consequentemente, o indivíduo abandona seus gostos e inibições
individuais que compõem sua personalidade. Desta forma, ele é capaz de lidar
com as demandas do grupo.

Partindo das premissas de Le Bon para compreender o que mantem o grupo


unido, Freud descreveu cuidadosamente o fenômeno de grupo dos exércitos e
igreja. Postula também, que os indivíduos são coagidos a se unir a esses dois
grupos. No entanto, desertar de tal grupo tem um enorme custo para o
indivíduo. Ele também observa que um único indivíduo mantém esses grupos
juntos.

Na Igreja, Cristo é o líder e seu amor é igual a todos os seus seguidores. Ele
sugere que essa crença na igualdade de amor é fundamental para manter a
coesão no grupo. Devido a isso, os indivíduos são capazes de se unir uns aos
outros. Na verdade, Freud observa que as pessoas na igreja tendem a
considerar-se como família.

Ele observa que igrejas e exércitos representam grupos de longo prazo. No


entanto, ele afirma que há outro grupo que é de curta duração e destinado a
um determinado propósito. Ele acrescenta que ambos ainda são os mesmos e
a dinâmica do grupo são todos bastante semelhantes. Para que um indivíduo
supere seu próprio narcisismo e se torne parte de um grupo, aprofunda a
discussão sobre identificação. Ele argumenta que todos os indivíduos se
identificam entre si no grupo. No grupo, e o indivíduo volta à sua natureza
primitiva. Durante este período, ele argumenta que a horda primal foi mantida
no lugar por um sentimento de unidade, não houve pensamento individual e
todos os indivíduos fluíram como uma onda.
Outras questões preocupantes sobre o fenomeno da massa: O líder pode
substituir por uma idéia dominante (mesmo sem líder, o grupo acaba
encontrando um, mesmo sem querer). O mal-estar se instaura quando uma
pessoa se sente invadida no seu próprio espaço. Toda relação íntima contém
um sentimento de aversão, hostilidade, de amor e de ódio. O narcisismo
trabalha para a preservação do invivíduo, então tudo o que vem de
fora(diferente), o indivíduo irá se proteger.

VII Identificação.

A Identificação é conhecida pela psicanálise como a mais remota expressão de


um laço emocional com outra pessoa. Ela desempenha o papel na história
primitiva do complexo de Édipo. Por exemplo: um menino mostrará um especial
interesse pelo pai: gostaria de crescer igual ele, ser como ele e tomar seu lugar
em tudo. Podemos dizer que toma o pai como seu ideal.

As vezes a criança se identifica com objetos que não ama, apreendendo do


objeto características, sendo uma identificação parcial, tomando emprestado
um traço isolado da pessoa que é objeto dela.

A identificação é uma atividade afetiva e relacional indispensável ao


desenvolvimento da personalidade. “Como todas as outras atividades
psíquicas, a identificação pode, por certo, ser utilizada igualmente para fins
defensivos.”

De acordo com Laplanche e Pontalis, “um processo psicológico pelo qual um


sujeito assimila um aspecto, uma propriedade ou um atributo do outro e se
transforma, total ou parcialmente, a partir do modelo deste. A personalidade se
constitui e se diferencia por uma série de identificações.”

Existem dois grandes movimentos identificatórios, constitutivos da


personalidade: a identificação primária e a identificação secundária.

Identificação primária: “é o modo primitivo de constituição do sujeito sobre o


modelo do outro, correlativo da relação de incorporação oral, visando, antes de
mais nada, a assegurar a identidade do sujeito, a constituição do Si-mesmo e
do Eu.” Na identificação primária o objeto deve ser devorado sem distinção
prévia entre ternura e hostilidade, nem entre Si-mesmo e não-Si-mesmo, em
um movimento que visa precisar a identidade narcisista de base do sujeito.

Identificação secundária: é contemporânea do movimento edipiano, se


fazendo sucessivamente em relação aos dois pais, em suas características
constitutiva da identidade e da diferenciação sexual.

A partir da psicologia coletiva, Freud descreveu um terceiro tipo de


identificação: onde o sujeito identifica seus próprios objetos aos objetos de um
outro sujeito, e principalmente aos objetos de um grupo por inteiro. Isso se
produz por imitação e contágio, fora do laço libidinal direto.
Para o fechamento deste trabalho, ele retorna ao argumento sobre a horda
primal. Ele argumenta que, durante esse agrupamento primitivo, a figura
paterna forçou seus filhos a um grupo negando-lhes os privilégios de
acasalamento. Consequentemente, esses filhos se aglomeraram e mataram o
pai por esse direito. No entanto, com o pai morto, um indivíduo teve de dominar
a coragem e libertar do grupo. Ao fazê-lo, ele assumiu o manto de liderança da
tribo.

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