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JURÍDICA
Introdução
A Psicologia surgiu no Brasil logo no início do século XX, em um primeiro
momento associada à Pedagogia. A partir de 1950 organizaram-se os
primeiros cursos de formação em Psicologia, e em 1962 se deu a regu-
lamentação da profissão. Tal como a Psicologia (ciência e profissão), a
área da psicologia jurídica também é recente em nosso país e floresceu
a partir de 1955, com a edição no Brasil do livro espanhol Manual de
Psicologia Jurídica, de Mira y Lopes (2008), um marco para essa área de
conhecimento. A psicologia jurídica diz respeito aos saberes psicológicos
voltados para a prática do Direito. Dessa forma, o psicólogo coopera com
o juiz, provendo análises da realidade psicológica e do contexto no qual
os agentes do caso se encontram.
Neste capítulo, você vai conhecer a história da psicologia jurídica no
Brasil a partir de diversos referenciais teóricos. Você também vai estudar
os fundamentos e as práticas profissionais da psicologia jurídica no Brasil.
2 Psicologia jurídica: antecedentes históricos e evolução
Referenciais históricos
A psicologia jurídica é relativamente nova no Brasil, assim como a profissão
de psicólogo. No entanto, a preocupação com a avaliação psicológica do
criminoso, principalmente em relação aos portadores de doenças mentais, é
muito antiga. Segundo Lago et al. (2009), durante a Idade Média, as pessoas
consideradas loucas podiam ter uma vida relativamente livre. Foi somente no
século XVII que os doentes mentais passaram a ser condenados à reclusão,
sendo criados diversos estabelecimentos para indivíduos que ameaçavam a
ordem e a moral da sociedade. Ainda conforme Lago et al. (2009), no século
XVIII, Philippe Pinel (1745-1826), um médico francês, passou a liberar essas
pessoas dos manicômios, prestando-lhes atendimento médico.
Muito antes do advento da psicologia jurídica, já se estudava a relação entre
alguns crimes e o comportamento dos criminosos. Conforme Leal (2008),
no início do século XIX, na França, alguns crimes foram desvendados por
médicos, requisitados por juízes que queriam compreender a razão de ações
criminosas que não eram motivadas por lucro financeiro ou paixões, e que
também não partiam de indivíduos que se encaixavam em quadros clássicos
de loucura. Esses crimes pareciam ter outra estrutura, que se acreditava estar
enraizada na própria natureza humana.
Mais tarde, na segunda metade do século XIX, a psicologia jurídica ficou
em evidência com a publicação do livro Psychologie Naturelle, de Prosper
Despine, em 1868, que apresentou estudos de caso de alguns criminosos da
época. Segundo Leal (2008), nos seus estudos, Despine concluiu que, com
exceção de poucos casos, os delinquentes não apresentavam enfermidade
física ou mental, e que as anomalias dos delinquentes seriam da ordem de
tendências e comportamentos morais, não afetando a capacidade mental dos
sujeitos. Dessa forma, eles eram levados a agir daquela forma em virtude de
tendências nocivas como o ódio, a vingança, a avareza, etc. (LEAL, 2008).
Para Despine, o delinquente possui deficiência ou carece de interesse por si
mesmo; não possui empatia para com as pessoas, lhe faltando consciência
moral e sentimento de dever; não é prudente nem simpático, nem mesmo
capaz de arrependimentos. (LEAL, 2008).
Despine ficou conhecido como o fundador da psicologia criminal e reco-
nheceu a importância de mais estudos relativos à essa linha de investigação.
Segundo Leal (2008), outros pesquisadores, anteriores à Despine, já haviam
realizado estudos a respeito da criminalidade; porém, apesar dos seus esforços
na descrição dos aspectos psicológicos dos crimes e dos delinquentes, esses
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