Você está na página 1de 5

Argumento

Um argumento é um elemento discursivo que possibilita expormos o que pensamos


relativamente a tudo o que nos rodeia e diz respeito. Em termos formais, é um conjunto de
proposições que estão relacionadas entre si; uma ou mais proposições consistem em
premissas que sustentam uma conclusão ou tese, que é também ela própria uma
proposição. A relação que se estabelece entre a(s) premissa(s) e a conclusão é uma
relação de justificação: as premissas apoiam a conclusão ou tese e estabelecem as razões
para que a aceitemos.

Argumentos dedutivos
➔ Tipo de raciocínio em que há a passagem do geral para o particular;
➔ Para ser válido tem que apresentar coerência interna. Existir um nexo lógico entre a
conclusão e as premissas (as premissas apoiam de modo absoluto a conclusão);
➔ A conclusão segue-se necessariamente das razões ou premissas. Isso quer dizer
que, se as premissas forem verdadeiras, a conclusão também será verdadeira, pois
não existe a menor possibilidade de que seja falsa, pois o que é verdadeiro para o
todo é necessariamente verdadeiro para a parte;
➔ É o tipo de argumento mais forte e rigoroso que existe, porque se aceitamos as
premissas, também temos que aceitar a conclusão;
➔ Não é um argumento ampliativo, ou seja, não há aumento do conhecimento, pois o
que é dito na conclusão já está presente nas premissas, havendo apenas uma
explicitação do conteúdo das premissas;
➔ O que define um argumento dedutivo de forma inconfundível é o facto de ser o único
tipo de argumento que gera certeza absoluta ou, como se diz na lógica, que a
conclusão é necessária.

Ex: Se os médicos portugueses são competentes e se os médicos que trabalham no


Hospital de Coimbra são
médicos portugueses, então os médicos que trabalham no Hospital de Coimbra são
competentes.

Argumentos não dedutivos


Indução (divide-se em indução por generalização ou indução por previsão)
➔ são ampliativos:
◆ há um aumento do conhecimento; a conclusão vai além (ultrapassa) do
conhecimento contido nas premissas;
◆ há um salto do conhecido (do que se verificou) para o desconhecido (para o
que ainda não foi verificado);
➔ não são rigorosos (a verdade das premissas não garante a verdade da conclusão):
◆ o que se verificou no passado não tem que se verificar necessariamente no
futuro (indução por previsão), ou seja, o que é verdadeiro até ao momento
não tem de ser necessariamente verdadeiro no futuro;
◆ o facto de se ter observado um predicado em alguns casos particulares não
significa que todos os casos do mesmo género tenham essa caraterística
(indução por generalização), ou seja, o que é verdadeiro para a parte não
tem de ser necessariamente verdadeiro para o todo.
Argumentos não dedutivos (continuação)
Indução por generalização - extrair conclusões gerais (relativas a um universo) a partir da
observação de alguns casos (amostra).
Para que a indução seja forte, a amostra tem que:
➔ Ser ampla (a indução forte não pode basear-se numa amostra reduzida);
➔ Ser relevante/significativa
➔ Ser representativa (a indução forte não pode basear-se numa amostra em que não
estejam contempladas todos os domínios/partes do universo ao qual se refere); não
deve ser omitida informação importante.

Ex1: Observou-se que os cisnes vistos até ao momento são brancos, por isso, todos os cisnes são brancos.
Ex2: O remédio R curou a Sida do paciente A; o remédio curou a Sida do paciente B; o remédio R curou a Sida
do paciente C; o remédio R curou a Sida do paciente D. Logo, o remédio R cura a Sida.

Indução por previsão - extrair conclusões relativas a casos futuros, a partir


da observação de casos ocorridos no passado.
➔ As previsões devem basear-se em fontes fiáveis;
➔ Não deve estar oculta informação que influencie as conclusões extraídas;
➔ Os elementos que a sustentam devem ser relevantes para a previsão extraída.

Ex1: Todos os cisnes conhecidos até hoje são brancos, logo, o próximo cisne que avistar será branco.
Ex2: Como o remédio R curou, até ao momento, a Sida de todos os pacientes que tinham esta doença, então o
próximo paciente com Sida que tomar o remédio R ficará curado.

Analogia
➔ Baseado em comparações entre seres de universos diferentes e a partir das
semelhanças verificadas, inferem-se outras semelhanças.
➔ Tem a seguinte estrutura: perante duas realidades que se assemelham fortemente e
tendo uma delas uma certa característica, concluímos que também a outra tem essa
mesma característica.
➔ A conclusão não é garantidamente verdadeira, podendo estes argumentos ser mais
ou menos fortes.
➔ Aem a seguinte forma lógica (ou outras análogas):
x é como y.
y é A.
Logo, x é A.
➔ Como a analogia tem a ver com semelhanças entre universos diferentes, para que
seja forte há que:
a) verificar se as semelhanças existentes são relevantes, isto é, se evidenciam que
há algo de significativo que efetivamente relaciona os objetos comparados.
b) verificar se a comparação é baseada num número razoável de semelhanças;
c) verificar se não existem diferenças significativas entre o que está a ser
comparado.

Exemplos:
a) Se o Henrique e o Heitor usam meias e sapatos e se o Heitor é rico. Logo, o Henrique também é
rico.
b) Este doente tem diarreia, dores abdominais, náuseas, vómitos e anúria. As pessoas com esses
sintomas geralmente têm cólera. Logo, este doente tem cólera.
Argumentos não dedutivos (continuação)
Autoridade
➔ Recurso aos conhecimentos e saberes desenvolvidos por pessoas e/ou instituições
para suportar, fundamentar a defesa de uma tese.
➔ Consiste em defender a verdade de uma conclusão porque uma certa autoridade
(uma ou várias pessoas, uma ou várias instituições) defende que ela é verdadeira.
➔ Num argumento de autoridade, a conclusão não é garantidamente verdadeira, mas
as premissas podem apoiar fortemente a conclusão, isto é, podem contribuir
bastante para que ela seja aceite como muito provável.
➔ Se a defesa de uma tese assenta em argumentos de autoridade fortes, significa isso
que:
● A fonte onde se foi buscar o conhecimento é credível, qualificada; a
autoridade invocada tem que ser competente no que respeita ao assunto em
causa; as pessoas ou instituições mencionadas têm que ser especialistas de
reconhecido mérito nos assuntos em questão.
● A fonte é imparcial (não está ao serviço de interesses políticos, económicos
ou pessoais). Por exemplo, se uma empresa tabaqueira declarasse que «o
tabaco faz bem à saúde», não levaríamos a sério a sua posição, pois
sabemos que essa empresa não é imparcial, dado o seu interesse em vender
tabaco.
● Há acordo quanto à informação (não deve haver informação contraditória);
deve haver consenso entre os especialistas sobre os assuntos abordados, o
que quer dizer que não podem existir autoridades competentes que se
contradigam.
● Há que referenciar/identificar as fontes consultadas.
Exemplos: “Os nutricionistas defendem que uma alimentação pobre em vegetais é pouco saudável; logo, uma
alimentação pobre em vegetais é pouco saudável».

Falácia
Uma falácia é um erro de raciocínio. palavra com origem no termo latino “fallacia”, aquilo
que engana ou ilude.
Um raciocínio falacioso contém falácia(s), isto é, falha(s)/erro (s), mas que aparenta ser
correto, lógico e válido.

Distinguir as falácias formais das falácias informais


Formais
➔ Inferência inválida com aparência de válida cometida por desrespeito / não
cumprimento das regras lógicas de inferência;
➔ Diz respeito à forma como o argumento foi construído;
➔ Facilmente identificáveis.
Informais
➔ Argumento inválido com aparência de válido, cujos erros são derivados da
ambiguidade da linguagem natural;
➔ Diz respeito à matéria ou conteúdo do argumento, à relação do argumento com a
realidade/contexto;
➔ Dificilmente identificáveis.
Alguns tipos de falácias informais
1. Falácia de generalização precipitada
Esta falácia ocorre quando uma generalização se baseia num número muito limitado
de casos.
Exemplos:
a) Concluir, após uma experiência amorosa falhada, que "as mulheres são a nossa desgraça";
b) Concluir que as bebidas alcoólicas são prejudiciais porque um familiar morreu devido ao abuso de
álcool;
c) Concluir que a marijuana é saudável por ser usada no tratamento de algumas doenças.
2. Falácia da amostra não representativa
A amostra não contempla os vários domínios do universo em questão; há aspetos
de um determinado universo que não fazem parte da amostra selecionada.
Exemplos:
a) Para ver como os Portugueses vão votar na próxima eleição sondou-se uma centena de pessoas em
Bragança. Isto mostra, sem dúvida, que a direita vai ganhar as eleições.
b) As maçãs do topo da caixa parecem boas. Todas as maçãs desta caixa devem ser boas.
3. Falácia da falsa analogia
Estabelecer uma comparação entre duas realidades que diferem de modo relevante.
Exemplo:
a) “Governar um país é como gerir uma empresa. Assim, como a gestão de uma empresa responde
unicamente ao lucro dos seus acionistas, também a governação deve fazer o mesmo.” (Mas os
objetivos da governação e da gestão de uma empresa são muito diferentes; assim, provavelmente têm
de encontrar critérios diferentes).
4. Falácia de apelo à autoridade
Citar inapropriadamente uma autoridade para suportar uma opinião.
Exemplos:
a) Einstein, o maior génio de todos os tempos, gostava de batatas fritas. Logo, as batatas fritas são o
melhor alimento do mundo.
b) O que foi bom no passado para a tua família é também bom para ti.
5. Falácia da derrapagem ou bola de neve
A falácia da derrapagem ocorre quando a conclusão resulta de um suposto e
improvável encadeamento de passos ou situações. Temos razão para pensar que o
suposto encadeamento não se vai verificar, e basta que um dos seus passos seja
falso ou duvidoso para que o argumento seja falacioso.
Exagera-se nas consequências que podem resultar se se aceitar uma dada tese.
Exemplo:
a) Se vou à escola, tenho de estudar. Se estudar, canso-me. Se me canso, posso adoecer. Se adoeço,
posso morrer. Então, se não quero morrer, é melhor não ir à escola.
6. Falácia do espantalho ou boneco de palha
Caricaturar uma opinião oposta para que assim seja mais fácil refutá-la.
Exemplos:
a) Pai: Não podes ver esse filme. Ainda não tens idade para isso.
Filho: Ah, então não queres que eu me divirta. Isso não é justo!
(Deturpa-se a posição da autoridade paterna para mais facilmente a tentar atacar.)
b) Pai: Este romance é muito difícil para pessoas de 12 anos.
Filho: Estou a ver. Só queres que leiam banda desenhada do Tio Patinhas.
(Não se defende que se deva reduzir as leituras das crianças a certo tipo de banda desenhada, mas
unicamente que há obras literárias mais acessíveis e adequadas a crianças de 12 anos)
Premissas e conclusão
Indicadores de premissas:
se, dado que, pela razão de que, porque, pois, atendendo a que, pelo facto de, como,
admitindo que...
Indicadores de conclusão:
então, logo, daqui se infere, portanto, assim, por isso, verifica-se, consequentemente...

Se … e …. > premissas
Logo … > conclusão

Você também pode gostar