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Crise Hipertensiva

estado educacional e socioeconô mico, peso


Epidemiologia
aumentado, diminuiçã o da atividade física,
A CH responde por 45 a 59% de todos os tabagismo, fatores de estresse psicossocial,
atendimentos de emergência hospitalar, apneia do sono e fatores alimentares (incluindo
afetando 1 bilhõ es de pessoas no mundo. consumo aumentado de gorduras dietéticas,
só dio e á lcool e consumo diminuído de
Permanece o fator de risco mais comum,
potá ssio).
rapidamente identificá vel e reversível para
infarto agudo do miocá rdio (IAM), acidente Os pacientes com doença renal crô nica
vascular cerebral, insuficiência cardíaca, concomitante constituem um grupo de alto
fibrilaçã o atrial, dissecçã o da aorta e doença risco para tratamento centrado na pressã o
arterial periférica. arterial, tanto para a prevençã o de doença
cardiovascular quanto para a diminuiçã o do
A carga global de hipertensã o tem aumentado
progresso para doença renal terminal.
devido ao aumento da obesidade e do
envelhecimento da populaçã o. Pacientes com obesidade, síndrome metabó lica
e diabetes também representam grupos de alto
Aqueles com pressã o arterial elevada
risco para tratamento.
descontrolada que nã o tomam medicaçã o anti-
hipertensiva tendem a ser do sexo masculino, A retençã o de sal também aumenta a contraçã o
mais jovens, sem contatos frequentes com um do mú sculo liso produzida por
médico. vasoconstritores endó genos. Além de aumentar
a PA, uma dieta rica em sal também acelera o
A pressã o arterial elevada ocorre em mais de
dano hipertensivo ao ó rgã o-alvo.
dois terços dos pacientes com diabetes tipo 2, e
seu desenvolvimento coincide com o da A hipertensã o eleva o risco de Acidente
hiperglicemia. Vascular Cerebral, Doença Arterial
Coronariana, Insuficiência Cardíaca,
 A pacientes com diabetes, a hipertensã o Insuficiência Renal Crô nica e Doença Vascular
confere um risco aumentado de doença Periférica.
cardiovascular.

Antes dos 50 anos de idade, a prevalência da


Fisiopatologia da Crise
hipertensã o é um pouco menor nas mulheres Hipertensiva
que nos homens. Aumento do volume intravascular, da RVP ou
produçã o reduzida de vasodilatadores
 Apó s a menopausa, a prevalência da
endó genos parece precipitar maior
hipertensã o aumenta rapidamente nas
vasorreatividade e resultar em CH.
mulheres e excede a prevalência nos
homens.

Fatores de risco
Numerosos fatores de risco e marcadores de
desenvolvimento de hipertensã o foram
identificados, como o aumento da idade, etnia,
histó ria familiar, fatores genéticos, baixo
A capacidade autorregulató ria está  A inflamaçã o renal é tanto causa quanto
comprometida, particularmente no leito consequência 7da isquemia medular
vascular cerebral e renal, resultando em renal.
isquemia local, o que desencadeia um círculo
vicioso de vasoconstriçã o, proliferaçã o Mecanismos Vasculares
miointimal e isquemia em ó rgã os-alvo.
As alteraçõ es na estrutura e na funçã o de
As anormalidades estruturais no coraçã o do pequenas e grandes artérias exercem um papel
hipertenso nã o se limitam à hipertrofia dos fundamental na patogênese e na progressã o da
cardiomió citos; elas também incluem a hipertensã o.
hipertrofia da tú nica média das artérias
coroná rias intramiocá rdicas e a deposiçã o de Disfunção da Células Endotelial
colá geno, levando à fibrose cardíaca.
O revestimento endotelial dos vasos
O coraçã o hipertrofiado do hipertenso tem o sanguíneos é crítico para a saú de vascular e
fluxo sanguíneo coronariano normal em constitui uma das principais defesas contra a
repouso, mas a reserva vasodilatadora torna-se hipertensã o. A disfunçã o endotelial é
insuficiente quando a massa de mió citos caracterizada pela liberaçã o deficiente dos
ultrapassa a oferta sanguínea. fatores relaxadores derivados do endotélio e
liberaçã o aumentada dos fatores constritores
 Mesmo na ausência de aterosclerose, o derivados do endotélio, pró -inflamató rios, pró -
coraçã o do hipertenso tem uma reserva trombó ticos e de crescimento.
vasodilatadora coronariana diminuída
ou ausente, ocasionando isquemia As evidências indicam que a inflamaçã o
subendocá rdica em condiçõ es de vascular subjacente contribui para a origem e
aumento da demanda miocá rdica de complicaçõ es da PA elevada. A proteína C
oxigênio. reativa (PCR), um biomarcador sérico
 A combinaçã o de isquemia facilmente medido, sugere a inflamaçã o.
subendocá rdica e fibrose cardíaca reduz
 Os níveis elevados de PCR como
o relaxamento diastó lico, levando à
marcador de risco para o
dispneia por esforço e preservando a
desenvolvimento de novos casos de
funçã o diastó lica.
hipertensã o e progressã o acelerada da
Reajuste da Pressão lesã o de ó rgã os-alvo por doença
hipertensiva, possivelmente além do
Nos indivíduos normotensos, a elevaçã o da PA que seria explicado apenas pela
provoca um aumento imediato na excreçã o elevaçã o da PA.
renal de só dio para diminuir o volume
plasmá tico e normalizar a PA.
Remodelamento Vascular
Este reajuste acarreta nictú ria, um dos Ao longo do tempo, a disfunçã o da célula
sintomas mais comuns e incô modos em endotelial, a ativaçã o neuro-hormonal e a PA
paciente com hipertensã o nã o controlada. elevada causam o remodelamento dos vasos
Indivíduos hipertensos excretam a mesma sanguíneos, que perpetua ainda mais a
quantidade de uma dada carga de só dio hipertensã o.
dietética que os indivíduos normotensos, mas a O marco principal do remodelamento
custa de uma PA mais alta, e requerem muito hipertensivo de pequenas e grandes artérias é
mais horas para excretar essa carga e para o aumento na espessura da tú nica média com
alcançar o equilíbrio de só dio.
relaçã o ao diâ metro da luz do vaso  Captopril, furosemida, propranolol,
(diminuindo). nifedipina, clonidina, hidralazina.

Essa diminuiçã o do diâ metro da luz na


Emergência Hipertensiva
circulaçã o periférica, o remodelamento
eutotró fico interno aumenta a resistência As EH sã o situaçõ es clínicas sintomá ticas em
vascular sistêmica, o principal marcador que há elevaçã o acentuada da PA com lesã o de
hemodinâ mico da hipertensã o diastó lica. ó rgã o alvo aguda e progressiva.

Diagnó stico, prognó stico e conduta nas EH:


Crises Hipertensivas
As crises hipertensivas sã o um grupo  Nível pressó rico elevado acentuado
heterogêneo de transtornos hipertensivos (PAD > 120 mmHg), com LOA aguda e
caracterizados por hipertensã o grave e lesõ es progressiva;
de ó rgã o-alvo, como o cérebro, rins, retina e  Dor atípica – esperada;
vasos sanguíneos.  Uso de fá rmacos endovenosos;
 Apresenta risco iminente de morte, fato
As crises hipertensivas requerem diminuiçã o que requer reduçã o rá pida e gradual dos
imediata da PA mediante medicaçã o níveis tensionais em minutos a horas,
intravenosa e monitorizaçã o intra-arterial em com monitoraçã o intensiva.
uma unidade de cuidados intensivos.
O medicamento amis utilizado no Brasil em EH
Urgências Hipertensivas é o nitroprussiato de sódio. Apó s a
estabilizaçã o do paciente com NPS, recomenda-
As UH sã o situaçõ es clínicas sintomá ticas em se iniciar agente anti-hipertensivo por VO, para
que há elevaçã o acentuada da PA sem lesã o de que a reduçã o da doesse do mesmo se faça em
ó rgã o alvo aguda e progressiva. vigência desse agente.
Diagnó stico, prognó stico e conduta nas UH: A furosemida é a droga inicual de esclha para
CH causada pela sobrecarga de líquidos, por
 Nível pressó rico elevado acentuado
exemplo, em pacientes com doença renal.
(PAD > 120 mmHg), sem LOA aguda e
progressiva; Ela pode se manifestar como um evento
 Dor atípica; cardiovascular, cerebrovascular, renal ou na
 Utiliza-se combinaçã o medicamentosa gestaçã o, na forma de pré-eclampsia ou
oral; eclampsia.
 Sem risco iminente de morte, está vel
clinicamente; Efeito lesivo em ó rgã os-alvo:
 Assintomá tico ou oligossintomá tico;  Cérebro: ruptura vascular (AVC
 Risco de evoluir para uma emergência hemorrá gico) ou extravasamento de
hipertensiva; líquido (encefalopatia hipertensiva);
 Controlar PA paulatinamente (reduçã o  Coraçã o: elevaçã o da pressã o de
 de 25% da PAM) em 24-48h. enchimento ventricular (EAP
 Acompanhamento ambulatorial hipertensivo);
precoce (7 dias).  Rins: hiperplasia arteriolar aguda
(nefroesclerose hipertensiva)
Medicamentos orais, de meia vida curta,
utilizados na urgência hipertensiva e em alguns
casos de emergência hipertensiva:
Pseudocrise Hipertensiva
Pacientes com queixas de cefaleia, dor torá cica Uma abordagem sistematizada auxilia na
atípica, dispneia, estresse psicoló gico agudo e verificaçã o da presença de LOA aguda ou
síndrome de pâ nico associados à PA elevada progressiva:
nã o caracterizam UH ou EH, mas, na realidade,
uma pseudocrise hipertensiva.  Sistema cardiovascular: dor ou
desconforto no tó rax, abdome ou dorso;
64,5% dos pacientes que procuram por um dispneia, fadiga e tosse. Verificaçã o da
atendimento de urgência com PA FC, ritmo, alteraçã o de pulso, galope,
sopros cardíacos, vasculares e estase
acentuadamente elevada.
jugular, além de congestã o pulmonar,
Esses pacientes devem receber medicaçõ es abdominal e periférica. Exames, de
acordo com o quadro clínico e a
para tratar os sintomas, como analgésicos, anti-
disponibilidade: ECG, monitorizaçã o
vertiginosos, benzodiazepínicos) e nã o anti- eletrocardiográ fica, saturaçã o de O2,
hipertensivos. radiografia de tó rax, ecocardiograma,
marcadores de necrose miocá rdica,
Atendimento na Crise hemograma com plaquetas, LDH,
angiotomografia e RNM.
Hipertensiva  Sistema nervoso: tontura, cefaleia,
A avaliaçã o clínica inicial deve conter alteraçã o de visã o, audiçã o ou fala, nível
de consciência ou coma, agitaçã o, delírio
anamnese dirigida e exame físico objetivo,
ou confusã o, déficits focais, rigidez de
devendo-se foca no ó rgã o alvo acometido pela nuca, convulsã o. Exames: tomografia,
elevaçã o aguda da pressã o arterial RNM e punçã o lombar.
 Sistema renal e geniturinário:
Dados importantes incluem:
alteraçõ es no volume ou na frequência
 Duraçã o da histó ria da hipertensã o miccional ou no aspecto da urina,
hematú ria, edema, desidrataçã o, massas
arterial;
e sopros abdominais. Exames: Urina I,
 Evidências dos valores da PA que o creatininemia, ureia sérica, Na+, K+, Cl-,
paciente matinha antes do evento; gasometria.
 Sintomas relacionadas as lesõ es de  Fundoscopia: papiledema,
ó rgã o alvo (dor torá cica, dispneia, hemorragias, exsudatos, alteraçõ es nos
cefaleia, sincope, déficits motores ou vasos como espasmos, cruzamentos
visuais) arteriovenosos patoló gicos,
espessamento na parede arterial e
 Medicamentos em uso com possíveis
aspecto em fio de prata ou cobre.
efeitos de elevaçã o de PA (por exemplo:
anti-inflamató rios, imunossupressores, Tratamento geral da CH
corticoides);
O tratamento da UH deve ser iniciado apó s um
 Uso de drogas ilícitas
período de observaçã o clínica em ambiente
 Presença de outros fatores de risco
calmo, condiçã o que ajuda a afastar casos de
cardiovascular e outras comorbidades;
pseudocrise.
 Sintomas sugestivos de causa
secundá ria da hipertensã o arterial  Tratados somente com repouso ou uso
(feocromocitoma, hipersaldoteronismo de analgésicos ou tranquilizantes.
primá rio, estenose de artéria renal).
Captopril, clonidina e BB sã o anti-hipertensivos
Investigação clínico laboratorial orais usados para reduzir gradualmente a PA
em 24 a 48h.

Os medicamentos mais utilizados em EH sã o:


 Nitroprussiato de só dio – niprid – é um  Questionar sobre a PA usual do paciente
vasodilatador, com infusã o EV contínua e situaçõ es que possam desencadear seu
lenta; aumento (ansiedade, dor, ingesta
 Nitroglicedina – tridil – é um vaso excessiva de sal ou bebidas alcoó licas,
dilatador, com infusã o EV, utilizado em uso de anti-inflamató rios, corticoides,
pacinete com angina associada; simpaticomiméticos, comorbidades, uso
 Hidralazina , vasodilatador, utilizado em de fá rmacos anti-hipertensivos
emergências gestacionais; (dosagem e adesã o) ou que possam
 Pode ser inserida a furosemida aumentar a PA.
(diurético) endovenosa e  Manter o paciente em repouso com
betabloqueadores. decú bito elevado;
 Instalar acesso venoso periférico em
O uso de gotas de cá psulas de nifedipino membro superior;
(hipotensor, vasodilatador e tocolítico) de
 Manter a permeabilidade das vias
liberaçã o rá pida na UH deve ser proscrito no
aéreas e a ventilaçã o adequada;
tratamento das UH, por nã o ser seguro nem
 Administrar oxigênio suplementar por
eficaz, além de provocar reduçõ es rá pidas e
cateter nasal ou má scara, se saturaçã o
acentuadas da PA, o que pode resultar em
de oxigênio for < 94% (atentar para
isquemia tecidual.
pacientes com doença pulmonar
O tratamento dos pacientes com EH visa obstrutiva crô nica);
reduçã o rá pida da PA, com a finalidade de  Medir a glicemia capilar: se a glicemia
impedir a progressã o das LOA. for < 70 mg/dl, administrar glicose
hipertô nica 50% / 20 ml via
Tratamento Assistencial endovenosa / 1 vez, repetir
hemoglicoteste em 1 hora;
 Acomodar o paciente em local calmo e  Avaliar nível de consciência; considerar
tranquilo para afastar casos de intubaçã o orotraqueal em pacientes
pseudocrise (tratados somente com com rebaixamento de consciência
repouso ou uso de (Glasgow ≤ 8), com claro sinal clínico de
analgésicos/tranquilizantes - Diazepam insuficiência respirató ria), ou se for
5 mg/via oral). evidente o risco de aspiraçã o;
 Medir a PA nos dois braços (no mínimo,  Realizar ECG, quando disponível;
2 medidas); frequência cardíaca e
saturaçã o de oxigênio, realizar
eletrocardiograma;

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