Você está na página 1de 12

Material Teórico

Direito Constitucional
Aspectos Principais do Direito Constitucional

Conteudista Responsável: Profª Marlene Lessa


cod Const202403_ a01

© Copyright 2024 Este material possui direitos reservados: proibida divulgação, comercialização e distribuição.
Estado e Constituição

Antes de falarmos precisamente do


que vem a ser uma Constituição, temos que
Qual a importância de
ter uma noção do que vem a ser o Estado, uma Constituição em um
objeto maior da Constituição, para, a seguir Estado Democrático de
buscarmos definitivamente o alcance e o Direito?
conhecimento de uma Constituição.
Para Dalmo de Abreu Dallari, Estado é:

“... uma ordem jurídica soberana, que tem por fim o bem comum de um
povo situado de determinado território”.

Assim, do conceito podemos retirar quais são os elementos formadores


do todo que corresponde ao Estado.
O primeiro deles é que Estado é “uma ordem jurídica”, desta forma, o
autor reconhece que o Estado deve ser organizado juridicamente, ou seja, por
um estatuto jurídico que lhe confira uma organização, direitos e deveres. Ao
designativo de “Estado” - que se pauta por esta organização - denominamos de
“Estado de Direito”.
Cabe ressaltar que o presente conceito passa por uma marcha histórica
de alteração das estruturas sociais, fruto de movimentos que marcaram a ruptura
com a estrutura dos estados absolutistas, e foram consagrados em constituições
escritas e rígidas, como a dos Estados Unidos em 1787 e a Francesa de 1791.
O segundo elemento de nosso conceito é que o Estado é ente
“soberano”. Sob esta ótica o Estado, internamente, deve impor e fazer valer
em seu território suas ordens, para que, todas suas decisões sejam cumpridas
e respeitadas por ele próprio, bem como por seu povo.
Já sob a visão externa, devemos entender que
a soberania trata do respeito de outros Estados, ou
Instituições Internacionais às decisões internas de
determinado Estado.
O elemento seguinte é a finalidade do Estado,
que segundo o conceito, se norteia pelo “bem
comum”, expressão genérica, mas cuja abrangência
é basilar na existência e guia de condução de
qualquer Estado, muito mais os denominados
“Estados Democráticos de Direito”.

© Copyright 2024 2
Este material possui direitos reservados: proibida divulgação,
comercialização e distribuição.
Podemos, de forma direta, identificar o bem comum de um estado como
sendo normas estruturantes deste, cujos objetivos estão na concretização e
aprimoramento dos denominados “direitos fundamentais”, que nada mais são
que os Direitos Humanos de caráter Universal,
incorporados por uma Constituição e, por consequência,
ao próprio Estado.
O “povo”, presente no conceito, trata-se do
elemento humano do Estado: é para este povo que o
Estado direciona suas ações voltadas ao “bem comum”.
Mas este povo está sedimentado em determinado
“território”, ou seja, localizado no espaço entre as
fronteiras, onde o Estado exerce sua soberania e
finalidade de forma direcionada.

Não devemos deixar de reconhecer a existência de um


denominado território legal, também conhecido pela expressão
“ficto”, onde - mesmo fora do espaço geográfico - o Estado
exerce sua soberania. Como exemplo, temos os corpos
diplomáticos em outros Estados - que são as embaixadas.

Bem, agora podemos buscar o conceito de Constituição.


Para Tercio Sampaio Ferraz Júnior1: “Constituições são normas
de origem”

Ritinha Alzira Stevenson Geiorgakilas aponta que – em


sentido substancial a “Constituição é o conjunto de normas que
determinam a estrutura mesma do Estado, ou seja, os principais
traços de sua forma ou configuração”. Celso Bastos arremata:
“é um complexo de normas jurídicas fundamentais, escritas ou
não, capaz de traçar as linhas mestras de um dado
ordenamento jurídico”.
A definição de Michel Temer sobre tema:
A Constituição é o conjunto de preceitos imperativos
fixadores de deveres e direitos e distribuidores de
competências, que dão à estrutura social, ligando pessoas que
se encontram em dato território em certa época.

Ainda, na simples forma de dizer do prof. Celso Bastos:


“Constituição é a especial maneira de ser do Estado.”

1Ferraz Júnior, Tércio Sampaio e outros. Constituição de 1988: legitimidade, vigência e eficácia,
supremacia – São Paulo: Atlas, 1989. P.94.

© Copyright 2024 3
Este material possui direitos reservados: proibida divulgação,
comercialização e distribuição.
Percebe-se que a Constituição se assemelha a uma certidão de
nascimento, onde constam as características principais de uma pessoa. É isso
mesmo, a Constituição pode ser entendida como a certidão de nascimento de
um país, ou melhor, de um Estado. Isto significa que, a cada nova constituição
se faz surgir um novo Estado (do ponto de vista jurídico) com características
próprias. Vejamos à Constituição Republicana de 1891, o nome do Estado era:
Estados Unidos do Brasil. Veja a Constituição de 1988 - o novo Estado que
surgiu passou a ser conhecido como: República Federativa do Brasil.

O Direito Constitucional e nossa Constituição


Vamos conhecer um pouco sobre o que vem a ser este ramo do Direito
Público denominado de Direito Constitucional.
Para Manoel Gonçalves Ferreira Filho:
Direito Constitucional é o conhecimento sistematizado da organização
jurídica fundamental do Estado, ou seja, conhecimento sistematizado das regras
jurídicas relativas à forma do Estado, à forma do governo, ao modo de aquisição
e exercício do poder, ao estabelecimento de seus órgãos e aos limites de sua
ação.
Para uma melhor compreensão basta analisar o sumário de nossa
Constituição Federal e verificar sobre quais assuntos ela trata e, assim, deparar
com as características principais do Brasil:

 Nome: Constituição da República Federativa do Brasil (supondo que um


estrangeiro, que nunca teve contato com nossa pátria, depare-se com
nossa Constituição, só pelo nome, já saberá que se trata de um país
Republicano e Federativo, ou seja, já irá identificar a forma de governo e
a forma de Estado).

 Preâmbulo: indica que o Brasil é um Estado Democrático preocupado em


assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, estabelecendo
todos os princípios que deverão ser seguidos pelo nosso país.

© Copyright 2024 4
Este material possui direitos reservados: proibida divulgação,
comercialização e distribuição.
 Títulos I e II: indicam os princípios, direitos e garantias fundamentais,
registrando os pontos que o país considera de grande relevância para sua
vida jurídica, social e política.

 Título III: trata da organização do Estado, apresentando suas divisões


políticas e administrativas e como deve ser a administração dos seus
órgãos;

 Título IV: apresenta a estrutura e principais aspectos dos Poderes


Executivo, Legislativo e Judiciário;

 Título V: estabelece os métodos para defesa do Estado e de suas


instituições democráticas;

 Títulos VI, VII e VIII: tratam das formas de arrecadação e dos princípios
e regras que devem nortear a ordem econômica e financeira e social,
incluindo seguridade social, educação, cultura, desporto, ciência e
tecnologia, comunicação social, meio ambiente, família, criança,
adolescente, idoso e índios.

 Título IX: Regras gerais.

Poder Constituinte
Não há como falar de Poder Constituinte sem mencionar o conceito de
Afonso Arinos de Melo Franco que assim conceitua, dizendo que se trata do
Poder:
[...] de produção de normas constitucionais, por meio de processo de
elaboração e/ou reforma da Constituição, com o fim de atribuir,
legitimidade ao ordenamento jurídico ao Estado.

© Copyright 2024 5
Este material possui direitos reservados: proibida divulgação,
comercialização e distribuição.
Espécies de Poder Constituinte

a. Poder constituinte originário: também chamado de primeiro grau,


genuíno ou de fato - não deriva de nenhum outro, não sofre qualquer limite
e não se subordina a nenhuma condição.
Características: inicial (não se fundamenta em nenhum outro), autônomo
(não há nenhum condicionamento material) e incondicionado (não está
submisso a nenhum procedimento de ordem formal).

b. Poder constituinte derivado: também chamado instituído ou de


segundo grau – é secundário, pois deriva do poder originário.
Características: derivado (deriva de outro poder que o instituiu),
subordinado (está subordinado a regras materiais, ex. cláusulas pétreas)
e condicionado (condicionado a regras formais do procedimento
legislativo).
Pode-se dividir em:
I. Poder derivado de revisão ou de reforma: poder de editar emendas
à Constituição. O exercente deste poder é o Congresso Nacional
que, quando vai votar uma emenda, refere-se - não ao
procedimento legislativo - mas ao Poder Reformador.

II. Poder derivado decorrente: poder dos Estados, unidades da


federação, de elaborar as suas próprias constituições (art. 25 da
CF e artigo 11 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias). Quem exerce este Poder são as Assembleias dos
Estados. A Constituição de 1988 deu aos Municípios um status
diferenciado ao que antes era previsto, chegando a considerá-lo
como ente federativo, com a capacidade de auto-organizar-se
através de suas próprias Constituições Municipais que são
denominadas Leis Orgânicas (artigo 29 da CF e parágrafo único do
artigo 11 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias).

Classificação das Constituições


Não podemos conhecer simplesmente as constituições levando em
consideração como nossa atual Constituição de 1988 se apresenta. Devemos
levar em consideração as formas que as Constituições - de modo geral - podem
se apresentar.
Para tanto, vamos conhecer as principais formas de como uma
Constituição pode ser construída, ou seja, aquilo que é levado em consideração
quanto à: forma, origem e mutabilidade de uma Carta Magna.

© Copyright 2024 6
Este material possui direitos reservados: proibida divulgação,
comercialização e distribuição.
Quanto à forma:

a. Escrita: podendo ser sintética ou principiológica - como a Constituição


dos Estados Unidos, que procura tratar de questões de organização do
Estado e de princípios básicos a serem observados pelo Estado e pelo
povo. Tais princípios são interpretativos, ou seja, permitem que sua
aplicação seja preconizada conforme o momento que a sociedade vive
(talvez daí a Constituição dos Estados Unidos ser a mesma desde 1787,
com 27 emendas). Já as Constituições analíticas, como a Brasileira,
procuram tratar de questões que poderiam estar relegadas a leis
ordinárias ou complementares.
b. Não escrita: é a constituição cujas normas não constam de um
documento único e solene, como por exemplo, a da Inglaterra (embora
não tenha uma Constituição em um único estatuto, ela possui normas de
caráter constitucional, como aquelas que organizam os poderes e os
direitos fundamentais).

Quanto à sua Origem ou Processo de Positivação

a. Promulgada: aquela em que o processo de positivação decorre de


convenção, ou seja, são votadas, e tem origem em um órgão constituinte
composto de representantes do povo, eleitos para o fim de elaborá-las.
Estas Constituições são também denominadas de democráticas, pois são
formadas por intermédio da participação popular, através dos
representantes do povo, comumente denominados de “Constituintes”.
São exemplos: as Constituição Brasileiras de 1891, 1934, 1946, 1988.
b. Outorgada: aquelas Constituições impostas por um corpo dirigente de
um Estado, ou seja, literalmente impostas. Possuem origem em processo
de positivação decorrente de ato de força; são forçosamente aprovadas,
decorrem do sistema autoritário. São elaboradas sem a participação do
povo.
Podemos dizer que são exemplos de Constituições outorgadas as
Constituições Brasileiras de 1824, 1937, 1967, 1969.

Quanto à estabilidade ou mutabilidade


...que leva em consideração a alteração do texto original das Constituições,
podemos classificar os tipos de Constituição em:
a. Imutável: constituições onde se veda qualquer alteração, constituindo-se
relíquias históricas – imutabilidade absoluta.
b. Rígida: admite que a Constituição seja mudada, mas, depende de um
procedimento solene e qualificado, diverso da criação de uma lei ordinária
ou complementar e que protege alguns textos - como imutáveis – que é o
caso das denominadas Cláusulas Pétreas (artigo 60 § 4º da Constituição
Federal de 1988). Nossa atual Constituição Brasileira permite alteração

© Copyright 2024 7
Este material possui direitos reservados: proibida divulgação,
comercialização e distribuição.
por intermédio de Emenda Constitucional, todavia exige que 3/5 dos
membros do Congresso Nacional consintam para que seja a modificação
do texto original seja aprovada.
c. Flexível: o procedimento de modificação não tem qualquer diferença do
procedimento comum de lei ordinária ou complementar.
d. Semirrígida ou semiflexível: aquela em que o processo de modificação
só é rígido em parte do texto constitucional e flexível em outras partes.

Aplicabilidade da Norma Constitucional


Quanto à aplicabilidade imediata ou não, podemos classificar as normas
constitucionais em:
a. Normas constitucionais de eficácia jurídica plena: são aquelas de
aplicabilidade imediata, direta, integral, independentemente de legislação
posterior para sua inteira operatividade. Exemplo: Artigo 2º da
Constituição Federal – “São Poderes da União, independentes e
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.
b. Normas constitucionais de eficácia jurídica contida: são aquelas que têm
aplicabilidade imediata, integral, plena, mas que podem ter o seu alcance
reduzido pela atividade do legislador infraconstitucional. São também
chamadas de normas de eficácia redutível ou restringível. Exemplo:
Artigo 5º Inciso XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.
c. Normas constitucionais de eficácia limitada: são, conforme diz a doutrina,
aquelas que dependem da emissão de uma normatividade futura, em que
o legislador, integrando-se-lhes a eficácia, mediante lei ordinária, lhes dê
capacidade de execução, em termos de regulamentação daqueles
interesses visados. Exemplo: Artigo 5º, inciso VIII - ninguém será privado
de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos
imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.

Estado Democrático de Direito


A transformação do Estado e das relações sociais passam - a partir da
implementação da programática dos direitos sociais - a ascender rapidamente,
fazendo com que ao final da Segunda Guerra Mundial, o paradigma do Estado
social comece a sofrer crises de legitimidade. Estes eventos fazem surgir uma
nova compreensão do Estado, principalmente nas sociedades europeias, como
salienta Willis Santiago:
Historicamente poder-se-ia localizar o seu surgimento nas sociedades
europeias recém-saídas da catástrofe da II Guerra, que representou a falência
tanto do modelo liberal de Estado de Direito, como também das fórmulas
políticas autoritárias que se apresentavam como alternativa. Se em um primeiro
momento observou-se um prestígio de um modelo social e, mesmo, socialista de

© Copyright 2024 8
Este material possui direitos reservados: proibida divulgação,
comercialização e distribuição.
Estado, a fórmula do Estado Democrático se firma a partir de uma revalorização
dos clássicos direitos individuais de liberdade, que se entende não poderem
jamais ser demasiadamente sacrificados, em nome da realização de direitos
sociais. O Estado Democrático de Direito, então, representa uma forma de
superação dialética da antítese entre o modelo liberal social ou o socialista de
Estado.
O Estado Democrático de Direito identifica-se ou tende a identificar-se
como um Estado de Justiça, onde as decisões do Estado fundam-se na decisão
popular, norteada por uma legitimidade legal, em que diante de uma sociedade
pluralista se possa chegar, por intermédio do diálogo de ideias e interesses
diversos, à formação de uma vontade popular.

Uma característica essencial do Estado Democrático de Direito é sua


subordinação à Constituição, apoiada na chamada
legalidade democrática, sujeitando o Estado (como um todo)
ao império da lei, como destaca José Afonso da Silva:

“Se sujeita, como todo Estado de Direito, ao império


da lei, mas da lei que realiza o princípio da igualdade e da
justiça não pela generalidade, mas pela busca da
igualização das condições dos socialmente desiguais”.

Há de se destacar o compromisso firmado entre o Estado Democrático


de Direito na conciliação de interesses perpetuados pelo Estado, quanto aos
direitos e garantias que atingem a esfera pública (representada pelo Estado) da
esfera privada e a esfera coletiva (resguardando os interesses de todos em
harmonia).
A Constituição Federal de 1988 adota, como primado, a figura do Estado
Democrático de Direito, in verbis:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel


dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I – a soberania;

II – a cidadania;

III – a dignidade da pessoa humana;

IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V – o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio
de representantes eleitos ou diretamente.

© Copyright 2024 9
Este material possui direitos reservados: proibida divulgação,
comercialização e distribuição.
Caracteriza-se assim, a adoção do Estado Democrático de Direito ao se
constatar os seguintes princípios prescritos da Constituição Federal de 1988:
princípio da constitucionalidade, princípio democrático (artigo 1°); princípio da
justiça social (artigo 170, caput, e 193); princípio da igualdade (artigo 5°, caput,
inciso I); princípio da divisão de poderes, princípio da independência do juiz
(artigos 2° e 95); princípio da legalidade (artigo 5°, inciso II); princípio da
segurança jurídica (artigo 5°, incisos XXXVI a LXXIII); e sistema de direitos
fundamentais (Títulos II, VII e VIII).

A Titularidade e o Exercício do Poder do Estado


A participação do povo, titular do poder, é uma característica dos regimes
políticos democráticos e um dos fatores importantes no Estado Democrático de
Direito - que consagra a soberania popular no exercício do poder, contrapondo-
se aos regimes autoritários (concentração de poder nas mãos de uma pessoa
ou de um determinado grupo).
À participação popular, ou seja, consideração e representatividade dos
interesses do povo - no poder - dá-se o nome de democracia.
A democracia pode ser dividida em três espécies:

a. Democracia direta, sendo aquela em que o povo pode participar


diretamente de todas as decisões do Estado.
b. Democracia indireta, sendo como aquela em que os rumos do Estado,
são estabelecidos por representantes escolhidos pelo povo.
c. Democracia semidireta, também conhecida como mista, onde parte das
decisões sobre o exercício do poder são deliberadas por representantes
do povo, e outra parte diretamente pelo povo.

Segundo o parágrafo único do artigo 1º de nossa Constituição, a


democracia adotada pelo Estado brasileiro, classifica-se como mista: “todo poder
emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou
diretamente nos termos desta Constituição”.

Formas de participação do povo no exercício do poder: a Iniciativa Popular,


o Referendo e o Plebiscito.

No artigo 14 da Constituição Federal estão dispostos os principais institutos


da democracia direta (participativa) no Brasil, que são: a iniciativa popular, o
referendo popular e o plebiscito.

© Copyright 2024 10
Este material possui direitos reservados: proibida divulgação,
comercialização e distribuição.
 Iniciativa popular (artigos 14, inciso III; 27, § 4.º; 29, inciso XIII; e 61, §
2.º; todos da Constituição Federal).
Uma das formas de o povo exercer diretamente seu poder é a iniciativa
popular, pela qual 1% do eleitorado nacional, distribuído por pelo menos
cinco Estados-Membros, com não menos de três décimos de 1% dos
eleitores de cada um deles, pode apresentar à Câmara dos Deputados
um projeto de lei (complementar ou ordinária).

 O plebiscito e o referendo popular:


O referendo é a forma de manifestação popular pela qual o eleitor aprova
ou rejeita uma atitude governamental já manifestada (exemplo: quando
uma emenda constitucional ou um projeto de lei aprovado pelo Poder
Legislativo é submetido à aprovação ou rejeição dos cidadãos antes de
entrar em vigor).
Nas questões de relevância nacional, de competência do Poder
Legislativo ou do Poder Executivo (matéria constitucional, administrativa
ou legislativa), bem como no caso do § 3.º do artigo 18 da Constituição
Federal (incorporação, subdivisão ou desmembramento de um Estado), a
autorização e a convocação do referendo popular e do plebiscito são da
competência exclusiva do Congresso Nacional, nos termos do artigo 49,
inciso XV, da Constituição Federal, combinado com a Lei n. 9.709/98 (em
especial os artigos 2.º e 3.º).
A iniciativa da proposta do referendo ou do plebiscito deve partir de 1/3
dos Deputados Federais ou de 1/3 dos Senadores. A aprovação da
proposta é manifestada (exteriorizada) por decreto legislativo que exige o
voto favorável da maioria simples dos Deputados Federais e dos
Senadores (voto favorável de mais da metade dos presentes à sessão,
observando-se que, para a votação ser iniciada, exige-se a presença de
mais da metade de todos os parlamentares da casa).
O referendo deve ser convocado no prazo de trinta dias, a contar da
promulgação da lei ou da adoção de medida administrativa sobre a qual
se mostra conveniente à manifestação popular direta.
O plebiscito é a consulta popular prévia pela qual os cidadãos decidem ou
demonstram sua posição sobre determinadas questões. A convocação de
plebiscitos é de competência exclusiva do Congresso Nacional quando a
questão for de interesse nacional.
Sobre as consultas populares, o art. 14 da CF determina, ainda:
Art. 14, § 12. Serão realizadas concomitantemente às eleições municipais
as consultas populares sobre questões locais aprovadas pelas Câmaras
Municipais e encaminhadas à Justiça Eleitoral até 90 (noventa) dias antes da
data das eleições, observados os limites operacionais relativos ao número de
quesitos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021)

Art. 14, §13. As manifestações favoráveis e contrárias às questões


submetidas às consultas populares nos termos do § 12 ocorrerão durante as
campanhas eleitorais, sem a utilização de propaganda gratuita no rádio e na
televisão. ( Incluído pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021)

© Copyright 2024 11
Este material possui direitos reservados: proibida divulgação,
comercialização e distribuição.
Relembramos que a Constituição Federal permite a criação de Territórios
Federais (hoje inexistentes) e até prevê, no artigo 12 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, a formação de uma comissão para analisar a
questão, sobretudo em relação à Amazônia Legal. Entre os primeiros passos
está a aprovação da proposta pela população diretamente interessada, mediante
plebiscito (artigo 18, § 3.º, da Constituição Federal).

Nas demais questões, de competência dos Estados, do Distrito Federal


ou dos Municípios, o plebiscito e o referendo são convocados em conformidade,
respectivamente, com a Constituição Estadual e com a Lei Orgânica.

© Copyright 2024 12
Este material possui direitos reservados: proibida divulgação,
comercialização e distribuição.

Você também pode gostar