Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Anonimus - O Ultimo Obscuro - DANI MEDINA
Anonimus - O Ultimo Obscuro - DANI MEDINA
Copyright©2024
Direitos reservados à autora dessa obra. Nenhuma parte dessa obra pode
ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios
(eletrônicos ou mecânico, incluindo fotocópia de gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da autora.
A violação de direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº 9.610/98 e
punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, datas e
acontecimentos reais é mera coincidência.
Capa: Fox Assessoria
Revisão: Carina Barreira
Diagramação: Carina Barreira
Leitura Crítica: Jenniffer Fógos
Conteúdo adulto.
Proibido para menores de dezoito anos.
Sumário
DEDICATÓRIA
MENSAGEM DA AUTORA
AGRADECIMENTOS
AVISOS
AVISO II
AVISO III
SINOPSE
PRÓLOGO
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71
Epílogo
SOBRE A AUTORA
OUTRAS OBRAS
DEDICATÓRIA
A você que deixou de ter medo dos monstros debaixo da cama,
quando descobriu que é uma delícia ter seu corpo quente sobre ela.
MENSAGEM DA AUTORA
Aquela caverna
triste, fria e sombria
é seu espelho.
Marcelo Santos Silvério
AGRADECIMENTOS
Sua escolha.
Antes...
O ataque...
Depois...
Agora...
Caminho pelo terraço de vidro preto da casa onde moro, o mestre
me colocou aqui depois que saí do hospital, foram seis meses de coma e
seis de recuperação, quis voltar a ser um Obscuro, mas todos os meus se
foram e Atos sendo um mestre misericordioso não quis me enviar ao
inferno junto com eles, segundo me disse, estou aposentado e mesmo sem
saber o que raio essa palavra signifique, finjo que concordo com ela e aceito
sua vontade.
De fora ninguém me enxerga, mas consigo visualizar tudo de onde
estou, por ser uma morada em lugar alto vejo daqui todo o condomínio e a
sua movimentação, por vezes ansiei voltar à guarda e proteger aqueles que
são da família do mestre, mas da última vez que tentei ele mostrou sua
autoridade sobre mim e me manteve afastado.
Constantemente me sinto inquieto e mesmo que venha sendo
alimentado na frequência de sempre, desejo voltar a caminhar pelo inferno,
como um servo obediente apenas mantenho meu corpo forte e permito que
minha mente continue vagando pela sua perversidade.
O reflexo no vidro escuro mostra meu verdadeiro eu, aquele que não
reconheço e que me incomoda revelar a quem quer que seja, apenas meu
senhor, tem essa prerrogativa. A verdade é que ele pode tudo que desejar,
fui criado para servir e serei assim até que consiga finalmente fazer a
passagem que irá me levar de volta para casa onde meus irmãos me
esperam.
Olho para o lado esquerdo sabendo que dali virá meu alimento, pelo
nascer e pôr do sol, hoje é o dia em que a minha comida chegaria, como
esperado isso não falha. Um carro preto se aproxima da entrada, retiro a
calça que uso caminhando nu até a parede onde pego minha balaclava e
máscara, e assim que a coloco através do reflexo do espelho à sua frente o
vejo, Anônimus. Sorrio sob a máscara para cumprimentá-lo, eu sou ele, eu
me vejo nele, isso é minha verdadeira face.
Caminho pelas escadas indo até o local da entrega, mantenho a luz
apagada, gosto de ver a surpresa nos olhos da minha comida, gosto da
forma como elas se surpreendem quando me veem.
A inquietação e a expectativa do que está por vir deixa meu pau
duro, o sangue parece correr ainda mais rápido em minhas veias, sinto o
formigar da morte na ponta da língua e dos dedos, louco pelo que está por
vir.
A grande porta de ferro se abre encaixando exatamente o fundo do
carro, afinal, foi feito sob medida para que a minha comida não fuja.
— Sua refeição tem vinte anos, esposa de um bicheiro e passou a
vida sendo entregue como diversão a todos os soldados do marido, ele não
pagou à Triglav, então a deu como pagamento. Atos disse que seria uma boa
diversão, espero que o sacie até o nosso próximo encontro.
A voz que sai dos alto falantes do teto me informa a história da
minha comida, isso não me influencia em nada, mas o mestre acredita que
pode me instigar a ser misericordioso. As suas histórias pouco me
importam, o que define se sou mais cauteloso ou mais brutal é se é homem
ou mulher, preciso ser cauteloso para que permaneçam vivos por mais
tempo, no mais, ambos sofrem da mesma maneira enquanto conhecem o
demônio que sou.
— Ai! — O grito seguido do baque no chão me diz que ela já foi
jogada para dentro, logo a porta se fecha e o carro começa a se afastar. —
Oi, tem alguém aí? — A voz chorosa contém medo e isso faz ferver meu
sangue.
— A pergunta certa seria: o que está aí? — Espreito, ansioso,
sentindo meu pau pulsar ao imaginar seus gritos de desespero e pedidos de
socorro.
— O que é você?
— Sou um Obscuro. — A diversão em minha voz é legítima.
— Por favor, não me toque.
— Estava indo tão bem. — Desanimo com a forma rápida com que
ela passa a implorar. — Vou te dizer o que vai acontecer. Você é a minha
comida, eu alimento meus demônios com você.
— O quê? Não, por favor, podemos negociar de outra forma, pode
usar meu corpo. — Ela está ofegante e raspando suas unhas no portão atrás
dela, como se desejasse encontrar uma passagem para longe do inferno.
— Não tente fugir, não existem saídas.
— Onde estou?
— No inferno. — Acendo a luz e a mulher japonesa se revela à meia
luz, ela é linda como um anjo e deliciosa para me saciar.
Estou nu, com o pau babando, ansioso, o lugar onde estamos mais se
parece um açougue, tem ganchos e correntes, gosto de pendurar seus corpos
depois de usá-los, gosto de vê-los se decompor e vez ou outra foder com
eles. Tem dois deles ainda aqui, uma mulher e um homem, o cheiro peculiar
é de carne apodrecendo, não me afeta mais, porém, parece que minha
comida paralisa ao me ver.
— Não se aproxime!
Caminho em sua direção puxando-a pelos cabelos, a arrastando
enquanto se debate.
— Me solte! — Suas unhas arranham a pele da minha mão.
Sua luta aumenta ainda mais meu prazer, a dor que me causa ao
rasgar minha pele quase me faz gozar.
Lanço seu corpo contra a parede a fazendo arfar de dor, quando
travo seu pescoço com meu pé.
— Quanto mais luta, melhor é, vou foder todos os seus buracos,
quando estiver à beira da morte, vou pendurar seu corpo nesses ganchos de
ferro, vai agonizar até morrer e eu irei continuar fodendo você até que seus
pedaços podres comecem a cair e não exista mais condições de lhe usar,
então a próxima pessoa chegará e as antigas serão descartadas. — O prazer
que tenho ao ver seu desespero em fazer tais ameaças é minha forma de
diversão.
Ela se debate buscando o ar que lhe privo.
— E para que saiba quem sou, eu vou me apresentar. Eu sou
Anônimus, aquele que agora possui seu corpo e sua alma.
Seu grito ecoa pelo inferno e faz com que tudo seja prazeroso
demais, a solto e seu primeiro movimento é tentar fugir, quando seguro seu
tornozelo puxando-a de volta a mim, soco seu rosto para que fique quieta,
deixando-a tonta e perdida. A viro de bruços ouvindo seus gritos
desesperados implorando para que pare, então forço meu pau em seu rabo, é
quente, mas não existe resistência, isso me irrita muito, não gosto quando as
coisas parecem fáceis.
— Vagabunda demais para tamanho esforço.
A ergo pelos cabelos, deixando-a em pé, dou uma cabeçada em seu
nariz que se parte explodindo sangue.
— Por favor, por favor! — Começa a implorar quando meus punhos
começam a atingir seu rosto.
Desejo desfigurá-la, moldar uma nova cara para a puta imunda que
se encontra em meus domínios, lanço seu corpo contra a mesa a fazendo
parar do outro lado.
— Pareeee! — ela grita colocando as mãos à frente na tentativa de
se defender.
— Eu ainda nem comecei.
Vou em sua direção enquanto tenta se erguer, a seguro pelo pé
fazendo seu corpo bater com toda a força no piso. Começo a puxá-la,
fazendo-a deslizar sobre o chão bruto e seus gritos ecoam pelo local. Pego o
primeiro gancho cravando abaixo do seu ombro pelas costas, depois faço o
mesmo com o outro lado.
Seu grito ecoa tão alto que ouso dizer que machuca. Se debatendo,
tenta novamente fugir, algo que me diverte ainda mais.
Meu chute a acerta fazendo com que seu corpo volte a bater contra a
mesa. Ensanguentada, desfigurada e perdendo as forças, volto a arrastá-la
agora pelos ganchos e com um movimento a penduro na haste de ferro onde
os outros corpos estão apodrecendo e logo precisarão ser levados.
Já perdi as contas de quantos orgasmos seus gritos e seu desespero
me causaram. Subo no tablado, tipo uma passarela construída para que eu
caminhe sobre ela e meu pau fique na altura dos seus buracos, a puxo pela
cintura enquanto se debate, soco meu pau com força em sua boceta
fodendo-a com violência, por estar seca parece mais apertada. Minha
comida se debate e o sangue escorre pelos buracos dos ganchos, ouço
alguns ligamentos estourando enquanto grita em desespero, minha
gargalhada ecoa pelo lugar quando pulso gozando como um demônio. Não
paro até que as sensações desapareçam, com as veias cheias de estimulante
e com meu pau extremamente duro, desejo muito mais orgasmos, mas
minha mente parece não funcionar como deveria, acredito que por conta da
raiva. Cansado da nova aquisição, sigo para as antigas apesar de desejar os
foder não faço. Furioso, chuto o homem que em total estado de putrefação
se desprende dos ganchos caindo no chão fazendo o cheiro fétido invadir o
ambiente, a mulher parece em melhor estado que ele, mas ao tocar em um
dos ganchos que a prende sua perna cai e minha fúria aumenta, me fazendo
lançar seus restos imundos longe de mim.
A novata começa a vomitar, estou tão furioso e caminhando cheio de
ódio que seu choro me causa um desejo insano de matá-la, mas isso irá me
deixar por dois dias sem nada para comer.
As vozes em minha cabeça imploram para que a mate, que não faz
sentido mantê-la aqui, nós não gostamos dela.
Cedendo aos impulsos, seguro sua cabeça quebrando o seu pescoço,
odeio quando o alimento não nos agrada, a abstinência pode nos causar
ainda mais estragos.
Inquieto e irritado, entro em casa jogando minha máscara no chão, o
mestre me deu várias delas, ele sabe que posso quebrá-las em um ataque de
fúria. Entro debaixo do chuveiro e com minhas mãos uso o sabonete líquido
para esfolar meu pau com a mão até que o último resquício do estimulante
desapareça das minhas veias e só saio de lá quando me sinto completamente
limpo.
Preciso caminhar, o mestre me deu essa liberdade, então com esse
pensamento na cabeça visto minhas roupas colocando novamente a minha
máscara, seguindo em direção ao canil nos fundos da propriedade.
Capítulo 4
É madrugada e estou inquieta, passei todo o dia furiosa por ser quem
sou, saber o que sei e precisar ser tratada como uma boneca de vidro, eu
jamais a colocaria em risco. Por que não entendem que nós duas somos uma
só e que eu a protegeria sempre?
Inquieta e rodando o meu quarto como um tubarão que anseia por
sangue, saio em busca de um pouco de ar, atravesso minha janela pulando
até o telhado íngreme que dá para uma grande árvore, onde pulo nos galhos
e logo me jogo ao chão. Eu poderia sair pela porta? Sim! Mas quero evitar
encontrar com quem quer que seja.
Começo a caminhar, os demônios em minha mente esperam por
isso, apesar de saber das consequências não me importo, nunca me
importei, não será agora que isso irá me frear. Sigo para a linha da mata
começando a caminhar por ela, aqui é onde os mais incontidos fazem a
guarda. Toco em minhas facas nos coldres de coxa, os últimos caíram como
patinhos, com certeza esses não serão menos idiotas.
— Olha o que temos aqui? Perdida, princesinha? — Sorrio
internamente, como imaginei, todos sempre pensam com os paus.
— Apenas caminhando.
— No meio do nada, de madrugada, com tantos perigos por aí? —
Eles se aproximam.
Fui treinada, mas diferente de todos, meu pai fazia isso nos
subterrâneos de casa, nunca na frente dos soldados, como tio Dusham fazia
com Angel e tio Stefan fazia com Virgínia, Bella e Ariel.
— Só quero pensar, por favor, se afastem. — Dou o primeiro aviso.
— E se nós quisermos mais que isso? — Dois deles se aproximam
enquanto outros caminham até onde estamos, e pelo barulho são mais de
cinco.
— Sabem que se me tocar o Anjo da Atrocidade não terá
misericórdia — ameaço.
Todos os homens que estão aqui são escravos da Triglav, a escória
da escória, todos usam uma coleira explosiva que contém um controle que
fica nas mãos de Ângelo e Atos.
— A morte é um presente, ir para o inferno após foder uma boceta
real é um privilégio. — Ele sorri, não posso ver seus rostos por usarem
máscaras ninja, mas mesmo estando escuro posso ver seus dentes
amarelados.
— Olha o que temos aqui, um presente. — Os outros homens
parecem ter chegado e a minha excitação aumenta, posso sentir o gosto da
adrenalina tocar minha língua.
— Já disse para se afastarem. — Dou mais um alerta, estou longe
das casas, sei bem dos perigos que corro, mas sorrio quando sinto meu
cabelo ser tocado.
— Cheirosa. — As gargalhadas acontecem ao meu redor.
— Por favor, eu só quero passar. — Diminuo o tom de voz como se
estivesse com medo.
— Ah, Princesa, é tão difícil vê-la, mas essas curvas deixam meu
pau duro. — Sua mão desliza pelas minhas costas e imagino o Anjo tatuado
nela decepando sua mão.
— Já disse para não me tocar. — O empurro, esse joguinho me
deixa animada, faz tempo que não me banho em sangue.
— Quem pensa que é, sua cadela imunda? — Ele segura meus
cabelos e a excitação em mim cresce a níveis altíssimos e faz minha boceta
pulsar.
— Por favor, eu só quero passar — imploro quase gargalhando, amo
ver macho escroto se achando superior.
— Perdeu esse direito quando atravessou nosso caminho. — Uma
mão entra pela minha blusa e toca minha barriga.
A brincadeira começa a ficar interessante.
— Vou gritar se continuar me tocando.
— Não terá tempo para isso.
Sua mão vai até meu pescoço, apertando-o, dois deles começam a
me segurar, me debato criando um cenário onde eles acreditam estar
vencendo e que irão foder comigo, como se faz com as escravas sexuais que
conhecem.
— Me solte, por favor, eu não digo nada, só me deixem ir. —
Começo a me debater e eles se envolvem ainda mais.
— Vamos ver o quão deliciosa é uma boceta real.
— Por favor, por favor! — Eu me debato enquanto me divirto, louca
para começar a carnificina.
Eles gargalham enquanto os demônios em mim se divertem, tenho
meu corpo lançado contra o chão e arfo com a pancada, mas apesar de doer,
não me importo.
— Agora, gracinha, chegou a hora de socar fundo nessa boceta. —
Todos começam a rir e rastejo de costas para o chão com a cara de pavor
que apenas eu sei fazer quando quero.
— Não, por favor, eu imploro, não me toquem, me deixem ir.
Antes que consiga me erguer a primeira cabeça explode jogando
sangue para todos os lados me deixando furiosa.
Vi o exato momento em que ela atravessou nas sombras em direção
aos soldados, só podia estar com a cabeça no mundo da lua, aqueles homens
só não são piores do que eu, mas são incontidos e não vão recuar por ela ser
filha de quem é.
Corro, vestindo minha roupa, calçando minhas botas, colocando
minha balaclava e em seguida minha máscara. Apressado, sigo até a mesa
pegando o controle que os mantêm presos as suas coleiras.
Apresso-me pela mata sem me preocupar onde estou pisando
quando ouço algo que faz meu sangue ferver.
— Não, por favor, eu imploro, não me toquem, me deixem ir. —
Sua voz é baixa e parece assustada.
Ela está com medo?
Antes que ele se aproxime demais para machucá-la, explodo sua
cabeça fazendo com que ela se banhe em sangue, seu grito surpreso ecoa.
— Afastem-se.
— Anônimus! — gritam assustados, recuando e colocando seus
paus dentro das calças novamente.
— Acreditam que podem tocar em uma mulher Triglav e
permanecerem vivos? — rosno furioso. Não podem tocar naquilo que o
mestre protege.
— Nos mate, fará com que tudo isso acabe — um deles grita e isso
seria muito mais fácil.
— Matar é uma bonificação, acreditam mesmo que os presentearia
dessa forma? Saiam! — Ninguém recua e meus demônios mandam tudo
para o inferno.
Coloco o controle no bolso e retiro minhas facas dos coldres,
colocando-me sempre entre eles e ela, parto para cima de cada um focado
em retalhar seus corpos e fazer com que sofram. Meus olhos estão
acostumados à escuridão, sei bem onde cada um deles está. A cada investida
que dou abro talhos fundos em seus rostos, eles precisam saber com quem
estão lidando.
— Demônio maldito! É tão escravo quanto nós — um grita quando
acerta um chute em minhas costelas.
— A diferença entre nós é que eu escolho ser quem sou. — Soco seu
nariz esmagando seus ossos.
— Maldito Obscuro! — Ouço a voz vindo de trás de mim, como
estou chuto para trás acertando seu peito e explodindo sua cabeça.
— Amarei pendurá-los em meus ganchos e foder seus rabos mortos
até que apodreçam. — Imaginar isso faz meu pau pulsar.
Continuo socando e quebrando seus ossos, mantendo-os vivos, eles
precisarão continuar sendo quem são, se meu mestre quis assim, assim será.
Quando todos estão caídos, agonizando, paro, meu coração bate tão
acelerado com a adrenalina que corre em minhas veias que parece que vai
parar. Lavado em sangue viro-me e a vejo, ela ainda está no mesmo lugar.
Sem falar nada caminho em sua direção e a pego nos braços, surpresa com
o que faço, ela não diz nada.
Volto com ela por onde eu vim, me amaldiçoando por tocá-la, eu
posso morrer por isso, mas não a deixaria assustada, caída, e possivelmente
machucada. Controlando o desejo de levá-la para minha casa, algo que
meus demônios sussurram em minha cabeça desesperados, sigo a passos
largos para fora dali.
— Não vai falar comigo? — Sua pergunta me tira dos meus
pensamentos, mas me mantenho em silêncio. — O problema sou eu?
Porque eu vi você falando com eles. Diga alguma coisa! — grita e a coloco
no chão em frente à minha casa.
— Vá embora! — É tudo que me permito dizer e sem a olhar nos
olhos.
— Quem você pensa que é para atravessar meu caminho? —
esbraveja, colocando seu rosto na direção do meu olhar.
Impossível me manter calado e desejando que a morte me alcance
por desobedecer ao mestre, respondo:
— Eu sou aquele que terá que aguentar suas aventuras pelos
próximos meses. — Nossos olhares se fixam e algo cresce em mim, o
desejo de tê-la pendurada nos meus ganchos como um animal abatido.
— O quê? — Sua surpresa me espanta. Ela não sabe?
— Isso que ouviu, ou acredita que vai viajar sem que eu esteja ao
seu lado? — Dou um passo em sua direção, sou muito maior que ela e a
vejo recuar um passo, a maldade incrustada está lá, misturada à confusão
que minha informação lhe causa.
— Impossível, mas não vai mesmo — aponta seu dedo para mim em
desafio.
Seguro sua mão com força tirando seu dedo da minha máscara,
fazendo-a novamente se surpreender, eu não a machuco como gostaria,
quando levo a outra mão ao seu pescoço fino, ela é protegida do mestre.
Mas que se foda, sempre fiz tudo que me mandaram, talvez esteja na hora
de fazer algo que realmente deseje.
— Eu não minto. E escute bem o que vou te dizer, ansiei que eles a
violentassem como animais, porque como um corvo sorrateiro eu queria
apenas seus restos mortais dos quais me fartaria até que apodrecesse aos
meus pés. Confie no que eu lhe digo, Morgana Dothraki, meus demônios
desejam destruição e você está na porra do topo de suas listas. — Aperto
ainda mais forte a mão em seu pescoço, sabendo que ela não consegue
respirar. — Seus olhos azuis cravados aos meus quase me fazem cometer
mais uma loucura, afinal, não posso olhá-la, nem lhe dirigir a palavra, com
certeza tocá-la decreta a minha morte. — Escolha, contar o que ouviu aqui e
que te ameacei ou manter sua tão desejada viagem?
A fúria com que me olha me faz querer mandar tudo para o inferno e
estraçalhar seu corpo devastando-a por horas.
Pare, Anônimus, não pense nisso, ela é uma mulher Triglav.
— Esteja pronto em seis dias, não suporto que se atrasem. — Suas
palavras saem abafadas pelo meu aperto, enquanto ela força sua mão em
meu pulso para que a solte, e imediatamente o faço voltando um pouco a
mim.
Como sempre, sai batendo as botas no chão de forma firme e nada
do que faça agora mudará o fato de que quebrei algumas regras.
Capítulo 6
Ainda não acredito que pela primeira vez em anos ele me dirigiu a
palavra. Levo minha mão ao pescoço sentindo ainda o calor escaldante do
seu toque em minha garganta.
Vejo o dia amanhecer, cheguei lavada de sangue e agora ando nua
pelo meu quarto com meus longos cabelos molhados, é inquietante a forma
como aquele demônio me irrita, e ser ignorada por ele é pior que quase ser
sufocada até a morte.
— Morg. — A voz do meu pai soa do outro lado da porta.
Pego meu roupão, me cobrindo.
— Entra, pai — peço e ele abre.
— Já acordada tão cedo, minha princesa? — O homem que mais
amo no mundo e que nem imagina as loucuras que ando fazendo vem até
mim, me envolvendo em seus braços.
— Ando inquieta, pai. — Você não imagina como meu corpo
implora para ser pior do que a mamãe foi um dia. Essa seria a resposta
certa.
— Conversamos ontem e Atos acredita que a sua viagem pode ser
mantida, tem certeza de que é isso que quer?
— Mais do que tudo no mundo, pai, um tempo para conhecer o
mundo e descansar na casa das montanhas.
— Assim seja, Morg. Anônimus irá guardar suas costas, se aquele
demônio sair da linha o esquarteje e mande seus restos mortais de volta para
mim. Sabe que precisa se manter alerta e sempre protegida, não suportaria
se algo acontecesse a vocês.
— Pai!! Acredita mesmo que ele faria alguma coisa? Anônimus nem
mesmo me dirige a palavra — rebato. — E sim, sei da importância de nos
manter sempre seguras.
— E que continue assim. — Sorrio incrédula. É muito mais fácil eu
o tocar do que ele. — Seis meses, Morg, todo seu roteiro está finalizado,
aqui está seu cronograma, vocês saem em seis dias.
— Isso está tudo bem para você, grandão?
— Não, sabe bem o que penso sobre isso e todos os receios que
tenho, mas não vou contra a sua felicidade, contra seu irmão e muito menos
contra a sua mãe. — Sorrio de suas palavras. — Todos eles me incluindo,
sabemos que é o mundo quem deveria se preocupar com você e não o
contrário.
— Onde está a mamãe?
— Na Romênia, infelizmente não chegará a tempo para se despedir,
e estou indo para lá agora, por isso vim tão cedo.
— Cuide da nossa pequena, pai.
— Com a minha vida.
Nos abraçamos por longos minutos enquanto me envolvo em seu
cheiro tão familiar e que me traz segurança desde que nasci.
— Eu te amo, pai.
— Não mais que eu, minha princesa. — Ganho um beijo nos
cabelos e antes que se vá, segue com mais um alerta. — Mantenha seu
localizador ligado, sabe que se não me informar onde está e o sinal sumir eu
irei atrás de você.
— Pai, eu sei me cuidar.
— Morgana, você conhece minha história, nunca escondemos nada
de vocês, não existe a possibilidade de estar correndo perigo e eu não ir te
resgatar, então, ou mantém a sua localização atualizada ou irei até você e a
trarei de volta. — Seu olhar não nega que faria realmente tudo que diz.
— Eu o manterei atualizado, pai.
— Assim espero, agora preciso ir.
— Onde está Damon?
— Ainda em seu quarto, é cedo, Princesa, por que não volta a
dormir?
— Quero passar algum tempo com ele — aviso enquanto sorri indo
em direção à porta e eu sigo para o closet.
Meus próximos meses serão diferentes de tudo que já vivi e quem
sabe não conquiste o que no final de contas sempre almejei.
Foram seis deles, não sei quanto tempo passei nos subterrâneos, e os
gritos, os malditos gritos não me acalmaram, pelo contrário, tudo que mais
desejava é que todos eles fossem dela.
Sigo em direção à saída quando paraliso com a imagem do mestre
me encarando, nunca o vi depois de me alimentar.
— Algo a me dizer? — Sua voz fria e sombria me faz desejar olhar
para o chão.
— Houve um ataque essa madrugada, Morgana estava lá, eu impedi
que os homens a tocassem — informo. Mentir não é uma opção, não agora.
— Foi isso que te descontrolou? Por que não fodeu os malditos
enquanto aplacava sua fúria?
— Precisava levá-la para casa, eles queriam se alimentar dela. —
Nossos olhos não se distanciam.
Jamais permitiriam que a tocassem antes de mim.
— Por que não fui informado? Fui acordado sendo avisado que meu
demônio estava com fome.
— Desculpe-me, senhor, não achei que apertar aquele botão o
incomodaria. — Meu corpo está tenso, o cheiro dela roda pela minha
mente.
— Devo me preocupar? — O arquear de sua sobrancelha me diz
que ele está querendo que eu diga mais além de pedir desculpas.
— Meu corpo incontido conhece seus limites, senhor, não irá
acontecer nada à princesa romena. — Nunca mentir, essa é a lei.
— Sabe que não serei eu a segurar os Anjos, pelo contrário, os
ajudarei, toque num fio de cabelo dela e o inferno será um paraíso. Entende
o que eu digo, Anônimus?
— Sim, mestre.
— Quero acreditar que essa sua compulsão não seja por desejar que
cada uma dessas pessoas fosse ela, se essa for a sua vontade, recue agora.
— Não é, mestre. — Pela primeira vez na minha vida escondo o que
sinto da única pessoa que me mantém vivo e bem alimentado.
— Sei que não mentiria para mim, conhece as regras, não ouse me
desafiar, sabe que se um dia desejou a morte ela não seria nada perto do que
faria com você, agora vá. — Seu corpo libera a minha passagem enquanto
engulo suas palavras como cacos de vidro.
Desaparecendo da sua frente, caminho até a minha casa, é noite,
com certeza passei mais de doze horas lá dentro. Ao sair por uma entrada
diferente da que entrei acabo passando em frente às casas dos meus
senhores e suas famílias, quando atravesso o gramado vejo que sua casa
está completamente escura, sei que seus pais não estão no país e que
Damon logo entrará em missão assim que formos viajar, onde será que ela
está?
Chacoalho a minha cabeça, preciso parar de pensar tanto na perversa
de olhos cruéis.
Passei algumas horas com Damon antes de ele sair, segundo ele,
preciso me controlar. Como? Se quero aquele demônio desde o dia em que
o vi de máscara dourada e preta? Eu sei quem ele é, a diferença aqui é que
ninguém sabe quem eu sou, o que sou capaz e o que desejo para mim e meu
corpo, e tudo que tenho que esconder para me proteger.
Apenas tio Damian desconfia do que quero, já que ele tatuou no
rosto do meu anjo a máscara de Anônimus.
É isso, preciso falar com ele, pego meu telefone e sinto meus dedos
tremerem.
— A que devo a honra, Princesa Morg? — Sua voz é engraçada e
sempre foi assim, desde que me entendo por gente.
— A inquietação, tio, parece que um ímã me puxa para ele, foi por
saber que não impediu essa ideia louca de que ele viajasse comigo. —
Mordo o canto da boca até sentir o gosto do sangue.
Sua risada grossa ecoa pela linha.
— Acredita mesmo que impedi-la de viajar com ele a impediria de
ter o que quer?
— É tão descaradamente óbvio assim, tio?
— Não, minha princesa, mas se tornou claro quando tatuei a
máscara no seu Anjo, sabe que aquele homem é pior do que todos nós
juntos, não sabe?
— Por que não disse nada até hoje?
— Estava esperando esse momento.
— Tio, não sei como agir.
— Minha querida, é impossível não ver a sua crueldade quando
encaramos esses olhos de um azul quase brancos, está aí, Morg, o sangue
Dothraki está em você.
— Gostaria de ser como Angel ou Antonella, elas são tão femininas
e delicadas. — Suspiro, cansada.
— Elas são elas, você é Morgana, tem sua própria individualidade,
sabe o que quer e como deseja ter. Se seu pai me ouve te dizer as próximas
palavras ele me corta o pau. Mas, querida, confie em mim, eu que coloquei
seus piercings que depois tirou e tatuei você, somos íntimos e dou minha
vida por você como dou a todos os meus sobrinhos. É ele que você quer?
Vá lá e dome aquele maldito demônio.
— Tio Damian, se fosse a Ella? — Meus medos, aqueles que nunca
demonstro surgem como um gêiser[5] de águas ferventes.
— Eu perguntaria se é uma doença grave, se a resposta for não, nós
podemos resolver qualquer coisa, Morg. Caminhar pelas lâminas da dúvida
só irá te causar dor.
— Meus tios, todos eles podem me odiar.
— Descubra se Anônimus é a sua pessoa, lidamos com os Anjos
depois.
— Não sei se sou uma pessoa normal, tio. — Mordo o canto da
boca, não sei há quanto tempo mantenho minhas barreiras levantadas e
agora parecer frágil me deixa vulnerável.
— Morg, minha Morg, nós temos personalidades diferentes, você
melhor do que qualquer um se conhece, sempre foi diferente dos seus
primos, sempre teve um instinto primitivo, se fosse homem com certeza
receberia a alcunha de Anjo, mas não pense que o que digo a desmerece, se
quiser ser um Anjo da Maldade, meu amor, eu serei o primeiro a lhe
conceder essa alcunha. Mas, Morg, não foi para isso que nasceu, nasceu
para coisas muito maiores, e se isso quer dizer domar demônios, confie em
mim, em seu sangue existe esse poder.
— Ele não me dirige a palavra.
— Morg, aquele homem não conhece nada além de destruição, nem
mesmo nós fomos forjados como ele, nós tivemos alguém que nos embutiu
sentimentos, ele só tem o Atos, querida. A subserviência de um Obscuro
deveria ser eterna, isso pode mudar se ele começar a quebrar as regras, o
que duvido muito. Não adianta acreditar que seus belos olhos azuis
mudarão um demônio, isso não vai acontecer. Quer sua pessoa? Vá lá e
pegue para você, não espere que ele se jogue aos seus pés ou a reivindique,
Anônimus jamais fará isso.
— Como eu odeio tudo que fizeram com ele, todos que o
machucaram. — Bufo, indignada, e a linha fica muda. — Tio? Tio, você
ainda está aí?
— Eu sinto muito, Morg, infelizmente não imaginei que estávamos
tratando como demônio a sua pessoa.
A forma com que fala, faz minha ficha cair sobre a merda que disse
e a forma com que falei.
— Tio, estava falando de Bratslav.
— Mas não foi só Bratslav que o moldou, Morg. Novamente sinto
muito, perdoe esse seu tio todo torto por não ter visto nada além de caos e
destruição por tantos anos. — Ele puxa o ar com força, então prossegue. —
Vá até ele, Morg, mostre o poder que uma Dothraki tem.
— Sabe que minha primeira parada é na Itália, na casa do meu
padrinho, e ele consegue ser pior do que vocês. Minha preocupação é real,
todos os homens da minha vida são possessivos e ciumentos.
— Se aquele italiano idiota não conseguir enxergar, eu mesmo
arranco seus olhos inúteis.
— Tio! — o repreendo, sorrindo.
— O que foi? Ninguém faz a minha princesa sofrer, pare de ter
medo, apenas pegue a sua pessoa e deixe comigo, ando sentindo falta de
uma boa briga.
— Eu te amo, tio Dam.
— Não mais do que eu, Princesa Morg. Agora vá, está perdendo um
tempo precioso.
Sorrindo, encerro a ligação, já anoiteceu e com a decisão tomada
sigo meu plano de ir domar um demônio e lhe mostrar que é a minha
pessoa.
Capítulo 8
A loucura de tudo que ele fez meu corpo sentir, a forma como foi
animal ao tirar minha virgindade e como isso não o afetou, quanto mais alto
eu gritava, mais forte ele socava. Anônimus se perdeu muitas vezes, suas
palavras desconexas abafadas pela máscara, tudo foi tão empolgante e cru
como imaginei, mas ele não pode acreditar ter o controle, então travo minha
boceta prendendo seu pau nela, sou eu quem está no comando, eu decido
quando tudo inicia ou encerra.
— Gostou de se divertir? — questiono vitoriosa quando sinto seu
corpo tencionar.
— Ainda nem começamos. — Sua resposta me faz sorrir
internamente.
— Não só começamos como terminamos.
— Não funciona assim — rosna baixo e aperto ainda mais seu pau.
— Sim, funciona — respondo e sinto o tremor de suas pernas
coladas à minha bunda. — Agora vou lhe dizer como irá funcionar, vou
soltar seu pau, você vai me desamarrar e irei desaparecer da sua frente.
— Morgana... — Sua voz é um alerta.
— Agora, Anônimus!
Como um robô ele faz o que ordeno, seu pau ensanguentado me faz
entender bem as coisas que acontecem aqui, a forma mecânica com que
reage aos meus comandos me dilacera, o que fizeram com ele me destrói.
Mas não posso ser alguém que demonstra sentimentos, não com ele, não da
forma que gostaria, por mais que minha mente deseje terminar isso em seus
braços sendo carregada por ele até sua cama, ganhando carícias ao final de
um sexo depravado onde minha virgindade lhe foi entregue de bom grado,
preciso entender que com ele não funciona assim.
Já solta, ergo-me sentindo meu corpo doer em lugares
desconhecidos, Anônimus dá alguns passos para trás e seu olhar agora está
fixo ao chão, a fúria me domina levando com ela o prazer avassalador que
Anônimus me causou. Jamais imaginei que ter um orgasmo seria assim, eu
me forcei a não permitir que meu corpo me dominasse, precisava saber
como era e precisava saber com ele.
— Olhe para mim — ordeno já vestida e a minha voz quase
embarga com a vontade devastadora que sinto de chorar.
E ela vem forte quando seus olhos submissos me encaram. Onde
está a sua força, meu escolhido? Minha alma grita sangrando por imaginar
que ele parece amortecido, não quero sua submissão, quero seus demônios.
— Nada do que fizemos aconteceu, você entende isso? — Quero me
ajoelhar aos seus pés e implorar que me tenha como sua pessoa também,
mas ergo minha cabeça apontando meu nariz o mais alto que consigo, se
não o fizer eu morro aqui.
— Sim. — Sua resposta me mata um pouco mais.
— Nos vemos em alguns dias. — Engolindo o nó maior que minha
cabeça, saio sem olhar para trás.
Encontro-me incrédula, esse homem tem muito mais camadas do
que as que eu imaginava existir.
Quando ouço a porta se fechar, caio de joelhos no chão, o ar que
prendia sai com tamanha força que a minha vontade de gritar vem forte e eu
me permito libertar a dor através do grito que dou, sem me preocupar com
que alguém ouça, já que não existe essa possibilidade.
Sinto suas garras me rasgarem de dentro para fora, como se
estivesse sendo soterrado pelas lembranças que me consomem. As vozes, a
forma com que meu corpo sempre reagiu aos gritos desesperados, e quando
tudo acabava existia apenas o desejo de recomeçar novamente, era tudo que
eu sabia ser, um demônio que gostava da dor, um Obscuro que jamais
conheceria a luz.
Aquele olhar que ela me direcionou, a forma como se posicionou à
minha frente, ela sabia do seu poder sobre alguém como eu, que jamais
poderia ceder aos meus desejos de cumprir com ela tudo que fui ensinado e
que desejei desesperadamente, nem mesmo forças para questioná-la sobre
os motivos de ter minha máscara tatuada em suas costas eu tive.
As lembranças das sensações que tive ao me enterrar em sua boceta
receptiva e as sensações de ter alguém que me queria ainda que para lhe dar
o prazer que ansiava, foi demais até para mim.
Sem forças para continuar pensando e com a ciência de que nada do
que aconteceu sairá daqui ou irá se repetir, me faz acreditar que foi apenas
um devaneio de uma mente perturbada, apenas pelo cheiro do seu prazer
que molha meu pau misturado ao meu sangue. Retiro a máscara ansiando
por sentir seu gosto, algo que jamais tive, logo a balaclava desaparece.
Passo as pontas dos dedos nele e os levo à boca, o grunhido que escapa é
tão prazeroso que me faz desejar abocanhar meu próprio pau para chupá-lo
e trazer à minha boca seu gosto, um que jamais provei e que agora vou
viver em agonia por não ter nunca mais.
Chego ao banheiro e olho o espelho estilhaçado preso à parede,
tento entender, enxergar algo além do nada refletido, reconhecer o que está
lá fragmentado me inquieta, o olhar que ela me deu me irrita, a forma como
disse, sua voz saindo fria e superior arrastando tudo que durou anos para
obter ao buraco, reduzindo quem sou a isso que vejo no reflexo do espelho,
NADA.
A luz do dia chega sob meu olhar atento, desço da cama vestindo
minha balaclava e colocando minha máscara, uma dor de cabeça infernal
me toma. Desde o momento em que ela saiu sinto o pulsar das minhas
têmporas, estou quase vendo tudo em dois. Caminho praticamente cego
rumo à clínica médica que me manteve vivo após a última batalha.
Todos que me veem se afastam, ninguém me dirige a palavra,
apenas a Dra. Monike fala diretamente comigo.
— Onde ela está? — rosno sentindo a dor pulsante querer me levar à
escuridão.
Assim que minhas palavras são ouvidas as pessoas se espalham,
ligando, correndo e desaparecendo das minhas vistas como baratas. Rumo à
sala em que sempre sou atendido e para minha fúria a encontro. Travo
minhas mãos sentando-me na maca, olhando para o outro lado, vê-la aqui
me deixa ainda mais irritado e a dor aumenta em níveis quase
enlouquecedores.
Sei que está surpresa com minha presença, pois sua respiração
muda, antes que consiga me dirigir a palavra o segundo médico aparece, eu
nem mesmo sabia que ele estava aqui.
— Anônimus, desculpe-nos, mas a Dra. Monike pode demorar um
pouco, tudo bem eu te avaliar? — Dr. Romeu questiona.
— Tire-a daqui — rosno entre dentes sentindo que posso desmaiar a
qualquer momento.
— É... — Ainda a ouço tentar questionar.
— Por favor, Morg — a voz de Romeu solicita com cuidado.
Ainda de olhos fechados ouço a porta abrir e com certeza ela sai da
sala.
— Quer ir me contando o que houve? Sei que apenas a Dra. Monike
pode te avaliar sem a máscara, mas posso ir te ajudando, caso deseje.
— Dói muito, uma dor insuportável na minha cabeça, na testa, onde
recebi o tiro.
— Ok! Vamos primeiro às aferições e depois partimos daí, tudo
bem?
Apenas aceno com a cabeça sem lhe dirigir a palavra, D. Romeu
começa o seu atendimento e minha vontade é de lhe arrancar a traqueia com
a mão, já que eu preciso apenas que essa dor infernal passe, mas não posso
me enganar, ele é filho de um Anjo, tão letal quanto qualquer um de nós.
— Anônimus. — Logo a voz da Dra. Monike pode ser ouvida.
— A pressão dele está alta, tia. Ele sente dor e relata ser na testa.
— Certo, vamos deitá-lo. — Sua voz segue com um toque nos meus
ombros e tenho meu corpo deitado na maca.
— Faça parar, Doutora — rosno travando meus dentes.
— Vou te colocar para dormir um pouco, nós cuidaremos de tudo.
Sinto uma picada em meu braço e sou levado a lugar nenhum.
Capítulo 10
Não consegui dormir, rolei por horas na cama até que decidi vir ser
útil na clínica, temos alguns soldados internados e mesmo que não seja
formada em nada, não me importo de ao menos organizar os materiais e
ajudar no que consigo, mas agora sendo expulsa da sala por ele, que pede
com uma voz tão quebradiça, estraçalha meu coração.
Como ter alguém como ele como minha pessoa se tudo que consigo
é sua raiva, seus rosnados e sua indiferença? Aquele homem em nada se
parece com o que estava comigo horas atrás, e mesmo que seus demônios
estivessem no controle, quando seus orgasmos o atingiam ele parecia se
deleitar por estar comigo. Ainda sinto seus toques brutos e a potência de
toda sua intensidade enquanto me fodia com vontade.
Caminhando de um lado para o outro, inquieta, querendo saber o
que está havendo, finjo que está tudo bem enquanto sou consumida por um
desespero sem tamanho.
Logo as portas se abrem e Atos passa por ela como um furacão.
— Morg, onde ele está?
— No consultório principal com Rome e Tia Monike. — Seus olhos
estão cravados aos meus e logo pisco algumas vezes para voltar a ser a
Morgana que todos eles estão acostumados.
Com um acenar de cabeça ele segue em direção ao local indicado,
me deixando aqui, com meus sentimentos todos borrados e distorcidos de
como pode ser o amor, não o que vejo meus pais terem, ou o que todos têm
por mim, mas um que entende quem ama e a forma com que talvez essa
pessoa se doe totalmente a você, preciso que isso aconteça conosco, por
nós, esse é o meu plano.
Decido sair dali, não faz sentido continuar. Caminho de cabeça
erguida como se olhasse todos de cima, na verdade, tudo isso é apenas para
que eu não permita que as lágrimas caiam. Odeio esse traço vulnerável, eu
não sou assim, com certeza vem de uma parte muito sensível de mim, uma
que preciso proteger e esconder de todos a todo tempo. Todos os soldados
abaixam as cabeças quando passo, isso acontece com todas as mulheres
Triglav, a diferença é que esse gesto vindo deles não me afeta.
Atravesso a porta de casa e antes que bata meus joelhos no chão
pela dor das palavras dele sou amparada por Damon.
— Morg, o que houve, minha princesinha?
— Por que dói tanto, Damon? Por que tem sempre que ser dessa
forma? Desejo tanto fazer parar.
— Tem se controlado por todos esses anos, um dia as barreiras
começam a rachar, Morg, as coisas começam a ruir, confie em mim,
caminhar na escuridão não é a melhor escolha.
— Eu só desejo que ele me note, sabe, por nós. — Meus soluços são
altos e compulsivos. — Eu vivia bem sem ele, eu tinha planos, eu gostava
do sangue e da dor, de quem eu era antes de o ver. Eu a protegia, protegia a
pequena Morg, mas agora é conflitante, porque nós o desejamos, e não
posso permitir que ele seja com ela o que é comigo, ele precisa entender,
Damon, precisa.
— Minha pequena destemida, eu estou aqui por você. — Enquanto
ele caminha comigo em seus braços, afundo meu rosto em seu peito,
sentindo a dor do meu corpo que faz me lembrar dele.
Sou colocada na cama, minhas botas retiradas, me encolho e logo
uma coberta é colocada sobre mim.
— Por que não dorme um pouco? É nítido sua necessidade de
algumas horas de sono. — Ganho um beijo na testa.
— Não quero dormir, Damon, quero sair daqui, ir logo embora.
— Fugir não vai adiantar, primeiro porque ele estará com você, e
segundo porque a escuridão irá te acompanhar. — Suas mãos alisam meus
cabelos.
— Talvez ele não possa, está na clínica sendo atendido agora.
— O que aconteceu?
— Não sei, ele só reclamou de dor e me mandou sair.
— Vou preparar algo para comermos, então conversamos mais.
Tudo bem?
— Promete que não demora? — A vulnerabilidade me destrói,
porque eu não sou essa pessoa chorona e indefesa.
— Prometo, minha princesa.
O ouço sair, e a ordem fria e gélida tão furiosa de sua voz acaba
comigo mais uma vez, talvez nada do que faça o direcione a mim, ou
mostre o caminho que ele pode percorrer trazendo-o finalmente para a
minha vida.
Passei todo meu dia em observação, assim que fui liberado tudo que
desejava era um banho e ir ver Anúbis, em breve estará pronta para iniciar
seu treinamento, mas não estarei aqui nesse momento e preciso pedir que os
tratadores a iniciem e depois quando voltar dou continuidade.
— Senhor. — Ouço a voz de um deles que curva a cabeça quando
me vê.
— Como está a ninhada? — sondo curioso.
— Crescendo fortes e saudáveis — pontua. — O Senhor Atos nos
informou que a fêmea será destinada a você.
Saber que ele já fez isso só me mostra o quanto o mestre tem
palavra.
— Sim, gostaria que cuidassem da Anúbis para mim, precisarei ficar
algum tempo fora, quando retornar sigo de onde pararam — alerto. — A
treinem com isso. — Entrego-lhe duas máscaras douradas, tenho algumas
delas que o mestre me deu. — Precisa obedecer aos comandos e reconhecer
quem olha e dá as ordens, a máscara será o seu ponto de referência.
— Sim, senhor. — Ele segura os objetos que entrego quando o
segundo tratador caminha com ela em sua mão, trazendo-a até mim.
Aquele olhar está lá, consigo enxergá-la, Anúbis não é mais que
uma pequena bola de pelos rechonchuda, preta e brilhante que tem olhos tão
azuis que destoa de todo o conjunto, trazendo-lhe um ar cruel, tão cruel
quanto o dela.
Não sei por que sempre volto a pensar em Morgana, suas palavras
ainda rondam minha cabeça, a forma com que me encarou foi
definitivamente um exímio sinal de que estamos em posições diferentes e
assim iremos continuar.
Coloco a pequena princesa sombria no chão, dou um passo e sou
acompanhado, paro e ela para, de alguma forma ela entende para que
nasceu, assim como eu, ela nasceu para servir e obedecer.
— Sua dicção é perfeita em zulu[7], Princesa, sei que meus tios não
estão aí e com certeza já conversaram com você, mas preciso reafirmar que
estarei aqui sempre que precisar.
Sim, meus pais falaram comigo, meu irmão está prestes a sair para
sua nova missão, recebi mensagens dos meus pais e Damon segue sendo
minha sombra, mas Isaac com certeza não se contentaria com apenas uma
mensagem, ele gosta de olhos nos olhos.
— Sei que sim, em algum tempo estarei aí, é a minha última parada
antes de voltar para Belgrado.
— Princesa, mantenha seu GPS ligado.
— Manterei. — Sorrio para ele.
— Ngiyakuthanda[8]
— Ngiyakuthanda — respondo quando ouvimos a porta se abrir e
sua mulher passar por ela.
— Estava preocupada em saber quem meu homem amava além de
mim. — Ele a coloca em frente ao seu corpo deixando na tela os dois que
formam um casal tão lindo que me faz invejar.
— Nala, esse homem não ama ninguém mais do que ama você. —
Seus olhos verdes brilham de uma forma tão grandiosa que quase me faz
chorar.
— Ela não mente, minha diabinha. — Ele sorri envolvendo seu
corpo de uma forma tão íntima que percebo que chegou a minha hora.
— Bem, chegou meu momento, vocês dois encontrem um quarto. —
Os vejo sorrir enquanto Isaac enterra seu rosto na curva do pescoço de sua
mulher e eu encerro a ligação.
Sem olhar para trás sigo em direção ao carro que já me espera para
me levar até a pista onde o jatinho me aguarda.
Capítulo 12
Não consigo parar de rir desde que cheguei no quarto com Eros, ele
está bem relaxado sobre a minha cama enquanto me conta o que anda
aprontando pelo mundo.
— Como pode acreditar que irá achar a sua pessoa assim? — meu
questionamento nem mesmo o afeta.
— Eu não busco esses lances, isso não é para mim, como poderia
permitir que apenas uma mulher tivesse o monopólio de todo esse parque
de diversões? — seu riso se transforma em gargalhada. — Não mesmo,
Princesa, o que nossos pais têm é algo que não nasci para ter, talvez meus
irmãos, quem sabe.
— Eros! — Eu lhe jogo uma almofada quando ergue sua camisa
mostrando sua barriga de tanquinho perfeita.
— Confesse, Princesa, existe uma safada dentro de você e está louca
para pular sobre mim. — Seu sorrisinho de canto é sexy, mas não
irresistível para mim.
— Ha, ha! Se existe alguém que pode ter meu corpo sobre o seu é
alguém que usa máscara e é um maldito demônio.
— Sabe que com aquela máscara não poderá ganhar uma boa
chupada, não sabe? Uma boca bem treinada pode te levar à loucura.
— Bem, essa boca jamais será a sua, e sim, vai me ajudar a fazer
com que ele fique furioso.
— Morg, não posso matar um membro da Triglav, isso pode gerar
conflitos.
— Não vai matá-lo, arranco suas bolas e dou aos cães antes de
conseguir notar que foi castrado. — Minhas palavras o fazem esconder o
pau sob as calças.
— Viu como ele agiu com Aquiles, acha mesmo que ele não voaria
sobre mim caso me visse flertando com você?
— E por que está flertando agora?
— Não estou, apenas lhe concedendo o privilégio de me observar,
muitas venderiam a alma apenas para estar assim comigo.
— Eca, vadias baratas.
— A sua sorte é que sempre te veremos como uma irmã, caso
contrário poderíamos transar loucamente todos juntos, seria delicioso
nossas mãos sobre seu corpo com cada um de nós desejando mais de você e
disputando sua atenção, enquanto te preenchemos e lhe damos vários
orgasmos.
— Não aconteceria mesmo. — A mera ideia disso não me causa
nada.
— O que vai fazer quando ele souber? Homens como ele não sabe
distinguir, Morg, só devastar e destruir.
— Estou abrindo o caminho, quando ele entender, vai estar de
joelhos.
— Gosto da sua confiança, mas me preocupo, não quero que se
machuque ou que tudo fique ainda pior, sabe que a vimos daquela forma
apenas uma vez e parecia apavorada.
— Ele vai amar todas as minhas versões, preciso garantir isso.
— Estaremos ao seu lado em qualquer que seja a situação. — Eros
estica seus braços sabendo bem o que preciso agora.
Caminho até ele me enfiando em seus braços, esses pequenos
momentos de carinho e cuidado que me permito são apenas com eles, meus
pais e tios, me manter sendo uma fortaleza às vezes é um fardo pesado
demais.
— Obrigada!
— Não precisa sustentar o peso do mundo sozinha, minha princesa,
tanto eu quanto minha família seremos sempre um lugar para se desarmar.
— Preciso sempre estar alerta, Eros, não posso permitir que nada
aconteça.
— Não vai acontecer, Morg, não vai. — Ele beija meus cabelos e
apenas ficamos assim, em silêncio.
Não percebo o momento em que apagamos juntos.
É noite e decido voltar para dentro depois que corri até a vontade de
derramar sangue italiano desaparecesse. Caminhei analisando todo o lugar
enquanto observava a movimentação do GPS de Morgana que esteve
sempre dentro da mansão, quando meu telefone toca sei quem é, afinal só o
mestre tem acesso a ele.
— Mestre.
— Anônimus, como andam as coisas por aí?
— Calmas, a viagem foi tranquila.
— Hum! Anônimus, como sabe estar em solo italiano quem
comanda tudo por aí é a Máfia Espossitto, por estarem em local protegido e
sendo recebidos siga as regras, porém, se Ettore, ouça bem, apenas se
Ettore lhe ordenar algo, obedeça, fora isso quaisquer decisões que tomar
arco com as consequências. — Desejo lhe fazer milhões de
questionamentos, mas não os faço, jamais questionaria o mestre.
— Sim, mestre.
— Aproveite para conhecer Roma.
— Está tudo bem como está, mestre, irei proteger Morgana e a
levarei para casa. — A linha fica muda por algum tempo até que ele volta a
falar.
— Se assim deseja.
A ligação se encerra analisando uma última vez o GPS, que dispara
caso ela fique a mais de dois mil metros de distância de mim.
Capítulo 15
(...)
Estou sendo levado junto com meus irmãos ao treinamento,
enquanto nos olhamos e aprendemos a nos comunicar com o olhar, entendo
que tanto eu quanto eles estamos sentindo a fúria percorrer nossos corpos,
posso ver que assim como o meu, seus paus estão duros em expectativa.
Somos colocados em bases onde nossos corpos são travados em pé
pelo pescoço, tornozelos e pulsos. O estimulante é injetado em nossos
braços e o que já estava duro pulsa pela dor, a ordenha é colocada em
nossos paus e o prazer de ter deslizado sobre ele faz com que todos nós
gozemos. Sobre nossos olhos um óculos desce e o filme se inicia, homens e
mulheres sendo espancados e violados. Nossa excitação começa e os gritos
dos meus irmãos são ouvidos além do som das histórias que passam à
nossa frente. A vontade de me tocar é animal, eu quero minha mão no meu
pau e eles parecem saber disso, já que a ordenha fica mais intensa e o
orgasmo vem, quanto maior a brutalidade das torturas e violações que
nossos olhos veem, mais gozamos e mais furiosos ficamos.
No meio de tudo isso nossa mente já não se recorda mais que
estamos presos a máquinas, somos nós ali, nos fazendo toda e qualquer
atrocidade, rasgando, violando e destruindo cada corpo que é colocado à
nossa frente. Como sempre começamos a disputar quem goza mais, quem
atinge primeiro o número máximo de mortes antes que a exaustão nos tome.
O primeiro cai, vemos seu corpo tombar à nossa frente, seu corpo
foi levado ao limite, sua mente não responde aos estímulos, os seis de nós
que restam como carniceiros continuam a estraçalhar tudo à nossa frente.
Os gritos nos estimulam, os pedidos de socorro nos fazem ir além,
perdemos a noção de quantos corpos nós já dilaceramos. Um a um vejo e
ouço meus irmãos caírem, o barulho sonoro de que suas máquinas foram
desligadas me atingem, mas não paro, estou vidrado, eu quero mais, quero
o próximo. Eu me debato enquanto ofego furioso por não encontrar mais
nada, parecem ter sumido, desaparecido, quando ao virar meu corpo
sentindo meu coração bater nos ouvidos a encontro, uma pequena
garotinha encolhida no canto que grita ao me ver e se desespera com
minha aproximação.
Meu corpo parece reviver, parece ser reenergizado. Caminho
devagar até ela que será minha sobremesa, aquela que irá saciar todas as
minhas vontades, quando minha mão está prestes a lhe tocar despenco no
chão.
— Vai matá-lo dessa forma! — A voz do mestre ecoa.
Estou no chão e meu coração parece que vai explodir, não tenho
forças para me levantar, quando abro meus olhos o encaro e ele sorri.
— Você irá longe, Obscuro, é o mais resistente, o mais carniceiro e
aquele que jamais hesita. — O orgulho em sua voz me deixa orgulhoso. —
Levante-se e volte para sua cela.
Com meu corpo inteiro tremendo faço o que me ordena,
caminhando enquanto tento me manter em pé, sigo suas ordens e no
momento em que chego à minha cela, ele está lá, o sombra, aquele que faz
conosco tudo aquilo que somos treinados a fazer com os outros.
(...)
Abro meus olhos, ofegante, meu pau está duro como uma rocha,
preciso me alimentar novamente, mas isso não é possível, não é como se
estivesse em casa com tudo à minha disposição.
Esfrego meu rosto nu e mordo a palma da minha mão em fúria,
soltando um grunhido de dor pela pressão dos dentes e nem mesmo o gosto
de sangue faz com que pare ou que meu membro amoleça.
— Maldição!
Com força seguro meu pau forçando para baixo e para cima, com
ódio, com raiva e com tudo de mais doente que existe em mim. Penso nas
imagens que vi por anos, mas parece que nada ajuda quando me recordo da
sensação de deslizar, pela primeira vez na minha vida, deslizar em uma
boceta receptiva. A sensação macia e deliciosa, algo que jamais senti, os
gemidos de prazer e os pedidos de mais que ela soltava fazem meu corpo
sofrer espasmos violentos lançando jatos longos de esperma quente em meu
peito e que caem na minha boca.
Meu coração bate tão furioso contra o peito que parece que vai
estourar, então relaxo meu corpo ainda de olhos fechados, ofegante e
aliviado. Essa última palavra me assusta, posso sempre me alimentar até a
exaustão e nada me deixa assim, nada me deixa como fiquei quando ela
estava comigo.
Com os dentes travados saio da cama pulando dela e seguindo para
o banho.
Termino de colocar minha máscara e quando pego o aparelho
localizador verificando seu sinal de GPS, ainda no mesmo lugar, encaro
meu reflexo no espelho.
— Mulheres Triglav são intocáveis, não posso olhar, não posso
tocar, não posso desejar...
Abro a porta do quarto me deparando com ela que me encara com
seus grandes olhos azuis tempestuosos e cheios de ódio, mas quando seu
cheiro atinge meu sistema é impossível de conter.
“Minha”
Capítulo 18
condenada, passar horas vendo a forma com que aquela mulher era fodida
me enxergar. Mas isso sou eu fora de mim, com certeza essa atitude seria
meu arrependimento pela manhã, então fui trancafiada aqui e agradeço por
isso.
(...)
Estou sentado no buraco escuro quando batidas na parede nos
informa que caminham próximos a nós, logo retiro minha cabeça de entre
as pernas, que é como costumo dormir, e abro meus olhos não enxergando
nada.
— Acredita que eles darão conta? — uma voz desconhecida por
mim questiona.
— Eles são demônios, treinados há anos para cumprir o papel.
— Quero o teste antes de emitir uma opinião. — a voz
desconhecida pontua.
— Sabe bem que somos capazes de tudo, não foi o suficiente o que
meus Obscuros já fizeram?
— Sim, mas esses são jovens demais.
— Eles matam desde que nasceram, acha mesmo que um teste não é
mais que uma forma de querer mostrar suas desconfianças sobre mim?
— Jamais desconfiaria de você, seus soldados são os melhores e
mais perversos existentes, mas já são mais velhos, estes são jovens e podem
ser incontidos como já aconteceu. — Do que eles estão falando? Existe
mais de nós? Onde?
— Mantenha a minha encomenda, preciso de seis deles.
— Tenho sete, por que não leva todos?
— Tenho apenas estrutura para seis, os envie quando estiverem
prontos.
— Em alguns dias.
A curiosidade me toma, para onde será que vão nos levar? E quem
de nós irá permanecer no buraco?
(...)
Saí daquela academia tonta e sentindo dor pelo corpo onde jamais
senti, o desgraçado ousou virar o jogo e dominar a situação, mas sou eu
quem vai voltar a ficar à frente no placar. Não nasci filha e sobrinha de
quem sou para ter um homem como ele acreditando ter sobre mim o poder
que ninguém jamais terá.
Chego ao quarto sem encontrar ninguém no meu caminho, indo
direto ao banheiro permitindo que a água quente relaxe meus músculos e
lave o sangue do meu corpo, quando finalmente me sinto pronta me enrolo
na toalha e percebo o pequeno corte sobre o local inchado que com toda
certeza ficará roxo. Pego a caixa de primeiros socorros que existe em todo
banheiro de uma casa de mafiosos e decido cuidar disso. Com dois adesivos
de sutura cutânea[10] fecho o pequeno corte e me sinto satisfeita.
Enrolada no roupão e com uma toalha prendendo meus cabelos,
caminho até meu telefone, discando para a única pessoa que vai me ajudar a
manter viva a ideia maluca de domar Anônimus.
— O que a minha princesa precisa? — A voz de tio Damian me faz
sentar na cama.
— O que tio Ícaro precisou para conseguir domá-lo? — pergunto
encarando meu reflexo perturbado no espelho, porque estou sorrindo com a
pergunta.
— Quase morrer. — Um arrepio atravessa meu corpo ao pensar na
dor e do lamento em sua voz.
— O quê?
— Isso, eu quase o matei por várias vezes, mas pode ser que nem a
morte dome Anônimus, está mesmo disposta a isso, querida? — Sua
preocupação é palpável.
— Ele é meu, posso ver em seus olhos o fogo queimar, Anônimus
nunca teve alguém que o desejou, quando eu peço mais ele transforma
aquele olhar assassino em algo jamais visto.
— Ok, sem detalhes. — Sorrio e ele gargalha. — Você é uma
diabinha, Morgana Izabelly Dothraki, seu pai vai me matar, mas querida,
continue seu trabalho, ninguém melhor que você sabe se defender, mas caso
precise de ajuda avise, eu coloco o maldito Obscuro no lugar para você,
posso ir até aí agora mesmo em meio a maldita guerra e ensinar a
Anônimus algumas coisas para que ele se lembre quem é.
— Não! Ninguém mais o machuca e lhe impõe autoridade, assim
que encontrar Atos o farei dar a Anônimus a liberdade que ele merece.
— Morg, Atos já o libertou, Anônimus apenas não conhece nada
além de subserviência. — Surpreendo-me com sua revelação.
— Então por que ele ainda o segue?
— Morg, imagine que por toda sua vida existe uma coleira em seu
pescoço, como um bebê elefante que luta por toda a infância até que é
vencido pelo cansaço e acredita piamente que não tem poder quando cresce
mesmo sendo muito mais forte que aqueles que o domaram. Anônimus tem
uma corrente que prende sua mente, nem mesmo imagina a força que tem,
nem mesmo tem noção de que apenas se rebelar pode fazer o inferno subir
na terra. — A lágrima que escorre do meu olho dói em minha alma. —
Pequena, Anônimus é um bebê elefante dentro da própria mente, ainda que
seja muito mais poderoso agora, ele ainda se mantém preso àquelas
correntes. — Tio Dam respira fundo, antes de proferir. — Eu sinto muito,
querida.
— Não se culpe, hoje você entende, tio, todos nós entendemos.
— Pode desistir e deixar isso para lá.
— Sou uma Dothraki, nós não desistimos, nós lutamos, vou arrancar
essa maldita corrente e lhe mostrar que é um demônio livre, o meu
demônio.
— Acho que o maldito mascarado está caindo numa armadilha.
— Tio! — Ele ri sem se conter.
— Desculpe, querida, mas quando ele souber o que sente e o que é,
vai entender que está saindo de uma prisão e entrando em outra, mesmo
que seja uma que ele deseje permanecer para sempre.
— É assim que se sente com a sua pessoa? — preocupo-me.
— Jamais, entreguei minhas asas ao meu ratinho para fazer delas o
que quisesse, eu seria seu escravo por toda a eternidade.
— Farei com que ele me enxergue da mesma forma com que os
homens da nossa família enxergam as suas pessoas.
— Acredito piamente que o fará ver que ganhou na loteria sozinho
por ter alguém como você o amando, mas, Morg, amar também é deixar ir,
entender que algumas vezes não conseguimos libertar quem amamos da
forma com que desejamos.
— Eu o quero livre, tio.
— Se o fizer entender e mesmo assim não acontecer da forma com
que deseja, precisa ter sabedoria para deixar ir.
— Deixaria o tio Ícaro ir?
— Se estar ao meu lado fosse algo que o matasse, sim, hoje eu o
deixaria ir, mesmo que isso causasse a minha morte, lhe daria a liberdade e
o protegeria de longe. — É impossível não se emocionar com suas
palavras. — Todos nós, Morg, hoje entendemos que nossas pessoas são
nossas razões de viver, se para que elas vivam precisem estar longe de nós,
com toda certeza os homens que nos tornamos lhe entregariam a liberdade.
— Tenho tanto orgulho de vocês, são as pessoas mais importantes
da minha vida.
— Apenas demônios que conseguem viver entre o céu e o inferno,
querida.
— É isso que quero para ele.
— Faça acontecer.
— Eu te amo, tio Dam.
— Não mais que eu, Princesa.
Encerro a ligação quando ouço batidas na porta e é meu padrinho ao
lado de Eros.
— Morg. — Meu padrinho me encara como quem analisa a
situação. — O que houve com sua testa? — Os vejo entrar no meu quarto.
— Estava saindo da sauna e escorreguei de frente — minto
descaradamente.
— Precisa ir ao hospital — afirma preocupado.
— Não é como se não saísse pior que isso dos treinamentos com
meu pai — digo, me sentando na cama e Eros já entendeu tudo.
— Sempre acreditei que Darko pegava pesado com você.
— Pai, Morg consegue eliminar quem quer que seja apenas com
uma das mãos. — Ele se joga na cama.
— Sei, Princesa, precisaremos ir a uma grande reunião das empresas
Espossitto em Zurich[11], gostaria que fosse conosco. — Sinto meu corpo
inteiro tencionar.
— Não. — A forma com que falo paralisa até mesmo a mim.
— Morg, não posso deixá-la sozinha.
— Estou segura aqui, não vou a lugar algum, temos duas festas em
alguns dias, vocês vão demorar?
— Não, voltamos em dois dias, mas é um grande negócio e não
podemos fingir que não existe. — Ver meu padrinho Ettore dessa forma tão
homem de negócios é bem diferente do que estou acostumada.
— Posso ficar? Caso contrário posso seguir o cronograma e seguir
viagem.
— Claro que pode, não é como se estivesse sozinha, informarei a
Anônimus da nossa saída. — Seu sorriso me faz entender porque tia
Vanessa é loucamente apaixonada por ele. — Tem mesmo certeza de que
não quer ir?
— Sim, prometo obedecer e não sair dos muros das mansões.
— Deixarei soldados à disposição e a equipe de segurança interna
sob a responsabilidade dele.
— Obrigada. — Ele caminha até mim, dando-me um beijo na
cabeça e sai.
— Eu tenho pena do demônio — Eros gargalha assim que seu pai
sai.
— Vai se ferrar! — Mostro-lhe o dedo do meio.
— Acha mesmo que caí nessa história de que caiu na sauna? — Sua
voz de repente muda.
— Mantenho minha versão. — Cruzo meus braços estufando meu
peito com cara espertinha.
— Morgana, isso pode ser perigoso. — Seu alerta me faz sorrir.
— Ele realmente deve entender o perigo que corre.
— Isso vai te causar a morte. — Fica de pé com cara de poucos
amigos.
— Acredita mesmo que aquele homem cuja ordem ao qual foi
criado para seguir é me proteger, me mataria?
— Talvez não mate, mas pode machucar e muito.
— Estou disposta a pagar para ver.
— Precisa criar juízo.
— E você precisa cuidar da sua vida.
— Ok, senhorita vou domar um demônio, amanhã por volta das
22:00h, seu demônio será alimentado, exatamente no galpão dos fundos.
— Por que está me dizendo isso?
— Porque sei que gostaria de saber.
— Não vou deixar que ele faça isso.
— Não o deixe incontido, Morg. — O vejo se colocar de pé. —
Apenas tome cuidado.
O acompanho até a porta ganhando um beijo na testa.
Capítulo 22
Ainda não acredito que consegui, ainda não acredito que consegui
estar tão próximo dele sem me encolher no canto do quarto, apavorada e
sendo tomada pelo pânico e desespero.
— Ainda acho loucura, meu Deus, ainda não acredito. — Esfrego
meu rosto com as mãos suadas e tremendo, enquanto sorrio pela ousadia do
que acabamos de fazer.
“Se continuar assim não vai precisar de mim.”
— Não, foi loucura, quase corri de perto dele. — Olho para ela
imponente no espelho sorrindo, vitoriosa.
“Vou domá-lo para você, fiz uma promessa e jamais a quebrarei,
ninguém vai machucá-la.”
— Nunca conseguirei ser como é, nunca chegaremos ao dia em que
não irei precisar de você, é desesperador, meu coração parece que vai
explodir, que vou errar, o medo me consome. — Meu corpo inteiro treme e
sorrio ainda sem acreditar.
“Não está mais lá, Morg, é uma mulher forte, da mesma forma com
que se sente segura com nossos pais, se sentirá segura com ele.”
— Quando me olhou pude ver em seus olhos a surpresa, como se
não entendesse.
“Anônimus sabe bem como sou, não precisamos de trejeitos com ele,
apenas nosso olhar é o suficiente para nos distinguir.”
— Nunca vai funcionar, Morg, sempre seremos pessoas distintas. —
Deito-me na cama, me enfiando debaixo das cobertas e cobrindo minha
cabeça.
“Fugir do que somos não vai ajudar, somos uma pessoa só, gosto
quando decide desaparecer quando estou forçando aquele demônio, não
quero que se machuque, aguento tudo por nós duas como sempre foi.”
— Apenas nesta hora não me recordo de nada, apesar de achar
loucura a forma com que o enfrenta, sabemos bem quem ele é. —
Preocupo-me com ela, Morgana é tudo que tenho de mais precioso, não
gosto quando ela se machuca.
“Sinto prazer em tudo que faz, é como pertencer a algo poderoso e
ter a certeza de que não me machucaria.”
— Mas machuca, Morg — contesto.
“Mas não machucará quando for apenas você, confie em mim.”
Suas palavras como sempre me acalmam. “Agora durma, pode ser que
amanhã dê ao demônio muito com o que se preocupar.”
— Pare de atiçá-lo.
“Fique longe de nós amanhã, Morg, vou levá-lo ao limite e sei que o
castigo virá.”
— Por favor, não o tire do sério.
“Confie em mim, nós o teremos e ele vai amar a nós duas. Agora
durma, precisa descansar, ir até ele foi demais para você, eu sinto daqui.”
Fecho meus olhos sentindo-me realmente muito cansada, então
adormeço com um sorriso bobo nos lábios pensando no meu toque em sua
pele quente.
Ergo-me inquieto, tentando entender os motivos de ela vir cuidar de
mim, que olhar foi aquele e até mesmo o timbre de sua voz estava diferente,
aquela não é a Libélula perversa. Olho pela milésima vez o curativo, seu
toque quente e delicado um pouco trêmulo não sai da minha mente, ela
parecia com medo.
Tiro a máscara e a balaclava passando a mão na minha cabeça
incontáveis vezes, a cena não para de rodar, parecia o olhar que as mulheres
Triglav dão aos seus homens, não, ninguém jamais olharia para mim como
elas fazem.
Andando de um lado para o outro decido sair para a sacada, o vento
frio da noite atinge meu rosto e a sensação estranha de estar exposto me
domina.
Olhe para você, quem pensa que é para imaginar que alguém possa
te olhar com algo além de pavor?
Analiso a noite silenciosa, não existe nada aqui além da minha
mente gritando que sei da minha condição quando voltar, que irei morrer
porque a toquei e que o mestre não terá misericórdia, e até prefiro assim,
abraçar a morte é mais fácil de lidar do que encarar novamente aquele olhar.
Não sei por quanto tempo fico aqui quando finalmente cedo ao
desejo de ir vê-la, atravesso a porta que liga os quartos sentindo um gelo
percorrer minhas veias. Não estou com a minha máscara por quê? Por que
senti o desejo de revelar a ela o que nem mesmo eu gosto de ver quando me
olho no espelho? Talvez porque para aquela Morgana eu tenha coragem,
aquela que não parece jamais ter feito algo de ruim na vida, mesmo que seja
algo impossível.
Logo que atravesso a porta vejo tudo escuro e apenas a luz amarela
baixa ao lado de sua cama ilumina o lugar, caminho me aproximando da
cama com uma coragem absurda, uma que não existe em mim quando me
encontro nu desta forma. Morgana dorme como um anjo, aquele mesmo que
esteve comigo a pouco, um que desejo me aproximar e sentir novamente
seu toque. Ajoelho-me à sua frente levando minha mão não machucada até
seu rosto tocando-o, tirando uma mecha do seu cabelo.
— Minha — sussurro possessivo como se pudesse realmente ter
algo que me pertencesse.
Continuo deslizando meus dedos pela sua pele perfeita, sentindo o
fogo do inferno voltar a borbulhar em meu peito.
— Anônimus. — Paraliso meus dedos e milímetros do seu rosto
apavorado, ela acordou.
Meu peito parece que vai explodir com as batidas furiosas e
assustadas do meu coração, enquanto penso o que ela vai achar quando me
vir ao abrir os olhos, o tempo parece suspenso, nada neste momento parece
existir além da minha coragem absurda de revelar a ela como realmente
sou, ainda que seja algo monstruoso de se ver.
Volto a respirar quando não abre os olhos. Será que está sonhando
comigo? Enquanto a encaro por longos momentos tocando seu rosto
perfeito com a ponta dos dedos, sinto a coragem se esvair e começo a me
recordar do que sou e de quem nasci para ser. Ergo-me caminhando
lentamente até o canto do quarto perto da porta de passagem e fico ali, por
mais algum tempo ao seu lado velando seu sono como se sair daqui fosse de
alguma forma levar de mim aquele olhar, aquela Morgana.
O dia começa a clarear e só então me toco de que passei toda a noite
escondido na escuridão do seu quarto vendo como ela pouco se move
enquanto dorme, fazendo isso apenas uma vez durante todo o tempo em que
estive aqui. Devagar, retorno para o quarto ao lado, sentindo o fogo do
inferno queimar meu peito de forma tão intensa que acredito que irei parar
de respirar a qualquer momento.
Capítulo 25
Caminhando furioso até onde ela segue nadando como uma maldita
sereia provocadora, a vejo mergulhar lançando sua bunda para fora da água
enquanto me aproximo. Analiso o local em que ela sairá e me posiciono à
sua frente quando finalmente sai sorrindo como se estivesse se sentindo
muito vitoriosa, a pego pelos cabelos arrancando-a de lá em apenas um
puxão.
Seu grito surpreso e furioso me faz querer matá-la.
— Está surpresa? — Aperto meu agarre fazendo com que me encare
e veja em meus olhos o quão furioso estou.
— O que está fazendo, seu demônio maldito? — A surpresa
desaparece e a fúria se instala em seus olhos quase brancos, diabólicos.
— Sabia o que iria acontecer e fez — rosno travando meus dentes
estando a um triz de não lhe torcer o pescoço.
— Estou apenas nadando.
— Nua! — grito sem me importar com quem ouve.
— Não me recordo de ter lhe dado algum tipo de autoridade sobre
mim. — Minha outra mão segue para o seu pescoço e a suspendo tirando
seus pés do chão que começam a se debater.
— Vou te mostrar, Libélula, que ninguém pode colocar os olhos no
que me pertence. — Solto seu pescoço e ela cai em pé, tossindo à minha
frente, mas não recua.
— Eu sou dona de mim e apenas eu faço o que desejo.
— Isso mudou desde o momento em que entrou na minha casa me
oferecendo sua boceta virgem, como disse. Vou te mostrar como demônios
como eu subjugam libélulas como você. — A pego nos braços lançando-a
nua sobre os ombros.
— Me solta, seu demônio dos infernos!
— Nunca mais irá me desafiar desta forma, Morgana.
— Vou matá-lo na primeira oportunidade! — Sorrio de sua ameaça.
— Vamos ver se tem poder para tanto.
Sob o olhar de todos os funcionários que atravessam meu caminho,
sigo com ela até meu quarto, Morgana precisa aprender que não deve me
desafiar. Abro a porta de forma brusca, chutando-a para trás com o pé,
fazendo com que até mesmo seu batente estremeça. Dou alguns passos e a
lanço sobre a cama.
Ela grita ao sentir o impacto.
Começo a arrancar minhas roupas, furioso, porque sinto a demora
enquanto a encaro e ela sorri.
— Gosto quando está assim. — Umedece os lábios e quando meu
pau se torna livre da minha cueca ela geme mordendo-os.
— Cale a boca! — ordeno alto.
— Tire a máscara, quero sua língua na minha boceta. — Sua frase
sai como uma maldita ordem e pelo inferno, eu desejo obedecê-la, mas ela
não precisa saber disso.
A filha da mãe abre as pernas e posso ver suas carnes vermelhas, ela
está excitada.
— Não é você quem está em posição de dar ordens aqui. —
Aproximo-me da cama nu e com a minha máscara.
— Se não tirá-la sairei daqui. — Seu pé para em meu abdômen.
— Não sairá. — Seguro seu tornozelo girando-o com força a ponto
de quase o quebrar, e a ouço gritar, enquanto seu corpo gira deixando-a de
bruços.
— Não me toque!
Gargalho alto me divertindo.
— Posso trazer os soldados que estavam te desejando para foder,
enquanto a vejo se debater e implorar para que eles parem. Depois de ser
violada como uma cadela imunda, seria eu a começar a brincadeira e só
quando todos os seus buracos sangrassem eu a deixaria sair rastejando
como uma libélula sem asas.
Quando ouve minhas palavras Morgana gira seu corpo outra vez,
travando meu pescoço com suas pernas e lançando meu corpo do outro lado
da cama, me levando ao chão com meu rosto enfiado entre elas.
Seu grito furioso me atiça e agora anseio por essa luta.
— Ninguém tocará em mim além daqueles que eu permitir, você,
demônio, me fode porque eu permito e se não se curvar a mim, juro que o
farei à força.
— Acredita que tem algum poder sobre mim?
Com o fogo do inferno queimando em meu peito, enfio meu braço
entre suas pernas e inverto nossas posições batendo seu corpo pequeno com
tudo contra o chão.
— Filho da puta! — grita fechando seus olhos quando a dor a
atinge.
Morgana não tem mais que 1,60 de altura e não pesa mais que 55kg,
pressiono meu corpo sobre o seu colocando meu pau entre suas pernas
enquanto ela tenta sair debaixo de mim.
— Nunca mais ande nua para que qualquer um possa ver. Vai ser
ainda mais prazeroso do que foi matar os desgraçados. — Meto em sua
boceta de uma só vez batendo fundo.
— Eu já te disse que pouca roupa é melhor que roupa nenhuma,
acha mesmo que aquele biquíni é pequeno demais? — Suas unhas cravam
em meu peito e ela as arrasta rasgando minha pele.
Entendo seu ponto e novamente soco fundo, ela grita se debatendo
como se desejasse que eu parasse, mas não é assim que as coisas
funcionam.
— Não vou parar de foder você — informo metendo com mais
força, empurrando com tudo de mim enquanto grita de prazer e dor pela
força com que pressiono seu corpo contra o chão.
— Tire a máscara! — sua ordem vem seguida de um gemido de
prazer.
Morgana pulsa, ela gozou.
— Gozou, Princesa?
— Tire a porra da máscara e me chupa, Anônimus! — Esfrego
minha pelve em seu clitóris e ela sofre espasmos.
— Por que iria te obedecer? Libélula, eu ainda nem arranquei suas
asas. Vou socar meu pau tão fundo em sua garganta que a farei vomitar o
café da manhã.
— Se não me chupar vou morder seu pau e arrancar um pedaço dele
com os dentes. — Seus olhos agora contêm uma promessa que sei que
cumpriria.
— Por que deseja tanto que chupe sua boceta? — A conversa
continua e minhas bolas agora estão prontas para explodir.
— Desgraçado! Tire a máscara, porra!
— Por que não tira você? Não sou seu empregado, mas continuo
com a ameaça de que se minha balaclava sair eu te mato e depois fodo seu
corpo por dias até que apodreça.
Seu olhar muda e não é medo que contêm nele, Morgana se sente
vitoriosa, a encaro fodendo-a com força fazendo seus peitos pularem e meu
membro continua desesperado pelo primeiro orgasmo, mas não vou gozar,
não sem antes chupar sua boceta com tamanha força que a deixe doendo por
dias.
Vou socando enquanto ela grita e seu corpo busca por mais de mim.
Sou arranhado, marcado, mordido. Pressiono seu pescoço, quero vê-la
implorar em busca de ar com o olhar e quando minha mão envolve em seu
pescoço fino ela sorri, a filha da puta sorri.
Capítulo 28
Quando retorno ao quarto, Morgana não está mais lá, nu, me sento
na cama escorando meu corpo sobre a cabeceira erguendo meus joelhos e
enfiando minha cabeça entre eles, as lembranças vêm como ondas e não
consigo afastá-las.
(...)
Não me recordo a última vez que vi meus irmãos, foram levados no
mesmo dia que aquela voz apareceu e agora ele está aqui, posso sentir.
— Sei que nunca nos falamos, mas preciso confessar que sempre foi
meu escolhido. — Tenciono meu corpo.
— Faça o que sempre faz e vá embora.
— Somos iguais, Obscuro, doentes, sádicos, sedentos por um
buraco onde enfiar nosso pau. Hoje é meu último dia com você, vai se
juntar aos outros de nossa espécie. Sentirei sua falta, sempre tão receptivo,
nunca luta, obediente às ordens, será um demônio muito valioso para o
mestre.
— Se o mestre pede para lhe servir eu obedeço, se pede para
destruir eu obedeço, sou um escravo que não gosta de trazer problemas
para aquele que me criou. — Coloco-me de quatro, me afastando da parede
para que ele siga com o que faz sempre que está aqui.
— Muito bem! — Suas mãos percorrem meu corpo. — Mas hoje
não vai precisar se colocar à minha disposição, apenas ouça as minhas
palavras. Não permita que ninguém além de mim faça com você o que faço,
permita apenas que a fúria o domine, não tente lutar por liberdade, não
saberia usá-la.
— Há quanto tempo está aqui? — Volto à posição que estava
encostado na parede, enfiando minha cabeça entre as pernas.
— Tempo... — A forma com que fala me deixa confuso. — No
inferno não existe isso, mil anos é como um dia e um dia como mil anos.
Esqueça o tempo, Obscuro, apenas sirva o mestre e lhe dê toda sua
lealdade.
— Já faço isso.
— Por que sua voz vacila às vezes?
— Preciso foder, estou sentindo o desejo desesperado de ter meu
pau enfiado em qualquer buraco.
— Use sua mão.
— Não faz efeito, preciso dos gritos, anseio que implorem para que
pare enquanto os machuco, busco pelo medo.
— Posso lhe dar o buraco, os gritos, mas o medo é impossível, não
sinto medo, assim como você não sente. Quer ao menos isso? — Meu corpo
treme e meu pau fica duro.
— Coloque-se em posição, Obscuro — ordeno sentindo a fúria
emanar ansiando forçar a passagem e que sinta doer enquanto meu pau é
esmagado pela resistência.
Ergo minha cabeça e sei que está como ordenei, coloco-me em pé
então tudo começa, meus demônios urram enquanto sua cabeça bate forte
contra a parede e seus gritos ecoam pelo lugar, logo o cheiro de sangue
invade minhas narinas e sei que estamos apenas no começo.
(...)
Abro meus olhos e não estou mais lá, as lembranças se foram e meu
corpo queima como se fosse real. Saio da cama começando a me vestir e
quando finalmente coloco minha máscara decido ir até ela. Atravesso a
ligação entre os quartos e a encontro dormindo. Como se existisse uma
ligação, permaneço ali por horas, imaginando todas as formas do nosso
sexo de horas atrás. Morgana é feroz, determinada, e faz com que deseje
castigá-la, marcá-la e destruí-la. Aperto meu pau com força porque posso
pular sobre ela arrancando suas roupas enquanto a fodo e arranco suas asas.
Perco a noção do tempo e quando as batidas na porta começam, sei
que são as funcionárias trazendo-lhe seu almoço. Saio para que não seja
visto e decido caminhar até que a noite chegue e possa me alimentar e
descarregar sobre os malditos corpos que me serão entregues toda a fúria e
frustração que gostaria que fosse descarregado apenas com ela.
Caminho a passos largos para o pedaço de mata que tem no
condomínio, começando a correr até que a exaustão me consuma e o ódio
esteja em níveis tão altos que tudo que consiga fazer é me banhar no sangue
daqueles que me serão oferecidos como alimento.
Capítulo 30
(...)
Acordo assustada com o som da chuva que cai lá fora e sei que
preciso cuidar dos filhotinhos, não posso deixar que se molhem ou que
sofram com o frio. Devagar, sem que meus pais percebam, caminho até
onde estão minhas galochas de libélulas lilás e rosa, calçando-as e vestindo
minha capa de chuva. Sei que se for reto nesta direção irei chegar ao canil
e poderei ajudar a aquecê-los com as mantas que sempre guardam lá.
Cubro minha cabeça e quando meu pé toca o chão um barulho
estrondoso acontece e vejo um clarão iluminar o céu, focada no que preciso
fazer, respiro fundo e começo a caminhar.
— Sou a princesa Morgana Izabelly Dragomir Hohenzollern-
Sigmaringen Dothraki, tenho sete anos e sou a futura rainha da Romênia,
não temo a nada, meu pai é poderoso e forte e sempre irá me ajudar a
travar todas as minhas batalhas ao meu lado, eu sou forte, meu sangue é
forte. — Sigo repetindo em voz alta as palavras que meu pai me ensinou até
que consiga chegar ao canil.
A chuva aumenta, meu corpo sente o frio intenso e começo a
acreditar que deveria ter colocado mais roupas sobre o meu pijama. O
terreno apesar de gramado está muito molhado e novamente outro raio
clareia o céu seguido de um trovão muito forte me fazendo pular de medo.
Por todo o caminho continuo me assustando e já começo a achar
que o canil fica longe demais, como nunca percebi. Começo a passar por
algumas árvores e estranho o fato de isso acontecer, já que nunca as vi
nesta direção. Quando me dou conta de que estou no caminho errado, me
assusto novamente com um barulho alto e logo depois um clarão que me
faz encolher de medo, mas desta vez o chão desaparece dos meus pés e caio
e um buraco profundo.
Tento me mexer, mas minha mão parece machucada, não consigo
movimentá-la. Encolho-me no canto, está escuro e frio, sei que ninguém vai
me ouvir gritar com todo esse barulho de chuva, então decido me manter
quieta até que amanheça.
A chuva parece pior a cada segundo e meus dentes começam a
bater, as horas passam, então um estrondo violento acontece diferente dos
outros e uma árvore bate forte sobre a entrada do buraco em que caí,
tampando-o. A madeira está pegando fogo e o susto é tamanho que grito
tão alto que minha garganta queima.
“Calma, vou protegê-la”
— Quem é você? — pergunto para a garota que tenta segurar
minha mão no escuro e o pavor se apossa de mim.
“Sou Morgana, vou cuidar de tudo.”
— Seu nome é igual o meu?
“Sim.”
O buraco começa a se encher de fumaça e brasas começam a cair
sobre minhas costas e queimam, me fazendo gritar.
— Pai! Pai! — grito desesperada tentando sair do buraco.
“Precisa se acalmar. A chuva está cessando, mas o céu ainda está
fazendo barulho demais, ele não vai ouvi-la”
Grito novamente sufocando enquanto as brasas continuam caindo
da madeira que queima sobre mim.
“Confie em mim, vou te proteger.”
— Não fale comigo! Não toque em mim! — Continuo gritando
quando sinto seus braços me envolverem.
Minhas costas queimam de uma forma insuportável e começo a
chorar, a fumaça não para de rodar o que me deixa com falta de ar, por
vezes desmaio e acordo fugindo das brasas que chove sobre nós.
Então tudo escurece.
Sinto que algo me toca e abro meus olhos quando me deparo com
um dos soldados da Triglav usando máscara de demônio e com olhos tão
azuis que parecem de um anjo.
— Vou tirá-la daqui.
— Onde está meu pai?
— Todos te procuram. — A forma com que vira sua cabeça como se
tentasse me enxergar o faz parecer engraçado, como os cachorrinhos fazem
quando estão curiosos.
— Como se chama? — pergunto esticando meus braços para que
me pegue.
— Obscuro.
— Esse é seu nome?
— Sim.
Grito muito alto quando seus braços envolvem meu corpo.
— Não a machuquei. — Parece se assustar.
— Minhas costas doem.
— Preciso pegá-la para te suspender e colocá-la para fora.
Ainda que doa muito permito que ele me segure, e quando me ergue
coloca meu corpo no chão, perto da entrada do buraco. A dor me toma e
sinto um medo grande e repentino, fecho meus olhos com força enquanto o
ouço se esforçar para sair do buraco, tenho meu corpo suspenso
novamente por ele quando sua pergunta me faz abrir os olhos.
— Libélulas? — Olha para minhas galochas.
— Sim.
Ele caminha comigo enquanto procuro a Morgana que estava
comigo no buraco, até que ouço a sua voz novamente.
“Não se preocupe, não vou a lugar nenhum.”
O Obscuro me aperta mais forte, me fazendo gritar pela dor nas
minhas costas quando ouço vozes.
— Passe-a para mim, Obscuro. — A voz de tio Damian nos alcança.
— Senhor. — Meu corpo é esticado para frente e quando estou nos
braços de tio Damian, abro meus olhos o encarando novamente.
Sua cabeça inclinada para o lado de forma curiosa nos vê sair
enquanto ergo minha mão boa para lhe dar tchau, mas ele não se move.
— Vamos, Princesa, acabou, vamos cuidar de você.
Então eu desmaio apagando novamente.
(...)
(...)
Havíamos chegado de uma longa viagem, tínhamos dormido pouco
mais de cinco horas quando as portas se abriram de forma brusca pelo
nosso mestre.
— Obscuros! — a voz do Anjo do Caos é trovejante como sempre foi
e nos faz pular de nossas camas imediatamente. — Morgana acaba de ser
dada como desaparecida, sabemos que ela não foi a lugar nenhum além
dos muros da propriedade e se não estivessem comigo poderia desconfiar
de que algum de vocês desejou se alimentar e escolheu o alvo errado.
Todos nos encaramos, porque membros Triglav estão fora de nosso
alcance e o último Obscuro que desejou se aproximar de uma delas foi
descarnado vivo.
— Espalhem-se pela propriedade e a procurem, até mesmo debaixo
das folhas, ainda que seja impossível, não quero nenhum milímetro desta
propriedade sem ser vasculhada. Vão! — A ordem é dada enquanto
estamos vestindo nossas roupas.
Passamos todo o dia e o início da noite vasculhando todos os
lugares quando vejo uma árvore tombada pegando fogo, algo que me
chamou atenção. Um raio atingiu a árvore e fez um desenho diferente na
madeira que estala enquanto queima. Me aproximo, curioso com a cor da
brasa que apesar da chuva ainda está acesa, quando ouço um gemido após
o estalar da madeira.
Com a lanterna foco no lugar e posso ver o pequeno corpo caído lá
dentro que não me respondeu quando a chamei. Apesar de a árvore ter um
tronco fino não é fácil retirá-la de lá e mais brasa cai no buraco e outros
gritos se faz ouvir. Há pouca fumaça lá dentro, mas se ela continuasse ali
poderia morrer sufocada.
Com cuidado para não a pisotear entro no lugar, sendo recebido
pelos seus grandes olhos azuis, quase brancos, que me encaram. Existe dor
neles, medo, desespero, tudo que sei reconhecer tão bem.
— Vou tirá-la daqui — aviso para que entenda que precisarei tocá-
la.
— Onde está meu pai?
— Todos te procuram. — Analiso com cuidado de que forma a tirar
dali de forma eficiente antes que os meus pensamentos me invadissem e
enviassem para a morte certa.
— Como se chama?
Pergunta engraçada, ninguém jamais desejou saber, mas respondi
mesmo assim.
— Obscuro.
— Esse é seu nome? — Sua curiosidade parece desejar fazer com
que o medo se dissipe.
— Sim. — Começo a me ajeitar para pegá-la, quando um grito
agudo atinge meus ouvidos e não entendo o porquê.
— Não te machuquei. — Garanto, porque se ela dissesse o
contrário seria mais do que castigado pelo mestre.
— Minhas costas doem. — Só então tento entender o que aconteceu,
observando e focando a luz da lanterna em suas costas, vejo que existe um
buraco no plástico da sua capa de chuva que atingiu a lã do seu pijama e
alcançou suas costas. Ao olhar para cima lembro da árvore queimando e
das brasas, vasculhando ao redor dava para ver o carvão das brasas com
que ela se queimou.
— Preciso pegá-la para te suspender e colocá-la para fora. —
Ainda que gemendo de dor, ela concorda, sendo forte quando meus braços
a envolvem, suspendendo-a para colocá-la na borda do buraco e sairmos
dali. Assim que ambos estamos fora, a seguro novamente nos braços e sua
cara de dor não me causa nada além de vontade de causar um pouco mais
disso nela, mas acima de tudo a curiosidade grita ansiando conhecer mais
de algo tão puro e inocente e o desejo de a machucar não é maior que isso.
Chacoalho minha cabeça fazendo com que as leis gritem dentro de mim e
foco minha atenção em suas botas.
— Libélulas?
— Sim. — Mesmo com dor ela tenta esboçar um sorriso.
Começo a caminhar com ela nos meus braços quando a sinto tremer
e a aperto mais contra meu corpo, novamente um grito de dor irrompe do
corpo pequeno e me faz afrouxar o agarre. Logo vozes começam a surgir e
a voz do mestre se faz soberana por detrás da luz apontada na nossa
direção.
— Passe-a para mim, Obscuro. — Travo meus passos no mesmo
momento.
— Senhor. — Estico o pequeno corpo com desejo de permanecer
com ele em meus braços, eu queria protegê-la. Como seria ter algo para
me agarrar quando tudo parecesse desmoronar?
Então percebo que não sobraria nada da pequena libélula além de
sangue e restos mortais depois que eu a machucasse.
Fui retirado dos meus pensamentos por vê-la me dar tchau com sua
mão boa e inclino um pouco minha cabeça para tentar entender o porquê.
Ela sorri ao se despedir, não tem ciência que a destruiria sem nem ao
menos pestanejar. Mas o que vi naquele olhar? Por que me inquieta tanto?
— Vamos, Princesa, acabou, vamos cuidar de você — a voz do
mestre informa que irá levá-la para longe de mim e que nunca mais irei
poder me aproximar novamente.
(...)
— Anônimus. — Abro meus olhos em meio a escuridão total do
meu quarto quando ergo minha cabeça em direção a sua voz.
Capítulo 35
Abro meus olhos e todo meu corpo dói, sinto que estamos em
movimento e que seus braços estão em volta de mim, a dor é tamanha que
tenho vontade de chorar, mas me mantenho firme e não faço.
— Onde estamos? — pergunto com voz baixa.
— As muralhas caíram. — Essas palavras fazem meu corpo inteiro
tencionar, e tento me levantar. — Não se levante, estamos chegando na pista
de pouso e logo sairemos, preciso que nos direcione ao local que ficaremos
até que tudo isso acabe.
— A casa das montanhas.
— Na Romênia?
— Não, localização secreta, passo as coordenadas assim que
estivermos no jatinho, iremos precisar de um helicóptero para ter acesso a
ela.
— Iremos providenciar.
Tento me levantar, mas sou impedida.
— Mantenha-se como está. — Mordo os lábios porque não quero
acreditar que ele me surrou a ponto de não existir nenhum ponto em mim
que não doa, minha cabeça parece que vai explodir.
— Por quê? — O encaro e vejo que não entende meu
questionamento, mas antes que diga algo o carro para.
— Chegamos, senhor.
A porta se abre e ele sai comigo em seus braços, o vento frio da
madrugada e o fato de estar na presença de outras pessoas me faz fechar os
olhos com força, esta seria a hora em que ela assumiria, pois sabe do meu
pavor de voar.
Ele sobe as escadas comigo nos braços e quando entramos na
aeronave peço que me coloque no chão, assim que faz caminho em direção
à suíte abrindo o cofre e pegando um novo aparelho de celular. Espero que
ele ligue e busco o sensor, um aparelho que verifica se meu GPS está ativo,
quando o pego com as mãos trêmulas e a vontade desesperadora de chorar
causa um nó dolorido na garganta, o passo sobre o braço e verifico que está
tudo funcionando.
O celular liga e acesso o sistema de segurança desbloqueando-o com
a minha retina, então as opções de esconderijo aparecem na minha frente e
seleciono a casa da montanha, longe de casa, lá é onde eu me sinto mais
segura. Marchando, sigo até Anônimus e lhe entrego as coordenadas
voltando para a suíte, lá pego a medicação para dor bebendo com a água
que retiro do frigobar.
Não sei onde meu telefone foi parar, mas temos um novo para essas
ocasiões, tentando me esquecer da dor pego o aparelho quando batem na
porta informando que vamos decolar, saio de lá e me sento na poltrona
perto da porta enquanto decolamos, fecho meus olhos e as lágrimas de dor
me tomam e é inevitável não soluçar.
— Venha. — Ouço sua voz trovejante e furiosa me chamar enquanto
suas mãos desafivelam meu cinto.
— O que está fazendo?
— Tirando-a daqui, você não está vendo?
Sou pega nos braços e levada novamente para a suíte mesmo sobre
os protestos da tripulação. Anônimus me coloca na cama ajustando o
travesseiro e cobrindo meu corpo.
— Não vou falar sobre o que aconteceu, sei que se recorda. Se
continuar me desafiando vamos lutar de igual para igual. — Suas palavras
me atingem em cheio, porque sinto o ódio verter delas e dói como se
estivesse apanhando.
Encolho-me na cama abraçando meus joelhos tentando diminuir de
tamanho e quem sabe desaparecer.
— Pode me deixar sozinha? — Suplico num sussurro que acredito
ter sido mais para mim do que para ele.
— Olhe para mim, Morgana! — Sua ordem me atinge e me encolho
um pouco mais.
— Por favor! — Um soluço escapa e sinto o colchão afundar ao
meu lado.
— Quando eu te der uma ordem você obedece. — Meu cabelo é
puxado para trás fazendo com que erga minha cabeça. — Abra a porra dos
olhos agora!
O medo me toma e temo que ele me bata, então faço o que me pede,
e quando os abro sua mão solta o seu agarre.
Ali estão eles, aqueles olhos que busquei nos últimos dias, é
impossível manter a fúria borbulhando sobre a superfície quando ela me
olha com medo. O soluço do seu choro que até segundos atrás não me
causava nada, agora faz o fogo do inferno queimar meu peito de forma
quase que insuportável.
A solto no mesmo momento e recuo, como ela consegue ser duas
pessoas em uma? Como pode me fazer desejar esquartejá-la em um
momento e em outro me fazer sentir coisas que jamais senti?
Levo minha mão ao peito que parece agora estar sendo comprimido
por algo que não sei explicar, mas o olhar que ela direciona a mim é mais
poderoso e me acerta precisamente.
— Só quero ficar sozinha. — A vulnerabilidade em sua voz me
desestabiliza e me deixa sem uma resposta pronta, apenas a obedeço e
desapareço dali.
Algumas horas depois pousamos em uma pista particular onde outra
aeronave nos aguarda, um helicóptero com apenas um tripulante. Desço
com ela nos braços, que agora carrega uma pequena maleta que não sei do
que se trata, abraçando-a como se sua vida dependesse disso, em momento
algum seus olhos me encaram, e isso me faz borbulhar de raiva.
— Senhor. — O soldado abre a porta para que entremos e subo com
ela sem dificuldade alguma.
A porta se fecha e ela afunda seu rosto em meu peito, sinto seu
corpo tremer e sua pele se arrepiar com o frio que faz, o dia já está
amanhecendo quando recebo a informação que temos mais uma hora de voo
até as coordenadas.
A forma com que ela agiu na madrugada em nada se parece com a
mulher que treme em meus braços, não a solto em momento algum e ela
também não faz menção de se afastar, encarando a paisagem de mata
fechada sob nós permito que continue descansando.
O sol já está a pino quando somos informados que iremos pousar,
daqui de onde estamos não consigo ver nada, nem mesmo uma pequena
ideia de que exista uma casa ali, quando o helicóptero desce por entre as
árvores, pousando.
— Posso caminhar — informa com voz vacilante.
— Tem certeza? Posso continuar te carregando.
— Sim.
Seguimos pelo caminho por entre as árvores e a vejo mancar,
Morgana parece até mesmo um pouco curvada, mas não recua da ideia de
caminhar até que uma grande porta aparece à nossa frente, ela digita um
código e depois acessa a fechadura através da sua digital.
Adentramos o lugar que é completamente construído dentro da
floresta e cravado nas rochas.
— Fique à vontade, vou tomar um banho e dormir um pouco, a
cozinha e a dispensa foram abastecidas.
— Como sabe?
— Nós viríamos para cá em algum momento dessa viagem.
— E por que escolheria uma casa secreta no meio do nada para
passar suas férias?
— Porque aqui é o único lugar depois da minha casa em que me
sinto realmente segura.
Em momento algum ela me olha, está respondendo tudo de costas
para mim, a vejo colocar a maleta sobre a mesa e desaparecer casa adentro.
Não faço a menor ideia do que está acontecendo com ela, mas no momento
oportuno nós iremos conversar, posso surrá-la novamente por ser tão
insubordinada ou quem sabe se aquele olhar estiver lá outra vez nós não
podemos repetir o que aconteceu no escuro do meu quarto.
Desisto de pensar nisso, com certeza foi um sonho e devo estar
delirando, nem mesmo eu sei o que acontece comigo, a única coisa que
consigo pensar é em como vou suportar me manter longe dela todo esse
tempo.
Capítulo 41
Abro meus olhos e sinto que estou melhor do que estava horas atrás,
quando vejo as horas percebo que é final da tarde, estou usando um camisão
do Damon que roubei ainda quando tínhamos 15 anos, ele bate nos meus
joelhos. Sinto fome e sigo em direção à cozinha. Assim que atravesso a sala
o vejo sentado no sofá como se estivesse lá desde que chegamos aqui.
— Não existe ninguém aqui, se quiser pode relaxar, não precisa
estar sempre pronto para o fim do mundo — falo enquanto passo
arrumando meus cabelos em um rabo de cavalo.
Se pudesse ver seu rosto diria que está surpreso arqueando a
sobrancelha sem entender nada, no momento quero mais é que Anônimus se
foda.
— Olhe para mim! — ordena caminhando em minha direção.
— Sempre cheio de ordens. — Continuo indo em direção à cozinha.
— Eu mandei me olhar! — Segura meu braço furioso, me virando
de uma vez.
— O que inferno quer de mim?
— Acha mesmo que pode fazer o que quiser comigo e acreditar que
sairá impune?
— O que vai fazer? Me surrar novamente? Faça! Eu cansei de me
rastejar por você, fiz de tudo pelos últimos meses para que entendesse o que
queria, mas talvez todos estejam certos, você é um demônio indomável e eu
não estou disposta a continuar te enviando mensagens esperando que esteja
lá quando chegar. Você, Anônimus, simplesmente não se importa. — Ele
sorri sarcástico, o desgraçado sorri.
— Você tenta me manipular, uma hora é alguém que eu desejo
esquartejar e minutos depois alguém que talvez, por uma fração de
segundos eu deseje proteger.
— Porque é um maldito demônio que não entende nada sobre
pessoas.
— Eu entendo sobre matar e destruir, Morgana, nasci para dilacerar
tudo e qualquer ser que se mova perto demais de mim.
— Não vou continuar com isso, infelizmente estamos presos aqui.
— Tento me soltar.
— Disse que iria me alimentar e é isso que fará. — Seu rosnado
faria com que qualquer um o temesse, mas não eu.
— Não vou colocá-la em risco, tentei fazer com que me enxergasse
e me desejasse, porque pelo inferno eu o quero, mas não vou mais rastejar,
por que nunca respondeu as minhas mensagens? Por que nunca esteve lá
quando o chamei? Por que nem para se alimentar de mim você atendia meu
chamado? — grito, encarando-o com o ódio borbulhando nas veias.
— Não recebi nenhum convite ou mensagem. — Sua voz abaixa um
tom e parece envergonhada.
— Vai se fazer de idiota? Seja homem ou um demônio e assuma que
simplesmente não fez porque não quis.
— Eu não recebi nenhuma mensagem!
— Vai se foder, Anônimus! Mentir a essa altura é baixo até mesmo
para alguém como você.
— Eu já te disse que não minto! — Seu puxão vira meu braço para
trás e cola meu corpo ao seu enquanto a dor novamente me atinge. —
Quando digo que não recebi nenhuma mensagem é porque não recebi. —
Tento me soltar do seu agarre, mas é impossível. — Eu não sei ler,
Morgana, não sei ler nem mesmo escrever, então quando disse que não
recebi nenhuma de suas mensagens eu não estou mentindo.
Essa informação paralisa meu corpo e faz até mesmo meu coração
errar as batidas, quando ele me solta e se afasta.
— Mas você usa o telefone, recebe chamadas e comanda tudo, eu
sempre vi.
— Cores. Cores eu reconheço, sei onde devo apertar para ligar ou
desligar, ou até mesmo ouvir uma mensagem de voz, é só isso, o mestre
facilitou minha vida neste ponto e nada mais.
Ficamos nos encarando até que ele se vira afastando-se de mim.
Capítulo 42
Não dormi, não consegui fechar meus olhos por um mísero segundo
sequer, aquele olhar me causa uma agonia que me faz desejar apenas
continuar olhando, se existe mesmo essa tal possibilidade de que existam
duas dela dentro do mesmo corpo consigo distingui-las pela forma com que
me olha e como sua voz muda quando fala.
A perversão e desafio sumiram, a língua afiada desapareceu e tudo
que resta é aquela criatura que me inquieta e me causa um calor infernal no
peito. Nunca em toda a minha existência senti algo parecido.
Caminhando nu de um lado para o outro, esfrego minha cabeça
raspada tentando aquietar meus demônios. As lembranças voltam com força
forçando-me a entender o que nasci para ser, um demônio devorador de
almas que não se farta nunca, que está sempre com fome e desejando mais.
Então, por que com ela não é assim? Por que com essa versão tudo que
tenho vontade é de escondê-la do mundo e ficar com ela só para mim?
Ainda que não possa ter nada, eu quero que ela me pertença, aquela
versão, aquela com olhos indecifráveis e forma sussurrada de falar, eu a
quero. Recordo-me da forma com que o mestre se porta ao lado da sua
família, sempre tão poderoso e cruel, seu olhar é como o puro caos e
destruição, mas quando está perto dela, a sua mulher, ele parece outra
pessoa.
Sempre analisei suas ações e gestos, até mesmo a sua postura muda,
sua voz não tem a mesma autoridade e nunca, jamais a machuca, tão
diferente de mim. Pela quinta vez me enfio debaixo da água gelada e meus
pensamentos se embaralham, em algum momento vou precisar ir até ela,
meu corpo anseia pelo olhar perverso e a língua afiada para que meus
demônios e eu possamos mais uma vez quebrá-la, mas minha mente quer
aquele olhar, aquela voz e todos os seus gestos incertos.
— Está enlouquecendo, Anônimus, com toda certeza é isso, não
pode existir duas pessoas em uma, aquela libélula perversa está
manipulando você.
Saio da água deixando por ali todos os meus questionamentos, já
seco, visto uma calça de moletom, não me surpreendi quando cheguei aqui
e encontrei várias das minhas roupas, sabia que a casa seria abastecida e
que viríamos para cá em algum momento da viagem.
Coloco apenas a minha máscara sem cobrir todo meu corpo, até
mesmo isso ela mudou em mim, pego na bancada do banheiro a pasta que
passarei em seu corpo para os machucados que lhe causei.
Passo pela cozinha e ligo a máquina de café, pelo visto é um padrão,
a que uso na minha casa é igual, todos os utensílios são iguais aos de lá,
então isso facilita para que possa mexer e me virar.
Quando abro a porta do seu quarto ela me olha com aqueles azuis
quase brancos cheios de curiosidade e sem nenhuma perversão.
— Bom dia. — Ela me cumprimenta e aceno com a cabeça.
— Vim te dar banho e cuidar dos seus machucados.
— Não precisa me dar banho, posso fazer sozinha.
— Não te dei uma opção para que escolha, isso foi uma informação.
— Seus olhos crescem assustados e me fazem sorrir de canto.
Aproximando-me dela, coloco a pasta ao lado do seu telefone, viro-
me em sua direção tirando a coberta que cobre seu corpo nu e as marcas
estão muito piores agora. Analiso os pontos e não parecem infeccionados,
cubro seu corpo novamente seguindo para o banheiro, enchendo a banheira.
Enquanto observo a água quente cair enchendo tudo de forma rápida busco
em minha mente quando foi que cuidei de alguém que eu mesmo havia
machucado e a resposta é: nunca.
Nunca houve uma atitude assim, nunca em toda a minha existência,
mas essa vontade não cessa e agora começa a me inquietar e novamente as
lembranças parecem querer me alcançar.
(...)
Os passos contra o piso frio são fortes e poderosos, antes me
causavam pavor, agora me geram expectativas. Olho para os meus irmãos
e sorrimos perversos porque sabemos bem o que irá acontecer hoje,
destruiremos pessoas. Eles sabem que estamos a cada dia mais unidos.
Cobrimos nossos rostos com as máscaras e sentimos nossos corpos
fervilharem quando um casal é lançado nu dentro do nosso cercado. Meu
coração acelera e a esperança de que a ordem seja dada me consome,
anseio desesperadamente arrancar os dentes deles e foder suas bocas
enquanto suas gengivas sangram no meu pau que irá deslizar com
facilidade.
— Podem se alimentar. — A voz do mestre nos atiça e avançamos
como os animais que somos.
Os gritos se iniciam e sabemos o que desejamos, enquanto meus
irmãos enfiam seus paus em cada buraco existente, contenho-me, gosto dos
gritos de dor e da forma com que imploram para que pare. Com o tempo
aprendi a puxar todos os dentes sem quebrá-los, um a um vou tirando-os
pela raiz até que não exista nenhum deles na boca da mulher, seu corpo é
virado, fazendo-me sentar com o pau babando pela sua boca agora macia.
Meus irmãos metem dois em seu rabo e um em sua boceta, eles sabem da
minha preferência inicial por bocas.
Os gritos do homem e da mulher agora estão abafados e meu pau
acerta tão fundo em sua garganta que a faz vomitar sobre mim, e isso me
deixa ainda mais excitado. Seguro seus cabelos com tamanha força que
posso arrancá-los com couro e tudo, forço sua cabeça subindo e descendo
e como imaginado ela trava as gengivas em meu pau que se tivessem dentes
o arrancaria fora, essa pressão maldita faz o meu orgasmo explodir e meu
urro ser liberado. Quando nos encaramos percebo que fui o primeiro a cair
e isso faz com que todos troquem seus lugares, é sempre assim, gozar faz
com que o rodízio aconteça.
Por horas ficamos sendo alimentados e quando nossos corpos estão
exaustos somos impedidos de continuar, mesmo que desejamos mais. A
porta se abre e somos lavados de mangueira, com a água fria quase
cortando nossas peles.
— Caminhem em direção à sala. — Com o coração acelerado
sabemos bem o que isso quer dizer, vão nos reiniciar, já os vimos fazer isso
com o sombra varias vezes.
Nos entreolhamos e posso ver que cada um de nós incentiva o outro
a não desistir, tiramos nossas máscaras e deixamos na mesa antes de
entrarmos na sala, nos posicionamos nas máquinas subindo em seus
tablados quando nossos corpos são presos por tiras metálicas, sinto a
pressão gelada em minha nuca e com o coração disparado podemos ouvir a
voz dele, aquele que jamais vimos o rosto, mas que sentimos o toque
quando nos fode no escuro, reconheceria sua voz em qualquer lugar do
mundo, ele é tão perverso quanto nós e geralmente nos deixa em estado de
quase morte após nos usar.
Então quando seus gritos cessam o choque atinge minha nuca
parecendo que minha cabeça vai explodir. Mordo com força o couro que foi
colocado entre meus dentes grunhindo desesperado para que tudo aquilo
acabe, então a escuridão me toma.
Quando abro meus olhos o jogo se inicia à minha frente e tudo que
anseio é foder todos os buracos que atravessarem meu caminho até que
possa matá-los.
(...)
(...)
Abro meus olhos não enxergando nada, sei que não estou cego,
apenas fui lançado na completa escuridão que é como ficamos sempre que
não estamos sendo usados.
— Sei que acordou, sinto sua respiração mudar. — A voz dele eriça
meus pelos e faz meu pau duro, levo minha mão até ele começando a busca
incessante por orgasmos quando o primeiro soco me atinge.
Grito quando meu corpo bate contra a parede.
— Não se toque, seu verme imundo.
— Preciso fazer parar, está queimando — rebato, pois sei que ele
sabe do desespero que sinto.
— Controle-se, precisa aprender a conter seus instintos, caso o
mestre te castigue, não seja como todos os imbecis que acabam perdendo
seus paus por esfregá-los no chão. — Tento controlar minha respiração.
Grunhindo, travo meus dentes cravando minhas unhas nas palmas
das minhas mãos.
— Vai ser enviado ao Anjo do Caos, o mestre acaba de perder o
domínio dos Obscuros, tudo isso aqui que vivemos acabou. Seja o pior
deles, o mais cruel e letal, o mais controlado, aquele que se destaca.
Obedeça sem questionar, quando for solicitado para algo crie coisas
monstruosas, faça com que jamais se esqueçam de você, ainda que esteja
escondido sob a máscara demoníaca.
É difícil entender o que ele quer com meu pau tão duro e dolorido.
— Me aplicaram estimulante? — Ofego mordendo a língua para me
conter.
— Sim, é seu último dia aqui, pode me usar como te usei por todos
os anos desde que me foram entregues ainda crianças. — Não entendo o
que ele quer. — Nunca mais vamos nos ver, quando acabar deixe uma
marca em mim, crie em sua mente e faça com a faca nas minhas costas, se
um dia nos encontrarmos saberá quem sou ainda que não me recorde.
— Eles podem apagar minha mente também.
— Vamos acreditar que de alguma forma os demônios que somos
irão encontrar caminhos para se encontrar.
— O que tudo isso quer dizer? — Tento me manter alerta, mas o
estimulante começou a atingir níveis insuportáveis.
— Eu desejo apenas você, o visito muito mais que os outros, sinto
que algum dia poderemos ficar juntos e poderá me foder o tempo todo, e
quem sabe longe daqui viveremos algo.
— Do que está falando? — Lanço meu corpo contra o chão
novamente, gritando.
— Jamais entenderia se explicasse, acreditei que vir aqui muito
mais vezes e deixá-lo se enterrar em mim criasse algo em você. — Ouço seu
sorriso. Apenas me foda como se sua vida dependesse disso, e quando o
esgotamento chegar e seu pau estiver em carne viva faça a marca em
minhas costas, amanhã serei apenas uma voz na escuridão e talvez jamais
me recorde disso.
— Não vai me usar primeiro? — pergunto ofegante.
— Não, terei você quando desmaiar, então irei me enterrar tão
fundo que irei marcar sua alma com minha porra.
Com meu coração acelerado e quase enlouquecendo pelo
estimulante, me posiciono atrás dele como ordenado, minhas mãos tocam
sua bunda e meu pau se enterra nele em uma só estocada, cravo minhas
unhas em sua carne fazendo com que urre de dor, quanto mais ele grita
mais o desejo de destroçá-lo aumenta, meu corpo incendeia quando o
primeiro orgasmo o atinge levando-me junto com ele.
Por horas meto em seu rabo, a dor começa a me dominar, meu pau
não suporta mais nada, porém o estimulante não parece estar nem mesmo
no fim. Cobrindo seu corpo com o meu sou informado das facas e quando
as toco sei bem o que anseio fazer.
— Me marque — implora de uma forma que jamais ouvi.
Meus demônios parecem fazer uma rebelião e gritam que envie sua
alma imunda até eles, segurando as duas facas, cravo-as de uma vez em
suas costas, uma de cada lado, então elas passam a ser meus apoios para
continuar fodendo seu rabo, ele grita e agoniza, sua respiração falha
algumas vezes, mas isso não faz com que pare, sigo socando cada vez mais
forte e mais furioso tendo mais um orgasmo que nubla meus sentidos. Logo
uma luz branca aparece cegando-me e ganho uma pancada na nuca
perdendo todos os meus sentidos.
(***)
Acordo com um trovão estrondoso que faz todos os vidros da casa
tremerem, a dificuldade de respirar me toma e levo minhas mãos ao rosto
percebendo que estou sem máscara, a recoloco e sentindo o coração bater
acelerado pelo susto sigo até o meu quarto.
Capítulo 49
Acordo com alguém me chamando, quando abro meus olhos ele está
bem na minha frente com um copo com água na mão.
— Está na hora do seu remédio. — Sua voz autoritária me causa
arrepios, vasculho por todos os lados e não a encontro isso só me confirma
de que ela se foi para me manter com ele aqui.
Pego a medicação e bebo com a água sob seu olhar atento.
— Eu aceito. — Suas palavras saem quando pega o copo de minha
mão.
— O quê? — Não estou entendendo nada.
— Que me ensine a ler e escrever, tem razão sobre demorarmos
aqui, teremos muito tempo ocioso, e como me prometeu, em breve
precisará me alimentar, então enquanto se recupera podemos tentar. — Não
pisco quando o vejo sair sem dizer mais nada.
Devagar, saio da cama sentindo a maldita dor me tomar, vou ao
banheiro e depois sigo em busca de cadernos e canetas, não os encontrando
em lugar algum.
“Não tem.”
Assusto-me quando ela aparece sem que eu note.
— O que não tem?
“O que procura.”
— Por onde andou?
“Dando-lhe espaço, infelizmente ele parece mais cruel a cada
momento em que estamos juntos, é como se eu ativasse nele o pior.”
— Falou a ele sobre nós?
“Sim, mas pude ver que essa informação não causou nada, já que
quase me matou.”
— Ele parece não entender.
“Digamos que o demônio tenha algumas limitações, não saber ler
nem escrever é uma delas.”
— Vou ensiná-lo.
“Como é?”
— Isso que ouviu, parece surda.
“Vejo que está bem confortável e se sentindo em casa, já que
respondeu dessa forma.”
— Sabe bem que não sou de cristal, que sei me defender quando me
sinto segura.
“Suas palavras a contradizem, já que não precisa se defender de
nós, aliás, não parece sequer temê-lo como antes.”
— Não vai me machucar, posso ver em seus olhos que está confuso,
sempre que não entende algo ou parece buscar algo vira a cabeça e estreita
os olhos.
“Já percebi isso, Anônimus é visual, não adianta mentir que ele
consegue nos ler pelos gestos.”
— Desisto, não encontro cadernos e canetas. — Paro de caminhar
vasculhando o closet.
“Talvez no escritório, papai costuma ficar muito tempo por lá.”
— Verdade.
“O que seria de você sem mim.”
Sua forma espertinha me irrita.
— Obrigada! — não rebato da forma como espera.
“Se cuide, tome os remédios, estou por perto, se algo for demais
para você irei protegê-la”
— Não gosto quando vasculho tudo e não te acho.
“Ver você e ele flertando não é algo que goste.”
— Não flerto.
“Não? Mão na máscara, pedindo para ver seu rosto se isso não for
flertar...”
— Está nos espionando?
“Não de fato, mas como sabe, nossa forma de interação é diferente,
estou em todos os momentos ainda que não me veja, mas não estou
prestando atenção em tudo, só quando fico muito curiosa. É interessante
ver o olhar dele completamente diferente direcionado a você, quando está
comigo ele parece esperar ser atacado a todo momento e isso me excita
porque sei que um aperto certo e ele se mostra o demônio que desejo que
seja.”
— Como gosta de ser machucada? Mal consigo ficar em pé.
“Minha boceta pulsa e meu sangue esquenta, a dor me dá orgasmos
e a forma bruta com que ele me mostra seu poder libera algo em mim que
não sei explicar, só desejo mais maldade e mais crueldade, deixá-lo furioso
faz com que ele me leve ao limite.”
— Pode nos matar.
“Não irá, Anônimus está com as leis cravadas em seus ossos,
jamais iria contra as leis Triglav.”
Recordo-me das palavras do meu pai.
— Não gosto de ser machucada, será que ele irá se acostumar com
isso? — Suspiro curiosa, logo sorrindo sem graça. — Como se ele fosse se
ligar a alguém.
“Ele vai, pode levar tempo, mas vai, um dia caso ele se vá as
memórias que estamos criando nele falarão mais alto e ele irá voltar.”
— Queria ter a sua certeza.
“Não tenho certeza, Morg, mas preciso de algo para me agarrar,
nós damos a ele o melhor de dois mundos, alguém que o alimente e o
mantenha em frenesi, e outra pessoa que lhe ensina sobre calmaria e
bondade, acredita mesmo que ele permitiria que tocasse seu rosto se não
causasse algo nele?”
— Mas não me deixa olhá-lo — pontuo o óbvio.
“Ainda não deixa, mas me diga, você se afastaria dele caso ele
desejasse permanecer pelo simples fato de não ver seu rosto?”
— Não. Mas queria saber como é seu rosto por trás daquela máscara
de demônio.
“Chegará o momento certo para que isso aconteça precisa
acreditar no homem que diz amar.”
— É tudo muito confuso, às vezes ele parece alguém que vai me
decapitar, mas em outros momentos parece que vai me esconder e proteger
do mundo.
“Foco no nosso objetivo, ele passou muitos anos sendo o que é,
estamos há pouco tempo criando memórias afetivas com ele, pode levar
tempo, Morg, ou pode jamais acontecer, mas não é por isso, pela incerteza
que vamos desistir. Agora vá, se ele decidiu aprender, é mais um motivo
para acreditarmos que está baixando suas defesas, ou apenas como um
tubarão está rondando a presa para nos atacar se caso sinta que somos
uma ameaça.”
— Pode ser que nunca o tenhamos.
“Então que tal aproveitarmos o tempo que ele está nos
disponibilizando? Pare de pensar a longo prazo e pense no agora, a meses
atrás não tínhamos nada, nem mesmo um olhar, ele agora já presta atenção
em nós. Seja corajosa, lembre-se qual é o sangue que corre em suas veias, é
uma Dothraki.”
— Tem razão. — Por algum motivo me sinto corajosa como jamais
estive.
“Vá, quando ele estiver louco para ser alimentado eu volto,
prometo que da próxima vez fico até que os machucados se curem.”
Respiro fundo quando ela se vai e decido ir até o escritório do meu
pai.
Capítulo 50
A força com que se enterra em mim me tira o ar, sinto minha boceta
pulsar, mas o medo de que seja cruel me toma na mesma intensidade. Sua testa
se cola à minha e ganho uma mordida no lábio inferior que me faz grunhir de
dor, fazendo com que lágrimas escorram dos meus olhos em direção as nossas
bocas unidas.
Anônimus para a mordida e desliza sua língua em meu rosto, primeiro
do lado esquerdo depois do direito.
— Faça, beije, me mostre novamente como isso é bom. — Respirando
fundo confessa o que sentiu quando me teve ainda pequena em meus braços.
— Libélula, ansiei como um demônio ter tido tempo de foder sua boceta
quando te resgatei, queria causar ainda mais medo em você. — Suas palavras
são sussurradas em meu ouvido e arrepiam meus pelos.
Logo ele está com o rosto frente ao meu, repouso uma mão em seu
peito e sinto seu coração bater mais forte, deve estar excitado e inquieto pelo
que está por vir, ansiando apenas por um deslize para então me castigar. Então
eu a vejo, do outro lado, como se estivesse a postos para me salvar, ela me
encoraja, sei que assumiria o comando caso o demônio sobre mim comece a
rasgar minha carne como disse desejar fazer.
Colo nossos lábios e inspiro profundamente implorando mentalmente
que nossos instintos sigam seu curso e que o beijo seja novamente como da
outra vez, perfeito. Peço passagem em sua boca que me é concedida, é
estranho e não parece fazer sentido, mas quando nossas línguas se encontram
uma energia parece percorrer meu corpo. Sugo a sua gemendo pelo que sinto,
minha boceta pulsa e seu pau faz o mesmo dentro de mim.
Roço nossas línguas e o beijo de forma cuidadosa, sugando também
seus lábios inferiores e mordendo de levinho, voltando a beijá-lo com fome.
Anônimus parece ter entendido a dinâmica da coisa e de forma instantânea
parece querer me devorar. Sua pegada é forte e intensa, mas não machuca, não
é como se me castigasse como disse que faria. Tenho meu corpo virado e
nossas posições se invertem.
— Espera. — o pedido acontece quando descola nossas bocas e com
seu membro ainda dentro de mim ele se senta segurando meu corpo pelos
cabelos sem cuidado algum. — Assim, dessa forma tenho acesso a cada
pedaço seu.
— Não me machuque — imploro quando suas mãos apertam meus
seios de forma gostosa.
— Continue beijando como fez que não irei te machucar ainda mais do
que já fiz.
Rebolo e um grunhido escapa de sua garganta.
— Se machucou? — Meu coração bate desesperado no peito.
— Não, estou apenas lutando bravamente para não te partir ao meio,
minha mente batalha por controle e meu corpo deseja isso que me dá.
Não digo nada, permito que siga batalhando sozinho enquanto rebolo e
o puxo para um beijo. Suas mãos apertam minha bunda que ainda está
dolorida, meus pontos repuxam um pouco e sinto umas fisgadas, mas não paro,
não ouso parar, não quero que se afaste de mim. Meu corpo se esfrega no seu,
ele parece disposto a permitir que o use como desejo, e faço sem hesitar. Meus
mamilos estão duros e os esfrego contra ele, indo e voltando, me movimento,
esfregando minha boceta em sua pelve friccionando meu clitóris nele, suas
mãos estão agarradas em minha bunda como se desejasse arrancá-la dali, dói,
mas é prazeroso.
Logo começa a me ajudar nos movimentos aumentando a velocidade
até que começa a me erguer e abaixar, começo a pular em seu colo sendo
guiada por ele, não soltamos nossas bocas em momento algum, estamos
esfomeados e seus grunhidos me mostram que ainda se contém, nossas bocas
descolam em busca de ar, quando ele começa a amaldiçoar e maldizer todo o
inferno, seus gritos são furiosos seguidos de palavrões contra mim, ele me
amaldiçoa e maldiz meu nascimento, maldiz minha geração, maldiz a minha
existência.
— Desgraçada imunda, serpente encantadora de demônios, quero seu
sangue escorrendo sobre meu corpo, quero fazer com você tudo que meus
demônios gritam em minha mente para fazer, eu odeio você, odeio sua voz e a
forma com que ludibria minha mente com seu olhar quase branco, tem olhos
de uma maldita bruxa.
Tudo que ele diz é com raiva, mas em momento algum ele me machuca
de fato, logo para de proferir maldições e permite apenas que seus gemidos
ecoem junto aos meus pelo quarto. Difícil de controlar e excitada pelas
palavras que ele proferiu, gozo gritando seu nome.
Tenho meu corpo virado de bruços sobre o colchão, minhas pernas
abertas e ouço que ele cospe com certeza nos dedos, sinto quando meu cu é
tocado por algo molhado e travo.
— Não vai sair daqui sem que me enterre nesse rabo quente, sei que
gosta de me dar ele, e mesmo que não seja a mulher que gosta da dor como
diz, vai gostar de sentir que me pertence. — Meus cabelos são agarrados e
puxados. — Diga que não quer ter seu rabo cheio com minha porra quente.
— Se eu disser que não quero você vai parar? — pergunto ofegante.
— Não. — Sua resposta vem com a investida forte achando resistência
em meu cu. — Se resistir vai ser mais gostoso para mim, mas por algum
motivo desconhecido estou me controlando aqui, ou você relaxa e goza ou vai
sangrar.
É um alerta, Anônimus está se controlando, a nossa primeira vez ele
estava surpreso, agora se controla, preciso entender que é mais do que ele pode
fazer, então relaxo, e ainda que ela esteja de plateia apenas esperando o
momento certo de agir não o faz, nada do que ele fez até agora é um gatilho
em mim.
Seu pau desliza, a princípio queima e arde, com ele todo dentro de
mim, Anônimus para.
— Filha da puta, quem é você para me fazer contido? — a revolta em
sua voz é nítida. — Por que não devasto tudo enquanto forço minha passagem?
Por que suas correntes me prendem e me seguram?
Rebolo tentando sentir e ainda dói, mas continuo tentando me
acostumar e ele volta a proferir palavras em fúria, pois não se mexe, logo estou
rebolando em seu pau parecendo despertá-lo, suas mãos seguram minha
cintura apoiando ali todo seu peso, saindo e voltando, seus movimentos
continuam contidos enquanto reclamo pela dor, sua mão desliza sob mim
atingindo meu clitóris e meu gemido de prazer é quase um grito, ele mete e
massageia. A pressão que faz é forte e poderosa e quase machuca, o barulho
dos nossos corpos se encontrando arrepia minha pele, sinto que vou ser
devastada por outro orgasmo quando finalmente sou atingida em cheio, então
ele urra gozando junto comigo gritando meu nome e me xingando novamente.
Até que o pulsar de seu pau cesse, ele continua entrando e saindo
diminuindo o ritmo até que seu peso esteja sobre mim. Sinto seu coração bater
poderoso em minhas costas, num sobressalto ele sai de mim virando-me de
costas para o colchão trazendo sua boca até meu ouvido.
— Vou chupar sua boceta, Libélula, até que machuque, vai gozar e
gozar em minha boca.
— Por que quer me castigar?
— Porque esse maldito beijo paralisou todos os meus desejos mais
sombrios com você, ainda vou cortar suas carnes e arrancá-las dos ossos, mas
enquanto não posso fazer isso, preciso descontar a minha frustração em algo e
será em sua boceta.
Antes que consiga pensar em algo, tenho minhas pernas abertas e seus
dentes mordendo meu clitóris fazendo-me gritar, sua língua começa a me
lamber e a dor dá lugar ao prazer, busco por algo que possa me segurar, mas
sua cabeça raspada não me dá isso, pelos próximos minutos tenho três
orgasmos e luto contra a vontade de afastá-lo e o desejo de enfiar ainda mais
seu rosto entre minhas pernas.
Anônimus é um demônio maldito e cruel, mas eu continuo querendo
me fundir a ele.
Capítulo 52
(...)
— Morg meu amor, tio Damian a levará até seu pai, conte-me onde
dói.
— Minhas costas queimam, tio, muito forte, faz minha cabeça doer.
Ele me vira de bruços e volto a chorar pela dor que me atinge.
— Puta merda! Calma, minha pequena.
Ele começa a correr gritando, e recordo-me quando sou pega nos
braços pelo meu pai que chora, a última lembrança que tenho é de alisar
seu rosto e limpar suas lágrimas.
(...)
Logo que chegamos sou levada para perto de todas as mulheres e ele
desaparece junto com todos os outros, apenas os trigêmeos estão aqui e
ainda não entendi o motivo disso.
— Conhecemos esse olhar. — Eros envolve meu ombro com seu
braço.
— Estou tentando entender que tipo de merda está acontecendo.
— Por que diz isso? — Apolo se senta à minha frente.
— Me informem, o que foi dito a vocês para estarem aqui?
— Meu pai pediu apenas para escoltá-la até aqui, não questionamos
suas ordens. — Aquiles arqueia sua sobrancelha e sabe que tem um furo
nisso.
— Tem algo que não se encaixa, chegamos e a minutos atrás
estávamos com as mulheres, minha mãe não está aqui, pelo contrário,
minhas tias informaram que ela já foi para nossa casa junto a tia Gaia e tio
Ícaro.
— O que há de errado nisso?
— Ah, meu caro Eros, a Triglav não se movimenta sem uma
estratégia.
— E essa estratégia seria mantê-la conosco sozinhos enquanto todos
já se direcionam para Belgrado? Ainda não entendo — Apolo pondera. —
Não seria mais fácil levá-la direto para Belgrado?
— Não sou eu quem eles querem aqui, é Anônimus.
— E o que nós temos a ver com isso? — Eros retira sua jaqueta.
— Isso é o que vamos descobrir. — Pego meu telefone e ligo para
meu padrinho.
Espero que chame até que no segundo toque ele atenda.
— Minha princesa, o que deseja? — Sua voz é sempre receptiva e
reconfortante.
— Tenho uma dúvida.
— Sempre direta ao ponto.
— De onde veio o pedido para que os trigêmeos me
acompanhassem até a casa do Isaac?
— Foi um pedido de Atos. Por que, meu amor?
— Só curiosidade. — Tento parecer despretensiosa.
— Está montando as peças, não é?
— Sim.
— Sempre soube que seu pai não falharia com você.
— Obrigada, Dindo, mande um beijo para minha madrinha.
— Assim farei. E, Morgana, muito cuidado com o que está
aprontando.
— Não nos meteria em uma enrascada.
— Não confio em você e muito menos nos trigêmeos que fazem
todas as suas vontades. — Sorrio mesmo sabendo que o que ele diz é
verdade.
— Posso te pedir um presente antecipado?
— Tudo que desejar.
— Só não conte ao meu pai que eu te liguei.
— Morgana... — Seu alerta vem.
— Por favor!
— Tudo bem, tem 48h, depois disso ele será informado, é tudo que
posso oferecer.
— É mais do que suficiente.
Encerro a ligação sobre o olhar atento dos meus três cúmplices.
Sei que esses são os últimos momentos com ela, quando saio vejo
em seus olhos que quer respostas, mas eu não as tenho para dar. Meu ódio
consome meus pensamentos e enquanto estive com ela em meus braços
permiti que o pequeno fragmento de humanidade ainda existisse em mim
apenas por ela.
Mas agora finalmente terei o que desejei por todos os meus malditos
anos, acabar com a vida do Sombra e mostrar que cada dia em que esteve
comigo naquele inferno seria cobrado. Voltarei a ser quem nasci para ser e
nada, nem mesmo a Libélula será capaz de mudar o meu destino.
Um ano depois...
Doze longos meses, os seis primeiros deles meu pai castigou os
trigêmeos e a mim, passamos pelo treinamento de todos os Anjos e só
quando acreditaram estarmos bons o suficiente, fomos aprovados. Uma
semana depois Apolo, Aquiles e Eros voltaram para Roma, pois precisavam
ajudar a Máfia Italiana em uma grande mudança feita pelo seu Don Khan
Espossitto.
Ângelo, o novo chefe da Máfia Sérvia, me aceitou como o Anjo da
Maldade, alcunha dada pelo tio Damian. Apesar de tudo caminhar
conforme eu desejava algo me inquietava, Morgana nunca mais apareceu,
desde que soube que Anônimus a tinha abandonado, mesmo tendo feito
com ela uma aliança de sangue. Vasculhei o maldito mundo atrás dele e
nem mesmo Atos conseguiu esconder de mim que o Obscuro que eu
conhecia havia morrido.
Meu pai por vezes questiona o motivo de ela ter sumido, mas não
insiste muito, já que sabe que pode estar demonstrando que não me quer em
detrimento dela, jamais contarei a ele o motivo real, é algo apenas dela e só
ela poder revelar a ele. Eu sinto que finalmente minha vida encontrou
algum sentido. Não vou negar que sinto falta daquele desgraçado maldito e
mesmo com alguns homens tentando se aproximar de mim, penso que
jamais irei conseguir ser tocada por outro além dele e isso me enfurece
ainda mais.
Como aquele demônio morre e não me leva para seu inferno?
— Maldito! — Cuspo as palavras enquanto caminho rumo aos
subterrâneos. Preciso me apresentar para a nova missão e estou louca para
arrancar os corações dos desgraçados que ousaram interceptar a nossa
última carga de drogas.
Todos os homens que me veem curvam levemente suas cabeças em
respeito, algo que apesar de vir dos meus tios e pai, conquistei por ser quem
agora eu sou. Os saltos das minhas botas batendo contra o chão faz um
barulho engraçado, enquanto me aproximo da bifurcação que irá me levar
até o centro de treinamento no subsolo, quando meus olhos não acreditam
no que veem. Meu corpo inteiro tem os pelos eriçados de raiva e com a
fúria borbulhando corro em sua direção lançando meus dois pés em seu
peito, jogando o corpo do maldito Obscuro longe, deixando o cão ao seu
lado em estado linha de ataque.
Antes que ele corra até mim com aqueles olhos azuis assassinos um
assovio acontece e seu nome é chamado.
— Anúbis!
— Você está vivo? — esbravejo enquanto se coloca à minha frente
em posição de ataque.
— Recue! — Meu coração bate acelerado.
— Recuar? Vai me dizer onde diabos esteve por todos esses meses?
— Não quero te tocar, é uma mulher Triglav, não posso nem mesmo
olhá-la.
— Nem no inferno, não pode me olhar? Você já me fodeu, seu
demônio maldito!
Parto para cima dele e começamos a lutar, enquanto ataco, ele
apenas se defende, juro por todos os demônios que mato esse filho da puta
maldito.
— Ela desapareceu por sua causa! — grito socando seu estômago
num momento em que ele baixou sua guarda.
— Recue.
— Isso é tudo que tem para me dizer depois de lhe dizer que me
pertencia como você também me pertencia? — Puxo os dois bastões
alongando-os em um único movimento.
— Não sei do que está falando.
— Ah, então eu vou te lembrar.
Começo a atacá-lo enquanto o cão late alucinado, aguardando
apenas uma ordem dele. De forma simultânea vou acertando e recuando
enquanto ele avança para me afastar e recua para não me bater.
— Lute como um Obscuro! — Meu ódio ultrapassou todos os níveis
e minha sanidade parece ter me abandonado.
— Morgana, já chega! — meu pai grita e o vejo paralisar. Ofegante,
me mantenho parada, ansiando por cravar minha faca em sua garganta.
— Você a tocou? — meu pai agora esbraveja furioso, segurando
Anônimus pela máscara.
— Não, senhor. — Sua resposta me deixa louca.
— O quê? Você tirou a minha virgindade na sua casa! — grito
furiosa.
— Puta que pariu! — tio Dusham fala e então percebo que os quatro
Anjos estavam vendo toda essa merda.
— Vou matá-lo. — Meu pai arma um soco e Anônimus nem mesmo
reage.
Quando o soco o atinge ele cai no chão e meu pai como um touro
parte para cima dele socando e socando sem que ele reaja, meu desespero
me toma por completo e grito para que meu pai pare, mas ele não me ouve,
não neste momento. Os socos são desferidos de forma violenta enquanto o
cão continua latindo e meus tios me seguram.
— Me soltem, ele vai matá-lo! — Tento me desvencilhar, mas sou
impedida.
— Levem ela daqui, vou mostrar a todos neste lugar que não se
pode desobedecer a uma ordem minha.
Enquanto tio Dimitri me arrasta dali, vejo meu pai se levantar
arrastando Anônimus pelo chão desmaiado e sei para onde ele vai levá-lo,
para o subterrâneo.
Capítulo 69
Assim que guardo tudo que ela utilizou para cuidar dos meus
ferimentos, volto para o quarto deixando toda a luz de fora entrar, com
cuidado pego sua mão puxando-a para colocá-la em pé no chão.
Com seus olhos brilhando de uma forma que jamais havia visto ela
sorri quando meus dedos tocam seu corpo, sem pressa começo a tirar todo
tecido que a esconde de mim fazendo minha boca salivar ao ver seus seios
redondos e pesados. Ajoelho na sua frente tirando a sua bota e em seguida
sua calça junto a sua calcinha minúscula.
Aproximo meu rosto de sua boceta inalando seu cheiro de mulher
excitada, meu pau já está duro e desesperado por me enterrar nela, mas
preciso venerá-la um pouco mais. Com meus dedos abro um pouco suas
dobras passando a ponta da minha língua em seu clitóris e o gemido que ela
solta é como música atingindo meus ouvidos.
Desesperado para analisar cada um dos seus gestos, olho para ela
enquanto deslizo minhas mãos pelo seu corpo subindo até seus seios que
são cobertos completamente pelas minhas mãos que parecem buscar tocar e
memorizar cada pedaço percorrido.
— Anônimus... — Meu nome sai de forma sôfrega de seus lábios
quando me ergo puxando sua boca para um beijo demorado sem me
importar com os meus machucados. Neste momento é tudo sobre seu corpo
no meu enquanto a claridade me permite ver tudo que desejei.
Com a mão em sua coxa a puxo para cima tendo suas pernas
envolvendo minha cintura e um grunhido escapa quando sua boceta aberta
acomoda meu pau contra a minha pelve. Sinto o rebolar gostoso e incontido
que ela inicia. Sigo caminhando com ela até a parede mais próxima
prendendo seu corpo contra ela, enquanto minha mão posiciona meu
membro em sua entrada deslizando minha glande pelas suas carnes
molhadas.
— Por favor!
— Me diga pelo que implora. — Colo minha testa na sua contendo
todo o maldito inferno dentro de mim que me puxa com força para que seja
o que sempre sou, mas nunca serei com ela.
— Não me torture, preciso de você dentro de mim. — Como se suas
palavras fossem a chave que destrava todas as minhas portas, meto de uma
só vez meu pau em sua boceta, o que arranca de mim um rosnado de prazer
que jamais havia soltado.
Parece que hoje Morgana está me dando muitas primeiras vezes. A
cada estocada ela geme deliciosamente para mim, não tiro meus olhos dos
seus e continuo me movimentando enquanto ela se perde nas sensações que
eu lhe causo, e isso me torna o demônio mais possessivo do mundo,
ninguém jamais vai ouvir seus gemidos além de mim.
Nossos corpos buscam por mais do outro quando sinto que minha
temperatura aumenta e algo percorre minhas costas se concentrando na
minha lombar. Eu me esfrego um pouco mais e sigo metendo, aumentando
agora o ritmo estipulado, suas unhas se cravam em minha nuca e isso é o
início do meu fim.
— Goza no meu pau, Libélula.
— Não para, está me guiando ao orgasmo mais intenso que já senti.
Continuo aumentando a força das arremetidas quando seu corpo
começa a sofrer pelos espasmos de seu gozo.
— Abra seus olhos, os mantenha em mim, quero ver o prazer que te
dou através deles. — Obedecendo minha ordem ela os abre e assim que os
vejo, gozo forçando os meus olhos a permanecerem abertos.
A minha vontade agora é de me fundir a ela, permanecer aqui para
sempre sem jamais precisar me afastar.
Estou com ela sobre meu peito alisando seus cabelos, sei que ela
está exausta depois de algumas rodadas de sexo onde em duas delas ela
gozou mordendo as fronhas dos travesseiros enquanto a chupava com fome.
— Quando encarei a minha situação tive medo. — Inicio a conversa
confessando. — Então escolhi me afastar, mas para isso precisava te
esquecer, de outra forma não conseguiria e esse foi meu maior erro. — Seus
olhos agora estão em mim.
— Acreditei que tinha morrido.
— Eu nunca me considerei um ser vivo, Morgana, existia para servir
e não sei se consigo ser alguém diferente disso.
— Podemos viver como antes.
— Sim, agora eu sei que sim, mas enquanto estávamos lá eu lutava
constantemente para não ser com você o que eu nasci para ser.
— Não pode acreditar que é o que fizeram de você.
— Nunca conheci outra versão. — Beijo sua testa.
— Apenas permita que eu lhe ensine a caminhar por novos
caminhos.
— Estou disposto a viver isso com você.
— Preciso que me prometa uma coisa.
— Tudo que você quiser.
— Quando sentir que é tudo demais para você, me peça por ela.
— Não posso machucar você.
— Não vai me machucar, vai satisfazê-la. — Suas palavras são
firmes. — Somos um complemento, Anônimus, não precisa ser com ela
como é comigo, e ainda que pareça loucura quando satisfaz a mim ou a ela,
você dá prazer às duas.
— Eu prometo, ainda mais porque ela me garantiu que iria me
alimentar.
— Ela não é alguém que não cumpre suas promessas.
— Agora preciso levá-la para casa, conversar com seus pais e depois
com o mestre.
— Não precisa chamá-lo assim, você é um homem livre, Anônimus.
— É apenas costume, ele mesmo me disse para não o chamar mais
assim, quanto a ser um homem livre, nesta parte eu me recuso, estou preso a
todas as correntes que me guiam até você.
Seu sorriso lindo aparece e faz com que eu entenda que aquela
queimação no meu peito é o mais intenso de todos os sentimentos, eu só
não sabia ainda nominar o amor.
Estou sentada olhando para a chuva que cai forte do lado de fora
enquanto Anúbis tem sua cabeça repousando em meu colo, por algum
motivo ela decidiu sumir em um dia que os demônios de Anônimus
pareciam indomados, senti seu medo e seu desespero e pude ser o que ele
precisava, mas agora as coisas se acalmaram e tudo voltará a ser como tem
que ser.
Ainda imagino como deva ser seu rosto, nunca o vi, ela me diz que
ele é lindo como um anjo, mas tenho ciência que esta versão dele não seja
para alguém como eu. Respiro fundo fechando meus olhos com força,
tentando tirar essas ideias da cabeça, eu sempre desejei o seu pior lado, não
seria agora que receberia dele o que acredito ser somente para ela.
— Morgana. — O tom poderoso de sua voz me busca pela casa.
— Estou aqui! — grito sem me dar ao trabalho de me levantar, enfio
meus pensamentos secretos no lugar de onde jamais deveriam ter saído.
— Quero você na academia, agora! — sua ordem soa com urgência
e meu corpo entra em estado de alerta.
Caminho pela casa, preguiçosa, acredito que tenha lhe ensinado
sobre poder e domínio e isso é divertido de ver, Anônimus é um homem
insano e sem sentimentos, ao menos não os usa comigo e irritá-lo é a minha
forma de tirar dele toda a camada fria que o envolve.
Abro a porta encontrando a escuridão e não sei que jogo macabro é
esse que ele quer jogar agora, já que faz pouco tempo que me recuperei
completamente das rodadas alucinantes de sexo selvagem. De forma
inesperada meu corpo é lançado contra a parede e tenho meu pescoço preso
pela sua mão.
— Conte-me seu segredo mais profundo. — Não o enxergo, mas seu
questionamento arrepia meus pelos, ele não pode saber o que desejo.
— Não tenho nenhum.
— Não minta para mim! — Tenciono um pouco mais meu corpo.
— Por que mentiria?
— Tenho te visto e sei o que quer, então vou ordenar novamente,
conte-me seu desejo mais profundo. — Meu coração bate disparado contra
o peito fechando meus olhos com força.
— Anônimus. — Sinto que uma lágrima escorre em meu rosto,
enquanto tento persuadi-lo.
— Libélula perversa. — Seus dedos alisam meu rosto sem que solte
o agarre. — Não seja uma garota má.
— É justamente tudo que consigo ser. — Sorrio tentando manter a
calma, Anônimus não lê mentes.
— Chegamos em um ponto onde preciso te mostrar quem manda em
quem, bem como será meu tratamento com você, como desejo que descubra
tudo o que apenas você e mais ninguém recebe de mim, dessa minha versão
torta, sombria e distorcida.
— Eu conheço cada nuance dessa maldade, Anônimus.
— Este é o momento em que você a conhece por completo. —
Engulo o nó que se forma em minha garganta ainda que meu corpo ferva
em antecipação.
Sua mão sai do meu pescoço e me forço a pôr o ar para dentro,
quando a luz baixa se acende revelando a máscara dourada e olhar
assassino.
— Eu vejo você, Morgana, seus pensamentos são meus e conheço
cada um deles, acha que não sei que acredita que apenas me preocupo com
a Morg? Que apenas para ela entrego o meu melhor lado e revelo o rosto
que abomino? — Não entendo suas palavras. — Diga-me o que sente por
este demônio?
— Sabe que apenas preciso domá-lo para ela. — Minha voz quase
vacila.
— Não minta para mim! — Soca a parede com força. — Pare de
mentir para si mesma. — Essa última frase sussurra em meu ouvido
colando seu corpo ao meu me, fazendo sentir seu membro duro tocar minha
barriga. — Diga, revele o que sente.
— Eu te amo — sussurro baixinho. — E desejo que sinta o mesmo
por mim, da mesma forma que sente por ela. — Todas as minhas barreiras
caem neste momento, estou completamente exposta.
A luz se acende completamente.
— Tão medrosa. Se não te conhecesse diria que é a Morg à minha
frente. — Ele beija minha testa com a máscara. — Não existe distinção no
que sinto aqui. — Aponta para o peito. — Tem a mesma intensidade para
ambas.
— É...
— Não precisa dizer nada, Libélula perversa apenas preciso que
confie no que digo, já te disse que não minto e não faria isso.
Devagar o vejo retirar a máscara e tudo acontece em câmera lenta,
meu coração bate na garganta e nem sei o que pensar, amo a loucura do
sexo quase assassino que temos, a forma com que me leva ao limite e não
desejo que seja de outra forma, mas queria o depois, o que ele só dá a ela.
— Você é lindo! — Levo meus dedos ao seu rosto perfeito e nem
mesmo a linha fina da sua cicatriz modifica sua perfeição.
Quando sente meu toque, fecha seus olhos permitindo que o
reconheça. Novamente ele foca em mim e sorri, um sorriso completo
daqueles que fazem o coração errar a batida e o deixa ainda mais perfeito.
— Um dia me disse que eu iria me ajoelhar implorando por perdão.
— Não acredito quando o vejo ajoelhar-se aos meus pés. — Perdoe-me, por
acreditar que a fortaleza jamais iria desmoronar, quando disse que vejo, não
minto, o que sinto e desejo, Morgana, é de igual intensidade e tamanho por
vocês. Quando resetei minha mente foi para protegê-las e sei que entende o
significado de me ter ajoelhado sem máscara na sua frente, não existe
diferença. Guarde todo este momento em sua memória porque sei que a
minha perversa não é dada a cenas como esta. — Concordo chorando. —
Meu rosto sempre será visto apenas por vocês e ninguém mais. — Suas
mãos seguem para minha cintura. — Quer sexo lento e calmo? — Sua
pergunta me surpreende, mas nego com a cabeça e ele sorri de canto e
apesar de ver todos os seus demônios nos rodearem sorrio para ele. — Terá
de mim exatamente o que deseja, porque assim como vocês tenho facilidade
de mudar.
— Não sei o que dizer.
— Apenas aceite ser o meu elo. — Sinto uma energia atravessar
meu corpo enquanto seus olhos esperam pela minha resposta. — Quero
fazer com você uma aliança de sangue.
— Aceito. — Ganho um beijo na barriga e depois o vejo afundar o
rosto nela.
Com sua língua deslizando em minha pele enquanto se coloca em
pé, novamente a luz se apaga e o som de um isqueiro traz a chama que é
lançada no meio da academia acendendo assim um círculo de fogo.
Seus braços me envolvem em um abraço por trás enquanto meu
corpo pega fogo.
— Seja bem-vinda à nossa aliança de sangue.
Não existe palavras para descrever o que é ter este momento com
ele, Anônimus conduz tudo com perfeição realizando a cerimônia enquanto
ligamos nossas almas. Quando finalizamos tudo meu corpo é levado ao
limite do prazer e da dor, com toda certeza meus gritos ecoam pela mata e
todos conseguem ouvir, até mesmo na maldita lua como um demônio fode
de forma animal me dando toda a dor e prazer que posso suportar.
Quase desmaiada e oscilando entre o real e o mundo dos sonhos é
ele que nos dá banho, cuidando do meu corpo ensanguentado com
delicadeza e cuidado, levando-me até à cama, deitando-me sobre ela
enquanto sinto seu corpo quente se colar ao meu.
— Te darei tudo que sempre desejar, jamais esconda seus
sentimentos de mim, meu elo, e sim, nós sempre estaremos juntos. —
Ganho um beijo na têmpora sentindo seus braços me envolverem e isso é
tudo que me lembro após fechar meus olhos.
15 anos depois...
Saio da cama com cuidado para não acordá-las. Morgana dorme
abraçada a Anúbis que já está velha demais e sofre de Alzheimer canino e
só se acalma nos braços dela, eu entendo seus motivos, porque acontece o
mesmo comigo, apenas ela me acalma. Sorrio para as duas que dormem
tranquilas beijando o rosto da minha Morg, enquanto saio dali. Caminho
pela casa vistoriando todas as entradas e saídas pelo tablet, confirmando
que minha Libélula está em local seguro, é assim desde que chegamos aqui.
Com o passar do tempo ela me ensinou a ler e escrever, a mexer com as
tecnologias e eu a ensinei a atirar apesar do seu medo de armas de fogo.
Nós não saímos daqui, e ampliamos a casa que agora se estende até
a cachoeira que Morgana ama, o local se tornou um complexo grande e nós
mantemos tudo limpo e organizado. Ninguém entra ou sai que não seja da
sua família, com o passar dos anos ela conseguiu conhecer seus tios e se
apresentar, mas de uma forma controlada e aqui em nossa casa sendo um
casal por vez, junto aos seus pais.
Morgana faz acompanhamento com uma equipe especializada que
conhece seu caso e me explicou que a forma com que elas se comunicam e
interagem não é de todo comum, mas que para elas funcionam e assim
continuaria sendo.
Por quase dois anos a sua versão perversa e cheia de maldade ficou
escondida e soube que isso é normal acontecer, já que ela se sentia segura
comigo e o seu objetivo de vida é proteger minha libélula mais frágil.
Porém em um dia onde meus demônios escaparam do inferno, eu precisava
dela, e quando informei isso, todos os alertas foram ligados e ela apareceu
muito perversa para me alimentar e segundo ela me mostrar a quem eu
pertencia. Por dois meses fomos apenas nós e quando nossos corpos não
aguentavam mais e meus demônios recuaram eu cuidei dela até que não
existisse dor alguma para que sua versão mais doce voltasse.
Com o passar dos anos, essa troca começou a acontecer de forma
mais fácil, era como se durante o dia eu convivesse com uma e a noite ia
dormir com outra, eu sabia quem era quem pelo bom dia que dava e dessa
forma funcionou muito bem para todos nós. Fizemos trabalhos e incursões
em alguns lugares do mundo e me excitava muito ver o Anjo da Maldade
agir, sempre fodíamos como demônios sedentos sem cuidado algum e em
qualquer buraco que nos enfiássemos, mas nos últimos anos até mesmo eu
tenho me tornado um homem mais contido, e isso tem permitido que a
minha libélula perversa se mantenha afastada e mais reclusa, segundo ela
sua existência era para proteger a alma delicada de Morgana e isso estou
fazendo com muita destreza.
Eu terminava de enviar uma mensagem para Darko informando a
ele que nós iremos sim passar as festas de final de ano junto com eles na
casa das montanhas na Romênia, Morgana decidiu que depois de alguns
anos poderemos fazer essa viagem, quando ouço os gritos dela chamando
por mim.
— Anônimus!
— Estou no escritório! — respondo fechando o notebook.
A porta se abre quando uma Morgana cheia de perversidade e muita
safadeza nos olhos atravessa por ela.
— Coloque isto. — A minha máscara é lançada em minha direção.
— E posso saber o motivo disso? — questiono, colocando a
máscara em meu rosto, já sabendo onde isso vai dar.
— Está na hora de alimentar o meu demônio e desejo que ele esteja
faminto.
— Esteja pronta para ter seu corpo arrastado pelos ganchos até que
seja suspenso e fodida como a cadela imunda que é.
O brilho em seus olhos me diz que é exatamente isso que deseja que
eu faça, caminho apressado até ela colocando a minha máscara, jogando-a
nos ombros e a levando para o lugar onde nossos infernos queimam juntos.
SOBRE A AUTORA
Dani Medina descobriu sua paixão pela escrita quando num
momento fora da curva sua vida deu um giro de 360º. Casada, mãe de pet,
hoje se sente realizada com o caminho que decidiu trilhar. Os obstáculos
existem, mas pela primeira vez em muitos anos os desafios são encarados
com euforia. Noites de sono perdidas enquanto seus personagens decidem
lhe contar suas histórias, fazem com que se mantenha firme no propósito de
continuar criando. Sua única expectativa é gerar em você, leitor, a
experiência de vivenciar paixões avassaladoras, amores intensos, e tudo isso
de várias formas diferentes, seja no dark romance, onde os anti-heróis que
amamos descobrem seus pontos fracos ou digamos o amor, e/ou nos
romances clichês que fazem nossos corações se aquecerem. Ao final, o seu
único intuito é fazer com que você se apaixone e viaje a cada página lida.
Siga a autora no Instagram @danimedina_autora
OUTRAS OBRAS
[2]
Transtorno caracterizado pela presença de dois ou mais estados de personalidade distintos. O
transtorno dissociativo de personalidade, chamado antigamente de dupla personalidade, geralmente é
uma reação a um trauma como forma de ajudar uma pessoa a evitar memórias ruins.
[3]
Um dos sete príncipes do inferno, o príncipe da ira. Alcunha de Stefan, antigo chefe da
Máfia Sérvia Triglav, protagonista do livro Uma virgem para o CEO mafioso.
[4]
Um dos sete príncipes do inferno, o príncipe da luxúria. Alcunha de Ângelo, atual chefe
da Máfia Sérvia Triglav, protagonista do livro Aliança de Sangue.
[5]
Um gêiser surge quando a água superficial penetra no subsolo e entra em contato com
rochas vulcânicas extremamente quentes. Nesse processo, a água vai se aquecendo aos poucos,
quando alcança cerca de 100 °C, a pressão aumenta e parte da água se transforma em vapor.
[6]
Ingelosi emnyama, anjo negro em Zulu.
[7]
O idioma zulu, que incorpora sons de clique, é falado na província de KwaZulu-Natal,
na África do Sul. Tem o maior número de falantes nativos entre todas as 11 línguas oficiais da África
do Sul. Além disso, também é falado em Suazilândia, Botsuana, Lesoto, Malawi e Moçambique.
[8]
Eu amo você em Zulu.
[9]
Ceifeiro em Italiano.
[10]
Curativo estéril com filamentos de poliéster, que promove a cicatrização de pele de
maneira fácil e rápida.
[11]
A cidade de Zurique, centro bancário e financeiro internacional, fica no extremo norte
do lago Zurique, no norte da Suíça.
[12]
A pessoa com fobia social se preocupa com o fato de que suas ações sejam
consideradas inadequadas. Em geral, ela teme que sua ansiedade se torne óbvia, pois acredita que irá
transpirar em excesso, apresentar rubor facial, vomitar, tremer ou gaguejar.
[13]
A Cidade do Cabo é a capital legislativa da África do Sul desde 1910.
[14]
Lamparina: utensílio destinado a aquecer em pequenas proporções análises que
requerem pouco calor. Consiste num reservatório, onde é colocado um líquido combustível, onde
mergulha um cordão, por onde o líquido sobe, para ser queimado na outra extremidade (pavio).
[15]
Pretória (Tshwane), na província Gauteng, é a capital administrativa da África do Sul.
[16]
Marcas de Terror, em inglês.
[17]
Estrela da noite, em inglês.
[18]
Demônios da noite, em Zulu.
[19]
A técnica de eletroconvulsoterapia (TEC) consegue marcar a lembrança de um
momento ruim na vida do paciente e a destrói. Os choques elétricos são estrategicamente
cronometrados para que o cérebro acabe com as lembranças desagradáveis após uma convulsão
induzida.