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Intoxicações por Analgésicos

(AINEs e Opióides)

Farmacotoxicologia

Dr. Manuel Américo Canivete


UCM – FCS
AINEs
• Os agentes anti-inflamatórios não-esteróidais inibem
a actividade das enzimas ciclooxigenases (COX-1 e
COX-2), que são necessárias para a produção de
prostaglandinas.
• A maioria dos componentes deste grupo
compartilham as três acções que os definem
(analgésica, antitérmica e anti-inflamatória)
– Salicilatos (ácido acetilsalicílico)
– Para-aminofenois (Paracetamol)
– Ácidos propiónicos (Ibuprofeno)
Salicilatos (ácido acetilsalicílico)

• A ingestão aguda de 200mg/kg provavelmente


produzira envenenamento.
• O envenenamento produz desacoplamento da
fosforilação oxidativa mitocondrial com
inibição das desidrogenases e
aminotransferases, e distúrbios do
metabolismo celular normal.
Salicilatos (ácido acetilsalicílico)

• Hiperventilação e alcalose respiratória causada


por estimulação bulbar.
• Acidose metabólica e aumento do intervalo
aniónico por acumulo de lactato e excreção de
bicarbonato para compensar a alcalose
respiratória.
• Elevação da temperatura corporal por
desacoplamento da fosforilação oxidativa.
Salicilatos (ácido acetilsalicílico)

• Vómitos diarreia e hipertermia contribuem


para perda de líquidos e desidratação.

• Nos envenenamentos muito grave: acidose


metabólica profunda, crises convulsivas,
coma, edema pulmonar e colapso
cardiovascular.

• Hipoprotrombinemia, inibição dos factores


VII, IX e X, disfunção plaquetária.
Salicilatos (ácido acetilsalicílico)
• Apos a ingestão maciça de AAS (100 comp), aconselha-
se descontaminação gastrintestinal agressiva, lavagem
gástrica e doses repetidas de carvão activado e
realização de irrigação intestinal.

• Para intoxicação moderada, administra-se bicarbonato


de sódio (i.v.) para alcalinizar a urina e promover
excreção de salicilatos.

• Para intoxicações graves, indica-se hemodialise de


emergência e restauração do equilíbrio acido-base e
hidroelectrolitico.
Salicilatos (ácido acetilsalicílico)

• Carvão activado: adsorve as substancias


toxicas na superfície das suas partículas de
forma quase irreversível e excreta pelas
fezes.
• Interrompe a circulação enterohepática dos
fármacos e aumenta a difusão das
substancias químicas no trato
gastrointestinal.
Para-aminofenois (Paracetamol)
• A ingestão aguda de mais de 150 a 200mg/kg (crianças) ou
de 7g (adultos) é considerada potencialmente toxica. Um
metabolito altamente toxico é produzido no fígado.

• No inicio é assintomático ou apresenta sintomas


gastrintestinais leves (náuseas e vómitos)
• Apos 24h a 36h, surgem evidencias de lesão hepática com
aumento da aminotransferase e hipoprotrombinemia.

• Nos casos graves, há falência hepática fulminante levando


a encefalopatia hepática e morte. Insuficiência renal
Para-aminofenois (Paracetamol)

• O antidoto acetilcisteína, actua como um


substituto da glutationa, ligando-se ao
metabolito toxico a medida que é
produzida. Nas primeiras 8 a 10h.
• (N-acetilbenzoquinoneimida)

• Na insuficiência hepática fulminante pode


haver necessidade de transplante de fígado.
Ácidos propiónicos (Ibuprofeno)

• Os efeitos tóxicos pode ser severos quando as


doses excedem 400mg/kg.
• Hemorragias gastrintestinais, dispepsia,
hepatite induzida pelo ibuprofeno, retenção
urinaria, síndrome nefrótico e necrose tubular,
edema periférico, trombocitopenia,
neutropenia, sonolência, desorientação,
acidose metabólica, prolongar o tempo de
protrombina, exacerbar asma em asmáticos.
Ácidos propiónicos (Ibuprofeno)

• Não há um antidoto especifico, o tratamento é


sintomático e de suporte.
• Manutenção das vias aéreas;
• Promover esvaziamento gástrico induzindo o vomito
ou lavagem gástrica e manter a diurese;
• Carvão activado no caso de ingestão de quantidades
potencialmente toxicas no intervalo de 1h.
• Se ocorrem convulsões frequentes:
diazepam/lorazepam.
• Broncodilatadores nos casos de broncoespasmos.
Opióides

• Os Opióides (morfina, codeína, etc) são


substancias comumente consumidas de forma
abusiva.

• Os efeitos tóxicos directos que representam


extensões farmacológicas agudas consistem
em depressão respiratória, náuseas, vómitos,
constipação intestinal e coma.
Opióides

• O uso de antagonistas não deve adiar a


instituição de outras medidas terapêuticas, em
particular suporte respiratório.

• Antidoto: naloxona – parece deslocar


competitivamente os analgésicos opióides dos
receptores inibindo seus efeitos.

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