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DIREITO TRIBUTÁRIO II

Prescrição e decadência
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA NO DIREITO TRIBUTÁRIO. Art. 156, V; art. 150, § 4º; art. 173, e; art. 174, CTN.

1) ORIGEM DOS INSTITUTOS. Princípio da segurança jurídica. Direito Civil. Assumem características peculiares no Direito Tributário.

2) ELEMENTOS ESSENCIAIS. Decurso do Tempo e inércia do titular do direito.

3) DECADÊNCIA. CONCEITO. Perda do direito do Estado de efetuar o lançamento e constituir o CT, pelo decurso do tempo.

4) PRESCRIÇÃO. CONCEITO. Perda da pretensão do Estado de ajuizar a execução fiscal em função do decurso do tempo.

5) MODALIDADES DE EXTINÇÃO DO CT. Art. 156, V, CTN. O direito de a FP lançar é potestativo, sujeitando-se à decadência. O direito de a FP
receber o valor lançado é prestacional, sujeitando-se à prescrição.

6) CRÍTICA DOUTRINÁRIA À INCLUSÃO DA DECADÊNCIA COMO FORMA DE EXTINÇÃO DO CT. Ficaria melhor classificada como forma de
exclusão do CT. *Parte da doutrina defende a decadência como forma de extinção do CT, afirmando que, na verdade, a decadência
extingue o vínculo obrigacional.

7) PECULIARIDADES. Decadência. Atinge o direito material e a pretensão do Fisco. Prescrição. Extingue o direito de ação e o próprio crédito.
Prescrição e decadência
8) PRAZOS DECADENCIAL E PRESCRICIONAL. Período de tempo compreendido entre o termo inicial (a quo) e o termo final
(ad quem)

8.1) DECADÊNCIA. Termos iniciais diferentes, dependendo da regra. O termo final é a notificação do lançamento ao
contribuinte.

8.1.1) REGRAS DE CONTAGEM DO PRAZO.

a) Regra geral. Art. 173, I, CTN. Tributos sujeitos a lançamento de ofício, por declaração ou por homologação, quando não
há antecipação do pagamento (Súmula 219, antigo TFR).

2010 Início do prazo decadencial


1º de janeiro – 5 anos
ocorrência do FG 2011 (termo inicial) 31.12.2015 (termo final)

IPTU, p. ex. A FP deveria ter lançado em 2010. Súmula 397, STJ.


Prescrição e decadência
b) Art. 173, II, CTN. Anulação do lançamento decorrente de vício formal. P. ex. Vício de incompetência, insuficiência ou ausência de
fundamentação, ausência da assinatura da autoridade fiscal etc.

2016 PAT/PAF (art. 151, III, CTN)


*interrupção do prazo decadencial início do prazo decadencial
(art. 173, II, CTN) 5 anos
ocorrência do FG 2017 2019 2024
(lançamento com vício formal) (anulação do lançamento por vício de forma)

c) Art. 173, p. único, CTN. Ocorrência de qualquer medida preparatória do lançamento. “Regra da antecipação da contagem”. Não
há interrupção do prazo decadencial, como no art. 173, II, CTN, mas antecipação do termo inicial para contagem do prazo
decadencial.

início do prazo decadencial (5 anos)


ocorrência do FG termo de início da fiscalização (análise escrituras, p.ex.) termo final 05.07.2005.
(ano de 2000) (06.07.2000) *Em 01.01.2001 se iniciaria a contagem do prazo decadencial do art. 173, I.
Prescrição e decadência
d) Art. 150, § 4º, CTN. Tributos sujeitos a lançamento por homologação.
d.1) Não ocorrendo pagamento antecipado. Aplicação da regra do art. 173, I, CTN. Não há o que homologar.
Súmula 219, TFR. “Não havendo antecipação de pagamento, o direito de constituir o crédito previdenciário extingue-se decorrido cinco anos do primeiro dia do
exercício seguinte aquele em que ocorreu o fato gerador.”
STJ. Tributo declarado e não pago constitui o CT no momento da entrega da declaração (confissão de dívida), permitindo que a FP promova a inscrição em DA e
ajuíze a execução fiscal.
Súmula 436. A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte
do fisco.
Súmula 446. Declarado e não pago o débito tributário pelo contribuinte, é legítima a recusa de expedição de certidão negativa ou positiva com efeito de negativa.
d.2) Contribuinte busca reduzir o prazo decadencial praticando atos com dolo, fraude ou simulação. O Fisco recusa a homologação e efetua o lançamento de
ofício. Art. 173, I, CTN. P. ex. Contribuinte do ISSQN altera a data da ocorrência do FG nos seus livros fiscais e nas notas emitidas para encurtar o prazo decadencial.
d.3) Ocorreu pagamento antecipado. Art. 150, § 4º, CTN. P. ex. IRPF, IPI, ISSQN etc. Pagamento antecipado pelo sujeito passivo, sem prévia análise do Ente
tributante. Homologação expressa ou tácita.
10.05.2007 pagamento antecipado (10.07.2008)
ocorrência do FG (ISSQN). termo final p/ revisão do lançamento 09.05.2012.
Início do prazo decadencial.
Prescrição e decadência
8.2) Termo inicial e termo final. Art. 174, caput, CTN.

“Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua
constituição definitiva.
Parágrafo único. A prescrição se interrompe:
I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005)
II - pelo protesto judicial;
III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo
devedor.”

8.2.1) Constituição definitiva do CT. A) Sujeito passivo notificado do lançamento, no dia seguinte ao vencimento,
se não pagou e não impugnou; B) publicação da decisão administrativa irreformável favorável à FP.

constituição definitiva do CT
5 anos
termo inicial 16.01.19
CASO CONCRETO.
Em 10/05/2010, a fiscalização estadual lavrou auto de infração e notificou a empresa COMÉRCIO DE BRINQUEDOS EDUCATIVOS ABC LTDA. para
recolher ICMS relativo a fatos geradores ocorridos no período de 01/06/2008 a 31/12/2008. Este tributo deveria ter sido recolhido, conforme
legislação estadual até o dia 10 do mês subsequente à data da ocorrência do fato gerador. A notificada impugnou, sem sucesso, a autuação e
recorreu tempestivamente ao Conselho de Contribuintes, em 20/06/2010. Em face da sobrecarga de processos na 2a. instância administrativa,
o recurso restou paralisado, sem qualquer despacho nem petição das partes, até 20/09/2010, vindo a ser julgado, também desfavoravelmente
ao contribuinte, em 10/10/2010. Publicada a decisão (e o aresto unânime) em 15/10/2010, foi a sociedade dela notificada, esgotando-se o
prazo para pagar o débito em 22/10/2010. Não advindo pagamento nem pedido de parcelamento, foi o crédito tributário inscrito em dívida
ativa, em 22/11/2016, vindo, contudo, a execução fiscal a ser ajuizada somente em 29/11/2016. Citada, a executada ofereceu bens suficientes à
penhora e, efetuada esta, ajuizou embargos à execução, alegando haver ocorrido a decadência e, ad argumentandum, a prescrição. Pergunta-
se: a) Procede a alegação de decadência? Se positivo, quando ocorreu? b) Procede a alegação de prescrição? Se positivo, em que data teria
ocorrido? c) Quais as causas de suspensão e as de interrupção do prazo prescricional da ação de cobrança do crédito tributário? (Mencione os
dispositivos legais) d) Esgotado o prazo prescricional dessa ação, o que se extingue? e) A prescrição pode ser reconhecida de ofício pelo juízo?
Respostas fundamentadas
a) Não se consumou a caducidade, pois o lançamento se deu antes de esgotado o quinquênio (CTN, art.173). b) Ocorreu prescrição, nos termos
do artigo 174, caput do Código Tributário Nacional, já que entre a data da notificação da decisão definitiva do Conselho de Contribuintes e o
ajuizamento da execução fiscal, transcorreram mais de cinco anos. c) Causas de suspensão: CTN, art. 151; Lei 6.830, art. 2o., § 3o., e art. 40).
Causas de interrupção: CTN, art. 174, p. único; Lei 6.830/80, art. 8o., § 2o , c/c CTN, art. 174, p. único (LC 118/05). d) Segundo a opinião
majoritária, a prescrição tributária extingue a ação e o próprio crédito, ou seja, o direito processual e o direito material (CTN, art. 156, V). e)
Nos termos do art. 921 §5º do CPC/2015, é possível o reconhecimento de ofício da prescrição.

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