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PARTO VAGINAL

INSTRUMENTADO
(FÓRCEPS)

Iorlanda Cristina Ferreira


Roberta Cino
Residentes de Ginecologia e
Obstetrícia (R1 e R2)
ARARAS
2020
INTRODUÇÃO
INCIDÊNCIA:

O fórceps obstétrico é um instrumento destinado a apreender a


cabeça fetal e extrai-la através do canal do parto.
A taxa total dos partos vaginais instrumentados vem diminuindo nos
últimos anos.
Observa-se, entretanto, que a utilização do vácuo-extrator vem
aumentando, com uma incidência atual 4 vezes maior que a do fórcipe.
 “Se o feto não responde a tração manual, por causa do
seu tamanho ou qualquer forma de impactação, deve-se
proceder a extração com ganchos e embriotomia.
Entretanto, perdido o feto, e ainda necessário tomar
cuidado com a mãe.” Solanus

HISTÓRICO
TIPOS DE
INSTRUMENTAL
FÓRCEPS DE SIMPSON

 É o mais empregado nas maternidades brasileiras;


 Composto de dois ramos cruzados
 Articulação fixa
 Digitações para facilitar a pega
 Curvatura pélvica e curvatura cefálica
FÓRCEPS DE KIELLAND
 Também constituido de ramos cruzados
 Cranfradura no pedículo que permite articulação por
deslizamento e a pega assimétrica nos casos de assinclitismo
 Cabo liso e guia de apoio
 Ausência de curvatura pélvica
 Bordas lisas e arredondadas
FÓRCEPS DE PIPER
 Curvaturas cefálica e pélvica pouco pronunciadas, promovendo
discreta solicitação do assoalho perineal no momento da tração;
 Articulação por encaixe
 Utilização: No desprendimento da “cabeça derradeira” (parto
pélvico com dificuldade de desprendimento do polo cefálico
derradeiro).
PEGA IDEAL
 É biparietomalomentoniana.
 As colheres estarão simetricamente dispostas a cada lado da
cabeça fetal, apreendendo os parietais e os malares, e a ponta
atingira a altura das mandíbulas, ocupando o espaço entre o
pavilhão auricular e a fossa orbitaria.

 Critérios:
- A pequena fontanela (lambda ou fontanela posterior) deverá estar na
distância de um dedo transverso do plano das hastes

- A sutura sagital estará perpendicular ao plano das hastes, em


toda a sua extensão

- Ao se tentar introduzir um dedo entre o fórcipe e a cabeça fetal,


não se devera ter acesso as fenestras.
INDICAÇÕES
 Parada de progressão (2º PC: inércia u., falta de PA)
 Fórceps profilático (De Lee, 1920): sem indicação, para proteção
feto materna: doenças cardíacas, enfermidades pulmonares ou
neuromusculares, cabeça derradeira
 Prolapso de cordão com dilatação total e a morte súbita da
paciente, devido a embolia amniótica (casos raros)
AÇÕES

 Preensão (articulação x força = alavanca)


 Rotação
 Tração (principal ação)
CONDIÇÕES DE
PRATICABILIDADE
ALTERNATIVAS
 Equipe capacitada
 Utilizar o partograma
 Administrar ocitocina e retardar os puxos em pacientes com analgesia
 Proporcionar período de descanso materno
 Mudança na posição materna
 Adequação da analgesia
 Reavaliação das condições clinicas: monitorização dos BCF, do peso fetal estimado
e da posição fetal
 Rotação manual do polo cefálico
 Realização de episiotomia e indicação de cesariana
CLASSIFICAÇÃO
TÉCNICA
 Posição de litotomia
 Analgesia peridural do período de dilatação ou pelo bloqueio bilateral
dos pudendos
 Esvaziamento da bexiga (sondagem vesical)
 Verificação das condições de aplicabilidade do fórcipe
 Avaliar necessidade de episiotomia
 Apresentação do fórcipe (o fórcipe e colocado a frente do períneo,
imitando a posição que ira ocupar quando aplicado na pelve)
 Aplicação do fórcipe escolhido
 Confirmação da boa pega
 Tração (rotação se necessário) e extração
 A tração deve ser perpendicular aos planos pélvicos de acordo com a
altura da cabeça.
APLICAÇÃO DO FORCEPS
 A tração somente pode ser executada durante as contrações. Deve-se segurar
os cabos, pressionando para baixo com a mão inferior e para cima com a mão
superior – manobra de Saxtorph-Pajot, para que a descida da cabeça se faça
percorrendo-se a curvatura do canal do parto.
 - Quando o suboccipital apoia no subpubis, e o momento de cessar a tração e
deixar o desprendimento ocorrer espontaneamente ou com leve pressão no
fundo uterino.
 - Quanto a retirada ou desarticulação, deve considerar sempre o ramo que se
apresenta mais livre e deve obedecer ao movimento inverso da aplicação, isto e,
conduzindo o cabo para o ventre materno. O segundo ramo e retirado da mesma
forma.
 - A revisão de partes moles, incluindo colo, deve ser rotineira.
VARIEDADES DE
POSIÇÃO
 Este ponto é considerado dos mais difíceis no aprendizado da
obstetrícia. E preciso identificar suturas e fontanelas para fazer-se a
preensão adequada. A palpação profunda localizando a parte
posterior da orelha fetal facilita esse diagnostico.

 Occipito-pubiana (OP): e a aplicação mais simples porque serão


empregadas apenas duas ações do fórceps: preensão e tração.
 - Occipito-esquerda-anterior:
 - Occipito-direita-anterior:
 - Transversas:
VÍDEOS
VÁCUO EXTRATOR
 Mais seguro para a mãe (associado a menos traumatismos
maternos), enquanto o fórcipe e considerado provavelmente
mais seguro para o feto (associado a menor incidência de
cefaloematoma e hemorragia retiniana).
 Mais fácil aplicação
 Necessita de menos analgesia materna
 Determina menos força sobre a cabeça fetal.
 O fórcipe, entretanto, pode ser utilizado em fetos prematuros
(<34 semanas), na cabeça derradeira do parto pélvico com feto
único ou no segundo gemelar, em fetos com suspeita de
coagulopatia ou trombocitopenia, em pacientes com
contraindicação para manobra de valsalva, em partos sob
anestesia getal, em casos de prolapso de cordão e em
variedades de posição que necessitem maiores graus de
rotação.
 Provoca menor laceração da vagina e do colo uterino.
 Pode ainda reduzir a necessidade de episiotomia, lacerações e
rotura de esfíncter anal se comparado ao fórcipe.
PONTO DE FLEXÃO
 A colocação correta da cúpula é o fator mais
importante na determinação do sucesso do uso do
vácuo-extrator, e a identificação do ponto de flexão
na cabeça fetal e fundamental para que isso ocorra.
 Use o dedo médio para identificar a fontanela
posterior, movendo-o para frente ao longo da sutura
sagital por aproximadamente 3cm.
 Com o dedo no ponto de flexão e a superfície da
palma da mão em direção superior, a parte posterior
do dedo deve fazer contato com a fúrcula vaginal,
sendo essa a distância e a direção que devem ser
obtidas para a extração.
TÉCNICA DE
APLICABILIDADE
1-Revise as condições de aplicabilidade
2-Esvaziamento vesical (sondagem se necessária)
3-Com luvas estéreis, verifique as conexões e teste o vácuo no aparelho
4-Avalie a variedade de posição, palpando a linha da sutura sagital e as fontanelas
5-Identifique a fontanela posterior (occipital – menor e em forma de Y)
6-Aplique a cúpula de maior tamanho que se adapte bem, com o centro dela sobre
o ponto de flexão
7-Pode ser necessária a realização de uma episiotomia para a aplicação adequada.
8-Verifique a aplicação da cúpula. Assegure-se de que não haja tecido mole
materno dentro do bordo da campânula (cérvice ou mucosa vaginal)
9-Com a bomba, crie um vácuo de pressão negativa de 0,2kg/cm2 (200mmHg) e
verifique novamente a posição da cúpula
10-Aumento o vácuo para 500 a 600 mmHg e verifique novamente a aplicação
11-Simultaneamente a cada contração uterina aplique uma tração suave na linha
perpendicular ao plano da campânula
12-A primeira tração ajuda a encontrar a direção adequada para puxar. A tração
deve ser perpendicular ao vácuo extrator e na linha do eixo da pelve.
13-Nunca utilize o vácuo extrator para girar ativamente a cabeça fetal. A rotação
ocorrera espontaneamente durante a tração. Havendo progresso na descida,
admite-se ate 2 ou 3 trações em um período de tempo de 15 a 30 minutos.
MORBIDADE
 Materna:
 - Lacerações cervicais
- Lacerações vaginais graves
- Lesões do assoalho pélvico de 3 e 4 graus
- Lacerações de bexiga
- Hematomas vaginais
- Prolongamento da episiotomia
- Aumento da perda sanguínea e da necessidade de transfusão sanguínea
- Retenção e incontinência urinaria
- Incontinência fecal
- Prolapso genital e formação de fistula

 Fetal:
 - Hemorragia intracraniana
- Cefaloematoma
- Hemorragia subgaleal
- Hemorragia reiniana
- Fratura de crânio
- Paralisias do nervo facial ou braquial
- Hiperbilirrubinemia
- Marcas e lacerações faciais e do couro cabeludo
- Sequela neurológica tardia
REFERÊNCIAS
Rotinas de Obstetrícia: Santa Casa de Araras. 2020

ZUGAIB M. Zugaib Obstetríca, 1ª ed, SP: Manole, 2011

Tratato de Obstetricia – FEBRASGO 2018

Obstetrícia de Williams, 23 edição

Rezende Obstetrícia, 13 edição

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