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Infecções adquiridas sistémicas

Sépsis
Meningite
Pneumonia
Objectivos
Objectivo geral
Diagnosticar precocemente o recém-nascido patológico,
estabelecer e aplicar as conduta de tratamento ou de referência
necessária;

Objectivos especificos:
Diagnosticar precocemente as patologias sistemicas graves do
RN (Sépsis, meninguite e pneumonia);
Prestar os cuidaos de enfemagem necessarios ao RN para
cada tipo de patologia;
Reconhecer e dar seguimento de RN com Sépsis, Meningite e
Pneumonia;
Sépsis ou Septicemia ou infecção
generalizada
Sépsis neonatal
 Situação patológica do recém-nascido, de causa
variavel que se caracteriza por uma dessiminação
generalizada de agentes patológicos pelo organismo

 até 48 horas - origem materna


 após 48 horas - origem hospitalar
 (Garner et al, CDC definitions for nosocomial
infections, 1988. Am J Infect Control 1988;
15:128-140)
Sépsis Neonatal

Epidemiologia:
Incidência:
Maior em prematuros
 <1000 g 26%
 1000 -2000 g 8-9%
 1% na população geral de RN

Maior no sexo masculino


Mortalidade:
Alta. Chega a 50% nos casos não tratados
Causa 13 a 15% das mortes neonatais
Varia de acordo com o microrganismo envolvido
e estado de imunocompetência do RN
Ocorre na razão inversa à idade gestacional e peso
ao nascimento
Sépsis Neonatal
Sépsis tardia
Sépsis precoce
Após 48 horas
Até 48h de vida
10 % entre 48h-6 dias
85% nas primeiras
Relaciona-se a fatores
24h
ambientais
5% entre 24-48h
Relaciona-se a factores da
Progressão mais
gestação e parto lenta ,insidiosa mas pode
ser fulminante
Febre, letargia,
Há predomínio de quadro hipoactividade, convulsões
respiratório abaulamento da fontanela
Associada a meningite < 30%
dos casos Associada a meningite em
80% dos casos
Mortalidade> 55% Mortalidade de 15-20%
Factores de risco
(Sépsis precoce)

Obstétricos major

 Colonização não tratada por Streptococcus β hemolítico do


grupo B

 Ruptura precoce das membranas (>24h)


 Febre materna >38ºc no trabalho de parto

 Sinais de corioamnionite além de febre: arrepios de frio,


taquicardia, hipotensão, leucocitose >15.000 e neutrofilia,
corrimento ou lóquios fétidos, bactérias e PMF, taquicardia fetal
persistente>160bpm
Condições de assistência do parto
Fatores de risco maternos
 Febre materna
 Taquicardia fetal
 Infecção trato urinário suspeita ou comprovada no momento do
parto
 Colonização Streptococcus B
 RPMO (Ruptura Prematura de menbranas Ovolures)
 Gestação Múltiplas
 Infecções trato genital (corioaminionite, etc)
Factores de risco
(Sépsis tardia)

Hospitalar- Recém-nascido
 Baixo peso <750g
 Longa permanência no berçário
 Superlotação do berçário

 Má qualidade dos procedimentos: não lavagem das mãos,


limpeza e esterilização dos instrumentos e materiais usados,
isolamento adequado dos bebés infectados

 Não profilaxia de infecções hospitalares


 Intervenções como cateterismo, intubação, cirurgia, sonda
gástrica, monitorização invasiva
Infecções cruzadas
Agentes etiológicos
Sépsis de Início Precoce (< ou =48h)

 A não ser que haja fortes evidências do contrário,


infecções que surgem nas primeiras 48 h são
consideradas de origem materna
 Relaciona-se com a transmissão vertical;
 É multissistêmica, freqüentemente acompanha-se por
pneumonia;
 Prematuros, recém-nascidos de baixo peso, evolução
grave, alta mortalidade;
 História de complicações obstétricas

 Agentes etiológicos: E.coli, Bacilos entéricos Gram-


negativos, Estreptococo do grupo B e Listeria
Monocytogenes.
Agentes etiológicos

 Sépsis de Início Tardio (> 48h)


 Relacionado com infecção hospitalar ou infecção
comunitária;
 Evolução insidiosa, progressiva, com freqüência há
lesão focal e/ou meningite;
 Geralmente a contaminação é pós-natal pelo contato
humano e material contaminado;

 Agentes etiológicos (Hospitalar): Estafilococo


coagulase-negativa, S. aureus, P. aeruginosa,
Klebsiella pneumoniae e fungos (Cândidas).
Agentes etiológicos (Domiciliar)

 S. pneumoniae, Haemophilus influenzae tipo B


e Neisseria meningitidis.

 A forma tardia é de contaminação no parto mas com


manifestação tardia (2-3 sem) e geralmente com
meningite associado
Medicamentos tradicional
Apresentação Clínica:
(multissistêmica e inespecífica)
 Instabilidade térmica (Hipotermia ou Hipertermia)
 Distúrbios respiratórios (Apnéia, bradipnéia,
gemência, taquidispnéia)
 Alterações cutâneas (Palidez, cianose, pele
marmórea, enchimento capilar lentificado > 3 seg,
Icterícia idiopática)
 Irritabilidade (letargia, hipotonia, convulsões)
 Instabilidade cardiovascular (taquicardia, hipotensão)
 Sistomas gastrintestinais (vômitos, resíduos
gástricos, distensão abdominal).
 Sinais de sangramento
Sinais precoces Sinais tardios

Temperatura Instabilidade térmica (>37º ou Hipotermia grave


<36ºc)

Estado geral Agravamento do e.g, palidez, Reactividade↓↓, hipotonia,


↓reactividade letargia, esclerodermia
Respiração ↑FR, ofegante, apneias, Crises graves de apneias e
↓saturação de o2 baixa saturação de o2,
respiração acidótica,

Cardiovascular Taquicardia Hipotensão ,choque,bradica


rdia
Sistema nervoso Irritabilidade, tremores Letargia, convulsões,
reflexos↓↓, abaulamento da
fontanela, choro agudo

Digestivo Estase,vómitos, diarreia, Distensão abdominal,


intolerância a dieta hepatomegalia, colestase

Hematológico Palidez, anemia, Petéquias ou púrpura,


esplenomegalia, icterícia,
hemorragias

Metabólico Acidose metabólica,↑glicemia Acidose grave


Exames laboratoriais

Cultura do liquor
 Deve ser feita quando há sinais e sintomas de Sépsis
 Em todos os casos de sépsis tardia ou infecção
hospitalar
 Não deve ser feita nos casos assintomáticos que têm
apenas factores de risco para infecção
Cultura da urina
 Preferencialmente por cateterismo ou punção
suprapúbica
Tratamento

 Todo caso suspeito de sépsis neonatal deve ser


tratado como sépsis, até que a evolução clínica, ex.
laboratorias e culturas provem o contrário, o que
exige 2-3 dias de observação

 Na nossa realidade é possível que esta interrupção


não ocorra devido a dificuldade em afastar a hipótese
de sépsis.
Tratamento

• Sepse de início precoce - Ampicilina +


Gentamicina
• Sepse de início tardio – Oxacilina
(Vancomicina) + Amicacina; ou Cefepime
isolado
• Meningite: cefotaxime + Ampicilina
Cuidados de Enfermagem
 Isolar o paciente;
 Monitoria cardiorespiratoria;
 Aspiração de secreções;
 Controlo dos sinais vitais;
 Monitorar a alimentação, hidratação hipoglicemia
e hipotermia;
 Garanteir boa higienização e conforto;
 Evitar infecções cruzadas;
 Solicitar ajuda médica ou referir para pediatra
 Cumprir com a medicação prescrita pelo médico;
Resumo

 Sépsis neonatal: infecção generalizada do RN


devido uma dessiminação hematogénica ou linfatica
de agentes infecciosos.
 Tem se associado a meningite 30% precoce 80%
tardia respectivamente; tem letalidade alta 50 a 55%.
Relaciona-se com factores maternos e hospitalares

 Sépsis precoce: surge antes de 48 horas após o


nascimento, proveniência materna;
 Sépsis tardio: surge depois de 48 horas após o
nascimento, proveniência hospitalar.
Resumo cont.
 Diagnóstico: clínico, pode ser confirmado com
laboratorio por meio de cultura.
 Quadro clinico: geralmente todos sistemas
comprometidos (instabilidade termica, abaulamento
da fontanela, convulsões, ictericia, palidez palmar,
bradipneia ou taquipneia, bradicardia ou taquicardia)
 Tratamento: Antibioticos de prescrição médica.
 Função da enfermagem: suspeitar a sépsis prestar
cuidados de emergência e referir para seguimento
médico, cumprir prescrição médica e regras de
assépsia.
Meningite
Definição

 É uma doença
inflamatória das
meninges de origem
infecciosa.

 É uma verdadeira
emergência médica ,
requerendo diagnóstico
e tratamento antepado
Meningite
 Infecção de elevada morbimortalidade;

 Pode ocorrer separadamente ou concomitantemente


com a Sépsis ou ainda partir desta;

 Por vezes de diagnóstico difícil pois a sintomatologia


é inespecífica e as alterações neurológicas são
tardias.

 Associada a Sépsis em 25% dos casos;


 Etiologia, Epidemiologia semelhantes as da Sépsis.
Factores de risco

 Rotura Prematura de Membranas ;


 BAR > 18-24 H;
 Febre materna;
 Corioamnionite;
 Prematuridade;
 Asfixia e/ou reanimação prolongada;
 Sexo Masculino;
 Mãe seropositiva ou com SIDA;
Etiologia
Bactérias :

-Streptococcus ß hemolítico Grupo B


-Escherichia Coli
-Strep. Pneumoniae
-Listeria monocytogenes
-Pseudomonas aeruginosa
Proteus spp
-Klebsiella Pneumoniae
-Staphylo aureus
-Haemophilus infl tipo B
-Neisseria Meningitidis
Etiologia

Vírus:
- Herpes simplex
- Coxsackie Virus B
- Echovirus

Fungos:
- Candida albicans
Manifestações clínicas

 Já descritos atrás para a Sépsis;


 Convulsões;
 Fontanela abaulada ou tensa;
 Opistótonus ou posturas anormais;
 Hipertonia;
 Irritabilidade, “Grito cerebral ou Meníngeo”
Diagnóstico
 Punção Lombar – LCR patológico- Turvo ou
Opalescente

CI para P.Lombar (relativas):

 Obstrução da vias aéreas;


 Insuficiência respiratória/Apneias;
 Instabilidade Hemodinâmica;
 Diátese Hemorrágica;
 Suspeita de HT Intracraneana.
Colecta de LCR
Tratamento

 Ampicilina 200mg/Kg/d, + Cefotaxime 200


mg/kg/dia ;

 A duração do TTo deve ser de 15-21 dias,


fazendo PL ao 3º e 7º dias para
monitorização do tto ou se suspeita de
complicação.
Cuidados de Enfermagem
 Isolar o paciente;
 Monitoria cardiorespiratoria;
 Aspiração de secreções;
 Controlo dos sinais vitais;
 Monitorar a alimentação, hidratação, hipoglicemia e
hipotermia;
 Garanteir boa higienização e conforto;
 Evitar infecções cruzadas;
 Solicitar ajuda médica outransferir para pediatra
 Cumprir com a medicação prescrita pelo médico.
Cont.
 Prevenir broncoaspiração colocando a
criança em decubito lateral
 Intubação nasogastrica,
 Previnira escaras de decubito mudando de
posição regularmente
Complicações
 As complicações ocorrem em cerca de 30-50% dos
casos e podem ser :
 Hidrocefalia;
 Abcesso cerebral;
 Surdez/Cegueira;
 Paralisia cerebral
 (Atraso do Desenvolvimento Psico-Motor (ADPM)

 Seguimento da criança na consulta de Neurologia e


Desenvolvimento para abordagem e TTo de
eventuais sequelas neurológicas.
Pneumonia
Afecções do aparelho respiratório
(vias aéreas inferiores)
 Factores de risco
 Baixo risco:
 Época epidémica (Março, Abril, Maio);
 Pessoas que vivem em zonas urbanas;
 Crianças menores de 6 meses de idade;
 Crianças que recebem aleitamento artificial;
 Baixo nivel socioeconómico;
 País e familiares fumadores
Afecções do aparelho respiratório
(vias aéreas inferiores)
 Factor de risco
 Alto risco:
 Crianças que apresentam uma patología
neonatal;
 Prematuridade;
 Displasia broncopulmonar;
 Enfermedades Cardiacas congénitas;
 Pacientes que recebem quimioterapia;
 Pacientes com inmunodeficiencias;
Pneumonia
 Inflamação do parênquima pulmonar
causada por vários tipos de
microorganismos e agentes químicos.
Microorganismos:
Bactérias,
Micobactérias,
Clamídia,
Micoplasma,
Fungos,
Parasitas,
Vírus
Etiologia
 As principais causas infecciosas de pneumonia incluem:
 bactérias  pneumonia bacteriana por germes gram-
positivos e gram-negativos.

 vírus  pneumonia viral por vírus da influenza, parainfluenza


e adenovírus.

 fungos  pneumonia fúngica por Cândida albicans e


aspergillus.

 protozoários  p. parasitária por Pneumocistis carinii:


pacientes de AIDS.

 Obs.: fungos e protozoários são considerados germes


oportunistas, causam pneumonia após extenso uso de
antibióticos, corticóides, antineoplásicos, ou em
pessoas com AIDS, ou intensamente debilitadas.
 A pneumonia também pode resultar de:
 aspiração brônquica de líquidos, alimentos,
vômitos, etc,
 inalação de substâncias tóxicas ou
cáusticas, fumaças, poeiras ou gases.
 complicação de imobilidade ou de doenças
crônicas
Classificação
 # Adquirida na comunidade (até 48h);

 # Adquirida no hospital (depois de 48h);

 # No hospedeiro imunocomprometido;

 # Por aspiração.
Fisiopatologia
 As características das vias aéreas superiores impedem que
partículas potencialmente infecciosas alcancem o trato
inferior (normalmente estéril). Surge a partir da flora normal
presente em um paciente cuja resistência foi alterada, ou é
resultante da aspiração da flora presente na orofaringe.
Cont.
 Pode ser conseqüência de microorganismos
transportados pelo sangue, que entram na
circulação pulmonar e ficam aprisionados no
leito capilar pulmonar, tronando-se uma fonte
potencial de pneumonia. Progride para uma
reação inflamatória nos alvéolos, produzindo
um exsudato que interfere com a difusão do
oxigênio e do dióxido de carbono
Cont.
 Os leucócitos (em sua maioria neutrófilos)
migram para dentro dos alvéolos e preenchem
os espaços que normalmente contêm ar. As
áreas do pulmão deixam de ser adequadamente
ventiladas devido ás secre-ções e ao edema da
mucosa que provocam oclusão parcial do
brônquio ou dos alvéolos, com diminuição na
tensão alveolar de oxigênio. Pode haver
hipoventilação, que causa desequilíbrio na
ventilação/perfusão da área afetada.
 O sangue venoso, entrando na circulação
pulmonar, passa através da área
subventilada e para o lado esquerdo do
coração precariamente oxigenado. A
mistura do sangue oxigenado,
precariamente oxigenado ou desoxigenado
vai resultar em hipoxemia arterial.
Cuidados de Enfermagem
 Isolar o paciente
 Monitoria cardiorespiratoria
 Aspiração de secreções
 Controlo dos sinais vitais
 Monitorar a alimentação, hidratação,
hipoglicemia e hipotermia
 Garanteir boa higienização e conforto
 Evitar infecções cruzadas
 Cumprir com a medicação prescrita pelo médico
Cuidados de Enfermagem
 Garantir bom abiente com boa ventilação.
 Fornecer oxigenio ao doente SOS.
 Fazer despiste para Tuberculose e HIV
 Boa hidratação e proteger contra o frio
Bibliografia
• BEE, Helena, et all. (1996), A criança em
desenvolvimento SP S/ed Cloherty, J. P.,
Stark, A. R., Eichenwald, E. C. (2011),
Manual de neonatologia (6ª ed.). Rio de
Janeiro.
• MISAU. (1994), Manual de Assistência do.
Brasília.
• Nelson (1997), Tratado de Pediatria. 15ª
ed. Volume 2. Rio de Janeiro.
• Cloherty Stark (2000), Manual de
Neonatologia. (4ª ed.) Rio de Janeiro.

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