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Distúrbios da Postura, Marcha

e Quedas na Pessoa Idosa


Prof. Darley Rodrigues
Distúrbios da Postura e Marcha
• Constituem-se fatores importantes para quedas e dependência

Embora até 85% dos indivíduos com idades entre 65 e


69 anos mencionem não apresentar dificuldades da
marcha, somente cerca de 66% daqueles entre 80 e 84
anos e 51% das pessoas acima de 85 anos são capazes
de deambular sem limitações.
Distúrbios da Postura e Marcha
• O controle postural ocorre devido a atividade passiva muscular
• Coordena a relação entre a base de suporte e o centro de massa
• Utiliza-se de sistemas sensoriais:
• Visão
• Vestibular
• Proprioceptivo
• A extensão do CdM sobre a BdS provoca o desequilíbrio
• Ocorrem mecanismos compensatórios

Reflexos de Ajustes
movimento Posturais QUEDA
Controle Postural da Pessoa Idosa

• Mecanismos Aferentes
• Mecanismos Centrais
• Mecanismos Eferentes
Controle Postural da Pessoa Idosa
• Mecanismos Aferentes
• Os sistemas visual, vestibular e proprioceptivo estão envolvidos no envio de
informações para o sistema de controle postural ou de equilíbrio.
• Enviam informações importantes para o controle postural

O sistema proprioceptivo, com origens nos receptores


tendinosos e musculares, mecanorreceptores articulares e
barorreceptores profundos das plantas dos pés, também
fornece informações sensoriais importantes para o
controle postural.
Controle Postural da Pessoa Idosa
• Mecanismos Centrais
• O SNC exerce um papel importante na manutenção do
equilíbrio
• Modificações do SNC relacionadas com o envelhecimento
podem aumentar o risco de perturbações do controle
postural
• Perda neuronal, perda dendrítica, ramificações reduzidas,
metabolismo e perfusão cerebrais diminuídos e
metabolismo alterado de neurotransmissores
• O envelhecimento do sistema motor inclui perda importante
de células gigantes piramidais de Betz no córtex motor
Controle Postural da Pessoa Idosa
• Mecanismos Eferentes
• Quando ocorre uma alteração do equilíbrio, dependendo
da magnitude, três estratégias de correção podem ser
utilizadas para restabelecer a estabilidade:
• Calcanhar
• Distúrbios pequenos
• Estratégia da bacia
• Reposicionamento do centro de equilíbrio
• Reação muscular de sobrepasso
• Desvio importante do eixo
Marcha
• Parte integral das atividades de vida diária
• Se divide em duas fases
• Apoio
• Balanço Ocorre quando a perna que
não faz apoio avança para o
próximo passo
Constitui 60% do ciclo. Uma
perna suporta todo o peso e
se mantém em contato com a
superfície. Possibilita que a
perna de apoio sustente o
peso do corpo que, então,
pode avançar
Marcha
A marcha é dependente da capacidade de vários
órgãos, especificamente dos sistemas
neurológico, musculoesquelético e cardiovascular

• A velocidade usual e máxima da marcha está fortemente associada ao


condicionamento físico
• Alto nível de atividade física pode manter o condicionamento e a
velocidade usual da marcha simultaneamente
• Preservação da força muscular e do equilíbrio
Distúrbios Patológicos da Marcha
As doenças provocam mais alterações na marcha que as
modificações decorrentes do envelhecimento normal

• Há causas variadas para distúrbios da marcha e do equilíbrio


• A maior parte delas advém dos sistemas neuromuscular e vestibular
• Marcha do lobo frontal
• Marcha sensorial atáxica
• Marcha cerebelar
• Marcha espástica
Distúrbios Patológicos da Marcha
Marcha do Lobo Frontal

• BdS alargada
• Postura ligeiramente fletida e
• Passos hesitantes, pequenos e festinantes
• Marcha magnética

Associada mais frequentemente a estágios


avançados de doença de Alzheimer, demências
ou síndromes multi-infartos, doença de
Binswanger e hidrocefalia normobárica
Distúrbios Patológicos da Marcha
Marcha Sensorial Atáxica

• Movimentos de “arrastar os pés”


• Com auxílio da visão, a marcha é quase normal.
• O sinal de Romberg está presente
• As causas mais frequentes incluem doenças que afetam a coluna
posterior, nervos periféricos ou a coluna dorsal da medula espinal

Diferença no equilíbrio com


olhos abertos e olhos fechados
Distúrbios Patológicos da Marcha
Marcha Cerebelar Atáxica

• Passos pequenos, irregulares e instáveis


• Guinadas e passos cambaleantes
• O equilíbrio e o controle sobre o tronco e os movimentos das
pernas também estão bastante prejudicados
• A ataxia ocorre independente da abertura ocular
• Associada a eventos vestibulares agudos, acidentes vasculares
cerebrais (AVC), alcoolismo crônico e doenças degenerativas
Distúrbios Patológicos da Marcha
Marcha Espástica

• Observada em pacientes com hemiplegia ou hemiparesia e


paraparesias
• Geralmente, o equilíbrio desses pacientes está comprometido.
• Causas comuns incluem infarto cerebral contralateral, lesões
expansivas intracranianas e trauma cerebral.

Ao caminhar, o balanço do braço afetado está prejudicado, e os dedos do pé


atingido arranham ou se arrastam sobre o solo. Para assegurar uma elevação
apropriada do membro inferior em relação ao solo, o paciente deve balançar
a perna afetada lentamente em um arco externo (circundução) a cada passo.
Distúrbios Patológicos da Marcha
Marcha Anserina

• Perda de força muscular envolvendo a


cintura coxofemoral.
• Dificuldades para subir escadas e
levantar de cadeiras
• Condições comumente associadas
incluem hipo e hipertireoidismo,
polimialgia reumática, polimiosite,
osteomalacia e neuropatias proximais.
Distúrbios Patológicos da Marcha
Marcha Festinante

• Associada à doença de Parkinson


• Movimento apressado dos pés, simétrico e
rápido
• Ocasionalmente, o paciente não consegue
interromper a marcha e corre risco de quedas
Distúrbios Patológicos da Marcha
Marcha Vestibular

• Constante sensação de instabilidade ao


caminhar
• De pé, parado, não há desequilíbrio
• A instabilidade torna-se pior quando o paciente
se vira e progride para uma marcha
cambaleante quando os olhos se fecham
• Condições comuns incluem labirintopatias,
toxicidade por medicamentos (aminoglicosídios)
e tumores do ângulo pontocerebelar.
Quedas
Deslocamento não intencional do corpo para um nível
inferior à posição inicial, provocado por circunstâncias
multifatoriais, resultando ou não em dano.

• Presente em todas as idades


• Alterações fisiológicas podem favorecer
• Maiores complicações em pessoas idosas
Quedas
• Para que a queda aconteça, devem ocorrer:

Perturbação do Equilíbrio Falha nos Mecanismos

• Mecanismos de ocorrência:

Interrupção momentânea AIT, hipotensão postural, arritmias


cardíacas, oclusão de artérias vertebrais
dos sistemas de controle

Ou

Inabilidade do controle
postural
Quedas
• Perturbações Externas

Mecânicas
Empurrão
Informacionais
Escorregão
Conflitos visuais
Tropeço
Pouca iluminação
Colisão
Movimento
Inclinação
Quedas
• Fatores Associados
• Combinações de fatores são mais importantes que causas únicas
• Perfil individual:
• Sexo feminino
• Viúvas
• Solteiros
• Divorciados
• História prévia de fraturas
• Depressão
• Ansiedade
• Comprometimento cognitivo
• Uso de medicamentos específicos
Quedas
• Fatores Associados
• A maior parte das quedas ocorre em períodos de atividade
máxima no dia
• Aproximadamente 65% das mulheres e 44% dos homens caem
dentro de casa
• Quarto, cozinha e sala
• Influenciadas por fatores intrínsecos
• Fatores extrínsecos:
• Riscos ambientais
Quedas
• Fatores Associados - Patologias

Aumenta sua prevalência com a idade


EPILEPSIA e se associa, muitas vezes, à perda de
consciência
SÍNCOPE Arritmias cardíacas podem causar
CARDIOGÊNICA redução na oxigenação cerebral

ESPONDILOSE
Vertigens e espasticidade muscular
CERVICAL
Quedas
• Fatores Associados - Patologias

Distúrbios cognitivos, dificuldade no


DEMÊNCIAS reconhecimento do ambiente e
controle postural

DISFUNÇÃO Provoca deficiência na conversão de


RENAL calcidiol em calcitriol (vitamina D3).

Distúrbios de marcha, postura e


PARKINSON equilíbrio. Reconhecidamente uma
causa potencial de quedas
Fatores de Risco para Quedas

Sexo feminino, diagnóstico de


doença crônica, fazer uso de
benzodiazepínicos, ter sofrido
queda anterior e apresentar
restrições de mobilidade.
Inadequações arquitetônicas e
de mobiliário nas instituições
asilares podem ser indicadores
que predispõem aos riscos de
quedas

(GOMES; MARQUES; LEAL; BARROS, 2014)


Fatores de Risco para Quedas

Deficiência visual (73,7%), mobilidade prejudicada (70,5%) e história de quedas


(69,9%) e os fatores extrínsecos foram uso de material insuficiente no banheiro
(60,3%) e tapetes soltos (58,3%). Os fatores intrínsecos que aumentaram o risco de
quedas foram uso de dispositivos auxiliares, dificuldades na marcha e alteração na
função cognitiva; e o extrínseco foi o uso de tapetes soltos.
(SANTOS et al, 2020)
Quedas
• Complicações
• As quedas representam impacto importante sobre a
qualidade de vida dos indivíduos mais velhos
• Fraturas
• Medo de cair
• Abandono de atividades
• Modificação em hábitos de vida
• Imobilização
• Decúbito prolongado
• Morte
Quedas

Fraturas do colo do fêmur representaram 42,5% das fraturas e trocantéricas


57,5%. Cinco pacientes não foram operados, 39 foram submetidos a
substituic¸ão articular e 69 foram submetidos a osteossíntese. O tempo
médio de internac¸ão foi de 13,5 dias e de espera até a cirurgia sete dias. A
taxa de mortalidade intra-hospitalar foi de 7,1%.
Atendimento a Pessoa Idosa Vítima de
Queda
• História Clínica e Exame Físico
• Avaliação das atividades usuais
• Nível funcional do paciente
• História prévia de quedas e fraturas
• Presença de doenças crônicas

Verificar a utilização, por parte do paciente, de


instrumentos de auxílio à marcha, como andadores e
bengalas, bem como sua adaptação correta ao paciente.
Atendimento a Pessoa Idosa Vítima de
Queda
• História Clínica e Exame Físico
• Fraturas prévias podem indicar osteoporose ou
osteomalácia
• O uso de medicações deve ser indagado
• O período do dia e sua relação com as refeições
• No exame físico, deve-se ter especial atenção com os
sistemas cardiovascular, neurológico e
musculoesquelético

A história de instabilidade é descrita pelos pacientes por meio de


queixas de fraqueza, tonturas, cabeça leve, desequilíbrio,
intolerância ao movimento, escorregões, “pernas bambas”
Atendimento a Pessoa Idosa Vítima de
Queda
• História Clínica e Exame Físico
• A pressão arterial (PA) deve ser aferida nas posições
deitada, sentada e de pé.
• Aguarda-se de 5 a 10 minutos com o paciente em
repouso para aferir a PA na posição supina
• Em seguida, afere-se em posição sentada, 1 minuto e 5
minutos após o paciente ter assumido a postura ereta

Hipotensão Ortostática
Queda de 20 mmHg ou mais na PA sistólica ou de 10 mmHg ou
mais na PA diastólica na transferência da posição supina para ereta
Atendimento a Pessoa Idosa Vítima de
Queda
• História Clínica e Exame Físico
• O exame neurológico deve incluir uma avaliação do
estado mental e presença de sintomas depressivos
• Para avaliar a função vestibular, solicite ao paciente
que marche no mesmo lugar, sem se mover, com os
olhos fechados
• Teste de Romberg
• A estabilidade pode ser testada com um pequeno
empurrão no esterno
Atendimento a Pessoa Idosa Vítima de
Queda
• História Clínica e Exame Físico
• O exame dos pés visa à busca de alterações como:
• Calos
• Deformidades
• Joanetes
• Adequação dos calçados
• As mobilidades da coluna vertebral, das articulações
e do pescoço devem ser avaliadas
• Avaliação do índice de massa corporal (IMC)

O IMC é um bom indicador do estado nutricional


Atendimento a Pessoa Idosa Vítima de
Queda
• Manejo e Intervenção
• Tratamento das lesões
• Modificação do ambiente
• Reabilitação cinesioterapeutica

Como há múltiplos fatores potenciais relacionados


com as quedas, não se deve fazer recomendações
gerais para a reabilitação. As causas encontradas
devem ser tratadas para que o risco de novas quedas
seja reduzido.
Prevenção de Quedas
• Importante assunto em saúde pública
• A prevenção primária é possível
• Avaliar fatores que interferem no controle postural
• Externos
• Internos

A prevenção secundária pode ser uma estratégia


mais eficiente. Lembrando que a pessoa que sofreu
uma primeira queda tem mais risco de recorrência,
Prevenção de Quedas
• Prática de Exercícios Físicos e de Equilíbrio
Prevenção de Quedas
• Prática de Exercícios Físicos e de Equilíbrio

Prática da hidroginástica, enfatizando exercícios com


diferentes formas de deslocamentos, pode alterar
significativamente os índices de equilíbrio postural,
impactando positivamente na qualidade de vida.
Prevenção de Quedas
• Uso de Calçados Adequados
Prevenção de Quedas
• Evitar Tapetes
Prevenção de Quedas
• Uso de Corrimão e Barras de apoio
Final da apresentação

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