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Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

Ensaio de Orquestra – Federico


Fellini, Itália, 1978.

“Distraído? Desorganizado?
Frustrado? Vida moderna ou TDA/H
adulto? Muitos adultos vivem com
transtorno de déficit de atenção em
adultos e não o reconhecem. Porque?
Porque geralmente os sintomas são
confundidos com os sinais de uma vida
estressante”

Propaganda da Lilly no US News & World Report.


Selling Sickness p.69
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

LANDMAN, P. Todos Hiperativos? A inacreditável epidemia dos


transtornos da atenção.

“O que se passa com o TDAH? Sua promoção representa um


progresso para as crianças instáveis, desatentas, impulsivas, para
os adolescentes aturdidos ou os adultos desajuizados? Devemos
nos alarmar com o que talvez seja apenas uma simples mudança
de significantes, uma expressão diferente de racionalidade, sob o
impacto das neurociências e do estudo do cérebro? Devemos, a
esse respeito, privilegiar um ou dois sintomas comportamentais,
sem levar em conta o contexto, tal como preconizado pelo DSM-5?
Devemos reduzir todos os quadros do déficit de atenção e da
hiperatividade a uma disfunção neurobiológica, independente de
fatores ambientais, psicológicos e sociais?
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

(continuação) Até que ponto devemos nos preocupar com a


interação entre a criança hiperativa e seus pais? É preciso
contentar-se com conselhos comportamentais, pareceres
educativos sobre a parentalidade, opiniões a respeito da higiene,
ou nosso papel seria antes o de favorecer um esclarecimento sobre
a economia psíquica familiar, o lugar ocupado pela criança na
fantasia e as projeções dos pais, as proibições e seus limites?
Devemos nos interessar pela estrutura psíquica da criança, pelas
manifestações de hiperatividade reativa neurótica, de agitação
psicótica ou reveladoras de um estado limite? Ou devemos antes
nos contentar com o diagnóstico global de TDAH? É preciso limitar-
se a um tratamento químico ou acompanha-lo com outros
atendimentos? O TDAH revela novos atores da saúde mental como
usuários?” (15:2019)
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

O TDAH tem sido objeto de diversas análises sobre o processo


de medicalização, especialmente no campo da educação, já
que, contido no próprio critério diagnóstico (DSM-5),
encontramos referências diretas e indiretas a situações típicas
do contexto escolar.
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

Comportamento hiperativo e inquietude motora, desatenção


marcante, falta de envolvimento persistente nas tarefas e
impulsividade.

Expansão do diagnóstico de TDA/H é expressão privilegiada de


concepções fisicalistas que reduzem os transtornos a uma
dimensão biológica.

A partir da década de 1990 o conceito se expande para fora de


círculos médicos: pais, educadores e mídia não especializada
“diagnosticam” (o que legalmente não estão habilitados a
fazer) comportamentos diversos sob esta categoria.
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

Atualmente é a principal causa de encaminhamento de crianças


em idade escolar para psiquiatras e psicólogos. Encaminhamento
com variações sazonais, cessam nas férias escolares e aumentam
com a proximidade ou passagem das avaliações.

Muito comum a prescrição de Ritalina sem atenção à gravidade


do caso.

Estima-se que 4.4% das crianças e adolescentes brasileiras, entre


4 e 18 anos, têm o diagnóstico de TDAH, segundo estudo
coordenado pelo Instituto Gila feito com 5.961 crianças e
adolescentes em 18 estados do país
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

C
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

DSM-5
Características Diagnosticas
A característica essencial do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade é um
padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no
funcionamento ou no desenvolvimento. A desatenção manifesta-se
comportamentalmente no TDAH como divagação em tarefas, falta de persistência,
dificuldade de manter o foco e desorganização - e não constitui conseqüência de desafio
ou falta de compreensão. A hiperatividade refere-se a atividade motora excessiva (como
uma criança que corre por tudo) quando não apropriado ou remexer, batucar ou
conversar em excesso. Nos adultos, a hiperatividade pode se manifestar como
inquietude extrema ou esgotamento dos outros com sua atividade. A impulsividade
refere-se a ações precipitadas que ocorrem no momento sem premeditação e com
elevado potencial para dano à pessoa (p. ex., atravessar uma rua sem olhar). A
impulsividade pode ser reflexo de um desejo de recompensas imediatas ou de
incapacidade de postergar a gratificação. Comportamentos impulsivos podem se
manifestar com intromissão social (p. ex., interromper os outros em excesso) e/ou
tomada de decisões importantes sem considerações acerca das conseqüências no longo
prazo (p. ex., assumir um emprego sem informações adequadas). P. 61
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

A. Um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que


interfere no funcionamento e no desenvolvimento, conforme caracterizado por
(1) e/ou (2):

1.Desatenção: Seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos
seis meses em um grau que é inconsistente com o nível do desenvolvimento e
têm impacto negativo diretamente nas atividades sociais e
acadêmicas/profissionais: (deve apontar 6 sintomas de “a” a “i”)

2. Hiperatividade e impulsividade: Seis (ou mais) dos seguintes sintomas


persistem por pelo menos seis meses em um grau que é inconsistente com o
nível do desenvolvimento e tem impacto negativo diretamente nas atividades
sociais e acadêmicas/profissionais:(deve apontar 6 sintomas de “a” a “i”)
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

B. Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade


estavam presentes antes dos 12 anos de idade.

C. Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade estão


presentes em dois ou mais ambientes (p. ex., em casa, na escola, no
trabalho; com amigos ou parentes; em outras atividades).

D. Há evidências claras de que os sintomas interferem no


funcionamento social, acadêmico ou profissional ou de que reduzem sua
qualidade.

E. Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de


esquizofrenia ou outro transtorno psicótico e não são mais bem
explicados por outro transtorno mental (p. ex., transtorno do humor,
transtorno de ansiedade, transtorno dissociativo, transtorno da
personalidade, intoxicação ou abstinência de substância).
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

Determinar o subtipo:

314.1 (F90.2) Apresentação combinada: Se tanto o Critério A1 (desatenção)


quanto o Critério A2 (hiperatividade-impulsividade) são preenchidos nos
últimos 6 meses.

314.0 (F90.0) Apresentação predominantemente desatenta: Se o Critério A1


(desatenção) é preenchido, mas o Critério A2 (hiperatividade-impulsividade)
não é preenchido nos últimos 6 meses.

314.1 (F90.1) Apresentação predominantemente hiperativa/impulsiva: Se o


Critério A2 (hiperatividade-impulsividade) é preenchido, e o Critério A1
(desatenção) não é preenchido nos últimos 6 meses.
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
Conseqüências Funcionais do Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade

O TDAH está associado a desempenho escolar e sucesso acadêmico


reduzidos, rejeição social e, nos adultos, a piores desempenho, sucesso e
assiduidade no campo profissional e a maior probabilidade de desemprego,
além de altos níveis de conflito interpessoal. Crianças com TDAH apresentam
uma probabilidade significativamente maior do que seus pares para
desenvolver transtorno da conduta na adolescência e transtorno da
personalidade antissocial na idade adulta, aumentando, assim, a
probabilidade de transtornos por uso de substâncias e prisão. O risco
subsequente para transtornos por uso posterior de substâncias é alto,
especialmente quando se desenvolve transtorno da conduta ou transtorno da
personalidade antissocial. Indivíduos com TDAH são mais propensos a sofrer
lesões do que seus colegas. Acidentes e violações de trânsito são mais
freqüentes em condutores com o transtorno. Pode haver probabilidade
aumentada de obesidade entre indivíduos com TDAH.
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

Autodeterminação variável ou inadequada a tarefas que exijam esforço


prolongado frequentemente é interpretada pelos outros como preguiça,
irresponsabilidade ou falta de cooperação. As relações familiares podem se
caracterizar por discórdia e interações negativas. As relações com os pares
costumam ser conturbadas devido a rejeição por parte daqueles, negligência
ou provocações em relação ao indivíduo com TDAH. Em média, pessoas com
o transtorno alcançam escolaridade menor, menos sucesso profissional e
escores intelectuais reduzidos na comparação com seus pares, embora
exista grande variabilidade. Em sua forma grave, o transtorno é
marcadamente prejudicial, afetando a adaptação social, familiar e
escolar/profissional.

Déficits acadêmicos, problemas escolares e negligência pelos colegas


tendem a estar principalmente associados a sintomas elevados de
desatenção, ao passo que rejeição por colegas e, em menor grau, lesões
acidentais são mais proeminentes com sintomas acentuados de
hiperatividade ou impulsividade. DSM 5 P. 63
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

“Não há marcador biológico para que haja diagnóstico de TDAH. Como


grupo, na comparação com pares, crianças com TDAH apresentam
eletrencefalogramas com aumento de ondas lentas, volume encefálico
total reduzido na ressonância magnética e, possivelmente, atraso na
maturação cortical no sentido póstero-anterior, embora esses achados
não sejam diagnósticos” DSM 5 p.61
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
História da construção da categoria diagnóstica:
1902: George Frederic Still em palestras no Royal College, descreve como condição médica diversos
comportamentos que eram até então tomados como “maus comportamentos”: atitude desafiadora,
não reconhecer regras, agressividade, indisciplina – idéia de “defeito do controle moral” herdado dos
pais (Teoria da Degenerescência).

Anos 1920-30 - Conceito de “lesão cerebral mínima” (Strauss e Lehtinen): crianças que apresentavam
comportamentos semelhantes às atingidas pela encefalite mas que não tinham a doença, passaram a
ser consideradas portadoras de um dano cerebral que era apenas presumido (já que tinham o mesmo
comportamento).

1962 - Spastic Society propõe o termo “disfunção cerebral mínima” (DCM): através desse conceito
passou-se a classificar crianças com conduta hiperativa, desatenta, anti-social ou com problemas de
aprendizagem. Tentativa de localizar a causa de seus comportamentos no mal funcionamento ou
“imaturidade” dos seus cérebros.

Alguns autores articulam a expansão do diagnóstico de “DCM” ao choque da contra-cultura nos EUA
dos anos 1960. Era um diagnóstico típico das crianças das classes médias americanas, para as crianças
negras/pobres continuava reservada causalidades mais severas como a privação psicossocial ou o
retardo mental como explicação causal de seus comportamentos inadaptados/indesejáveis (Lima,
64:2005).
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
DCM sofria diversas críticas e foi sendo substituída por outros conceitos que abriam
mão das noções de “lesão” ou “disfunção cerebral”. Esforço de separação entre
distúrbios que envolviam linguagem/aprendizagem dos que envolviam hiper-atividade.
1957 “síndrome do impulso hipercinético”.

1960 “síndrome da criança hiperativa” . Descarta idéia de dano cerebral e lança a idéia
de “hiperatividade fisiológica”.

1968 – inclusão da categoria “reação hipercinética da infância” no DSM II

Nos anos 1970 o foco mudou da hiperatividade para as dificuldades de atenção e


controle dos impulsos. Os trabalhos de Virgínia Douglas foram fundamentais para que
no DSM III (1980) renomeasse a categoria para “distúrbio do déficit de atenção (DDA)”
– “com ou sem Hiperatividade” – essa mudança fez com que crianças sem
hiperatividade mas com dificuldade de focalizar a atenção pudessem ser
diagnosticadas. Consequente aumento do diagnóstico em meninas. Momento em que
adultos são inclusos no distúrbio e que TDA/H se associa à prescrição de Ritalina (quase
intrinsecamente)
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

1987 - DSM III-R o diagnóstico ganha a atual denominação


“transtorno de déficit de atenção/hiperatividade”

1994 DSM-IV ainda classifica em três subtipos: predominantemente


desatento, hiperativo/impulsivo ou combinado.

2013 DSM-5 passa de 7 para 12 anos o início dos sintomas e divisão


em dois subtipos.

No CID se preserva a ênfase na hiperatividade

1978 CID-9 “síndrome hipercinética da infância

1992 CID-10 “transtorno hipercinético”


Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

Dificuldades de trabalhar com um diagnóstico universal

Pesquisas revelam que a mesma sintomatologia é classificada como tendo


causas ambientais na Europa e causas biológicas nos EUA.

Caráter universal do diagnóstico é controverso porque presume-se que as


crianças têm o mesmo tipo de comportamento e fases do
desenvolvimento independentemente de sua cultura/nacionalidade.

Uma teoria do desvio do comportamento infantil pressupõe um modelo


universal do comportamento infantil. As crianças se comportam do
mesmo modo ao redor do mundo? (Corpo/Natureza/Universal)
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

Série de autores que relacionam o TDA/H ao aumento do nível de estimulação


da sociedade contemporânea: “aceleração do ritmo de consciência”; “sensory
adicction”.

Diller (1998) rebate que outras culturas “aceleradas” não tem a mesma
prevalência de diagnóstico de TDA/H e nem de uso de Ritalina – Japão como
exemplo. Aponta para uma divisão entre “Culturas consistentes” (comunidade)
x “culturas inconsistentes” (individualismo).

Especialização, Patologização e Medicalização seriam estratégias de sociedades


individualistas – pois localiza no indivíduo (em seu corpo) o problema e a
solução.

EUA e Canadá – Canadá consome menos da metade da Ritalina que os EUA.


Boom da Ritalina tem uma clientela específica: acontece na população branca,
classe média, dos subúrbios das grandes cidades americanas (Diller). Isso não
está relacionado à falta de acesso aos serviços de saúde.
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

O cálculo do número de casos usando o critério do DSM IV é de 15 a 57%


superior se for usado o critério do DSM III. Prevalência aumenta quando os
critérios se tornam mais abrangentes, fator importante para pensar sobre a
idéia de “epidemia”.

Em ambulatórios especializados número de meninos diagnosticados pode ser


até 9 vezes maior do que de meninas. Na população em geral a proporção cai
para 2 (meninos) para 1 (menina). Hipótese de que as meninas incomodariam
menos mas teriam mais sintomas ligados aos distúrbios da atenção.

Até os anos 1970 se acreditava que os sintomas desapareceriam naturalmente


no início da adolescência em quase todos os casos.

Atualmente tem sido comum que os pais que levam os filhos para avaliação
também saiam com o mesmo diagnóstico.
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

Como os sintomas elencados no DSM-5 são completamente


inespecíficos há a possibilidade de mascarar outras doenças. Richard
Saul identifica 16 doenças como possíveis causas de TDAH, e que não
são diagnosticadas, entre elas, problemas visuais, do sono, abuso de
substâncias, transtornos do humor, crianças superdotadas, epilepsia.
(36)

Desatenção e hiperatividade como transtorno ou como sintoma?


Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
Aumento na produção e consumo de Anfetamina

Produção mundial do metilfenidato passou de 28.830 kg em 2001 para 70.669 em 2017 (INCB, 2019).
No Brasil, em 2005 foram comercializados cerca de 268 kg de metilfenidato, chegando a 875 kg em
2012. (Lima)

Brasil é o segundo maior consumidor mundial de Ritalina. Aumento de 775% em 10 anos, 2006 a 2016.
O estado de São Paulo: 71.000 caixas em 2000 e 1,147 milhão em 2008. 2013: 2,6 milhões de caixas.
(Silva)

Medicalização de fatores Psicossociais e pedagógicos

“Conforme levantamento bibliográfico realizado, verifica-se que nas escolas aquilo que nos anos 1960 e
1970 era entendido como um problema relativo a questões emocionais, resultando no
encaminhamento da criança ao psicólogo ou ao psicanalista, a partir dos anos 1980 passa a ser tratado
pelos psicomotricistas e psicopedagogos, e que nos dias de hoje, quando há algum problema, o
psiquiatra e o neurologista é que são comumente procurados” (Silva 23:2016)

A investigação sobre o contexto socio histórico de surgimento e legitimação desse dito transtorno
revela que a aceitação social acerca do TDAH ganhou destaque na década de 1960, quando houve um
grande interesse governamental dos EUA em oferecer respostas às famílias de classe média baixa a
respeito do fracasso escolar de seus filhos (Collares e Moyses, 1996) (Silva, 40:2016)
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

A criança Esperança

“O início do século XIX foi marcado por mudanças importantes na


concepção de homem e de mundo, que influenciaram diretamente
na noção e na representação da criança como ‘indivíduo’. As
transformações no âmbito do conhecimento, do uso da razão e da
valorização da consciência foram fundamentais para essa nova
forma de tratamento. Frente à crescente produção de
conhecimento daquela época, a infância moderna passou a
representar e designar um período permeado pelos ideais de
futuro e esperança, ou seja, ‘o ponto de fuga no horizonte dos
sonhos adultos (Lajonquère, 2003, p. 149), onde encontramos o
desejo e o narcisismo desses adultos, a respeito dos quais nos fala
a psicanálise – que transformaram a infância numa depositária
imaginária desse sonho.” (Silva 55-56:2016)
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

Investir na infância é efeito de uma visão de mundo evolucionista e do aperfeiçoamento. A infância


como futuro é o retorno da utopia nos discursos seculares.

A criança como portadora desse futuro e dessa evolução deve também encarnar o ideal
comportamental e moral da geração de adultos que os fantasia. As crianças encarnam exigências
muito profundas e sofrem disso.

A escola e os pais: “Nesse contexto, o sucesso escolar dos filhos refletiria o sucesso dos pais, ao
passo que o fracasso refletiria a incompetência da família.” (Silva, 57:2016)

“Como denuncia Lajonquière (1999), se a educação hoje se converte a priori em um fenômeno de


difícil acontecimento, tal coisa se deve ao império do ideário (psico) pedagógico contemporâneo,
que revela um processo de psicologização das experiências educativas. Ou seja, haveria certos
parâmetros esperados de comportamento prescritos pelas teses e que deveriam ser alcançados;
caso contrário, os especialistas interviriam para suprir as lacunas das crianças e alcançar uma
normatização.” (Silva, 60:2016)

“Quanto mais inflacionada está a dimensão psicopedagógica, mais fica comprometida a educativa”
(Silva, 61:2016)
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
BIBLIOGRAFIA:

APA. DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2014.

CRUZ, M. G. A., OKAMOTO, M. Y., & FERRAZA, D. D. A. (2016). O caso Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH) e a medicalização da educação: uma análise a partir do relato de pais e professores.
Interface- Comunicação, Saúde, Educação, 20, 703-714.

LAJONQUIÉRE, L. Figuras do Infantil. Petrópolis: Vozes, 2009.

LANDMAN, P. Todos Hiperativos? A inacreditável epidemia dos transtornos da atenção.

LIMA, R. C. Somos Todos desatentos? Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2000.

MEIRA, M. E. M. (2012). Para uma crítica da medicalização na educação. Psicologia Escolar e Educacional, 136-142;

OMS. CID-10. Porto Alegre: Artmed, 1993.

SILVA, M. G. TDAH contribuições da psicanálise. São Paulo: Escuta, 2016.

SURJUS, L. T. L. S.; MOYSÉS, M. A. A. (Orgs). Saúde Mental Infanto juvenil: Territórios, políticas e clínicas de
resistência. Santos: Unifesp/ Abrasme, 2019.

Speed

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