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Evolução histórica do Estado

Profª: Dra. Socorro Moura


TIPOS IDEAIS DE ESTADO

 Corresponde a formas fundamentais que o Estado tem apresentado ao longo do


tempo

 Os tipos acompanham a diferenciação histórica ou as épocas históricas, em sucessão


cronológica

 Parte das particularidades apresentadas em relação às semelhanças que apresentam –


[tipos-padrão]

 Representam uma síntese de aspectos extraídos da realidade, pelo exame de Estados


reais

 Fixa as características fundamentais do Estado, a partir de suas formas diferenciadas.


A evolução histórica do Estado

Estado
Estado Moderno
Medieval [séc. séc.
Estado
Romano [ano 476 XV]
Estado Grego d.C.]
[a civitas –
[a polis – séc. séc. V/VII a.
Estado V a.C.]
Antigo C.]

[ano 2.800
a. C.]
I - Estado Antigo
[Estado oriental ou teocrático]
Forma típica:

 Localização tempo/espaço: formas mais remotas/Oriente e


Mediterrâneo

 Confunde-se com as outras instituições sociais: família,


economia e religião

 Não há distinção entre o pensamento político e o pensamento


religioso, moral, filosófico ou econômico
Características fundamentais

A natureza unitária:

assume a forma de unidade geral


não há divisões interiores, territoriais ou de funções

Traço que perdura durante toda a evolução política da


Antiguidade
Religiosidade

Característica mais marcante:


representa a influência predominante da religião
Influencia a denominação Estado Teocrático

A autoridade dos governantes e as normas de comportamento


individual e coletivo expressam a vontade divina

A teocracia representa:
Uma estreita relação entre a divindade e o Estado
Formas da relação divindade/Estado
1ª - Governo unipessoal
o governante é um representante do poder divino
e
confunde-se com a divindade:
vontade do governante = vontade da divindade

O Estado:
objeto submetido a um poder estranho e superior a ele
2ª - O poder do governante é limitado pela vontade
da divindade

Utilização de uma instância de mediação

A classe sacerdotal:
órgão especial veículo/emissário da divindade

Revela a convivência de dois poderes:


um humano e um divino

A influência divina varia conforme as circunstâncias de tempo e espaço


II - Estado grego

Característica fundamental:
a cidade-Estado (Polis): sociedade política de maior expressão

Ideal visado pela polis:


a autossuficiência [o Estado é completo em si mesmo]

Corresponde à definição de Aristóteles:


“A polis é sociedade constituída por diversos e pequenos burgos, que
possui todos os meios de abastecer a si mesma, por isso atinge o ideal a
que se propõe.”

Ente público e coletivo


A organização da Polis:
permite a criação da política como prática pública

Surge da necessidade de:

fixação de regras sociais

Definição dos enunciados fundamentais, conhecidos e válidos para


todos – as leis
[base das leis: a tradição, os costumes, a religião]

Orientação dos deveres, da participação dos cidadãos e das


instituições

Arbitragem dos conflitos por meio de tribunais confiáveis e imparciais


Funções da política praticada na Polis:
Afastar o poder despótico de um grupo/classe/casta
e
Resolver os conflitos e contradições sociais num espaço público
A posição peculiar do indivíduo na sociedade

O cidadão:
compõe a classe política
e
é parte da elite dirigente

Tem intensa participação nas decisões do Estado, nos assuntos


públicos [cidadania exigente]
Posição privilegiada para poucos
III - Estado romano [a civitas]
Revela uma contradição:
Manutenção e superação das características da polis grega

Mantém como ponto em comum:


o poder com base familiar de organização:
a ordem gentílica [patrícia]

Característica particular do Estado romano:


superação da Polis pela expansão territorial, imperial e pelo
Cristianismo
O Estado romano – a civitas
a Res publica [a coisa pública]
[a coisa pública]
A noção de povo:
restrita às famílias patrícias

Participação direta [limitada] do povo [outras camadas sociais]


nas decisões políticas [pelo legislativo – o Plebiscito]
e
fruto da lenta evolução do Estado romano
O Império Romano
Expansão territorial da civitas

Expressa-se sob as condições da cidadania universal:


a dupla cidadania
[situação jurídica do povo romano, superior à das conquistas]
à
integração jurídica dos povos conquistados [todos são cidadãos romanos]

Adoção de características “federativas”:


o poder com forte concentração central combinada à relativa autonomia das colônias
A “federação” imperial romana
Roma:
Centro político-
administrativo
Exclusividade:
poder militar, finanças e
diplomacia

Províncias:
povos submetidos ou
associados
Autonomia cultural (religiosa,
jurídica, de costumes)
As transformações do Estado romano:
da Antiguidade clássica à Idade Média

Objetivos:

Político: unificação do Império


Religioso: aumento dos adoradores dos deuses de Roma
Fiscal:
captação de recursos mediante a obrigação dos peregrinos em
pagar impostos nas sucessões (aquisição de propriedades)

Social: simplificação e facilitação das decisões judiciais


O declínio do Império:
tolerância cultural e neutralidade religiosa
O Édito de Caracala [ano 212 d.C.]:
marca o começo do fim do Império

Tolerância cultural e cidadã

Transição para a influência cristã consolidada com o Edito de Milão


(Constantino I, ano 313):
Tolerância, legitimidade e liberdade religiosas no Império

O Império ganha um sócio:


o Cristianismo
IV-Estado medieval

Aspectos influenciadores fundamentais:

O Cristianismo

As consequências das invasões bárbaras

O feudalismo
O Cristianismo e os “Estados”
medievais

A revolução cristã no Ocidente


O Cristianismo

Aspecto remanescente da ordem imperial romana

Base da aspiração à universalidade:


afirmação da igualdade ignorando as origens
e
afirmação da unidade religiosa em detrimento da unidade política

Ideia de um Estado universal:


todos os homens guiados pelos mesmos princípios
O alcance da influência cristã:
a Igreja Universal

Imposição da moral católica e cristã:


adoção de um padrão de comportamento público e privado para
todos
Marco dentro do qual se inseriam atos, pensamentos e fé de
imperadores, príncipes, nobres e súditos

Poder civil = poder religioso


O dualismo de poder:
característica política fundamental
Fragmentação política X unidade religiosa

O Império da Cristandade X multiplicidade de centros de poder


(reinos, senhores, comunas, corporações de ofício)

Estado X Igreja:
a confusão das esferas de poder

Competências distintas e autonomia recíproca das esferas


A estrutura política dual e formal medieval

Imperador Universal:
Igreja Universal:
Poder temporal ou secular
Poder espiritual ou religioso

Atribuição: a segurança dos


corpos Atribuição: Salvação das almas

Germânia: o imperador Roma: o Papa


As invasões bárbaras (séc. III d. C. ao séc. VI)
Significado e consequências das invasões
bárbaras
Movimento de povos de toda a Europa em direção a Roma

Introdução de novos costumes

Estímulo de independência política às regiões invadidas

Promoção de graves perturbações e transformações na ordem


estabelecida

A criação de muitos pequenos Estados


A ordem política medieval:
precariedade e instabilidade

A improvisação das chefias

Abandono ou transformação dos padrões tradicionais

Constante situação de guerras

Indefinição das fronteiras políticas


A influência do Feudalismo: as bases

O localismo:
Economia agrária, lenta, localista, autossuficiente e de subsistência

Dificuldade do desenvolvimento do comércio pelas invasões e guerras internas

Valorização da posse da terra:


único meio de subsistência

A hierarquia social estamental:


rigidez, baixa ou nulidade de progressão e mobilidade social, dependente da
propriedade e posse da terra

Sistema administrativo e organização militar com base na situação patrimonial:


exercício local de poder com base na hereditariedade e posse da terra
A confusão público/privado: fatores determinantes

A vassalagem:

Relações baseadas na troca de favores e obrigações


Teia de relações ligadas à posse e propriedade da terra

Os proprietários menos poderosos a serviço do senhor feudal:


para fins de proteção

Relação jurídica de caráter pessoal


Relação jurídica de caráter pessoal

O A
benefício imunidade

Contrato de servidão: entre o senhor


feudal e o chefe de família sem
patrimônio
Isenção de impostos às
terras sujeitas ao
O chefe de família: recebia uma faixa benefício
de terra do senhor

O senhor feudal: exercia domínio de


vida e morte sobre o chefe e sua família
e estabelecia as regras de
comportamento social e privado
A vassalagem e o benefício
Expressões do reconhecimento do poder político local [e de fato] do senhor feudal

Contribuem para a ordem jurídica própria do feudo

Desvinculam o feudo do Estado

Significa que o exercício do poder político era ligado à posse da terra

Afirmavam a independência em relação a qualquer autoridade maior

Integração apenas nominal ao Estado:


diante das vastas e imprecisas dimensões do Sacro Império Romano Germânico
Conclusões sobre o Estado Medieval

Existiu mais como aspiração do que como realidade:


poder de direito, como poder superior exercido pelo imperador

Presença de infinita pluralidade de poderes menores: a nobreza feudal e os poderes de fato

Ausência de uma hierarquia de poder definida: pela incontável multiplicidade de ordens jurídicas

Presença de diferentes ordens jurídicas:


a ordem imperial, a ordem eclesiástica, o direito das monarquias menores, o direito comunal

Fragmentação: Instabilidade política,econômica e social

Poder polissêmico: vários e diferentes centros de poder

Intensa necessidade de ordem


Contexto e
O Estado Moderno características
O Estado Moderno

Determinado pelas deficiências da sociedade política medieval

Aumento da aspiração à antiga unidade imperial romana


consequência da nova distribuição da terra:
ampliação do número de proprietários grandes e pequenos

Insatisfação da nobreza feudal rural com as exigências dos monarcas


aventureiros
A imposição de uma tributação indiscriminada
A permanente atmosfera de guerra
Força à afirmação de um poder soberano e legítimo, dentro de precisa
delimitação territorial
Características

Soberania:
poder, autoridade ou governo com controle exclusivo da força

Territorialidade:
Influência de prescrição jurisdicional sobre dado território

Povo:
o elemento humano composto de traços culturais específicos (Nação) submetido à
soberania em dado território

O vínculo jurídico: o Direito

A finalidade:
a regulação global da vida social e a defesa comum (soberania interna e externa)

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