Você está na página 1de 10

Ciência Política e Teoria

Geral do Estado:
Noção, Objeto e
Método

Profa. Socorro Moura


A relação Teoria Geral do Estado e Ciência Política

• Parte da responsabilidade das disciplinas não-jurídicas no curso de Direito


• Refere-se à necessidade de conhecer as instituições e os problemas da sociedade
contemporânea
• Funções: levar a aquisição de consciência da organização da sociedade e do papel a ser
desempenhado nela;
• apreensão da forma e dos métodos de resolução dos problemas sociais, para impedir a mera
reprodução de fórmulas importadas de realidades estranhas às particularidades sociais;
• acessar o conhecimento que interfere na elaboração do direito.
• Interesse mais acadêmico que prático: disciplina obrigatória [inserida nos currículos
brasileiros como parte integrante da Ciência Política]
A justificativa teórica para a relação Ciência Política e
Teoria Geral do Estado

• É impossível desenvolver estudos da Ciência Política sem considerar o


Estado, dado que este tem poder jurídico sem perder seu caráter político
• O conceito weberiano [Max Weber, 1903] de Política: conjunto de esforços
feitos com vista a participar do poder ou a influenciar a divisão do poder, seja
em Estados ou no interior de um único Estado;
• Richard Bellamy [1993]: o Estado é de interesse central para a política,
sendo ele o um locus para o exercício do poder, um produtor de decisões e a
comunidade política primária para muitos seres humanos,
contemporaneamente
A Teoria Geral do Estado
• Disciplina de síntese: sistematiza conhecimentos jurídicos,
filosóficos, sociológicos, políticos, históricos, antropológicos,
econômicos, psicológicos.
• Objetivo: o aperfeiçoamento do Estado, como um fato social e uma
ordem que procura atingir suas finalidades com eficácia e justiça
• Objeto: o Estado em sua totalidade – todos os seus aspectos [origem,
organização, funcionamento e finalidades], além da compreensão de
que tudo que nele existe e tenha influência sobre ele é parte do seu
âmbito.
• Abrange elementos jurídicos e não jurídicos do Estado
As abordagens acerca do estudo do Estado
• Filosófica – Filosofia do Estado: enfatiza a busca por uma justificativa ética [humana]
para o Estado[o dever-ser], se distancia excessivamente da realidade concreta [o ser],
inferiorizando o caráter pragmático do Estado;
• Sociológica – Sociologia do Estado: eminentemente realista, dá absoluta
preponderância aos fatos concretos, ignorando os abstratos ou juízos de valor [faz um
julgamento de fato – o ser];
• Jurídica – considera e admite apenas o Estado como realidade normativa, criado pelo
direito para realizar fins jurídicos, afirmando-se como formalismo jurídico, e estuda o
Estado a partir de considerações técnico-formais.
• Culturalismo Realista – admite o Estado como um todo dinâmico, uma unidade
indissociável, passível de ser estudado sob vários ângulos – a partir de sua gênese e
evolução [doutrina sociológica], do ponto de vista da sua organização e personificação
[doutrina jurídica] e observação dos seus fundamentos e fins [doutrina justificativa].
Cronologia da Teoria Geral do Estado
Origem:
fins do século XIX
Raízes:
Antiguidade greco-romana
Platão, Aristóteles, Cícero – sem rigor científico, cunho filosófico [não há distinção entre a realidade
observada e a realidade idealizada], enfoque ético [indica a melhor forma de convivência social – o
dever-ser]
Idade Média:
Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino – Justificação da ordem existente com base em
considerações teológicas
Fim da Idade Média
Marsílio de Pádua [O Defensor da Paz -1324] – reação inicial ao irrealismo, preconiza a separação
Igreja/Estado, com independência recíproca
A revolução maquiaveliana – o marco inicial
• A revolução da Modernidade
• Maquiavel [início do século XVI – 1513] - abandono dos fundamentos teológicos,
busca de generalizações universais com base na própria realidade
• A contribuição de Maquiavel: considera os valores humanos, faz uma
observação aguda do seu contexto histórico-político e da organização/atuação do
Estado; faz comparações históricas, vivencia a experiência política – funda a
Ciência Política
• Obra deturpada, proibida, condenada, porém, influenciadora da exigência do
enfoque objetivo dos fatos políticos – ruptura com o irrealismo
A Ciência Política

• Faz estudo da organização política e dos comportamentos políticos


• Utiliza a Teoria Política, mas não leva em conta os elementos jurídicos
• Apresenta como limitação: o enfoque é insuficiente para a compreensão
dos direitos, das obrigações e das implicações jurídicas contidas no fato
político ou dele decorrentes
As teorias posteriores
• Século XVIII - Teoria da origem do Estado e da Sociedade civil
• O Jusnaturalismo moderno – Hobbes, Locke e Rousseau
• Influenciados pela ideia do Direito Natural
• Busca fundamentar o direito por natureza, a organização social e a
organização do poder político
• Século XIX – sistematização jurídica dos fenômenos políticos
• Surgimento da Teoria Geral do Estado como disciplina autônoma
[1865] – objetivo: conhecer o Estado
Conclusão
• A Teoria Geral do Estado admite o Estado como um conjunto de fatos integrados numa
ordem e ligados a fundamentos e fins, em permanente movimento.
• Considera a impossibilidade de adoção de um método único: o método depende do
ângulo enfocado ou associação permanente de métodos
• Utiliza-se, via de regra, da indução [para obter-se generalizações], a partir de fatos
considerados isolados e da dedução [para obter-se a explicação de fatos particulares], ou a
fixação de perspectivas e, utiliza-se do método analógico [para estabelecer comparações].
• O resultado deve ser integrado em síntese – de uma lei geral [obtida por indução] tiram-
se deduções que explicam outros fenômenos [a interação causal]
• O Estado como a própria vida social submete-se permanentemente ao processo
dialético, criando-se e recriando-se

Você também pode gostar