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DIREITO EMPRESARIAL –

TEORIA GERAL DA
EMPRESA
ÓRGÃOS, REGISTRO, ESTABELECIMENTO COMERCIAL E
TRESPASSE
REGISTRO

• Empresário individual: art. 967 – é obrigatório; natureza declaratória – antes


do início da atividade
• Empresário rural: facultativo – natureza constitutiva
• Filial : art. 969
a) Mesmo Estado: averbação na Junta Comercial do mesmo Estado
b) Estado diferente: registro na Junta Comercial do respectivo Estado da
filiar/sede/sucursal
REGISTRO
Registro: obrigação do empresário antes do início da exploração da atividade
empresarial (art. 967, CC), com exceção do produtor rural (art. 971, CC), que se
caracteriza como empresário por equiparação. Observe-se que o registro não tem
natureza jurídica constitutiva, mas sim declaratória, exceto para o produtor rural.
Neste sentido, Enunciado 199 do CJF entende que “a inscrição do empresário ou
sociedade empresária é requisito delineador de sua regularidade, e não da sua
caracterização”. Sendo assim, caso não seja efetuado o respectivo registro, há que se
falar em empresário irregular, que será regido pelas normas de Direito Empresarial,
não lhe sendo concedido, todavia, todos os benefícios concedidos ao empresário
regular (por exemplo, a impossibilidade de requerer recuperação judicial – art. 48 da
Lei 11.101/2005). Nesse sentido é também o Enunciado 198 do CJF: “A inscrição do
empresário na Junta Comercial não é requisito para a sua caracterização, admitindo-
se o exercício da empresa sem tal providência. O empresário irregular reúne os
requisitos do art. 966, sujeitando-se às normas do Código Civil e da legislação
comercial, salvo naquilo em que forem incompatíveis com a sua condição ou diante
de expressa disposição em contrário”.
REGISTRO PÚBLICO DE EMPRESAS
MERCANTIS – LEI 8934/94
Órgãos que compõem o SINREN (Sistema Nacional de Registro de
Empresas Mercantis)
a) DREI – Departamento de Registro Empresarial e Integração (Decreto
8.001/13) – órgão federal que regulamente e fiscaliza as Juntas Comerciais
b) Juntas Comerciais – natureza jurídica híbrida ( art. 6º, lei 8934/94):
I. Atos administrativos – subordinação estadual;
II. Atos técnicos – subordinação ao DREI (órgão federal)
REGISTRO PÚBLICO DE EMPRESAS
MERCANTIS – LEI 8934/94
REGISTROS DA JUNTA COMERCIAL (LEI
8.934/90)

• 1 - ARQUIVAMENTO (art. 32, II) – registro e averbação


• Publicidade (art. 29)
• Prazo: 30 dias da assinatura do documento (art. 1.151, CC)
• § 1º. Os documentos necessários ao registro deverão ser apresentados no prazo de trinta dias, contado da
lavratura dos atos respectivos
• § 2ª. Requerido além do prazo previsto neste artigo, o registro somente produzirá efeito a partir da data
de sua concessão
REGISTRO
• Processo decisório (arts. 41/43) – análise das formalidades legais
Regra: processo singular – uma pessoa só;
Exceção: decisão colegiada (art. 42) – duas ou mais pessoas
a) Atos relativos à S.A;
b) transformação, fusão, incorporação, cisão;
c) Grupo econômico e consórcio

• Possíveis decisões (art. 40):


a) Documentação completa: deferimento;
b) Documentação incompleta: vício sanável – prazo de 30 dias
c) Vício insanável: indeferimento
REGISTRO
• 2 – AUTENTICAÇÃO (art. 32, III)
Livro obrigatório para todas as sociedades (uma exceção*): livro diário (art.
1.179, CC) – Deve constar toda a atividade diária da sociedade
Atenção! Junta Comercial NÃO confere dados. Autenticação não é
reconhecimento de veracidade
Consequência da autenticação: admite prova em contrário – presunção
relativa
Sigilo (art. 1.190, CC) – regra. Exceção: justo motivo + exibição judicial (art.
1.191 e 1.192, CC)
Não há sigilo para o fisco e previdência
Obs: o livro diário não é obrigatório para Microempresa (ME) e Empresas de
Pequeno Porte (EPP) que optem pelo Simples Nacional. Neste caso, terão
livro caixa
REGISTRO

• 3 – MATRÍCULA
Profissionais matriculados na JC: contador, leiloeiro, intérprete, tradutor e
administrador de armazém geral
REGISTRO
ESTABELECIMENTO
• Conceito: art. 1.142, CC
Natureza jurídica: universalidade de fato
• Atributos (não compõem o estabelecimento – são resultados de seu uso);
a) Aviamento – objetivo e subjetivo
b) Clientela
• Objeto unitário do negócio jurídico (art. 1.143, CC) – alienação = trespasse; usufruto e
arrendamento
• Eficácia perante terceiros (art. 1.144, CC) – requisitos:
a) Averbação da JC
b) Publicidade na imprensa oficial – obs: exceção: ME e APP (art. 71, LC 123/06)
c) Concordância dos credores (art. 1.145, CC) – somente se não restar ao alienante bens
suficientes para saldar suas dívidas
OBS: CREDOR NÃO NOTIFICADO OU QUE NÃO CONCORDOU: pode pedir a falência do
alienante (art. 94, III, “c”, Lei 11.101/05)
ESTABELECIMENTO
TRESPASSE E RESPONSABILIZAÇÃO PELAS
DÍVIDAS

• Sucessão Empresarial: art. 1.146 do Código Civil trata da chamada sucessão


empresarial, estabelecendo que “o adquirente do estabelecimento responde pelo
pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente
contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo
prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto
aos outros, da data do vencimento”. Deste modo, o adquirente responde pelas dívidas
existentes e devidamente contabilizadas, sendo que alienante ficará responsável
solidariamente pelo prazo de um ano, a contar da data da publicação, se as dívidas
estiverem vencidas e um ano, a contar do vencimento, para as dívidas vincendas.
TRESPASSE E DÍVIDAS

a) adquirente: débitos anteriores contabilizados (art. 1.146, 1ª parte)


b) Alienante: continua solidariamente responsável (art. 1.146, 2ª parte)
I. Dívidas vencidas – 1 ano do trespasse;
II. Dívidas vincendas – 1 ano do vencimento da obrigação

ATENÇÃO! Não confundir trespasse com a responsabilidade de ex sócio: 02


anos da averbação (art. 1003, CC)
TRESPASSE E DÍVIDAS
• EXCEÇÕES:
a) Dívida trabalhista: (art. 448, CLT - O adquirente terá responsabilidade por todos
os contratos de trabalho e obrigações trabalhistas, sendo a responsabilidade
exclusiva do adquirente, tendo o empregado opção de demandar contra alienante
ou adquirente)
b) Dívida tributária:
I. Caso o alienante não prossiga ou não se restabeleça: prazo de 06 meses:
obrigação é integral do adquirente;
II. Caso o alienante prossiga ou se restabeleça: prazo de 06 meses:
responsabilidade do adquirente será subsidiária
III. Falência: sem responsabilização para o adquirente
TRESPASSE E CONCORRÊNCIA

• Cláusula de não concorrência: art. 1147. Importante: Enunciado 490 do


CJF: “A ampliação do prazo de 5 anos de proibição de concorrência pelo
alienante ao adquirente do estabelecimento, ainda que convencionada no
exercício da autonomia da vontade, pode ser revista judicialmente, se
abusiva”. No mesmo sentido, Informativo 554 – STJ: “É abusiva a vigência,
por prazo indeterminado, da cláusula de “não restabelecimento” (art. 1.147
do CC), também denominada “cláusula de não concorrência”. REsp 680.815-
PR, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 20/3/2014, DJe 3/2/2015”.
TRESPASSE

• Segundo o art. 1.148 do Código Civil, “salvo disposição em contrário, a


transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos
estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter
pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar
da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste
caso, a responsabilidade do alienante”.
TRESPASSE

• ATENÇÃO! contrato de locação, pois pelo Enunciado 234, CJF, “quando do


trespasse do estabelecimento empresarial, o contrato de locação do
respectivo ponto não se transmite automaticamente ao adquirente”. Mais
recentemente, na I Jornada de Direito Comercial, foi aprovado o Enunciado
8, com o seguinte teor: “A sub-rogação do adquirente nos contratos de
exploração atinentes ao estabelecimento adquirido, desde que não
possuam caráter pessoal, é a regra geral, incluindo o contrato de locação”.

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