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Acórdãos STF

Previdenciário
Andrea N. Cezne
Março/2009
Sobre Inserção do Marido como dependente da
Mulher em regime previdenciário:
 "Pensão por morte de servidora pública estadual,
ocorrida antes da EC 20/98: cônjuge varão: exigência de
requisito de invalidez que afronta o princípio da
isonomia. (...) No texto anterior à EC 20/98, a
Constituição se preocupou apenas em definir a
correspondência entre o valor da pensão e a totalidade
dos vencimentos ou proventos do servidor falecido, sem
qualquer referência a outras questões, como, por
exemplo os possíveis beneficiários da pensão por morte
(Precedente: MS 21.540, Gallotti, RTJ 159/787). No
entanto, a lei estadual mineira, violando o princípio da
igualdade do artigo 5º, I, da Constituição, exige do
marido, para que perceba a pensão por morte da
mulher, um requisito — o da invalidez — que, não se
presume em relação à viúva, e que não foi objeto do
acórdão do RE 204.193, 30-5-2001, Carlos Velloso, DJ
31-10-2002.
 Nesse precedente, ficou evidenciado que o
dado sociológico que se presume em favor da
mulher é o da dependência econômica e não, a
de invalidez, razão pela qual também não pode
ela ser exigida do marido. Se a condição de
invalidez revela, de modo inequívoco, a
dependência econômica, a recíproca não é
verdadeira; a condição de dependência
econômica não implica declaração de invalidez."
(RE 385.397- AgR, Rel. Min. Sepúlveda
Pertence, julgamento em 29-6-07, DJ de 6-9-07)
"Pensão: extensão ao viúvo. Princípio da
igualdade. Necessidade de lei específica. CF,
art. 5º, I; art. 195 e seu § 5º; art. 201, V. A
extensão automática da pensão ao viúvo, em
obséquio ao princípio da igualdade, em
decorrência do falecimento da esposa-
segurada, assim considerado aquele como
dependente desta, exige lei específica, tendo
em vista as disposições constitucionais inscritas
no art.195, caput, e seu § 5º, e art. 201, V, da
Constituição Federal." (RE 204.193, Rel. Min.
Carlos Velloso, julgamento em 30-5-01, DJ de
31-10-02)
 "Constitucional. Previdenciário. Pensão:
extensão ao viúvo. Princípio da igualdade.
Necessidade de lei específica. A extensão
automática da pensão ao viúvo, em
decorrência do falecimento da
esposasegurada,assim considerado
aquele como dependente desta, exige lei
específica, tendo em vista as disposições
constitucionais inscritas no art. 195, caput,
e seu § 5º, e no art. 201, V, da
Constituição Federal." (AI 538.673-AgR,
Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgamento em 22-5-07, DJ de 29-6-07)
 "
Pensão Por Morte – Efeitos no Tempo
 "Benefício de pensão por morte. Concessão anterior à Lei
9.032/95. Impossibilidade de retroação. (...). Em matéria
previdenciária, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
firmou-se no sentido de que a lei de regência é a vigente no
tempo de concessão do benefício (tempus regit actum). Lei
nova (Lei n. 9.032/95 para os beneficiados antes do seu
advento e Lei n. 8.213 para aqueles que obtiveram a
concessão em data anterior a 1991), que não tenha fixado a
retroatividade de seus efeitos para os casos anteriormente
aperfeiçoados, submete-se à exigência normativa
estabelecida no art. 195, § 5º, da Constituição: ‘Nenhum
benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado,
majorado ou estendido sem a correspondente fonte de
custeio total." (RE 485.940, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgamento em 9-2-07, DJ de 20-4-07). No mesmo sentido:
RE 419.954 e RE 414.741, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgamento em 9-2-07, DJ de 23-3-07; RE 492.338, Rel. Min.
Cezar Peluso, julgamento em 9-2-07, DJ de 30-3-07.
 Benefício previdenciário: aposentadoria por invalidez
concedida na vigência da redação original do art. 44 da
L. 8.213/91, antes, portanto, da edição da L. 9.032/95:
revisão indevida: aplicação à espécie, mutatis mudandis,
da decisão plenária dos RREE 415.454 e 416.827, 8-2-
2007, Gilmar Mendes. Ao julgar os RREE 415.454 e
416.827, Pleno, 8.2.2007, Gilmar Mendes, o Supremo
Tribunal decidiu que contraria a Constituição (art. 5º,
XXXVI, e 195, § 5º), a decisão que defere a revisão para
100% do ‘salário de benefício’ das pensões por morte
instituídas antes da vigência da L. 9.032/95, que alterou
o art. 75 da L. 8.213/91, sob o qual ocorrera a morte do
segurado. RE provido, conforme os precedentes, com
ressalva do voto vencido do Relator deste. Ônus da
sucumbência indevidos." (RE 446.329, Rel. Min.
Sepúlveda Pertence, julgamento em 9-2-07, DJ de 4-5-
07)
 "Recurso extraordinário. Interposto pelo Instituto Nacional
do Seguro Social (INSS), com fundamento no art. 102, III,
a, da Constituição Federal, em face de acórdão de turma
recursal dos juizados especiais federais. Benefício
previdenciário: pensão por morte (Lei n. 9.032, de 28 de
abril de 1995). No caso concreto, a recorrida é pensionista
do INSS desde 4-10-1994, recebendo através do
benefício n. 055.419.615-8, aproximadamente o valor de
R$ 948,68. Acórdão recorrido que determinou a revisão
do benefício de pensão por morte, com efeitos financeiros
correspondentes à integralidade do salário de benefícios
da previdência geral, a partir da vigência da Lei no
9.032/1995. Concessão do referido benefício ocorrida em
momento anterior à edição da Lei n. 9.032/1995. No caso
concreto, ao momento da concessão, incidia a Lei n.
8.213, de 24 de julho de 1991. Pedido de intervenção
anômala formulado pela União Federal nos termos do art.
5º, caput e parágrafo único da Lei n. 9.469/1997. Pleito
deferido monocraticamente por ocorrência, na espécie, de
potencial efeito econômico para a peticionária (DJ 2-9-
2005).
 4. O recorrente (INSS) alegou: i) suposta violação ao art.
5º, XXXVI, da CF (ofensa ao ato jurídico perfeito e ao
direito adquirido); e ii) desrespeito ao disposto no art.
195, § 5º, da CF (impossibilidade de majoração de
benefício da seguridade social sem a correspondente
indicação legislativa da fonte de custeio total). Análise
do prequestionamento do recurso: os dispositivos tidos
por violados foram objeto de adequado
prequestionamento. Recurso Extraordinário conhecido.
Referência a acórdãos e decisões monocráticas
proferidos quanto ao tema perante o STF: RE (AgR) n.
414.735/SC, 1ª Turma, unânime, Rel. Min. Eros Grau,
DJ 29-4-2005; RE n. 418.634/SC, Rel. Min. Cezar
Peluso, decisão monocrática, DJ 15-4-2005; e RE n.
451.244/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, decisão
monocrática, DJ 8-4-2005.
 Evolução do tratamento legislativo do benefício da
pensão por morte desde a promulgação da CF/1988:
arts. 201 e 202 na redação original da Constituição,
edição da Lei n. 8.213/1991 (art. 75), alteração da
redação do art. 75 pela Lei n. 9.032/1995, alteração
redacional realizada pela Emenda Constitucional n. 20,
de 15 de dezembro de 1998. Levantamento da
jurisprudência do STF quanto à aplicação da lei
previdenciária no tempo.
 Consagração da aplicação do princípio tempus regit
actum quanto ao momento de referência para a
concessão de benefícios nas relações previdenciárias.
 Precedentes citados: RE n. 258.570/RS, 1ª Turma, unânime, Rel.
Min. Moreira Alves, DJ 19-4-2002; RE (AgR) n. 269.407/RS, 2ª
Turma, unânime, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 2-8-2002; RE (AgR)
no 310.159/RS, 2ª Turma, unânime, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJ 6-
8-2004; e MS n. 24.958/DF, Pleno, unânime, Rel. Min. Marco
Aurélio, DJ 1º- 4-2005. Na espécie, ao reconhecer a configuração
de direito adquirido, o acórdão recorrido violou frontalmente a
Constituição, fazendo má aplicação dessa garantia (CF, art. 5º,
XXXVI), conforme consolidado por esta Corte em diversos julgados:
RE n. 226.855/RS, Plenário, maioria, Rel. Min. Moreira Alves, DJ
13-10-2000; RE n. 206.048/RS, Plenário, maioria, Rel. Min. Marco
Aurélio, Red. p/ acórdão Min. Nelson Jobim, DJ 19-10-2001; RE n.
298.695/SP, Plenário, maioria, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ
24-10-2003; AI (AgR) n. 450.268/MG, 1ª Turma, unânime, Rel. Min.
Sepúlveda Pertence, DJ 27-5-2005; RE (AgR) n. 287.261/MG, 2ª
Turma, unânime, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 26-8-2005; e RE n.
141.190/SP, Plenário, unânime, Rel. Ilmar Galvão, DJ 26-5-2006.
De igual modo, ao estender a aplicação dos novos critérios de
cálculo a todos os beneficiários sob o regime das leis anteriores, o
acórdão recorrido negligenciou a imposição constitucional de que
lei que majora 13/03/2008 12:22:11
Recebimento de pensão simultânea com
concubina do conjuge - impossibilidade
 “A Turma, por maioria, deu provimento a recurso extraordinário no
qual esposa questionava decisão de Turma Recursal dos Juizados
Especiais Federais de Vitória-ES, que determinara o rateio, com
concubina, da pensão por morte do cônjuge, tendo em conta a
estabilidade, publicidade e continuidade da união entre a recorrida e o
falecido. Reiterou-se o entendimento firmado no RE 397762/BA (DJE
de 12.9.2008) no sentido da impossibilidade de configuração de união
estável quando um dos seus componentes é casado e vive
matrimonialmente com o cônjuge, como na espécie. Ressaltou-se
que, apesar de o Código Civil versar a união estável como núcleo
familiar, excepciona a proteção do Estado quando existente
impedimento para o casamento relativamente aos integrantes da
união, sendo que, se um deles é casado, esse estado civil apenas
deixa de ser óbice quando verificada a separação de fato. Concluiu-
se, dessa forma, estar-se diante de concubinato (CC, art. 1.727) e não
de união estável. Vencido o Min. Carlos Britto que, conferindo trato
conceitual mais dilatado para a figura jurídica da família, desprovia o
recurso ao fundamento de que, para a Constituição, não existe
concubinato, mas companheirismo.” (RE 590.779, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgamento em 10-2-09, Informativo 535)
Rural – Indenização do Tempo
anterior a 1991
 "Trabalhador rural. Contagem do tempo de serviço. período anterior
à edição da Lei n. 8.213/91. Recolhimento de contribuição:
pressuposto para a concessão de aposentadoria. Impossibilidade.
 Tempo de serviço rural anterior à edição da Lei n. 8.213/91.
Exigência de recolhimento de contribuição como pressuposto para
a concessão de aposentadoria. Impossibilidade. Norma
 destinada a fixar as condições de encargos e benefícios, que traz
em seu bojo proibição absoluta de concessão de aposentadoria do
trabalhador rural, quando não comprovado o recolhimento das
 contribuições anteriores. Vedação não constante da Constituição do
Brasil. Precedente: ADI n. 1.664, Relator o Ministro Octavio Gallotti,
DJ de 19-2-97." (RE 344.446-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento
 em 23-10-07, DJ de 30-11-07)
Aposentado que Retorna à
Atividade
 "Contribuição previdenciária: aposentado que retorna à
atividade: CF, art. 201, § 4º; L. 8.212/91, art. 12:
aplicação à espécie, mutatis mutandis, da decisão
plenária da ADIn 3.105, red. p/ acórdão Peluso, DJ 18-2-
05. A contribuição previdenciária do aposentado que
retorna à atividade está amparada no princípio da
universalidade do custeio da Previdência Social (CF, art.
195); o art. 201, § 4º, da Constituição Federal ‘remete à
lei os casos em que a contribuição repercute nos
benefícios’" (RE 437.640, Rel. Min. Sepúlveda Pertence,
julgamento em 5-9-06, DJ de 2-3-07)
Incidência da Contribuição
 "Élegítima a incidência da contribuição
previdenciária sobre o 13º salário." (SÚM.
688)
Reajustamento de Benefícios
 “Previdenciário. Benefício. Reajuste. Art. 201, § 4º, da
Carta Magna. A adoção do INPC, como índice de
reajuste dos benefícios previdenciários, não ofende a
norma do art. 201, § 4º, da Carta de
 Outubro.” (RE 376.145, Rel. Min. Carlos Britto,
julgamento em 28-10-03 DJ de 28-11-03).
 "Este Tribunal fixou entendimento no sentido de que o
disposto no artigo 201, § 4º, da Constituição do Brasil,
assegura a revisão dos benefícios previdenciários
conforme critérios definidos em lei, ou seja,
 compete ao legislador ordinário definir as diretrizes para
conservação do valor real do benefício.
 Precedentes." (AI 668.444-AgR, Rel. Min. Eros Grau,
julgamento em 13-11-07, DJ de 7-12-07)
Salário-maternidade e limite do
valor do benefício
 "O legislador brasileiro, a partir de 1932 e mais
claramente desde 1974, vem tratando o problema da
proteção à gestante, cada vez menos como um encargo
trabalhista (do empregador) e cada vez mais como de
natureza previdenciária. (...) Diante desse quadro
histórico, não é de se presumir que o legislador
constituinte derivado, na Emenda 20/98, mais
precisamente em seu art. 14, haja pretendido a
revogação, ainda que implícita, do art. 7º, XVIII, da
Constituição Federal originária. Se esse tivesse sido o
objetivo da norma constitucional derivada, por certo a
EC n. 20/98 conteria referência expressa a respeito.
 E, à falta de norma constitucional derivada,
revogadora do art. 7º, XVIII, a pura e simples
aplicação do art. 14 da EC 20/98, de modo a torná-
la insubsistente, implicará um retrocesso histórico,
em matéria social-previdenciária, que não se pode
presumir desejado. Na verdade, se se entender
que a Previdência Social, doravante, responderá
apenas por R$ 1.200,00 (hum mil e duzentos reais)
por mês, durante a licença da gestante, e que o
empregador responderá, sozinho, pelo restante,
ficará sobremaneira, facilitada e estimulada a
opção deste pelo trabalhador masculino, ao invés
da mulher trabalhadora.
 (...) A convicção firmada, por ocasião do deferimento da
Medida Cautelar, com adesão de todos os demais
Ministros, ficou agora, ao ensejo deste julgamento de
mérito, reforçada substancialmente no parecer da
Procuradoria Geral da República. Reiteradas as
considerações feitas nos votos, então proferidos, e
nessa manifestação do Ministério Público federal, a
Ação Direta de Inconstitucionalidade é julgada
procedente, em parte, para se dar, ao art. 14 da
Emenda Constitucional n. 20, de 15-12-1998,
interpretação conforme à Constituição, excluindo-se sua
aplicação ao salário da licença gestante, a que se refere
o art. 7º, inciso XVIII, da Constituição Federal." (ADI
1.946, Rel. Min. Sydney Sanches, julgamento em 3-4-
03, DJ de 16-5-03)

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