Você está na página 1de 52

Fisioterapia nas Displasias do Quadril, Legg

Calvé Perthes e Epifisiolise

Tatiana Cristina Rosa


Stella Peccin
Esperamos que você
1. Displasia do Desenvolvimento aprenda...
do Quadril
2. Doença de Legg Calvé Perthes • O que é essa afecção e sua importância
para o fisioterapeuta;
3. Epifisiolise Femoral Proximal • Diferenciá-la entre suas
particularidades;
• O tratamento proposto e a atuação da
fisioterapia
Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

Sizínio and Hebert, 2017: “Displasia do desenvolvimento do quadril” (DDQ) é uma


expressão genérica que descreve um espectro de anormalidades anatômicas do
quadril, as quais podem ser congênitas ou de desenvolvimento após o
nascimento. A displasia implica progressiva deformidade do quadril, em que o
fêmur proximal, o acetábulo e a cápsula são defeituosos.”
Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

Sizínio and Hebert, 2017: “Displasia do desenvolvimento do quadril” (DDQ) é uma


expressão genérica que descreve um espectro de anormalidades anatômicas do
quadril, as quais podem ser congênitas ou de desenvolvimento após o
nascimento. A displasia implica progressiva deformidade do quadril, em que o
fêmur proximal, o acetábulo e a cápsula são defeituosos.”

Sociedade Brasileira de Quadril: “A displasia do desenvolvimento do quadril se refere


a quadris instáveis.”
Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

ETIOLOGIA
Hiperlassidão Anteversão femoral
ligamentar excessiva

MULTIFATORIAL

Anteversão/ Posição intrauterina


má formação
acetabular
Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril História familiar

Primogênito

Sexo feminino

FATORES PRÉ Posicionamento pós


DISPONENTES natal: extensão de
quadril

Outras
deformidades

Apresentação
pélvica
Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

FISIOPATOLOGIA

Desenvolvimento do quadril  7ª semana de gestação.

Forma acetabular completa: 8 anos

A forma côncava do acetábulo depende da cabeça femoral e vice versa.

Quadril normal  Estável  Difícil luxação

Nascimento: Quadril instável  Alguns resolvem outros tornam-se displásicos


Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

DIAGNÓSTICO: ZERO A SEIS


MESES

Encurtamento
Assimetria nas Assimetria nas
aparente do Fêmur
pregas poplíteas pregas da coxa
(Sinal de Galeazzi)
Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

DIAGNÓSTICO: ZERO A SEIS


MESES
Pregas inguinais
assimétricas
(esquerda) 
Luxação póstero
superior

Pregas inguinais
Pregas inguinais simétricas assimétricas
bilateral
Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

MANOBRA DE ORTOLANI

Criança em decúbito dorsal com uma


mão estabiliza a pelve e com a outra mão
colocar os dedos no Trocânter maior e o
polegar no joelho.

Manobra: Fletir o quadril a 90º e


empurrar de baixo para cima e lateral
para medial a cabeça do Fêmur para
dentro do acetábulo  Sentir a redução
do quadril.

Abduzir o quadril  Sentir a luxação do


quadril.
SIZÍNIO HEBERT et al, 5° ed
Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

MANOBRA DE ORTOLANI

A manobra de Ortolani é positiva quando


ao se fazer a manobra, a cabeça femoral
que está deslocada é colocada
novamente dentro do acetábulo.

FLEXÃO, ABDUÇÃO E ROTAÇÃO


LATERAL DO QUADRIL
Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

MANOBRA DE BARLOW
Criança em decúbito dorsal e quadril a
45º de flexão e 5-10º de adução, dedos
do examinador em cima do Trocânter
maior e o polegar no terço médio da
coxa.

Manobra: Empurrar a cabeça do


Fêmur para lateral e posterior 
Luxação do quadril.

Logo após, reduzir o quadril (abdução e


flexão do quadril)

SIZÍNIO HEBERT et al, 5° ed


Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

MANOBRA DE BARLOW

A manobra de Barlow é positiva quando


a cabeça femoral que não está luxada,
nem subluxada, é deslocada para fora
do acetábulo.

FLEXÃO, ADUÇÃO E ROTAÇÃO MEDIAL DO


QUADRIL
Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

DIAGNÓSTICO: SEIS A DOZE


MESES

Contratura em adução do
quadril – Limitação da Abdução Sinal de Galeazzi Positivo
Posição em Rotação Lateral do Pregas Glúteas Assimétricas
Quadril Luxado em Extensão SIZÍNIO HEBERT et al, 5° ed
Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

DIAGNÓSTICO: SEIS A DOZE


MESES

SIZÍNIO HEBERT et al, 5° ed


Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

DIAGNÓSTICO: APÓS A
MARCHA

Marcha claudicante  Fraqueza de m. Gluteo


Médio

Em ortostase: Hiperlordose lombar


Rotação lateral do quadril
Sinal de Trendelenburg positivo
Joelho valgo compensatório 
Contratura em adução

SIZÍNIO HEBERT et al, 5° ed


Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

DIAGNÓSTICO CLÍNICO
TESTE DE TRENDELEMBURG
Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

EXAME DE IMAGEM
Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

TRATAMENTO

OBJETIVO: atingir e manter uma redução concêntrica da cabeça femoral no acetábulo para
permitir o desenvolvimento normal contínuo do quadril.

IDADE TRATAMENTO COMENTÁRIOS

< 6 MESES Órtese de abdução (Pavlik)

6-18 MESES Redução fechada sob Redução fechada com <6


anestesia geral e gesso meses se a órtese falhar
>12-18 MESES Redução aberta do quadril Redução aberta <1 ano de
idade se a tentativa anterior
de redução fechada falhar
Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

TRATAMENTO – 6 MESES A 2
ANOS

- Tração cutânea – 1 semana a 10 dias


- Tenotomia de adutores
- Gesso Tenotomia de adutores
Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

TRATAMENTO – 6 MESES A 2
ANOS

Para contemplar o encurtamento dos isquio, joelho envolvido em flexão por 6 sem.
Após este período, libera o joelho e deixa por mais 10 sem. no gesso.
Gesso Pélvico-podálico
Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

MÉTODO FUNCIONAL

Impede apenas a extensão do


quadril
O movimento ativo é importante

INDICAÇÕES:
Displasia, subluxação e luxação
Até 6 meses de idade
Família cooperativa
Flexão: 90-110º
Abdução: ?
Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

FRALDA TRIPLA
Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

ÓRTESE DE FREJKA
Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

ÓRTESE DE PAVLIK

Órtese de Pavlik  Manter em flexão


e abdução
Tiras anteriores limitam a extensão,
e as posteriores a abdução.
Não deve ser retirado durante o
tratamento.
Deve ser retirado gradativamente de
acordo com parâmetros clínicos e
radiográficos.
Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

MÉTODO FUNCIONAL

Impede apenas a extensão do


quadril
O movimento ativo é importante

INDICAÇÕES:
Displasia, subluxação e luxação
Até 6 meses de idade
Família cooperativa
Flexão: 90-110º
Abdução: ?
Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

TRATAMENTO

IDADE TRATAMENTO COMENTÁRIOS

> 2 ANOS Redução aberta do quadril com ou sem A osteotomia de encurtamento


osteotomia de encurtamento femoral femoral pode, mas nem sempre,
ser necessária, com base na
tensão que precisa ser aliviada
para obter redução do quadril.
3-8 ANOS Redução aberta do quadril com ou sem A osteotomia pélvica pode, mas
osteotomia de encurtamento femoral com ou sem nem sempre é necessária para
osteotomia pélvica tratar a displasia acetabular
residual.
>8 ANOS Redução aberta do quadril versus observação Controverso: resultados piores na
tentativa de reduções abertas em
pessoas com >8 anos.
Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

OSTEOTOMIAS PÉLVICAS

Osteotomia do osso inominado (SALTER)


Acetabuloplastia (PEMBERTION)
Ostetomia tripla inominada (STEEL)
Shelf (Cirurgia de plateleira)
Osteotomia de CHIARI
Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

OSTEOTOMIA DE SALTER

Osteotomia pélvica que direciona o acetábulo


para uma maior cobertura anterolateral da
cabeça femoral.

https://es.slideshare.net/CAMIAZOCAR/osteotomas-pelvicas-en
Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

OSTEOTOMIAS FEMORAIS

Objetiva corrigir a anteversão e valgismo do colo femoral.


Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

d e
e r
f a z ia ?
u e ap r ?
q t e r z e
O io f a
f i s d o
a n
Q u
Displasia do Desenvolvimento
Do Quadril

O fisioterapeuta nessa afecção atua de acordo com a fase em que o


paciente se encontra e com os procedimentos realizados, sempre
em consonância com os objetivos e condutas.
Uma avaliação minuciosa deve ser feita;
Deve-se conhecer o procedimento que foi realizado e o material
utilizado.
Doença de Legg Calvé Perthes

Sizínio and Hebert 2017:


definida como uma necrose
isquêmica ou avascular do
núcleo secundário de
ossificação da epífise
proximal do fêmur durante o
desenvolvimento da criança,
podendo ocorrer dos 2 aos
16 anos de vida.

https://radiopaedia.org/cases/legg-calve-perthes-disease-18
Doença de Legg Calvé Perthes

ETIOLOGIA

• Desconhecida na literatura
• Sexo: Masculino (4:1)
• Faixa etária: 4-9 anos (80%)
• Lado esquerdo mais afetado
Doença de Legg Calvé Perthes

FISIOPATOLOGIA O centro de ossificação secundário


é acometido.

Os vasos epifisários (Ramos da a.


Circunflexa medial do Fêmur) são
afetados  Avascularização 
Necrose avascular da cabeça do
Fêmur  Fases de reparação
tecidual: proliferação e diferenciação
tecidual.

Processo inflamatório: Edema


articular + distensão capsular  Dor
Doença de Legg Calvé Perthes

FISIOPATOLOGIA O centro de ossificação secundário


é acometido.
FASE DE FRAGMENTAÇÃO 
Amolecimento tecidual.
Período em que a cabeça do Fêmur torna-se
vulnerável às forças de carga  Deformidade
quando há subluxação lateral da epífise
Doença de Legg Calvé Perthes

FISIOPATOLOGIA

FASE DE REOSSIFICAÇÃO - FASE RESIDUAL –


Áreas sendo reparadas e Recuperação da resistência
substituição revitalizada do osso óssea natural (formato esférico
necrótico. ou não).
Doença de Legg Calvé Perthes

Dor no quadril
DIAGNÓSTICO
Atividade
Claudicação física

Clínico Dor no joelho

Diminuição da flexão

Diminuição da rotação medial

Diminuição da abdução
Doença de Legg Calvé Perthes

Objetivo: Obtenção da cabeça femoral em perfeita


TRATAMENTO congruência com o acetábulo  Manter o quadril centralizado
durante o período ativo da doença
Doença de Legg Calvé Perthes

TRATAMENTO - OSTEOTOMIAS
Doença de Legg Calvé Perthes

TRATAMENTO - OSTEOTOMIAS Imobilização em abdução e rotação medial.


Doença de Legg Calvé Perthes

HISTÓRIA NATURAL

 2/3 dos pacientes podem apresentar cabeça ruim na maturidade


esquelética.
 Até 40 anos após início dos sintomas, ½ dos pacientes
apresentam alterações radiológicas e 70-80% apresentam-se
assintomáticos.
 A taxa de artroplastias por sequelas de Legg Perthes chega a
15/20%.
 Após 50-60 anos do início dos sintomas, 70% dos pacientes
´pode apresentar artrite degenerativa grave.
Epifisiólise Femoral Proximal

Sizínio and Hebert 2017: “Alteração da relação anatômica


normal entre a cabeça e o colo femoral. A camada
hipertrófica apresenta ruptura durante o estirão de
crescimento devido à lise espontânea da fise na pré-
adolescência e na adolescência.

O colo do fêmur desvia no sentido anterossuperior em


relação à cabeça femoral (epífise), ao nível da placa de
crescimento (fise).
Epifisiólise Femoral Proximal

EPIDEMIOLOGIA

Raça negra Atraso na Aumento de Meninas 11 Meninos 13


maturidade peso/estatura aos 13 anos aos 15 anos
esquelética
Epifisiólise Femoral Proximal

QUADRO
CLÍNICO

Claudicação Dor na face Dor na face Dor súbita, Dificuldade na


anteromedial anteromedial da aguda, deambulação
do joelho coxa intensa e
persistente

Crônica Aguda
Epifisiólise Femoral Proximal

EXAME FÍSICO

Claudicação Sinal de Rotação lateral Contratura Diminuição


antálgica Trendelenburg do quadril em flexão e da rotação
abdução medial

Passo mais curto no


lado afetado
Epifisiólise Femoral Proximal

CLASSIFICAÇÃO RADIOGRÁFICA

GRAU 0 (Pré deslizamento)  Alargamento da placa


de crescimento.

GRAU I (Deslizamento leve)  Deslocamento de até


1/3 da metáfise femoral proximal.
Epifisiólise Femoral Proximal

CLASSIFICAÇÃO RADIOGRÁFICA

GRAU II (Moderado)  Epífise deslocada até 50% da


largura metáfise femoral proximal.

GRAU III (Grave)  Epífise deslocada mais de 50% da


largura metáfise femoral proximal.
Epifisiólise Femoral Proximal

TRATAMENTO CIRÚRGICO IMEDIATO Pré deslizamento e Grau I  Parafuso


Epifisiólise Femoral Proximal

TRATAMENTO CIRÚRGICO IMEDIATO Grau II e III  Osteotomias


Epifisiólise Femoral Proximal

d e
e r
f a z ia ?
u e ap r ?
q t e r z e
O io f a
f i s d o
a n
Q u
Epifisiólise Femoral Proximal

O fisioterapeuta nessa afecção atua de acordo com a fase em que o


paciente se encontra e com os procedimentos realizados, sempre
em consonância com os objetivos e condutas.
Uma avaliação minuciosa deve ser feita;
Deve-se conhecer o procedimento que foi realizado e o material
utilizado.

Você também pode gostar