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NEGOCIAÇÃO

COLETIVA
Jorge Luiz Souto Maior
Direito individual x direito coletivo

• Impropriedade e incoerência da divisão


• Direito individual, privilegiando o sujeito individual e o ajuste
contratual, mas preservando os princípios jurídicos baseados no
reconhecimento da desigualdade das partes: proteção;
progressividade; não-retrocesso
• Direito coletivo, privilegiando o sujeito coletivo, mas negando a
incidência dos princípios jurídicos trabalhistas por partir do
pressuposto da igualdade das partes
Ponto de equilíbrio da divisão – apesar de sua
incoerência

• A fixação do preceito de que os resultados da atuação dos entes


coletivos só são válidos se melhorarem as condições existenciais
extraídas da legislação
• O Direito Coletivo do Trabalho seria um complemento do Direito
Individual
Tensão criada pela “reforma” trabalhista

• Permitir que a negociação coletiva, com apreensão jurídica descolada


dos princípios do Direito do Trabalho, ou seja, pelos parâmetros do
Direito Civil, produza como resultado a piora das condições materiais
do(a) trabalhador(a)
RESULTADO

• Direito Coletivo do Trabalho como adversário do Direito Individual


• Porta aberta para inserção dos princípios jurídicos liberais nas
relações de trabalho
• Extinção do Direito do Trabalho
Dialética

• A aplicação dos preceitos jurídicos civilistas no plano do Direito


Coletivo
• Negociação coletiva como negócio jurídico
• Validade do negócio jurídico
Código Civil
• Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
• I - agente capaz;
• II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
• III - forma prescrita ou não defesa em lei.
• Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos
do lugar de sua celebração.
• § 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
• I - for confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do negócio;
(Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
• II - corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de negócio;
(Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
• III - corresponder à boa-fé; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
• IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se identificável; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
• V - corresponder a qual seria a razoável negociação das partes sobre a questão discutida, inferida das demais
disposições do negócio e da racionalidade econômica das partes, consideradas as informações disponíveis no
momento de sua celebração. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
• § 2º As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de preenchimento de lacunas e de integração dos
negócios jurídicos diversas daquelas previstas em lei. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

• Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.


• Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
• (....)
• VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
• Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato.
(Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019)
• Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção mínima e a
excepcionalidade da revisão contratual. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
• Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença de elementos
concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais,
garantido também que: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
• I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação das cláusulas negociais e de
seus pressupostos de revisão ou de resolução; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
• II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
• III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

• Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato,


como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
• Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias,
dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
• Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros
que visem à melhoria de sua condição social:
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo
coletivo;
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e
quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a
redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de
trabalho;
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
CLT – “REFORMA” TRABALHISTA
• “Art. 8º .................................................................
• (....)
• § 3º No exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de
trabalho, a Justiça do Trabalho analisará exclusivamente a
conformidade dos elementos essenciais do negócio jurídico,
respeitado o disposto no
art. 104 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civi
l)
, e balizará sua atuação pelo princípio da intervenção mínima
na autonomia da vontade coletiva.”
CLT
• Art. 511. É lícita a associação para fins de estudo, defesa e coordenação dos seus interesses econômicos ou
profissionais de todos os que, como empregadores, empregados, agentes ou trabalhadores autônomos ou
profissionais liberais exerçam, respectivamente, a mesma atividade ou profissão ou atividades ou profissões
similares ou conexas. (Redação restabelecida pelo Decreto-lei nº 8.987-A, de 1946)
• § 1º A solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou
conexas, constitue o vínculo social básico que se denomina categoria econômica.
(Redação restabelecida pelo Decreto-lei nº 8.987-A, de 1946)
• § 2º A similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego
na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas, compõe a expressão
social elementar compreendida como categoria profissional.
(Redação restabelecida pelo Decreto-lei nº 8.987-A, de 1946)
• § 3º Categoria profissional diferenciada é a que se forma dos empregados que exerçam profissões ou funções
diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida
singulares. (Redação restabelecida pelo Decreto-lei nº 8.987-A, de 1946)
(Vide Lei nº 12.998, de 2014)
• § 4º Os limites de identidade, similaridade ou conexidade fixam as dimensões dentro das quais a categoria
econômica ou profissional é homogênea e a associação é natural .
(Redação restabelecida pelo Decreto-lei nº 8.987-A, de 1946)
• Art. 512 - Somente as associações profissionais constituídas
para os fins e na forma do artigo anterior e registradas de
acordo com o art. 558 poderão ser reconhecidas como
Sindicatos e investidas nas prerrogativas definidas nesta Lei.
• Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm
prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre:
• I - pacto quanto à jornada de trabalho, observados os limites constitucionais;
• II - banco de horas anual;
• III - intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para
jornadas superiores a seis horas;
• IV - adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE), de que trata a Lei no
13.189, de 19 de novembro de 2015;
• V - plano de cargos, salários e funções compatíveis com a condição pessoal do
empregado, bem como identificação dos cargos que se enquadram como
funções de confiança;
• VI - regulamento empresarial;
• VII - representante dos trabalhadores no local de trabalho;
• VIII - teletrabalho, regime de sobreaviso, e trabalho
intermitente;
• IX - remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas
percebidas pelo empregado, e remuneração por desempenho
individual;
• X - modalidade de registro de jornada de trabalho;
• XI - troca do dia de feriado;
• XII - enquadramento do grau de insalubridade;
• XIII - prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem
licença prévia das autoridades competentes do Ministério do
Trabalho;
• XIV - prêmios de incentivo em bens ou serviços, eventualmente
concedidos em programas de incentivo;
• XV - participação nos lucros ou resultados da empresa.
• § 1o No exame da convenção coletiva ou do acordo coletivo de trabalho, a Justiça do
Trabalho observará o disposto no § 3o do art. 8o desta Consolidação.
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• § 2o A inexistência de expressa indicação de contrapartidas recíprocas em convenção
coletiva ou acordo coletivo de trabalho não ensejará sua nulidade por não caracterizar
um vício do negócio jurídico. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• § 3o Se for pactuada cláusula que reduza o salário ou a jornada, a convenção coletiva
ou o acordo coletivo de trabalho deverão prever a proteção dos empregados contra
dispensa imotivada durante o prazo de vigência do instrumento coletivo.
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• § 4o Na hipótese de procedência de ação anulatória de cláusula de convenção
coletiva ou de acordo coletivo de trabalho, quando houver a cláusula compensatória,
esta deverá ser igualmente anulada, sem repetição do indébito.
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• § 5o Os sindicatos subscritores de convenção coletiva ou de
acordo coletivo de trabalho deverão participar, como
litisconsortes necessários, em ação individual ou coletiva, que
tenha como objeto a anulação de cláusulas desses
instrumentos. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• Art. 611-B. Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo
de trabalho, exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes direitos:
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• I - normas de identificação profissional, inclusive as anotações na Carteira de
Trabalho e Previdência Social; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• III - valor dos depósitos mensais e da indenização rescisória do Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS);
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• IV - salário mínimo; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• V - valor nominal do décimo terceiro salário;
• VI - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• VII - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção
dolosa; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• VIII - salário-família; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• IX - repouso semanal remunerado;
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• X - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50%
(cinquenta por cento) à do normal;
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• XI - número de dias de férias devidas ao empregado;
• XII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do
que o salário normal; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• XIII - licença-maternidade com a duração mínima de cento e vinte dias;
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• XIV - licença-paternidade nos termos fixados em lei;
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• XV - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos
específicos, nos termos da lei;
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• XVI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta
dias, nos termos da lei; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• XVII - normas de saúde, higiene e segurança do trabalho previstas em lei ou em
normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho;
• XVIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres
ou perigosas; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• XIX - aposentadoria; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• XX - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador;
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• XXI - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho,
com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e
rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de
trabalho; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• XXII - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e
critérios de admissão do trabalhador com deficiência;
• XXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito
anos e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de
aprendiz, a partir de quatorze anos; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• XXIV - medidas de proteção legal de crianças e adolescentes;
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• XXV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício
permanente e o trabalhador avulso;
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• XXVI - liberdade de associação profissional ou sindical do trabalhador, inclusive o
direito de não sofrer, sem sua expressa e prévia anuência, qualquer cobrança ou
desconto salarial estabelecidos em convenção coletiva ou acordo coletivo de
trabalho; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• XXVII - direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade
de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender;
• XXVIII - definição legal sobre os serviços ou atividades
essenciais e disposições legais sobre o atendimento das
necessidades inadiáveis da comunidade em caso de
greve; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• XXIX - tributos e outros créditos de terceiros;
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• XXX - as disposições previstas nos arts. 373-A, 390, 392,
392-A, 394, 394-A, 395, 396 e 400 desta Consolidação
. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• Parágrafo único. Regras sobre duração do trabalho e
intervalos não são consideradas como normas de saúde,
higiene e segurança do trabalho para os fins do disposto neste
artigo. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
• Art. 612 - Os Sindicatos só poderão celebrar Convenções ou Acordos
Coletivos de Trabalho, por deliberação de Assembléia Geral
especialmente convocada para êsse fim, consoante o disposto nos
respectivos Estatutos, dependendo a validade da mesma do
comparecimento e votação, em primeira convocação, de 2/3 (dois terços)
dos associados da entidade, se se tratar de Convenção, e dos
interessados, no caso de Acôrdo, e, em segunda, de 1/3 (um têrço) dos
mesmos. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
• Parágrafo único. O "quorum" de comparecimento e votação será de 1/8
(um oitavo) dos associados em segunda convocação, nas entidades
sindicais que tenham mais de 5.000 (cinco mil) associados.
(Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
• Art. 613 - As Convenções e os Acordos deverão conter
obrigatòriamente:
(Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
• I - Designação dos Sindicatos convenentes ou dos Sindicatos e
emprêsas acordantes;
(Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
• II - Prazo de vigência;
(Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
• III - Categorias ou classes de trabalhadores abrangidas pelos
respectivos dispositivos;
• IV - Condições ajustadas para reger as relações individuais de
trabalho durante sua vigência;
(Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
• V - Normas para a conciliação das divergências sugeridas entre
os convenentes por motivos da aplicação de seus
dispositivos;
(Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
• VI - Disposições sôbre o processo de sua prorrogação e de
revisão total ou parcial de seus dispositivos;
(Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
• VII - Direitos e deveres dos empregados e emprêsas;
• VIII - Penalidades para os Sindicatos convenentes, os
empregados e as emprêsas em caso de violação de seus
dispositivos.
(Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
• Parágrafo único. As convenções e os Acordos serão celebrados
por escrito, sem emendas nem rasuras, em tantas vias quantos
forem os Sindicatos convenentes ou as emprêsas acordantes,
além de uma destinada a registro.
• Art. 614
(....)
• § 3o Não será permitido estipular duração de convenção
coletiva ou acordo coletivo de trabalho superior a dois anos,
sendo vedada a ultratividade.
(Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
• (ADPF) 323 – de 30/05/22 – Negando a ultratividade
• Art. 620. As condições estabelecidas em acordo coletivo de
trabalho sempre prevalecerão sobre as estipuladas em
convenção coletiva de trabalho.
(Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
CONVENÇÃO 98 DA OIT
Direito de Sindicalização e de Negociação Coletiva

• I — Aprovada na 32ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho


(Genebra — 1949), entrou em vigor no plano internacional em 18.7.51.

II — Dados referentes ao Brasil:

a) aprovação = Decreto Legislativo n. 49, de 27.8.52, do Congresso


Nacional;

b) ratificação = 18 de novembro de 1952;

c) promulgação = Decreto n. 33.196, de 29.6.53;

d) vigência nacional = 18 de novembro de 1953.


• Art. 1 — 1. Os trabalhadores deverão gozar de proteção adequada
contra quaisquer atos atentatórios à liberdade sindical em matéria de
emprego.
• 2. Tal proteção deverá, particularmente, aplicar-se a atos destinados a:

a) subordinar o emprego de um trabalhador à condição de não se filiar


a um sindicato ou deixar de fazer parte de um sindicato;

b) dispensar um trabalhador ou prejudicá-lo, por qualquer modo, em


virtude de sua filiação a um sindicato ou de sua participação em
atividades sindicais, fora das horas de trabalho ou com o
consentimento do empregador, durante as mesmas horas.
• Art. 2 — 1. As organizações de trabalhadores e de empregadores
deverão gozar de proteção adequada contra quaisquer atos de
ingerência de umas e outras, quer diretamente quer por meio de
seus agentes ou membros, em sua formação, funcionamento e
administração.

2. Serão particularmente identificados a atos de ingerência, nos


termos do presente artigo, medidas destinadas a provocar a criação
de organizações de trabalhadores dominadas por um empregador
ou uma organização de empregadores, ou a manter organizações de
trabalhadores por outros meios financeiros, com o fim de colocar
essas organizações sob o controle de um empregador ou de uma
organização de empregadores.
CONVENÇÃO 154 DA OIT
Fomento à Negociação Coletiva

• I — Aprovada na 67ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho


(Genebra — 1981), entrou em vigor no plano internacional em 11.8.83.

II — Dados referentes ao Brasil:

a) aprovação = Decreto Legislativo n. 22, de 12.5.92, do Congresso


Nacional;

b) ratificação = 10.7.92;

c) promulgação = Decreto n. 1.256, de 29.9.94;

d) vigência nacional = 10 de julho de 1993.


• Art. 1 — 1. A presente Convenção aplica-se a todos os ramos
da atividade econômica.

2. A legislação ou a prática nacionais poderá determinar até


que ponto as garantias previstas na presente Convenção
são aplicáveis às forças armadas e à polícia.

3. No que se refere à administração pública, a legislação ou


a prática nacionais poderão fixar modalidades particulares
de aplicação desta Convenção.
CONVENÇÃO 151 DA OIT
Direito de Sindicalização e Relações de Trabalho na Administração Pública

• I — Aprovada na 64ª reunião da Conferência Internacional


do Trabalho (Genebra — 1978), entrou em vigor no plano
internacional em 25.2.81.

II — Dados referentes ao Brasil:

a) aprovação = Decreto Legislativo n. 206, de 07.04.2010, do


Congresso Nacional;

b) ratificação = 15 de junho de 2010;


• Art. 1 — 1. A presente Convenção deverá ser aplicada a todas
as pessoas empregadas pela administração pública, na
medida em que não lhes forem aplicáveis disposições mais
favoráveis de outras Convenções Internacionais do Trabalho.

2. A legislação nacional deverá determinar até que ponto as


garantias previstas na presente Convenção se aplicam aos
empregados de alto nível que, por suas funções, considera-
se normalmente que possuem poder decisório ou
desempenhem cargos de direção ou aos empregados cujas
obrigações são de natureza altamente confidencial.
• 3. A legislação nacional deverá determinar ainda até que
ponto as garantias previstas na presente Convenção são
aplicáveis às Forças Armadas e à Polícia.
Constituição federal
• Art. 37

VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre


associação sindical;
STF
• Em 02 de junho, julgando o Recurso Extraordinário com
Agravo (ARE) 1.121.633, o Plenário do STF fixou, em tema
de repercussão geral (1046), a tese de que: “São
constitucionais os acordos e as convenções coletivas que, ao
considerarem a adequação setorial negociada, pactuam
limitações ou afastamentos de direitos trabalhistas
independentemente da explicitação especificada de vantagens
compensatórias desde que respeitados os direitos
absolutamente indisponíveis”.
INDICAÇÃO DE LEITURA
• https://www.jorgesoutomaior.com/blog/o-stf-no-are-1121633-nao-fix
ou-tese-de-que-o-negociado-prevalece-sobre-o-legislado-para-o-efeit
o-de-eliminar-direitos-trabalhistas
JURISPRUDÊNCIA
EMENTA: TEMA 1046 DO STF. NEGOCIADO X LEGISLADO. 1. A NEGOCIAÇÃO COLETIVA NÃO É INSTRUMENTO PARA ANIQUILAÇÃO DE
DIREITOS TRABALHISTAS HISTORICAMENTE CONQUISTADOS. 2. NÃO CABE AO JUDICIÁRIO PROMOVER UMA INTERPRETAÇÃO AMPLIATIVA
DE CLÁUSULA COLETIVA PARA O EFEITO DE IMPOR A TRABALHADORAS E TRABALHADORES RETRAÇÕES DE DIREITOS.
1. Nos termos da tese enunciada no Tema 1046 pelo STF, a consideração da validade de cláusula normativa está condicionada à justificativa de que a norma geral não
se encaixa de forma precisa nas condições em que o trabalho é realizado, permitindo-se, assim, a estipulação de outra que a substitua com vantagem, ou o seu
afastamento, sem que disto resulte prejuízo ou abalo concreto na proteção jurídica do(a) trabalhador(a). Além disso, a validação está condicionada ao respeito dos “os
direitos absolutamente indisponíveis” e, por certo, o que já é tido como indisponível pela lei, como se dá com os direitos trabalhistas constitucionalmente assegurados,
não pode ser transformado, arbitrariamente, em indisponível. Não existe a categoria jurídica de direitos “relativamente indisponíveis” ou “quase indisponíveis”.

É de suma importância advertir para o grave risco a que todos os cidadãos e cidadãs serão submetidos caso se, no afã de acatar as reiteradas pretensões de setores do
poder econômica da redução de custos por meio da retração de direitos trabalhistas, se promova uma interpretação ampliativa do enunciado pronunciado pela mais alta
Corte do país, no sentido da criação de subcategorização aleatória e casuística do conceito de “indisponibilidade”, vez que isto constituiria uma porta aberta para que
também os Direitos Fundamentais, os Direitos Humanos e os Direitos de Personalidade, todos indisponíveis como se sabe, se vissem submetidos a uma flexibilização
arbitrária, podendo ser, por consequência, concretamente, limitados ou afastados.

De fato, quando se fala de negociação coletiva de trabalho, não se está tratando de um típico negócio jurídico (civilista) e sim de um instituto jurídico posto a serviço
da classe trabalhadora para, atendendo preceitos da ordem democrática, permitir a sua integração política, social e econômica na sociedade capitalista, de modo a
possibilitar e instrumentalizar o ideal em torno da melhoria das condições de vida. Neste aspecto, aliás, reside o ponto mais problemático de uma interpretação do
enunciado em questão, atribuindo legitimidade a “negócios jurídicos” que se apresentem como mero instrumentos de redução de direitos, que seria o de perverter os
papéis dos sujeitos da negociação coletiva de trabalho, de modo a fazer com que os postulantes de direitos deixem de ser os representantes da classe trabalhadora,
passando a ser aqueles que falam pelo poder patronal.
Os permissivos de negociação trazidos no art. 7o, vale dizer, relacionam-se com o princípio, fixado no “caput” do
mesmo artigo, da “melhoria da condição social” dos trabalhadores.
Nada há, pois, em termos de previsão constitucional, que autorize a conversão da negociação coletiva em um
instrumento a mais a serviço do poder econômico para a espoliação da classe trabalhadora, de modo a impor um
rebaixamento de sua condição social. E cumpre não olvidar que, como a própria Constituição Federal estabelece, as
conquistas legalmente instituídas integram o patamar mínimo desta condição.
Não bastasse tudo isso, acresça-se que os direitos sociais devem se sobrepor aos interesses meramente econômicos, visto
que a ordem econômica deve seguir “os ditames da justiça social” (art. 170 da CF), devendo, ainda, prevalecer o
compromisso internacional constitucionalmente assumido em torno da prevalência dos Direitos Humanos (art. 4o II da
CF).
Certo é que, somados todos estes fatores jurídicos, políticos e até mesmo linguísticos, não resulta do enunciado da tese
expressa no ARE 1.121.663, que, doravante, o “negociado prevalece sobre o legislado, para instrumentalizar a
eliminação de direitos trabalhistas”, como a muitos interessou dizer. Se a tese fosse esta, isto estaria dito de forma
expressa no enunciado, mas, como é possível ver, para quem quer ver, não está.
Em resumo, só serão consideradas constitucionais normas (cláusulas) de acordos e as
convenções coletivas de trabalho que, tendo por realidade concreta uma questão que, diante
da especificidade do trabalho realizado em determinado setor produtivo, colocando em
contraste dois direitos fundamentais, limitem ou afastem um direito, o que pressupõe, no
próprio sopesamento realizado, um elemento de vantagem compensatória, que não exige, por
certo, explicitação especificada, de modo que não se desrespeite a essência dos direitos
fundamentais, rol, ao qual, inequivocamente, os direitos trabalhistas se inserem.
Ou, dito de outro modo e sinteticamente: “São constitucionais os acordos e as convenções
coletivas que, ao considerarem a adequação setorial negociada, pactuam limitações ou
afastamentos de direitos trabalhistas independentemente da explicitação especificada de
vantagens compensatórias desde que respeitados os direitos absolutamente indisponíveis”.
• 2. O antecedente necessário deste debate é a interpretação da cláusula normativa
propriamente dita e não se pode, por meio de interpretação extensiva, chegar ao
resultado de uma redução de direitos, isto porque, segundo princípio básico da
hermenêutica jurídica, as normas restritivas de direitos se interpretam restritivamente.
Além disso, se os pressupostos jurídicos trazidos no Tema 1046 foram fixados para
reafirmar que os sindicatos, como representantes legalmente instituídos da classe
trabalhadora, não podem simplesmente reduzir direitos trabalhistas, é mais que
evidente que não está dada esta possibilidade ao Judiciário de reduzir direitos por meio
da interpretação, contrariando, inclusive, a vontade expressamente manifestada pelo
legítimo representante da classe. Se o representante dos(as) trabalhadores(as) não
anuiu explicitamente com qualquer redução de direitos, não pode o intérprete substituir
o sindicato e impor um sentido à norma contrário àquela manifestada, ainda mais para
impor aos trabalhadores e trabalhadoras uma situação de retração de direitos. ( 2ª TURMA -
4ª CÂMARA - RECURSO ORDINÁRIO - PROCESSO Nº 0012027-25.2019.5.15.0028)

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