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O princípio da legalidade é, na verdade, a junção de
dois outros subprincípios: O princípio da reserva
legal mais o princípio da anterioridade penal.
Quanto à reserva legal a inteligência é que só cabe
à Lei, em sentido estrito, criar uma figura típica;
Quanto à anterioridade penal, a Lei deve ser
anterior ao fato por ela tipificado como infração
penal.
Vejamos os desdobramentos práticos de tais
princípios na legislação brasileira:
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DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Os desdobramentos são os seguintes:

1-Não há crime sem lei (nullum crimen nulla poena sine lege);
2-Lei deve ser anterior aos fatos que busca incriminar (nullum
crimen nulla poena sine lege praevia);
3-Lei deve ser escrita (nullum crimen nulla poena sine lege scripta);
4-Lei deve ser estrita (nullum crimen nulla poena sine lege stricta);
5-Lei deve ser certa (nullum crimen nulla poena sine lege certa);
6- Lei deve ser necessária (nulla lex poenalis sine necessitare).
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1. NÃO HÁ CRIME SEM LEI (SENTIDO ESTRITO), “NULLUM CRIMEN NULLA POENA
SINE LEGE”.

Medida provisória cria crime? Não sendo lei em sentido estrito, não pode mais criar
crime nem cominar pena.
Medida provisória pode versar sobre DP?

CF art. 62, § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:


I - relativa a:
b) direito penal, processual penal e processual civil;

CORRENTE DO STF.
O STF, no RE 254.818, discutindo os efeitos benéficos trazidos pela MP 1571/97 (que
permitiu o parcelamento de débitos tributários e previdenciários com efeito extintivo
da punibilidade), proclamou sua admissibilidade em favor do réu. Medida Provisória
pró-réu.

Portanto, como regra jurisprudencial, a MP em favor do réu é admitida.


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Resolução do TSE (cria, por exemplo, o crime “boca de urna”)? A
exemplo da Medida Provisória, tem força normativa, mas não é lei em
sentido estrito. Não pode criar crime, não comina pena.
Resoluções do CNJ/ CNMP? Também tem força normativa, mas não são
leis em sentido estrito. Não pode criar crime, nem cominar pena.
Lei delegada pode versar sobre DP? Art. 68, 1º, II da CF, “proibida versar
sobre direitos individuais”, como o DP é tocado pelos direitos individuais,
lei delegada não poderá versar sobre DP.

CF - Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da


República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.
§ 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva
do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos
Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei
complementar, nem a legislação sobre:
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;
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2. LEI DEVE SER ANTERIOR AOS FATOS QUE BUSCA INCRIMINAR, “NULLUM
CRIMEN NULLA POENA SINE LEGE PRAEVIA”

Impede retroatividade maléfica.


Retroatividade benéfica é permitida (nullum crimen nulla poena sine lege praevia).

3. LEI ESCRITA, “NULLUM CRIMEN NULLA POENA SINE LEGE SCRIPTA”


Busca-se evitar o costume incriminador (nullum crimen nulla poena sine lege
scripta). Não impede o costume interpretativo.
Exemplo: art. 155, §1º repouso noturno – costume do local dirá.

4. LEI ESTRITA, “NULLUM CRIMEN NULLA POENA SINE LEGE STRICTA”


Busca-se evitar analogia incriminadora. Não se quer evitar a analogia, e sim a
analogia incriminadora (nullum crimen nulla poena sine lege stricta).
A analogia em bonam partem é admitida.
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5. LEI CERTA, “NULLUM CRIMEN NULLA POENA SINE LEGE CERTA”, PRINCÍPIO TAXATIVIDADE

De fácil entendimento.
Princípio da taxatividade, da determinação ou mandato de certeza ou determinação taxativa. Visa proibir
incriminações vagas e indeterminadas (nullum crimen nulla poena sine lege certa).
OBS:
Lei 7.170/83 LSN - Art. 20 - Devastar, saquear, extorquir, roubar, sequestrar, manter em cárcere privado,
incendiar, depredar, provocar explosão, praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo, por inconformismo
político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou
subversivas.
Pena: reclusão, de 3 a 10 anos.

O que são atos de terrorismo? Tipo penal que traz expressões muito porosas, muito ambíguas, portanto,
vem se defendendo que tal dispositivo é inconstitucional por ferir o princípio da legalidade.

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou
permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.

Esta expressão é tão porosa, tão ambígua, que há juiz enquadrando aqui o “beijo lascivo”.
Tal expressão não seria certa.
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6. LEI NECESSÁRIA, “NULLA LEX POENALIS SINE NECESSITARE”

Desdobramento lógico do princípio da intervenção mínima (subsidiariedade


+ fragmentariedade).
Vejamos o Art. 273 do CP. No caput pune o FALSIFICADOR com 10 a 15 anos.

Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins


TERAPÊUTICOS ou MEDICINAIS:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa.

No §1º pune aquele que DISPONIBILIZA o medicamento, 10 a 15 anos.


§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem
em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a
consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado.
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No §1º-A temos uma CLÁUSULA DE EQUIPARAÇÃO.
Equipara produtos terapêuticos ou medicinais = cosméticos
e os saneantes (batom, produtos de limpeza, bom ar).

§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os


medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos,
os saneantes e os de uso em diagnóstico.

CUIDADO: o cosmético e o saneante terão que ter


finalidade terapêutica ou medicinal para configurar o crime.
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Já no 1º-B pune quem DISPONIBILIZA PRODUTO NÃO FALSIFICADO, PORÉM
IRREGULAR. Pune com 10 a 15 anos. Ele trabalha com produto corrompido, mas não
tem autorização da vigilância, por exemplo. DESNECESSÁRIA, deveria deixar o Direito
Administrativo cuidar deste comportamento, não precisava do DP aplicado aqui.
Necessidade ligada à Legalidade.

§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º em
relação a produtos em qualquer das seguintes condições:
I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente;
II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior;
III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua
comercialização;
IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade;
V - de procedência ignorada;
VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente.
§ 2º - Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de
2.7.1998)
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LEI PENAL NO TEMPO

1.TEORIAS

1.1 Teoria da atividade*

O crime se considera praticado no momento da conduta, ainda que outro seja o


momento do resultado.
Art. 4º CP - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda
que outro seja o momento do resultado.

1.2 Teoria do resultado


O crime se considera praticado no momento do resultado, leia-se, na consumação.

1.3 Teoria da ubiqüidade ou mista

O crime se considera praticado no momento da conduta ou do resultado.


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O artigo 4º serve para analisar:
- A capacidade do agente.
Ex.: o tiro foi aos 17 anos e na morte da vítima, o autor já tinha 18.
- Análise das qualidades ou condições da vítima.
Ex.: no momento do tiro a vítima tinha menos de 14 anos, enquanto na
morte tinha mais de 14 anos. Noutro caso, a vítima tinha 60 anos no tiro,
e mais de 60 anos na morte. Incide o aumento? Só incide o da vítima
menor de 14 anos.
Art. 121 § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um
terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão,
arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima,
não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar
prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de
1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14
(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
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Teoria da Atividade X Prescrição
Outro ponto relevante, dentro da Teoria da Atividade,
refere-se à prescrição, tendo em vista que o CP adota a
Teoria do Resultado (art. 111, I, do CP) para a contagem do
início do prazo da PPP (prescrição da pretensão punitiva).
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a
sentença final, começa a correr:
I - do dia em que o crime se consumou;

Assim, podemos afirmar que o CP excepciona a Teoria da


Atividade para fins de prescrição, eis que adota a Teoria do
Resultado.
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Teoria da Extra-atividade da Lei penal.
Trata-se do movimento da lei penal benéfica no
tempo, para o passado ou para o futuro: Ultra-
atividade benéfica

Fato Fato Sentença


pena 1-2 ano Pena 2-4 Ano 2013
Lei “a” Lei “b”
Ano 2009 Ano 2011
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Teoria da Extra-atividade da Lei penal.
Trata-se do movimento da lei penal benéfica no
tempo, para o passado ou para o futuro:
Retroatividade benéfica

Fato Fato Sentença


pena 2-4 ano Pena 1-2 Ano 2013
Lei “a” Lei “b”
Ano 2009 Ano 2011
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ABOLITIO CRIMINIS (art. 2º, CP)
“Art. 2º" Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior
deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e
os efeitos penais da sentença condenatória.
-Efeitos da Abolitio:
-a) faz cessar os efeitos penais da sentença penal condenatória,
MAS PERSISTEM OS EFEITOS CIVIS.
-b) Extingue a punibilidade do agente.
Abolitio criminis temporalis: Tem-se entendido por abolitio
criminis temporária, ou suspensão da tipicidade, a situação na
qual a aplicação de determinado tipo penal encontra­-se
temporariamente suspensa, não permitindo, consequentemente,
a punição do agente que pratica o comportamento típico durante
o prazo da suspensão. (Entrega de arma de fogo – crime de porte).
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Súmula nº 513/STJ: A abolitio criminis temporária
prevista na Lei nº 10.826/2003 aplica-se ao crime
de posse de arma de fogo de uso permitido com
numeração, marca ou qualquer outro sinal de
identificação raspado, suprimido ou adulterado,
praticado somente até 23/10/2005.

PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO TÍPICA


Ver crime de AVP e a Lei 12.015/09.
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CRIME CONTINUADO E CRIME PERMANENTE
Em relação ao tempo do crime para os crimes continuados e para os crimes
permanentes, aplica-se a Súmula 711 do STF, observe:
Súmula 711 ST - A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da
permanência.
Para fins de uma melhor compreensão, analisaremos a aplicação da súmula de forma
separada para cada um dos crimes. .
. Crime permanente
É aquele em que a consumação se prolonga/se protrai no tempo, pela vontade do
agente. Como exemplo, temos a extorsão mediante sequestro que se consumo com a
privação da liberdade da vítima e continua se consumando até a sua libertação.
Observe a linha abaixo (extorsão mediante sequestro):
PRIVAÇÃO DA VÍTIMA LIBERDADE DA VÍTIMA
Lei A Lei B (mais grave)
Aplica-se a lei mais grave, tendo em vista que é a lei vigente no fim da permanência
(o agente poderia ter cessado, mas insistiu na prática do delito). Aqui, não haverá
ultratividade da Lei A.
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Crime continuado
Está previsto no art. 71 do CP, vejamos:

Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,


prática dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de
tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os
subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe
a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas,
aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.

São vários crimes da mesma espécie (previsto no mesmo


tipo penal e ofendem o mesmo
bem jurídico) que pelas condições de tempo, lugar,
maneira de execução e outras semelhantes, os crimes
subsequentes são havidos como uma continuação do
primeiro.
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LUGAR DO CRIME
A aplicação correta da lei penal, igualmente,
depende da identificação do local em que o
crime foi praticado.
Em relação ao lugar do crime, o CP adota a
Teoria da Ubiquidade, considerado o local em
que ocorreu a ação ou o local em que ocorreu
o resultado, nos termos do art. 6º, in verbis:

Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que


ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como
onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
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O art. 6º do CP aplica-se apenas aos crimes à distância, também conhecidos
como crimes de espaço máximo, em que a conduta e o resultado ocorrem
em países diversos. É caso de soberania, assim um país não pode tirar de
outro o direito de apurar determinado delito. Por exemplo, imagine que João
atirou em Pedro no Brasil, mas o resultado consumou-se no Paraguai. Ambos
serão competentes para o processo e julgamento do delito, podendo João
ser processado e condenado tanto no Brasil quanto no Paraguai, podendo
cumprir pena nos dois países. A fim de contornar (amenizar) o bis in idem
aplica-se o art. 8º do CP, observe:

Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil


pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.

Assim, se no outro país a punição é da mesma natureza (privativa de


liberdade: BR 20 anos, lá 10 anos), então serão computados os 10 anos
faltantes. Porém, se é de outra natureza (privativa de liberdade no BR e
multa no outro país), este fato será utilizado como atenuante.
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Obs.: Tratando-se de crime doloso contra a
vida plurilocais (ação e resultado em local
distintos), a jurisprudência adota a Teoria da
Atividade, para fins probatórios (restituição,
colheita de prova testemunhal) e, também, pela
própria essência do Tribunal do Júri (sociedade
abalada pelo crime julga o seu par).
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LEI PENAL NO ESPAÇO
INTRODUÇÃO

Sabendo que um fato punível pode, eventualmente, atingir os interesses de


dois ou mais estados igualmente soberanos, o estudo da lei penal no espaço
visa descobrir qual é o âmbito territorial de aplicação da lei penal brasileira,
bem como de que forma o Brasil se relaciona com outros países em matéria
penal.
Há dois vetores fundamentais para analisarmos a lei penal no espaço, quais
sejam:
a) Territorialidade (art. 5º do CP) – é a regra geral, aplica-se a lei penal
brasileira aos crimes cometidos no território nacional.
b) Extraterritorialidade (art. 7º do CP) – é a exceção, aplica-se a lei penal
brasileira aos crimes cometidos no exterior.
Obs.: Intraterritorialidade é a aplicação da lei estrangeira a crimes cometidos
no Brasil, a exemplo das imunidades diplomáticas e de chefes de governo
estrangeiro.
Está ligada ao Direito Penal Internacional, ramo do Direito Internacional
Público, refere-se a crimes que afetam interesses de mais de um país.
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PRINCÍPIOS APLICÁVEIS
6.2.1. Princípio da territorialidade
É a regra no Brasil, conforme disposto no art. 5º do CP.

Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de


direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
É fruto da soberania, comum a todos os países.
Ressalta-se que o Brasil adota uma territorialidade temperada ou mitigada, pois o
próprio art. 5º afirma que será aplicado sem prejuízo a convenções, tratados e regras
internacionais
TERRITÓRIO – é o espaço que o país exerce sua soberania política.
TERRITÓRIO BRASILEITO POR EXTENSÃO – art. 5º, §1º do CP.

Art. 5º § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território


nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do
governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
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Por exemplo, dentro de uma aeronave
brasileira, em solo japonês, é cometido um
homicídio. A jurisdição será do Brasil, tendo em
vista que a aeronave brasileira é considerada
uma extensão do território nacional.

Observe:
Art. 5º, § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes
praticados a bordo de aeronaves ou embarcações
estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas
em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
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Todos os princípios que veremos agora são para os crimes praticados fora do
Brasil.
Princípio da personalidade ou da nacionalidade
Considera, para aplicação da lei penal, a personalidade ou a nacionalidade.
Divide-se em:
a) Personalidade ativa
O agente é punido de acordo com a lei brasileira, independentemente da
nacionalidade do sujeito passivo e do bem jurídico ofendido.
Está previsto na primeira parte do art. 7º, I, d, do art. 7º, II, b do CP.
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
(...)
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
II - os crimes:
(...)
b) praticados por brasileiro;
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b) Princípio da Personalidade passiva
Leva em conta a vítima do crime que deverá ser
brasileira, previsto no art. 7º, §3º
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos
no estrangeiro:
(...)
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime
cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil,
se, reunidas as condições previstas no parágrafo
anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
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Princípio do domicílio
O agente deve ser julgado pela lei do país em que é domiciliado,
pouco importando a sua nacionalidade (parte final do art. 7º, I, d
do CP).
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no
estrangeiro:
I - os crimes:
(...)
d) de genocídio, quando o agente dor brasileiro ou domiciliado no
Brasil;

Por exemplo, um francês que reside no Brasil pratica um


genocídio na Somália. Será aplicada a lei brasileira, local de seu
domicílio.
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Princípio da defesa, real ou da proteção
O crime ofende um bem jurídico brasileiro, pouco importa a
nacionalidade do agente e pouco importa o local do delito,
previsto no art. 7º, I, a, b, c, do CP.
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no
estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito
Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa
pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação
instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
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Princípio da justiça universal
Também chamado de justiça cosmopolita, competência universal, jurisdição
universal ou mundial, repressão mundial ou, ainda, universalidade do direito
de punir. Está relacionado à cooperação penal internacional (mais ampla),
segundo a qual todos os países podem punir os autores de determinados
crimes (cuja punição interessa a todos os países da comunidade internacional)
que se encontrem em seu território.
Aqui, pouco importa a nacionalidade do agente, o local do crime e o bem
jurídico atingido.

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:


(...)
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;

Cita-se, como exemplo, o tráfico de pessoas.


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Princípio da representação
Chamado também de princípio do pavilhão, da bandeira, subsidiário ou
da substituição. Está previsto no art. 7º, II, c do CP.

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:


(...)
II - os crimes:
(...)
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam
julgados.

Quando o crime for praticado em uma aeronave ou embarcação pública


brasileira ou a serviço do Governo brasileiro, não se aplicam os princípios
acima, pois se trata de território brasileiro por extensão.
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EXTRATERRITORIALIDADE
É a aplicação da lei brasileira aos crimes (não se aplica para contravenções penais)
cometidos fora do Brasil, são as exceções ao princípio da territorialidade.
7.1. EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA
Previsto no inciso I do art. 7º do CP.

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:


I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território,
de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação
instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;

Atentar para o disposto no §1º, do art. 7º do CP, que consagra a soberania.

§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido
ou condenado no estrangeiro
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EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA
São as hipóteses do inciso II, do art. 7º.

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no


estrangeiro:
(...)
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
Justiça
Universal
b) praticados por brasileiro; Personalidade ou nacionalidade ativa
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes
ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí
não sejam julgados. Bandeira, pavilhão, etc.
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Observar os §§ 2º e 3º que trazem as condições para que a lei brasileira seja
aplicada.

§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das
seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra
brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo
anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
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Um brasileiro, nos EUA, mata um argentino. Logo
depois, entra no Território Brasileiro
Nos EUA ele não foi processado. (Art. 7º, II, “b” CP)
a) O brasileiro entrou no território nacional;
b) O homicídio também é crime nos EUA;
c) O homicídio está entre os crimes pelos quais o
Brasil autoriza a extradição;
d) Não foi perdoado;
e) Não há causa extintiva de punibilidade.
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CP Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no
estrangeiro:
II - os crimes:
b) praticados por brasileiro;

Aplica-se a lei penal brasileira.


*De quem é a competência para o processo e julgamento? Regra = Justiça
Estadual.
*Qual território competente? Capital do Estado em que ele MORA ou
MOROU. Se ele não mora ou nunca morou, será a Capital da REPÚBLICA, art.
88 do CPP.

CPP Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro,
será competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último
residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o
juízo da Capital da República.
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Pena cumprida no estrangeiro
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no
Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada,
quando idênticas.
É possível que suceda a hipótese de ser o agente processado, julgado e
condenado tanto pela lei brasileira como pela lei estrangeira (em
especial nos casos de extraterritorialidade incondicionada).
O art. 8º do Código Penal, sem evitar o “bis in idem”, atenua a dupla
punição.
Trata-se de atenuação ao bis in idem. A vedação ao bis in idem é uma
regra, a qual admite exceção, sendo assim uma regra relativa.
Exemplo: o agente praticou dano contra o patrimônio público
brasileiro em Portugal. O agente é condenado a cumprir pena de 1 ano
em Portugal e 2 anos no Brasil. Cumprirá um ano em Portugal e depois
deverá cumprir outro ano no Brasil.
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EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA
Previsto no art. 9º do CP, vejamos:
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira
produz
na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil
para:
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros
efeitos civis;
II - sujeitá-lo a medida de segurança.
Parágrafo único - A homologação depende:
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com
o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta
de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.
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Destaca-se que a sentença estrangeira só será
homologada após o seu trânsito em julgado, conforme
disposto na Súmula 420 do STF, observe:
Súmula 420 STF – Não se homologa sentença
proferida no estrangeiro sem prova do trânsito em
julgado.
Não esquecer que a homologação da sentença
estrangeira é feita pelo STJ e que será considerada um
título executivo judicial (art. 515, VIII do CPC).
Obs.: A sentença condenatória estrangeira irá gerar
reincidência, independentemente de ter sido
homologada pelo STJ. Basta a prova de sua existência.
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CONTAGEM DO PRAZO
O art. 10 do CP traz a forma de contagem do prazo (intervalo dentro do
qual deve ser praticado determinado ato).

Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os


dias,
os meses e os anos pelo calendário comum.

Todo prazo possui um termo inicial (a quo) e um termo final (ad quem).

Calendário comum é aquele que estabelece que o dia é o intervalo


entre a meia noite e a meia noite subsequente.
O Direito Penal afeta a liberdade do cidadão, colocando em risco o seu
direito de ir e vir. Por isso, com o intuito de favorecer o réu, inclui-se na
contagem do prazo o dia do começo e exclui-se o último dia.
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Por exemplo, imagine que João foi preso às 23:58 do dia 10 de fevereiro de
2017, para cumprir uma pena de um ano, os dois minutos do dia 10/02 serão
considerado como dia do começo.
Assim, no dia 09 de fevereiro de 2018 a pena terá sido cumprida.
Caso João tivesse sido condenado a pena de um mês, acabaria no dia 09 de
março de 2018.
No CPP é o inverso, não se conta o dia do começo e conta-se o dia do final,
nos termos do §1º do art. 798, mas finalidade é a mesma: favorecer o réu.

Art. 798. § 1o Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se,


porém, o do vencimento.
Observe a Súmula 310 do STF:
Súmula 310 - Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação
com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na
segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso em que
começará no primeiro dia útil que se seguir.
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FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA
Observe o dispôs no art. 11 do CP:
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de
liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia,
e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.

Na sistemática do CP as penas restritivas de direitos são


substitutivas, por isso sua menção é desnecessária.
Desprezam-se as frações de dias, contam-se em dias
inteiros. O mesmo ocorre nas penas de multa, em que
serão desprezadas as frações de real.
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Lei excepcional ou temporária
Art. 3º, CP – “A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o
período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante a vigência”.
Lei temporária é aquela instituída por um determinado
tempo/prazo determinado; tem prefixado um lapso de duração.
Lei excepcional é aquela editada em função de algum evento
transitório, por exemplo, guerra, calamidade pública, epidemia, etc.
Perdura enquanto persistir o estado de emergência.
Exemplo: Lei que pune alguém que embaraça a entrada de fiscais
do governo em sua casa para prevenir criadouros do mosquito
Aedes. A lei vai perdurar até cessar o Estado de emergência.
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Observações pontuais:

➢ Segundo Masson, lei temporária é aquela que tem prazo


de vigência previamente definido no tempo: essa lei tem
“prazo de validade”. Exemplo: Lei da Copa – Lei nº
12.663/2012. Art. 36. Os tipos penais previstos neste
Capítulo terão vigência até o dia 31 de dezembro de 2014.
➢ Por outro lado, lei excepcional é aquela cuja vigência só
existe em uma situação de anormalidade.
➢ Fundamento: Art. 3º, CP – “A lei excepcional ou
temporária, embora decorrido o período de sua duração ou
cessadas as circunstâncias que determinaram, aplica-se ao
fato praticado durante a vigência”.
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A lei temporária e lei excepcional possuem duas
características que lhes são peculiar: são autorrevogáveis
(exceção ao princípio da continuidade das leis). Acabando
o prazo de validade da lei temporária ou da situação de
anormalidade da lei excepcional, a referida estará
revogada. Consideram-se revogadas assim que encerrado
o prazo fixado (lei temporária) ou cessada a situação de
anormalidade (excepcional). Além disso, gozam de
ultratividade, o que significa que continuam aplicáveis
mesmo depois de revogadas, se o fato foi praticado
enquanto elas ainda estavam em vigor. A ultratividade
impede que manobras protelatórias leve a impunidade do
agente.
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INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL

Interpretação é a atividade mental que busca identificar o


conteúdo da lei. Ou seja, busca identificar o seu alcance e o seu
resultado, definição dada por Carlos Maximiliano, em sua obra
sobre hermenêutica e interpretação do direito.
Destaca-se que a interpretação SEMPRE deve buscar a mens
legis, isto é, a vontade da lei, que não se confunde com a
vontade do legislador (mens legislatoris).
Não confunda hermenêutica – ciência que estuda a
interpretação das leis - com exegese, que é a atividade prática
de interpretar determinada lei.
Por fim, salienta-se que a interpretação é SEMPRE obrigatória,
por mais clara, por mais simples que a lei seja.
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ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO
Quanto ao sujeito: autêntica, judicial ou doutrinária
Leva em conta o sujeito, ou seja, quem faz a interpretação. Pode
ser:
a) Autêntica ou legislativa
É aquela realizada pelo legislador. Ocorre quando o legislador
edita uma norma com a finalidade de esclarecer/explicar o
significado de outra norma.
Como exemplo, cita-se o art. 327 do CP que traz o de funcionário
público.

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos


penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração,
exerce cargo, emprego ou função pública.
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Tem-se, aqui, a chamada norma interpretativa, que
possui natureza cogente (aplicação obrigatória).
Será retroativa, ainda que prejudique o réu.
Além disso, a norma interpretativa pode ser
contextual ou posterior. Vejamos:
• Contextual: é quando a norma interpretativa é
editada na própria lei. Por exemplo, O CP fala do
crime de peculato cometido por funcionário público
e traz o conceito de funcionário público.
• Posterior: é criada depois da norma interpretada.
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b) Doutrinária ou científica
É aquela realizada pelos estudiosos do Direito Penal,
doutrinadores em geral.
Por exemplo, exposição de motivos do CP. Não integra
a parte normativa da lei.
c) Judicial ou jurisprudencial
É aquela realiza pelos magistrados na decisão das
causas que lhe são submetidos. Em regra, não possui
força obrigatória, salvo nos seguintes casos:
• Decisão no caso concreto após o trânsito em julgado;
• Decisão do STF que cria uma súmula vinculante.
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Quanto aos meios e métodos: gramatical e lógica
a) Interpretação gramatical/literal/sintática
Consiste em buscar o real significa das palavras. É uma interpretação pobre.
Por exemplo, art. 155 do CP que traz a conduta de subtrair coisa alheia móvel
para si ou para outrem, pela interpretação literal temos:
• Subtrair = pegar
• Para si = para mim
• Para outrem = para terceiro
• Coisa alheia = algo que pertence a outra pessoa
• Móvel = pode se deslocar.

b) Lógica/teleológica
É aquela que busca a finalidade da lei. O interprete deve-se valer de elementos
históricos, do direito comparado, interpretando a norma em sua completude,
de forma sistemática.
É a interpretação sugerida pelo art. 5º da LINDB.
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Quanto ao resultado: declaratória, extensiva ou restritiva
a) Declaratória/declarativa/estrita
É aquela em que há perfeita sintonia entre o texto da lei e a sua
vontade. Ou seja, o que está escrito é o que realmente significa,
não há nada a ser suprimido ou acrescentado.
b) Extensiva
É aquela que corrige a timidez da lei, tendo em vista que a lei
disse menos o que queria.
A exemplo do art. 159 do CP, que trata sobre extorsão mediante
sequestro, mas não trata da extorsão mediante cárcere privado.
c) Restritiva
É aquela que busca a diminuição do alcance da lei. Em outras
palavras, a lei disse mais do que queria.
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Interpretação progressiva, adaptativa ou evolutiva
É aquela que busca adaptar o texto da lei à realidade
atual.
Evita constantes reformas legislativas, diante da
evolução da sociedade.
Como exemplo, tem-se o ato obsceno, no passado,
mostrar as pernas era considerado um ato obsceno,
punível pelo Direito Penal.
9.2.5. Interpretação analógica ou intra legem
Ocorre sempre que a norma penal é construída com
uma formula casuística seguida de uma forma genérica.
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É utilizada pelo próprio legislador ao trazer uma
formula fechada seguida de uma formula aberta,
tendo em vista que é impossível prever todas as
situações que surgem no caso concreto.
Ex.: embriaguez é causada pelo álcool, mas também
por substancias de efeitos análogos.
Igualmente, o motivo torpe no caso de homicídio.
ATENÇÃO! A interpretação analógica não se
confunde com analogia (forma de integração do
DP).
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CONFLITO APERENTE DE NORMAS PENAIS
Sem dúvida é um dos temas mais importantes de
Direito Penal, é muito cobrado em provas discursivas.
CONCEITO
É o instituto que se verifica quando a um único fato
praticado pelo agente duas ou mais normas se
revelam, aparentemente, aplicáveis.
Haverá um conflito entre qual norma deve ser
aplicada. Contudo, não passa de um conflito
aparente, pois é facilmente superado com a
interpretação das normas em conflito.
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REQUISITOS
Os requisitos que veremos abaixo irão diferenciar o
conflito aparente de normas do concurso de crimes
e do conflito de leis penais no tempo.
Unidade de fato
O agente praticou um único fato, um único crime.
Este requisito serve para diferenciar o conflito
aparente de normas do concurso de crimes.
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Pluralidade de normas aparentemente aplicáveis
Há mais de uma norma que pode ser aplicada ao
fato praticado pelo agente.
Vigência simultânea de todas as normas em
conflito
Todas as normas que podem ser aplicadas precisam
estar em vigor na data do fato. Este requisito serve
para diferenciar o conflito aparente de normas do
conflito de leis no tempo.
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FINALIDADES
O instituto visa:
•Evitar o bis in idem, ou seja, a dupla punição pelo mesmo fato;
• Manter a unidade lógica e a coerência do sistema penal. Há conflitos entre
normas, mas o sistema é único, perfeito, apresentando meios para
solucionar.
SOLUÇÃO DO CONFLITO APARENTE: PRINCÍPIOS
Para solucionar o conflito aparente de normas, a doutrina e a jurisprudência
apontam alguns princípios, os quais serão analisados abaixo.
• Princípio da especialidade
• Princípio da subsidiariedade UNANIMES NO BRASIL
• Princípio da consunção
• Princípio da alternatividade - MINORITÁRIO
Obs.: Ficar atento ao que a prova pedir. Havendo os quatro, marcar como
certa. Caso a prova traga apenas os três primeiros em uma alternativa,
marcar esta como correta.
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Princípio da Especialidade
De acordo com este princípio, a lei especial exclui a aplicação da
lei geral. Destaca-se que não há revogação da lei geral pela lei
especial. Ambas continuam vigentes, apenas, no caso concreto,
será excluída a aplicação.
LEI ESPECIAL – contém todos os elementos previstos na lei geral
e, também, outros elementos, chamados de especializantes.
Cita-se, como exemplo, o homicídio (norma geral – matar alguém)
e o infanticídio (norma especial – matar alguém + mãe em estado
puerperal que mata o filho).
Este princípio se estabelece no plano em abstrato, ou seja, as
normas em abstrato são comparadas, independentemente da
gravidade do caso concreto. Assim, a norma especial será aplicada
mesmo se for mais grave ou mais benéfica do que a norma geral.
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Além disso, a norma especial e a norma geral podem estar
previstas no mesmo diploma legislativo (ex.: homicídio – normal
geral e o infanticídio – norma especial). Igualmente, podem estar
contidas em diplomas legislativos diversos (tráfico de drogas – lei
especial e contrabando – lei geral).
Com os exemplos acima, fica claro que a gravidade do fato não
importa, pois:
• Homicídio – norma geral é mais grave do que o infanticídio –
norma especial, e, mesmo assim, a norma especial será aplicada.
• Contrabando – normal geral é menos grave que o tráfico –
norma especial, comprovada a especialidade será aplicada a
norma especial.
Por fim, caracterizada a especialidade sua aplicação é
peremptória (obrigatória).
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Princípio da Subsidiariedade
Segundo o princípio da subsidiariedade, a lei primária exclui a aplicação da lei subsidiária.
LEI PRIMÁRIA – é aquela que define o crime mais grave.
LEI SUBSIDIÁRIA – é aquela que define um fato menos grave.
A análise é feita no caso concreto, ou seja, primeiro tenta-se aplicar a lei que prevê o crime
mais grave em detrimento da norma penal que prevê o menos grave. Não sendo possível,
aplica-se a norma subsidiária que, no dizer de Nelson Hungria, funciona como um soldado
de reserva.
Espécies de subsidiariedade:
a) Subsidiariedade expressa ou explícita: a própria norma penal se declara subsidiária, ou
seja, diz que somente será aplicada se o fato não constituir crime mais grave. Como
exemplo, temos o art. 163, p. único, II do CP.

Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:


Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Dano qualificado
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais
grave .
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b) Subsidiariedade tácita ou implícita: a norma penal
não se declara subsidiária, mas esta circunstância é
extraída da análise do caso concreto.
Por exemplo, denúncia trata de roubo. Na instrução
fica comprovado que se trata de furto.
Perceba que a norma primária (mais grave) é o roubo,
mas como não foi possível aplicar utiliza-se a menos
grave (o furto).
Obs.: No plano abstrato, o conflito aparente entre
roubo e furto seria resolvido pela especialidade. Mas,
no caso concreto, resolve-se pela subsidiariedade.
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Princípio da Consunção ou da Absorção
De acordo com o princípio da consunção, a lei
consuntiva exclui a aplicação da lei consumida.
LEI CONSUNTIVA: é aquela que prevê o fato mais amplo
(o todo)
LEI CONSUMIDA: é aquela que prevê o fato menos
amplo (a parte).
Punindo “o todo” estar-se-á punindo “a parte”.
Hipóteses:
a) Crime progressivo – para chegar ao crime final o
agente deve, obrigatoriamente, passar por um crime
menos grave.
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Delito de ação de passagem é o crime menos grave na passagem
para o crime progressivo.
Exemplo: para praticar o homicídio o agente deve,
obrigatoriamente, passar pelo delito de lesão criminal. Não há
como matar sem ferir. Punindo-se o homicídio pune-se a lesão
corporal.
b) Progressão criminosa: é caracteriza pela mudança do dolo. A
intenção do agente era praticar um crime menos grave, após
resolve praticar um crime mais grave.
Exemplo: inicialmente, o agente queria praticar uma lesão corporal.
Após, resolve praticar um homicídio.
A diferença entre crime progressivo e progressão criminosa é o
dolo. No crime progressivo o dolo não se alterou, desde o início era
o mesmo. Por outro lado, na progressão criminosa há uma
mudança de dolo a pós a prática do primeiro crime.
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c) Fatos impuníveis: são aqueles fatos não punidos em razão da
punição de um fato principal.
Os fatos impuníveis podem ser:
Anteriores (antefactum): funciona como fase de preparação ou
execução de um fato principal. Por exemplo, furto no interior de
uma residência. Para praticar o furto há uma violação de domicílio.
Simultâneos: são aqueles que ocorrem concomitantemente ao fato
principal, como meio de execução. Por exemplo, ao cometer um
estupro, em via pública, o agente pratica um ato obsceno. Expor as
partes íntimas é um meio para realizar o estupro.
Posteriores (postfactum): é o fato posterior ao fato principal e que
funciona como mero desdobramento deste. Por exemplo, após
furtar um celular o agente, por não conseguir usar o parelho,
destrói o aparelho (crime de dano).
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Importante diferenciar o antefactum impunível e o crime
progressivo. Inicialmente, destaca-se que ambos são
hipóteses do princípio da consunção, mas no crime
progressivo o crime-meio é obrigatório para a realização do
crime-fim (não há como matar sem antes ferir a vítima). Já
no antefactum impunível o crime-meio não é obrigatório (por
exemplo, nem todo furto depende de violação de domicílio).
A súmula 17 do STJ traz uma típica hipótese de consunção,
foi criada para os casos de falsificação de cheque com o
intuito de praticar o crime de estelionato. A falsificação é um
antefactum impunível:
A Súmula 17 – Quando o falso se exaure no estelionato, sem
mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.
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Princípio da Alternatividade
Este princípio não é unanime no Brasil para solucionar o conflito
aparente de normas, a maioria da doutrina não aceita.
O princípio da alternatividade subdivide-se em:
a) Alternatividade Própria – ocorre nos tipos mistos alternativos (ação
múltipla ou conteúdo variado), são aqueles que possuem dois ou mais
núcleos e se o agente realizar mais de um núcleo, contra o mesmo
objeto material, estará realizado um único crime. Por exemplo, tráfico
de drogas (possui 18 núcleos).
Obs.: quando dirigida a mais de um objeto, haverá concurso de crimes.
Críticas – não há conflito aparente de normas. O conflito é interno,
dentro dos núcleos da norma penal.
b) Alternatividade Imprópria – ocorre quando a mesma conduta
criminosa é disciplinada por dois ou mais tipos penais.
Crítica - é uma situação clara de falta de técnica legislativa.
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