TEMA 2: CRITÉRIO DE CLASSIFICAҪÃO DOS MEDICAMENTOS Sumário:Modo de acҫão, Alvo de acҫão terapêutica, Critérios farmacoterapéuticos.
• Objectivos: conhecer os conceitos basicos ligados ao Modo de acҫão, Alvo de acҫão
terapêutica, Critérios farmacoterapéuticos. Local de ação; Onde Ocorre a Ação dos Medicamentos? Quando se tenta explicar os mecanismos pelos quais os fármacos exercem sua influência sobre as funções fisiológicas e bioquímicas, pode-se considerar a sua ação sobre o organismo como um todo ou em bases mais restritas, considerar a sua ação ao nível celular ou mesmo em estruturas subcelulares. Entretanto, sendo que os fármacos e os tecidos vivos são constituídos de moléculas, a tendência atual da Farmacodinâmica é considerar ação de fármacos ao nível molecular. Quando se inicia a interação entre as moléculas do fármaco e os sítios específicos de tecidos, ocorre uma série de eventos que levam a uma resposta biológica, os componentes celulares envolvidos são chamados receptores farmacológicos. Mecanismo de ação. O modo pelo qual os fármacos produzem, nos seus sítios de ação, alterações que resultam nos seus efeitos terapêuticos e tóxicos é denominado mecanismo de ação, sendo de fundamental importância para o uso terapêutico racional dos fármacos e para o desenvolvimento de novos agentes terapêuticos. Levando-se em conta a especificidade dessas interações, os fármacos podem ser classificados em dois grandes grupos: fármacos estruturalmente específicos e fármacos estruturalmente inespecíficos. Fármacos estruturalmente específicos. A maioria dos fármacos apresenta alto grau de selectividade e especificidade de ação, pois, para produzir os seus efeitos característicos, atuam apenas em sítios definidos, enquanto que sua presença em outros tecidos do organismo não leva a nenhum efeito mensurável. Os fármacos desse grupo exercem seus efeitos em concentrações de até 1 x 10–11 g/mL. Isso indica que o efeito farmacológico produzido por essas substâncias deve-se à sua interação com pequeníssimas áreas reativas de certas células do organismo. Esses fármacos são ditos estruturalmente específicos, e sua ação pode ser devida a interações com enzimas, proteínas carregadoras, ácidos nucleicos ou receptores farmacológicos. Fármacos estruturalmente inespecíficos. Existem muitos fármacos cuja ação não é devida a uma interação com macromoléculas específicas do organismo (receptores), mas resulta de interações inespecíficas entre moléculas de fármaco e tecidos vivos. Sua atividade pode resultar de transformações químicas com pequenas moléculas ou íons do organismo, como é o caso dos antiácidos gástricos, que agem por neutralizarem o HCl do estômago. Ligação fármaco-receptor. A interação entre fármaco e receptor é via- de-regra, reversível. Nesse caso, as ligações são intermoleculares e geralmente fracas e podem ser de natureza iônica, polar (íon-dipolo ou dipolo-dipolo), pontes de hidrogênio, forças de van der Waals e outras forças hidrofóbicas. As ligações covalentes são mais raras e, quando estão presentes, os fármacos promovem efeitos prolongados ou mesmo irreversíveis. Esses diversos tipos de ligação podem estar presentes em várias partes das moléculas, levando à formação de um complexo entre fármaco e receptor mais ou menos estável e, como já foi dito, na maioria das vezes reversível. A maior ou menor interação e consequentemente, o aparecimento do efeito, dependem de como os dois componentes se adaptam, ou seja, de como se “encaixam” um com o outro. Essa adaptação mútua deve ser tanto em relação à carga quanto em relação à distribuição de carga, isto é, deve haver certa complementaridade entre fármaco e receptor. Quanto maior a complementaridade, maior será a afinidade do fármaco pelo receptor. Natureza dos receptores. Com o isolamento do receptor colinérgico nicotínico em vários laboratórios, o receptor passou de entidade conceitual a uma realidade concreta. A sua natureza exata, entretanto, ainda não está firmemente estabelecida, sabendo-se de maneira geral que estão localizados em macromoléculas proteicas, constituindo unidades tridimensionais. Assim sendo, seus centros de atração são constituídos pelos mesmos grupamentos químicos que existem nas proteínas, e as forças que ligam as moléculas dos fármacos aos seus receptores são as mesmas forças intermoleculares que participam na ligação das enzimas aos seus substratos. Em termos operacionais, o receptor é o componente macromolecular funcional do organismo com o qual o fármaco interage e modifica as funções fisiológicas, bioquímicas e comportamentais, que são denomidadas de efeitos ou respostas farmacológicas. A maioria dos fármacos interage com proteínas efetoras, sendo que parcela bastante razoável do efeito farmacológico decorre dessa interação inicial que se estabelece entre o fármaco e seu receptor. Dessa forma, a ação reguladora de um receptor funcionaria como unidade discriminadora capaz de identificar estruturas químicas responsáveis (agonistas específicos) ou não (antagonistas específicos) pela ação farmacológica, isto é, de fármacos considerados ou não primeiros mensageiros. Uma vez captados os sinais extracelulares, estes são transmitidos ou transcritos sob forma de sinais (mensagens) intracelulares, através de segundos mensageiros ou moléculas de informação (transdutores); tais sinais culminam então na resposta final da célula. Assim, existe um sistema de transferência de informação, que é o chamado sistema de sinalização transmembrana. Critérios farmacoterapéuticos O extraordinário progresso da Farmacoterapêutica verificado nas últimas décadas está associado à descoberta e ao estudo clínico de novos fármacos. Este avanço possibilitou o aparecimento de uma nova divisão, a farmacologia clínica, cuja finalidade é estudar a eficácia e a segurança dos medicamentos. Destacam-se também os estudos da farmacocinética e biofarmacêutica no organismo humano sadio ou doente e da farmacodinâmica na avaliação do espectro da ação terapêutica dos medicamentos, visando o uso racional dos medicamentos. Na prescrição de novos fármacos, recomenda-se aos clínicos, atitude de cautela em relação às informações de toxicidade e segurança fornecidas pelos fabricantes, na ocasião do lançamento de mercado de novos produtos. De modo geral, os novos fármacos representavam avanços terapêuticos mínimos em relação a outros medicamentos já existentes na prática médica. A aquisição crítica desses conhecimentos por parte dos clínicos possibilitará o emprego generalizado do novo fármaco. Em síntese, a Farmacoterapêutica é arte e ciência de curar as doenças EFEITO PLACEBO Somente a partir de 1950 é que se iniciaram estudos sistematizados de que substâncias inertes, administradas da mesma forma que medicamentos conhecidos, exerciam influências no organismo semelhantes àquelas que se pensava fossem provocadas por substâncias consideradas ativas. O conjunto de fatores não farmacológicos que influenciam a ação dos medicamentos passou a ser codificado sob a denominação de efeito placebo. O uso do placebo pode ser justificado em ensaios clínicos em que se procura determinar o verdadeiro efeito do fármaco, procurando-se excluir o fenômeno de sugestão. Contudo, o uso de placebo é bastante discutível em terapia, pelo fato de retardar o uso de recursos terapêuticos e prejudicar a relação de confiança entre o paciente e o clínico.