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Competências comportamentais: ganhos para

empresas e colaboradores
Por Patrícia Bispo para o RH.com.br

Patrícia Bispo
Formada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo, pela
Universidade Católica de Pernambuco/Unicap. Atuou durante dez anos em
Assessoria Política, especificamente na Câmara Municipal do Recife e na
Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco. Atualmente, trabalha na
Atodigital.com, sendo jornalista responsável pelos sites: www.rh.com.br,
www.portodegalinhas.com.br e www.guiatamandare.com.br.
+ textos de Patrícia Bispo
A preocupação com o desenvolvimento comportamental dos colaboradores
tornou-se uma vertente estratégica para as organizações que desejam garantir
espaço em um universo globalizado e em constante processo de mudanças. No
entanto, cada empresa adota uma sistemática condizente com sua realidade,
segmento e negócio. Na Dimensional do Brasil, por exemplo, a necessidade de
estimular o aprimoramento das competências comportamentais faz parte da
rotina dos colaboradores e tem refletido diretamente na vida da companhia.
Provedora de soluções de automação industrial (produtos e serviços) e
distribuição de material elétrico, recentemente, agregou ao seu portfólio de
produtos a Divisão I.T. (cabeamento estruturado) e Safety Invest (responsável
pela distribuição de EPI's - equipamentos de proteção individual). A partir de
2007, a Dimensional do Brasil associou à multinacional francesa SONEPAR e
conta atualmente com cerca de 270 colaboradores diretos distribuídos entre a
matriz (Limeira/SP) e extensões (Contagem/MG, São Paulo/SP, Campinas/SP,
Bauru/SP, Curitiba/PR e Porto Alegre/RS).
De acordo com Silvana Baitz, consultora de desenvolvimento organizacional,
apesar de existirem ações coordenadas, foi a partir de 2007 que algumas
práticas e modelos de gestão de pessoas tornaram-se mais necessárias e
evidentes na companhia. Uma delas foi o investimento no fator
comportamental, visto que a capacidade técnica dos colaboradores já era
bastante conhecida. Ela cita que as iniciativas mais acentuadas na área
comportamental, coincidentemente, ocorreram no momento em que a
Dimensional passou pela transição de empresa puramente nacional para se
tornar uma multinacional. "Sem dúvida, esse tipo de acontecimento exige um
esforço ainda maior nos modelos de gestão - principalmente àqueles
relacionados ao capital humano", complementa.
Vale salientar que a área de Desenvolvimento Organizacional é quem
responde completamente pelas ações direcionadas à área comportamental
dos profissionais que integram as equipes da Dimensional do Brasil. Dentro da
filosofia corporativa, para o segmento em que atua, a competência técnica
tem um peso muito grande, mas, é o comportamento das pessoas que faz a
diferença.
"Para exemplificar tomemos como base o velho e conhecido CHA -
Conhecimento, Habilidade e Atitude. A literatura sobre o assunto esclarece
que o profissional competente deve ter os três ingredientes, mas somente
através da atitude que ele põe em prática - ou pelo menos consegue
desenvolver - as duas primeiras. O comportamento inerte ou estático de
certos indivíduos pode comprometer em muito o desempenho do todo",
enfatiza Baitz.
Um fato relevante é que a excelência na prestação de serviços passa
obrigatoriamente por todos os setores da organização e esses, por sua vez,
estejam envolvidos diretamente no processo. A estratégia da empresa
considera ainda o fato de que os clientes estão cada vez mais exigentes em
função da grande variedade de opções que encontram à disposição no
mercado. Isso faz com que as organizações não possam mais se dar ao luxo de
simplesmente alegarem ser competitivas e sim terem a necessidade de provar
que o são, de fato, dia após dia.
Ferramentas comportamentais - Na prática, a Dimensional utiliza a Análise
Quantum e o PHP2 - ferramentas de análise comportamental focada no
ambiente de trabalho, cujos objetivos são avaliar ações, comunicação, ritmo,
regras e outros indicadores essenciais ao desenvolvimento do colaborador.
Esses recursos são utilizados em processos seletivos, promoções, mudança de
função, enfim, dão oportunidade para que a companhia conheça melhor o
perfil do profissional que irá ser contratado ou desenvolvido em outras
atribuições.
Esses dois instrumentos também permitem à área de Desenvolvimento
Organizacional da Dimensional trabalhar os GAP´s identificados na aplicação e
no feedback dados aos profissionais. As ferramentas em questão são aplicadas
on-line, ou seja, tanto o candidato como o colaborador recebe uma senha e
login para acessar a pesquisa num momento mais tranquilo - seja no trabalho,
residência, por exemplo, uma vez que ele tem livre arbítrio para escolher
quando e onde acessar.
"Todos os participantes das ferramentas recebem a devolutiva e o laudo para
se autoavaliarem, e isso faz a diferença. Ou seja, temos a oportunidade de
conhecer melhor o candidato ou o colaborador e analisar quais os GAP´s que
temos que trabalhar. Daí o departamento de Desenvolvimento Organizacional,
em conjunto com o gestor, traça os planos de ação para desenvolver e
acompanhar do profissional. Desde que temos utilizado essas ferramentas e
dentre outras que temos na área de Desenvolvimento Organizacional, o nível
de acerto para contratação, promoção ou mudança de função ficou acima do
esperado. Ou seja, estamos sempre atendendo as expectativas dos gestores e
também dos profissionais", comenta a consultora.
Depois que aplica a Análise Quantum e o PHP2, Silvana Baitz pontua que
acompanha diretamente todo o processo de desenvolvimento do profissional,
analisando as necessidades de treinamentos, a evolução de carreira, dentre
outros fatores. Quando necessário, ela elabora junto com o gestor o PDI
(Plano de Desenvolvimento Individual). "Procuramos estar sempre antenados
com as mudanças de mercado. Por essa razão, os profissionais estão em
constante treinamento e, o principal, eles recebem todo o apoio da diretoria",
sintetiza.
Competências mais valorizadas - Quando indagada sobre quais as
competências comportamentais mais valorizadas pela Dimensional do Brasil, a
consultora menciona que as principais são: comprometimento; ética; evolução
contínua; trabalho em equipe; criatividade; dinamismo e foco no cliente são
algumas das competências que formam um mix ideal para o profissional que
busca realização profissional e pessoal. Algumas dessas competências foram
mapeadas pelos próprios colaboradores e tidas como essenciais para os cargos
de gestão. Já a sintonia existente entre a Missão, a Visão, os Valores e a
Estratégia da empresa com a percepção dos seus colaboradores cria um
ambiente propício para que o objetivo da empresa seja alcançado.
Receptividade dos talentos - Ao que tudo indica, a receptividade tem sido
muito satisfatória, tanto da parte dos gestores quanto da parte dos próprios
colaboradores. Porém, isso se deve a um conjunto de fatores e não apenas à
aplicação das ferramentas. Dentre os fatores positivos, que contribuem para
que essa postura seja consolidada, encontra-se a prática do feedback -
modelo já adotado há algum tempo em função da Avaliação de Desempenho.
Outro fator é a transparência nos trabalhos e credibilidade que o
departamento de RH possui junto aos colaboradores e aos gestores. Com
relação às ferramentas - que trabalham o lado comportamental das pessoas -
é importante destacar que elas jamais serão utilizadas para fins de retaliação,
e sim como forma de desenvolvimento pessoal e profissional, o que gera
credibilidade diante dos profissionais. "Temos a plena convicção de que a
grande maioria - senão a totalidade - dos colaboradores que passaram pela
Dimensional saiu melhor do que entrou, após o trabalho que realizamos para
desenvolver as competências comportamentais", avalia Baitz.
Ao ser questionada se ocorreu alguma mudança visível, depois que a aplicação
de ferramentas comportamentais foram instituídas pela Dimensional do Brasil,
a respostas da consultora é afirmativa. Ela destaca, por exemplo, que houve o
constante aumento na procura pelo auxílio no custeio de mensalidade de
cursos de graduação, pós-graduação e línguas - benefícios oferecidos pela
empresa aos colaboradores com mais de um ano -, ou seja, busca por
aperfeiçoamento. Outro ponto importante é que os próprios funcionários
desejam ser submetidos ao processo de avaliação de desempenho. Isso
demonstra que eles sentem a necessidade de saber onde podem melhorar.
Atualmente, na hora do recrutamento, percebe-se ainda que os gestores
valorizam mais o perfil comportamental dos candidatos, pois antes a ênfase
era maior para a condição técnica. Isso sinaliza uma visível mudança cultural
positiva na empresa.
O valor comportamental - Outro fato que leva a Dimensional do Brasil a
investir no desenvolvimento comportamental dos seus profissionais é a
importância do colaborador estar alinhado com o perfil da empresa, visto que
isso facilita a adaptação e o dos talentos humanos. Além disso, a organização
não perde o seu DNA. Para a política de Gestão de Pessoas da Dimensional do
Brasil, os treinamentos em massa não surtem os efeitos desejados, pois cada
um tem uma necessidade ou um determinado grau de desenvolvimento. Dessa
forma é possível atuar de maneira mais eficaz, dando a cada um, a dose ideal.
Além disso, a gestão que dá importância para o quesito comportamental
contribui também para reduzir os desgastes naturais de relacionamento
existentes no meio organizacional, porque deve existir um equilíbrio nos
membros de um grupo, pois se o mesmo apresentar-se muito heterogêneo
tenderá a ser competitivo demais, gerando os efeitos colaterais indesejados.
Por outro lado, se a equipe é muito homogênea diminui-se a criatividade, a
busca pelo aperfeiçoamento, enfim, gera certo comodismo e estagnação. É
nesse cenário que as ferramentas de gestão comportamental ganham
importância e eficiência: convergir os interesses para o bem comum.
Por fim, Silvana Baitz alerta para o fato de que não é só para a organização
que ferramentas direcionadas às competências comportamentais trazem
resultados. Os benefícios também surgem para os colaboradores, uma vez que
eles descobrem os pontos que precisam ser desenvolvidos e que, às vezes,
impedem o crescimento profissional. "É comum também vermos profissionais
que se desgastam demais nas suas funções atuais e que, por falta de
orientação não buscam alternativas para melhorar seu desempenho e até
mesmo sua satisfação. Dentre essas alternativas podemos citar, possibilidade
de mudança de função, adequação de comportamento ou postura, ou até
mesmo mudança de emprego", finaliza.

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