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Efeitos positivos da norma

Segundo Cavalieri Filho, a norma quando eficaz produz normalmente efeitos positivos, e a eficácia é o
principal desses efeitos, mas, além dela o autor cita:

a) Função de controle social – É exercida pelo direito primeiramente pela prevenção geral, sendo uma
coação psicológica, ou seja, uma intimidação exercida por todos.
Também é exercida pela prevenção especial, ou seja, isolamento do transgressor do meio social, ou a
aplicação de uma pena pecuniária (multa), visando ajustar sua conduta às condições existenciais. O
próprio Estado, a sociedade como um todo, sofre esse controle do direito quanto à sua conduta, tanto
assim que não pode punir sem que alguém tenha praticado um fato típico (uma ação ou omissão que
provoca um resultado, que é contrário ao direito), não pode apoderar-se da propriedade de quem
quiser, a não ser através dos meio constitucionais.

b) Função educativa – Certos assuntos passam a ser mais conhecidos do grupo social depois de serem
disciplinados pela lei. Isso é assim, porque a lei, antes de ser tornar obrigatória, tem que ser divulgada,
publicada, e assim, à medida que vai se tornando conhecida pelo grupo, também vai educando e
esclarecendo a opinião pública.

c) Função conservadora da norma – As normas jurídicas tutelam determinados bens da vida social, que
se transformam em jurídicos quando recebem a proteção do direito. Não somente os bens, mas
também instituições recebem esta proteção jurídica, como é o caso das famílias e do próprio Estado.
A função conservadora do direito está vinculada também ao caráter estático que ele representa ao
garantir a manutenção da ordem social vigente. Isto pode significar a perpetuação do atraso. Daí a
importância do direito ser visto ao mesmo tempo, como instrumento de transformações sociais.

d) Função transformadora da norma – Muitas vezes, em função das necessidades objetivas, a norma
estabelece novas diretrizes a serem seguidos, fixa novos princípios a serem observados em certas
questões, para tanto determina a realização de certas modificações. A sociedade então, a fim de
cumprir a lei, tem que se adequar, equipar, aparelhar e assim, aos poucos, vai operando sensíveis
transformações em seu meio.

Formas de resolução dos conflitos


Elencam-se como meios autocompositivos no Direito: a negociação individual ou coletiva, a conciliação
extrajudicial e a renúncia.

Conciliação – Constitui negócio jurídico por meio do qual se extingue um conflito entre as partes. Tem
natureza contratual e pode ser judicial ou extrajudicial.
Renúncia – Configura meio de resolução de conflitos coletivos, à medida que efetiva a pacificação do
litígio. É o ato unilateral e implica alguém abrir mão de um direito, dotado de certeza jurídica que lhe
pertença.

A heterocomposição acontece quando o conflito se soluciona por meio da intervenção de agente


exterior à relação conflituosa original. As partes submetem a terceiro seu conflito, em buscas de
solução, a ser por ele resolvido.
Na heterocomposição, não há exercício de coerção pelos sujeitos participantes. Distingue-se das
formas anteriores pelo fato de a decisão ser preferida por um terceiro, enquanto na autodefesa
(autotutela) e na autocomposição há resultado alcançado pelas próprias partes.
São heterocompositivas- mediação, arbitragem, jurisdição.

Mediação – Técnica de composição de conflitos, caracterizada pela participação de terceiro, cuja


função é ouvir as partes.
Arbitragem – Forma de composição extrajudicial dos conflitos, considerada por alguns doutrinadores
como equivalente jurisdicional, na medida em que a decisão proferida pelo juiz arbitral vale como uma
sentença judicial.
Jurisdição – É o poder/dever que o Estado tem para aplicar o direito a um determinado caso que lhe é
submetido para apreciação pelas partes interessadas, como objetivo de solucionar conflitos de
interesses e com isso resguardar a ordem jurídica e a autoridade da lei, quando não há alternativa. Por
isso deve ser considerado como forma secundária de resolução de conflitos.

O processo judicial cada vez mais se revela como um fato de acirramento de ânimos e não de
pacificação. A decisão, unicamente como um comando, coloca as partes nas posições de vencedor e
vencido, ganhador e perdedor, vitorioso e derrotado, não promovendo a paz almejada, razão pela
qual, a própria sociedade busca formas não judiciais do modelo de composição jurisdicional para a
resolução dos conflitos.

Exemplo – Segundo a matéria ‘‘De acordo com projeção feita pelo Conselho Nacional de Justiça, deve
chegar à marca de 114,5 milhões o número de processos em tramitação na Justiça brasileira em 2020
se a quantidade de ações continuarem superando a capacidade do Poder Judiciário de julgar.
A previsão é de que 36,37 milhões de novas ações sejam propostas em 2020. Ainda segundo a
entidade, um estoque composto por outros 78,13 milhões de processos chegará ao início do mesmo
ano sem julgamento.
Enquanto isso, a União Europeia promove ativamente modos de resolução de litígios como, por
exemplo, a mediação, obrigatória desde 2012. A Diretiva ‘’mediação’’, que diz respeito à mediação em
matéria civil e comercial, de maio de 2011, está agora sendo aplicada nos Estados-Membros europeus.

O Sistema Eleitoral
O sistema no Brasil era censitário (baseado na renda ou na escolaridade), o voto era indireto (os
eleitores municipais indicavam os eleitores da província) e a descoberto, o que facilitava a fraude e
legitimava a exclusão social.

Sufrágio – É o direito que alguém tem de votar e de ser votado.


Voto – É o instrumento que possibilita o exercício do direito ao sufrágio por alguém.
Escrutínio – É o modo pelo qual alguém pratica o voto, seu procedimento.
De acordo com a Constituição Federal, art. 14 ‘’A soberania popular será exercida pelo sufrágio
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos. ’’ Nosso sistema está baseado no
voto direto e discreto. O eleitor vota diretamente no candidato ao cargo a ser preenchido, de maneira
secreta, já que seu voto não pode ser divulgado. Assim, os representantes de todos os níveis dos
poderes Legislativo e Executivo são escolhidos através do voto. São considerados válidos os votos
nominais aos candidatos (por nome escolhido) e os votos nas legendas (partidos) nas eleições
proporcionais e majoritárias. Os votos nulos e brancos são descartados.

Geral – Sufrágio universal secreto e coligações partidárias.


Financiamento de campanha – Misto (privado: doações de pessoas físicas e jurídicas; público: fundo
partidário e propaganda política gratuita).
Majoritário – Presidentes, senadores, governadores e prefeitos.
Proporcional – Deputados federais, deputados estaduais e vereadores.
Eleições legislativas – Voto nominal e na legenda, em lista aberta. Vencem os mais votados por
partido, tendo em conta o coeficiente eleitoral.
Eleições executivas – Há segundo turno, se o vencedor não atingir maioria absoluta de votos, exceto as
eleições municipais com menos de 200 mil eleitores.
A Reforma política e eleitoral
A reforma política, para Lidson José Tomas (2015), é a medida inicial a ser tomada, decorrente de um
movimento social que aponta nesse sentido, indispensável para que possa pensar na melhora real e
verdadeira na qualidade da política brasileira, na maneira como o processo eleitoral é conduzido (votar
e ser votado), além de ser um ato social é o mínimo para moralizar a forma de fazer política. Reformas
a política brasileira é o mínimo a ser feito no sentido de se conseguir, finalmente, alcançar uma proba
e eficiente administração pública.

Voto Distrital – Sistema de escolha do candidato no qual este tem que morar em um distrito eleitoral,
região definida por espaço geográfico pré-estabelecido, não podendo colher votos em todos os
distritos, visando mais proximidade do eleitor com o eleito, mais fiscalização e menos candidatos no
momento da escolha, para facilitar o conhecimento da vida do candidato pelo eleitor.

Voto Distrital Puro – Todos os candidatos na eleição proporcional (deputados estaduais e federais) são
escolhidos somente entre os candidatos de uma determinada região (ou distrito) eleitorais, que devem
possuir, obrigatoriamente, domicílio eleitoral nessa região (perto do eleitor), e são escolhidos de
forma majoritária (o mais votado, por exemplo). Nesse sistema não existe o voto para deputados de
fora da região do eleitor e não se facilita a representação por categorias homogêneas de interesses,
tendendo-se a diminuição de partidos políticos.

Voto Distrital Misto – Parte das vagas é escolhida pelo sistema distrital e a outra é escolhida pelo
sistema atual (proporcional), de forma que o eleitor tem acesso a uma escolha de representante da
sua região, e também, pode votar em um candidato que represente uma área política de seu interesse,
como, por exemplo, um projeto nacional, uma proposta de trabalho de amplo alcance, não só loca,
como um candidato nacionalista, a favor da segurança, meio ambiente, etc., ou o que defenda
políticas sociais e ideologias específicas, como o trabalhador, o empresário, a igualdade racial, direitos
civis, consumidor, relações homoafetivas, ambientalistas, socialistas, etc., tendendo-se a manter um
pluripartidarismo para defender tais grupos de interesses coletivos fragmentados.

Efeitos e vantagens do Voto Distrital – Como pelo voto distrital o candidato só pode pedir voto na
região onde mora, ele não some depois das eleições – fica sempre e obrigatoriamente perto do eleitor.
Assim, o eleito pode ser mais bem conhecido, melhor fiscalizado e mais cobrado, durante e, após as
eleições. Como o voto distrital a sobrevivência política depende de alianças fortes, permanentes, e
honestas, a serem traçadas com uma comunidade de eleitores de tamanho menor, constante,
imutável, fixa, o que torna mais difícil o enganar e o ludibriar, o que, por sua vez, é uma qualidade
ótima para o eleitor e péssima para o mau político. Justamente por tal modernidade e por ser tão
eficiente (do ponto de vista do interesse do eleitor) é que nossos políticos (em maioria) ainda fogem
do voto distrital. Justamente o que os políticos atuais querem evitar, é ter que prestar, de verdade,
contas do que fazem, para o seu eleitorado, já que um grupo menor de leitores (só os eleitores de seu
distrito) é mais difícil de ser enganado e manipulado indevidamente do que o eleitorado de todo o
Estado da federação.

Noções de Validade e Eficácia


De forma geral, válido é o que é feito com todos os seus elementos essenciais.
Elementos essenciais são os requisitos que constituem a própria substância da coisa, sem os quais não
existiria.
Em direito para que um ato ou negócio seja considerado válido, terá que revestir-se de todos os
elementos essenciais que a lei prevê, pois faltando um deles o negócio será invalido. Portanto, a
validade decorre sempre de o ato ter disso executado com a satisfação de todas as exigências legais.
Já a eficácia, numa visão positiva, é uma consequência da validade, consistente na força do ato para
produzir os efeitos desejados. Só o ato válido, revestido de todos os seus elementos essenciais, tem
força para alcançar seus objetivos. Eficácia é, a força do ato para produzir efeitos.
Validade da Norma Jurídica
É a existência específica da norma – segundo Hans Kelsen -, sua capacidade de legalmente obrigar a
conduta de seus destinatários (a sociedade em geral), representa um conjunto de requisitos que
comporta três aspectos: validade formal, fática e ética.
Kelsen, em sua Teoria Pura do Direito, concebeu que, tendo em conta a diferenciação e distinção entre
ser e dever ser – ambiência do Direito, que é dever-ser – que a validade da norma jurídica representa
sua existência específica, demonstrando uma propriedade das relações entre as normas jurídicas, a
saber, a de que uma norma busca seu fundamento de validade em outra que lhe é superior,
reveladora do órgão competente e do devido processo legislativa para sua elaboração.
Mas Kelsen, em determinado momento revela que, a despeito de tais propriedades, um mínimo de
eficácia é condição necessária de validade da norma – pois uma norma que nunca foi observada em
canto algum e por um mínimo de tempo não pode ser considerada uma norma válida – com o que
recoloca o ser no âmbito de dever-ser.

Repercussões sociais da norma jurídica formalmente válida


Norma eficaz é a que tem força para realizar os efeitos sociais para os quais foi elaborada, seja
cumprimento da norma ou a sanção imposta em caso de descumprimento. Essa norma só tem essa
força se estiver adequada à realidade social e ajustada às necessidades do grupo. E disso deveria ser a
primeira preocupação do legislador quando da elaboração das normas: aquedar o direito positivo à
realidade social, sob pena de nunca produzir uma norma eficaz. Ou seja, a quota de eficácia distingue a
distância entre o direito na teoria e o direito na prática.

Fatores que contribuem para a eficácia social da norma:


a) Fatores instrumentais – São os que dependem da atuação dos órgãos de elaboração e de aplicação
do direito (Legislativo e Judiciário), entre os quais:
-Divulgação do conteúdo da norma entre a população.
-Conhecimento da norma por seus destinatários.
-Perfeição técnica da norma – clareza da redação, brevidade, precisão do conteúdo, sistematicidade.
-Estudos preparatórios sobre o tema que se objetiva legislar.
-Previsão de consequências jurídicas, sanções, adaptadas à situação e socialmente aceitas.
-Expectativa de consequências negativas – efetividade na aplicação da sanção prevista na norma.

b) Fatores referentes à situação social – São fatores ligados ás condições na sociedade, em


determinado momento histórico. O sistema de relações sociais e a atitude do poder político frente à
sociedade civil influenciam diretamente as chances de aplicação nas normas vigentes, tais como:
-Participação dos cidadãos no processo de elaboração e aplicação das normas.
-Coesão social – quanto mais consenso houver entre os cidadãos com relação à política do Estado,
mais forte será o grau de eficácia das normas vigentes.
-Adequação da norma à situação política e às relações de forças dominantes – uma norma que
corresponde à realidade social possui mais chances de ser cumprida.
-Contemporaneidade das normas com a sociedade.

Escola Monista e Pluralista


a) Escola Monista – entende que somente o grupo político está apto a criar as normas de direito. Esta
doutrina tem como base a ciência do direito, razão pela qual diverge da ótica da Sociologia Jurídica
que entende que mesmo antes de existir o Estado já havia prescrições jurídicas.
Para os monistas somente o Estado possui tanto o monopólio da violência legal, quanto o monopólio
da produção do direito (direito positivo). Inexistindo outra fonte de produção do direito que não a
estatal. Esta é a posição dos positivistas e dos marxistas.
Hans Kelsen defendia que o Direito é o Estado, e o Estado é o direito.
Essa concepção, expoente máximo do monismo jurídico contemporâneo no Ocidente, vai coincidir
com um período marcado por duas guerras mundiais, pela depressão econômica, crises, e pelos
tremendos avanços da ligação entre a ciência e a técnica que produzirá o crescimento organizado das
forças produtivas sob o intervencionismo estatal.
Nos fins do século XX, a cultura jurídica, marcada pelos princípios do Monismo entra em um processo
de esgotamento.

b) Escola Pluralista – O Pluralismo jurídico surge com uma alternativa em virtude da insuficiência da
crítica jurídica tradicional. Levanta a possibilidade da existência de uma pluralidade de ordenamentos
em um mesmo espaço temporal e geográfico.
A crítica do Direito de acordo com a tradição se preocupou em mostrar os efeitos do Direito como
instrumento de dominação. O Pluralismo considera que todo grupo social de certa consistência ou
expressão pode criar normas de funcionamento, as quais ultrapassando o caráter de simples
regulamentos adquirem o alcance de verdadeiras regras jurídicas. O advento do Direito
Alternativo busca resgatar a possibilidade transformadora do jurídico, colocando- a serviço da
libertação, naquelas sociedades marcadas pela desigualdade e pela exclusão social.

Litigiosidade social e formas de composição de conflitos


Critérios de composição dos conflitos
O conflito provoca o litígio e este, por sua vez, rompe o equilíbrio e a paz social.
Do ponto de vista do funcionalismo clássico a função do direito é a de resolução do conflito. Se o
sistema social está caracterizado pela a coesão social em relação a um número de valores básicos,
então o direito tem como função o restabelecimento da paz social e do equilíbrio, quando os conflitos
de interesse os turbam. Assim, ainda que o conflito exista, será sempre produzido sob o controle do
sistema jurídico.
Atualmente é possível outra interpretação da função de resolução dos conflitos. Isto porque, parte-se
do pressuposto de que conflito é elemento permanente na sociedade, isto é, que a interação social é
conflituosa por si só.
Assim, há que se admitir que o direito não resolva plenamente todos os conflitos extirpando-os do
tecido social (no sentido funcionalista, fazendo com que ele desapareça do contexto social). O que o
direito pode pretender é um tratamento jurídico aos conflitos de interesses antagônicos que surjam. O
direito apresenta ou comina regras, isto é, modelos de comportamentos próprios à decisão que o
conflito recomenda e às modalidades de acordo com as quais essa decisão pode ser adotada.

Funcionalismo - O Dicionário de Ciências Sociais define o funcionalismo como:


A perspectiva utilizada para analisar a sociedade e seus componentes característicos enfocando a
mutua integração e interconexão deles. O funcionalismo analisa o caminho que o processo social e os
arranjos institucionais contribuem para a efetiva manutenção da estabilidade da sociedade.

O direito quando na sua função de composição de conflitos atua, então, na medida em que a
capacidade persuasiva de suas normas reguladoras de conduta (sua função reguladora) não determina
os efeitos esperados. Aí, os interesses antagônicos findam por não poder chegar a um acordo por si
mesmo. Neste caso, o direito indica normas para conter os conflitos. Ou seja, o direito não busca fazer,
radicalmente, que o conflito desapareça, mas traz para si o conflito e indica um tratamento possível,
sempre o mantendo sob seu controle.
Por fim, é relevante apontar que surgiram, nas últimas décadas, as chamadas formas "alternativas" de
resolução de conflitos, isto é, sujeitos e órgãos que funcionam paralelamente aos órgãos jurisdicionais
que o direito estatal formalmente designou para a resolução jurídica dos conflitos.

Formas de composição dos conflitos


a) Critério de composição voluntária – se estabelece por mútuo acordo das partes. Quando surge o
conflito, as partes discutem entre si e o resolvem da melhor maneira possível, através do exercício da
autonomia de sua vontade. A cliente, por exemplo, entra numa sapataria e compra um par de
sandálias. Ao chegar a casa observa que os pés da sandália possuem numeração diferente; volta à loja,
reclama ao vendedor e este, imediatamente, substitui aquele par por outro. Houve um conflito de
interesses - resolvido por meio da composição voluntária. É a forma mais antiga de composição de
conflitos que existe e está baseada tão-somente na vontade das partes (autotutela). A autotutela
possibilita o exercício de coerção por particular, em defesa de seus interesses.
Ocorre quando o próprio sujeito busca afirmar, unilateralmente, seu interesse, impondo-o à parte
contestante e à própria comunidade que o cerca.
Atualmente, o exercício da autotutela encurtou-se, em consequência do fortalecimento do Estado,
autor das principais modalidades de coerção.

b) Critério autoritário – cabe ao chefe do grupo o poder de compor os conflitos de interesses que
ocorrem entre os indivíduos que se encontram sob a sua autoridade. Normalmente a autoridade lança
mão do seu foro íntimo, do próprio senso de Justiça, do que lhe guia a consciência, para desempenhar
a tarefa de compor conflitos.
Forma antiga de composição de conflitos nas sociedades antigas. Um exemplo famoso deste tipo de
composição de conflitos é a chamada justiça salomônica, eternizada na célebre fórmula usada pelo Rei
Salomão para resolver um conflito entre duas mulheres que disputavam a mesma criança como filho.
O Rei ordenou que cortassem a criança ao meio, dando uma metade para cada mulher. Assim
constatou qual era a mãe verdadeira – a que se opôs à ordem, preferindo que seu filho, vivo, fosse
entregue à falsa mãe. A solução para o conflito ditada por Salomão teve origem em seu foro íntimo e
que, no caso, conseguiu pôr fim no conflito.
Atualmente o critério autoritário é ainda utilizado no meio familiar, quando há conflitos de interesses
que surgem entre os seus membros, filhos, parentes, empregados, etc., o (a) chefe da família busca
soluções tiradas da sua vontade (seu foro íntimo), nas relações laborais.
Os dois critérios, contudo, são imperfeitos e insuficientes para resolver os conflitos de interesses que
ocorrem nas sociedades complexas. Por isso, surge um terceiro critério de composição.

c) Critério de composição jurídica – o critério é previamente elaborado e enunciado, sendo aplicável a


todos os casos que ocorrem a partir de então. A composição jurídica surge a partir do momento em
que o Estado traz para si o monopólio de dizer o direito (tutela jurisdicional), que agora não é mais
fruto da vontade das partes envolvidas ou da vontade de uma autoridade, mas fruto da vontade da lei.
Tem como características a anterioridade, a publicidade e a universalidade das normas aplicadas ao
caso.

O processo de escolha dos legisladores, qualidade do sistema eleitoral e da produção legislativa


brasileira.
O atual regime político brasileiro é democrático (mas, nem sempre foi assim. É só recordar suas aulas
da disciplina História do Direito Brasileiro) porque o povo é quem determina quem serão os seus
governantes, e presidencialista, sendo composto por três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
O poder Executivo é exercido pelo Presidente da República (pelos governadores, nos estados e pelos
prefeitos, nos municípios) e o Poder Legislativo, pelo Congresso Nacional (nosso Parlamento) –
dividido entre Câmara dos Deputados e Senado Federal, além dos representantes nos estados
(deputados estaduais) e nos municípios (vereadores). O Poder Judiciário cuja função de é a de garantir
o cumprimento e a aplicação das leis, julga os conflitos e as pessoas neles envolvidas.

Sobre a produção legislativa brasileira


Quando se aborda a questão da produção legislativa brasileira, merece especial atenção considerar os
fatores que envolvem uma constatação a respeito do distanciamento que existe entre o tempo social
(em que os fatos ocorrem na sociedade) e o tempo legislativo (tempo de produção das leis). Percebe-
se uma lentidão na produção de normas jurídicas que sejam devidamente adequadas e ajustadas às
transformações ocorridas na realidade social, como decorrentes das exigências sociais.
Temas juridicamente relevantes chegam aos tribunais sem que haja qualquer norma jurídica que
especificamente os normatize. Os exemplos são muitos: desde as uniões homoafetivas, a interrupção
da gestação de fetos anencefálicos, os conflitos decorrentes da gravidez substituta (barriga de aluguel)
e outros.
Constata-se que a sociedade vivencia uma realidade em seu cotidiano que não se reflete no
ordenamento jurídico, seja pela ausência de legislação ou pela existência de leis desatualizadas que
não conseguem mais dar conta dos conflitos decorrentes do convívio social. Isso acaba sendo muito
mais preocupação dos juristas que dos legisladores (deputados e senadores), porque os conflitos
decorrentes acabam sempre chegando aos tribunais e carecem de uma resposta correta, sob pena de
comprometimento do acesso à justiça que se espera alcançar em um tempo adequado e justo.
Percebe-se que a distância entre o tempo social e o tempo legislativo está cada vez maior, levando ao
descontentamento social que se reflete em dimensões distintas e variadas, mas que sempre ocorrem
no que diz respeito à atuação do executivo, do judiciário e do legislativo.
Sobre essa questão da qualidade e quantidade da produção legislativa brasileira, as autoras, Loreny
Nunes e Elda Bussinguer (2015), assim se posicionam:
A Constituição da República Federativa do Brasil em seus artigos 59 e seguintes, regula a
criação das leis e todo o seu funcionamento, criação está submetida ao regime de votação
nas duas casas do Congresso Nacional, tornando-o bastante moroso. É fácil a percepção,
pela simples leitura dos mencionados artigos, da expressiva formalidade da produção
legislativa. Sendo assim, podemos concluir de imediato que o próprio pr- Não bastasse o
lento procedimento formal para a produção legislativa, no que tange à sua esfera material a
situação também não é diferente. As matérias que fazem parte do objeto de um projeto de
lei podem ser discutidas e rediscutidas pelas comissões parlamentares.
O debate é comum e muito utilizado, tornando o processo, evidentemente, ainda mais
prolongado.
Nota-se, portanto, que um acontecimento do mundo demora a se tornar objeto de uma
iniciativa de lei. O tempo para a absorção dos atos e sua inserção no mundo jurídico é
demasiadamente longo. Depois de um lapso considerável de tempo até que se tenha um
projeto de lei sobre o tema, este projeto ainda passa por um procedimento que é moroso
tanto em sua esfera formal, quanto material, além das composições políticas, que por
muitas vezes atrasam o andamento normal dos projetos, tudo que, por via de
consequência, gera a incapacidade do legislativo em acompanhar as aceleradas mudanças
sociais.
Por fim, outro colaborador para a lentidão do processo legislativo é o conteúdo das leis
aprovadas. Existe uma vasta produção de leis desnecessárias e até inúteis. Leis que elegem
um lugar para ser capital nacional de algo regional, leis que criam datas comemorativas, leis
que distorcem o posicionamento jurisprudencial ou até mesmo o ignoram, dentre outras
situações que demonstram a falta de qualidade da produção legislativa.
O conteúdo da legislação é voltado, por vezes, para beneficiar interesses dos próprios
parlamentares, que têm, em sua grande maioria, como principal objetivo a reeleição.
Para tanto, garantem benefícios locais, direcionando-os ao público eleitoral de seu reduto.
“Diante deste contexto, pode-se dizer que o problema não é a falta de produtividade, mas a
falta de qualidade da produção legislativa”.

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