Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Aula 2 Erg Nelson
Aula 2 Erg Nelson
Disciplina: Ergonomia
Objetivos: esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja
capaz de:
1. conhecer as áreas da Ergonomia e suas interfaces;
2. estabelecer as etapas fundamentais à organização da pesquisa
ergonômica em um estudo investigativo;
3. apresentar os domínios da ergonomia.
4. A ergonomia e as áreas da saúde.
AULA 2
Áreas da Ergonomia
Diversas são as áreas do conhecimento que isoladamente, no
passado, apresentaram limitações em suas abordagens, deste modo, a
Ergonomia surgiu aproveitando a variedade das informações e integrando-as
em uma abordagem sistêmica em que o ser humano é o alvo principal da
abordagem. A ergonomia dialoga com conteúdos provenientes das áreas tais
com: Ciências da Vida, Ciências Humanas, Ciências Sociais, Ciências
Técnicas. Em cada uma dessas ciências há diversas áreas em que se
aplicam a ergonomia em maior ou menor contexto.
Entretanto, em todas as pesquisa nas quais se aplicam a Ergonomia, pode-
se dizer, considera-se o usuário como elemento central. Em alguns casos os
aspectos analisados referem-se a presença coletiva ou individual. As
relações coletivas estão associadas as áreas como: Psicologia, Linguística e
a Sócio-Técnica. Já os aspectos individuais associam-se as áreas da
Medicina do Trabalho, Higiene e Segurança do Trabalho e Fisiologia.
1
proposto pelas ergonomista Moraes e Mont’Alvão - Ergonomia: conceitos e
aplicações (1998). O método favoreceu a compreensão das dificuldades que
surgem ao longo de um estudo ergonômico (SCOTT, 2009).
2
se adaptar as máquinas aos homens, almejando-se a melhoria do processo
produtivo (MORAES; MONT’ALVÃO, 2000). Já a linha francesa prioriza os
estudos relacionais do ser humano com as interfaces. Neste sentido dá
enfoque ao experimentos laboratoriais que buscam evidenciar a melhor
maneira para que um dado serviço possa ser aplicado. Ou seja, há uma clara
prioridade no estudo da relação cognitiva, de tal forma que se possa
compreender por meio dos experimentos laboratoriais as lógicas processuais
(Quadro 1).
Pesquisas em Ergonomia
A pesquisa na área ergonômica é, como já dissemos, bastante ampla
e complexa, uma vez que estuda essencialmente a pessoa humana em suas
diversas relações sócio-técnicas. Neste sentido, busca-se conhecer as
capacidades limites do ser humano, seja no campo neurológico, muscular,
biomecânicos psicológico e todos os assuntos correlacionados a relação da
pessoa ao ambiente ou equipamento em sua atividade de trabalho
(MORAES; MONTÁLVÃO, 2000).
3
O objeto da Ergonomia, seja qual for a sua linha de atuação,
ou estratégias e os métodos que utiliza, é o homem no seu
trabalho trabalhando, realizando a sua tarefa cotidiana,
executando as suas atividades do dia-a-dia. Este trabalho
real e concreto compreende o trabalhador, o operador [...] ou
o usuário no seu local de trabalho [...] (MORAES,
MONT’ALVÃO, 2000, p. 15 e 16).
Ainda que a solução não possa ser alcançada por completo, encontrar uma
maneira de reduzir os impactos é fundamental e em muitos casos o suficiente
para a situação. Obviamente alcançar a solução plena aumentará as chances
de se atingir o conforto e consequente desempenho para o operador. “A
vocação da Ergonomia é recuperar o sentido antropológico do trabalho, gerar
o conhecimento atuante e reformador que impede a alienação do trabalhador
[...]”.MORAES, MONT’ALVÃO, 2000, p. 16).
Atividade 1
Atende ao Objetivo 1: conhecer as áreas da Ergonomia e suas interfaces.
Resposta Comentada:
Ainda que o posto não tenha em sua atividade produtiva a presença humana,
não quer dizer que em algum momento não haverá. A atividade humana
poderá ser requisitada para a manutenção ou mesmo por motivos
relacionados de reiniciação de um sistema, caso possua um. Paradas
emergenciais também poderão ser requisitadas e isso faz do posto, alvo dos
estudos ergonômicos. Considerando a dinâmica do mercado por solicitar
modelos personalizados ou customizados acabam por influenciar os atuais
processos de produção, geralmente requerendo ajustes constantes dos
postos, seja pela mudança das máquinas e ferramentas e inclusive no ajuste
da produção. Ver Produção Puxada e Empurrada.
4
Figura 1: Parâmetros Ergonômicos uma abordagem da Ergonomia operativa
Parâmetros Caracterização
Interfaciais Alcances; Dimensões; Campo de Visão Impróprio
para o momento decisório e operacionalização da
tarefa; Falhas na distância oferecida entre os
manípulos e o operador, causando prejuízo ao
sistema músculo esquelético e Arranjo Físico.
5
Informacionais / Visuais Visibilidade; Legibilidade; Compreensibilidade e
quantidade de informação – processamento mental;
Priorização e Ordenação; Padronização;
Compatibilização e consistência; Componentes
signicos - caracteres alfanuméricos e símbolos
iconográficos; Da ciência na detecção, discriminação
e identificação das informações nos: mostradores,
painéis, telas e sinalizações de segurança. Prejuízos
na tomada de decisão anterior e posterior à tarefa.
Acionais Configuração; Conformação; Apreensibilidade;
Dimensões; Movimentação e resistência de
comandos manuais, pediosos e acabamentos
inadequados à manipulação; Constrangimentos
biomecânicos na relação homem-máquina.
Empunhaduras inadequadas, ângulos e movimentos
impróprios ao desempenho adequado do sistema
biomecânico.
6
Espaciais / Arquiteturais Aeração; Insolação e iluminação do ambiente;
Isolamento acústico e térmico; Áreas de circulação e
layout de instalação das estações de trabalho;
ambiência gráfica; Cores do ambiente e dos
elementos arquiteturais
Físico-ambientais Iluminação, Ruído; Temperatura; Vibração;
Radiação; Pressão, dentro dos limites da higiene e
segurança do trabalho – considerando as
especificidades da tarefa.
Uma estação de trabalho que já tenha sofrido uma Ação Ergonômica estará
sujeita a novos prejuízos, caso haja alguma mudança no ambiente, no
processo, ou produto/serviço aplicados, exigindo, portanto, uma atualização
7
da equipe de ergonomia. As novas tecnologias aplicadas aos processos de
produção aumentam a dinâmica no setor produtivo e consequentemente as
intervenções ergonômicas serão mais requeridas.
Atividade 2
Atende ao Objetivo 2: estabelecer as etapas fundamentais à organização
da pesquisa ergonômica em um estudo investigativo.
Resposta Comentada:
Conhecer os parâmetros permitirá ao ergonomista identificar o problema,
sem a visão crítica do posto de trabalho será muito difícil se estabelecer
correlações que levem ao diagnóstico. A tipificação dos parâmetros permitirá
encontrar informações que possam auxiliar na construção do diagnóstico.
Domínios da Ergonomia
8
desempenho, interação humano-computador, confiabilidade humana,
stress profissional e treinamento, uma vez que tudo isso pode estar
relacionado ao projeto do sistema humano.
• Ergonomia Organizacional trata da otimização do sistema sócio
técnico, incluindo as estruturas organizacionais, políticas e processos.
Incluem-se estudos sobre comunicação, gestão das equipes,
planejamento do trabalho, planejamento dos horários de trabalho,
times de trabalho, organização virtual, trabalho cooperativo, novos
paradigmas do trabalho e gestão da qualidade.
9
A Ergonomia e as áreas da saúde
Acredito ser possível ao leitor perceber a importância das diversas conexões
estabelecidas com as outras áreas. Em se tratando do Brasil, há uma relação
estreita com a área da saúde, inclusive muitos médicos dedicam-se a
atuarem na área da ergonomia.
10
aplicada de forma mais ampla, que busca conhecer os comportamentos
populacionais, ou seja, uma visão geral e não tão particular como a
psicologia das organizações, que visa conhecer o indivíduo. As motivações
que movem as populações podem influenciar o comportamento dos
empregados de uma empresa.
Figura 2 Conhecer o corpo humano e seus limites permite melhorar a elaboração das atividades
Campos da Ergonomia Caracterização
Ergonomia das Posturas Relaciona-se aos estudos antropométricos,
de Trabalho explorados nas dimensões dos produtos e dos
postos de trabalho. Consideram-se aspectos como
conforto e desempenho, permitindo uma melhor
organização dos planos de trabalho.
Ergonomia da Atividade A fisiologia e a biomecânica interferem no arranjo
Muscular físico, permitindo se produzir condições em que o
operador seja requisitado apenas para aquilo que
de fato agregue valor ao resultado. Deste modo,
colabora para a prevenção de doenças
ocupacionais.
Ergonomia dos Aspectos como: pressão sonora, comunicação
Ambientes visual (excesso e ausência de informação),
temperatura, pressão hipo e hiperbárica, sem
gravidade.
Ergonomia da Diferentes especialidade da biologia (biomecânica,
Reabilitação neurofisiologia, fisiologia sensorial) podem colaborar
nas ações de reeducação, reabilitação (pela
concepção de próteses) e adequação do ambiente.
Ergonomia dos Diversas disciplinas da biologia contribuem para as
Equipamentos de apoio pesquisas e ações ergonômicas na área de
ao Trabalho robótica, manipulação à distância, representação do
espaço de trabalho.
Ergonomia e Avaliação Avaliação dos componentes energéticos envolvidos
do Custo da Atividade nas atividades, em especial com o objetivo constituir
critérios para testar melhorias. Avaliação das
medidas da fadiga da carga de trabalho, do
estresse (medidas do consumo de energia,
oxigênio, frequência cardíaca etc.
Fonte: adaptado de Leplat e Montimollin (2007)
11
Atividade Final
Atende aos Objetivos 3 e 4: apresentar os domínios da ergonomia; a
ergonomia e as áreas da saúde.
Resposta Comentada:
O discente deverá ser capaz de explicar os Domínios da Ergonomia, são
eles: Ergonomia Física – que cuida das relações antropométricas e
psicológicas dos empregados e tudo mais que tiver relação com a dinâmica
biomecânica exigida pela tarefa. A Ergonomia Cognitiva – cuida dos aspectos
mentais, ou seja as demandas requeridas pela atividade mediante o ato do
pensar e da escolha do modelo a ser seguido, exigida no momento da
tomada de decisão. Algumas atividades são demasiadamente exigentes no
quesito atenção aumentando significativamente o nível do estresse. Por
último a Ergonomia Organizacional – estudada a organização do ambiente,
incluindo as políticas organizacionais e processos. A comunicação entre os
setores é também alvo do estudo, pois a partir dela muitos problemas tomam
grandes proporções. A área da saúde contribui em especial com abordagens
que permitam interpretar os malefícios provocados pelas inadequações,
sejam elas físicas, com psicológicas, além disso há também uma importante
abordagem da sociologia que permite compreender os grupos sociais que
coabitam o mesmo ambiente profissional.
Resumo
Nesta aula, pode ser percebido que a Ergonomia e suas interfaces permitiram
relacionar os assuntos do conhecimento que isoladamente, no passado,
apresentaram limitações em suas abordagens, deste modo, a ergonomia
surgiu aproveitando a variedade das informações e integrando-as em uma
abordagem sistêmica em que o ser humano é o alvo principal da abordagem.
Para que os estudos ergonômicos aconteçam foi fundamental estabelecer
etapas e nelas o profissional reconheceu os parâmetros encontrados em
cada relação homem x máquina. Quanto aos domínios da Ergonomia, Física,
Cognitiva e Organizacional, pode-se dizer que cada um deles ofereceu
experimentos próprios em que se aplicam ferramentas de análise e
investigação, muitas delas no próprio local da investigação, permitindo
apreender sobre a situação estudada. Por fim, o leitor irá ter percebido que
há grande importância nas diversas conexões estabelecidas com as outras
áreas da ciência e conhecimento, especialmente a área da saúde, e que
muitos casos as análises ergonômicas do trabalho precisarão de
12
conhecimentos específicos da medicina, psicologia entre outras para que
possa estabelecer as análises e consequentemente as tomadas decisão.
Referências
ALMEIDA, Rodrigo Gomes de. A ergonomia sob a ótica anglo-saxônica e a
ótica francesa. Disponível em: Vértices, Campos dos Goytacazes, RJ, v. 13,
n. 1, p. 115-126 , jan./abr. 2011.
13