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Anaxágoras de Clazômenas (500 – 428/427 a.

C) –
Vida

Apelido “Intelecto” por conta da exaltação da Inteligência ordenadora.

Mais jovem que Empédocles e posterior a ele em atividade filosófica.

Não obstante as críticas, será o pré-sofista mais apreciado por Aristóteles –


“...Diante dele parece que os outros falam ao acaso”.

Péricles teria sido seu discípulo.

Influenciado pelos milésios, mais por Anaxímenes e possivelmente pelos


pitagóricos;

Primeiro dualista: Espírito (causa da ordem do mundo) X Matéria (natureza


mecânica com lei necessárias voltadas para um fim)

Levou a filosofia da Jonia para Atenas (onde viveu por 3 décadas, não
participou da política e introduziu a filosofia) – acusado de ateísmo pelos
inimigos de Péricles - fugiu da cidade (para Lâmpsaco – onde morreu cheio
de consideração) antes do julgamento;

Na época de Sócrates sua obra era vendida em Atenas por uma dracma;
Disse que o sol não é um deus, mas sim uma massa incandescente
maior que a Península do Poloponeso;
Examinou um meteriorito e disse que os corpos celestes eram feitos da
mesma matéria que compuseram a terra;
Disse que a lua não tinha luz própria, mas a retirava do sol;
Explicou a origem dos eclipses

Solução inovadora para o problema do SER (essência inteligível) e do


DEVIR (ordem divina)
A descoberta das homeomerias (divisão quantitativa sem alterar a qualidade)
– (a quantidade de infinitos infinitésimos não possuí mínimo absoluto e nem
limite último de partículas, eles são iguais uma vez que conservam a mesma
qualidade múltipla de conter em si todas as coisas – os elementos diversos
são inseparáveis um do outro).
e da inteligência ordenadora (- substituí o amor/discórdia de Empédocles)

Antes da causalidade mecânica da matéria há uma vontade espiritual que a


põe em movimento (pois estava reunido em repouso) mediante a separação,
na direção de um fim.

Nada nasce (mas reúne-se), nada morre (mas separa-se). É impossível que o
não-ser seja.

Movimento: composição e divisão (não somente das 4 raízes de Empédocles


– estas não conseguem explicar a diversidade dos fenômenos – teriam de ser
inúmeras/variadas/ infinitas: cores, formas, gostos...);

Assim, a origem (que nada mais é do que mutação) é constituída por


sementes (spérmata - partículas minúsculas, invisíveis a olho nu, gérmens)
cada uma é: incriada, eterna, imutável, Una, infinita;

Infinita em quantidade – sem limite de grandeza, inexaurível, podem ser


divididas ao infinito, sem chegar ao nada, mantendo as mesmas qualidades;

As sementes são qualitativamente diferentes (possui uma forma própria –


diferente do átomo que será informe), porque as coisas delas resultantes
são, na sua essência, qualitativa e infinitamente diferentes;

Da massa originária onde tudo era misturado, junto, indistinto, caótica,


indiferenciada, indiscernível, infinita em quantidade, multiplicidade e em
pequenez, nenhum ser discernível, todo ser é extremamente pequeno => a
Inteligência Ordenadora produziu (movimento) uma mistura ordenada - pela
diferenciação - de onde provém todas as coisas.

Todas as coisas (cada coisa) são misturas de todas as sementes (nas suas
devidas proporcionalidades) bem ordenadas – “Tudo está em tudo”; o
branco no preto; o frio no quente; o leve no pesado. A diferença de uma
coisa para a outra é determinada pela prevalência de uma semente ou outra,
porém “Em cada coisa há parte de cada coisa”;

O pão produz cabelo, carne, osso – No grão de trigo já há as sementes do


cabelo, carne, osso.... O cabelo não nasce do não-cabelo (imobilidade
qualitativa e quantitativa – tudo está no ser desde sempre – o cabelo contém
em si todas as coisas, entretanto tem em si maior quantidade de sementes de
cabelo) – Preocupação fisiológica (filosofia aproxima-se das questões
antropológicas)

Tal como no princípio todas as coisas estão juntas (porém agora ordenadas
pela Inteligência), uma coisa contém em si todas as outras.

Conhecimento sensível: percebe os semens predominantes numa


determinada coisa, capta somente o visível (o fenômeno) sem perceber os
outros semens que também lhe são constitutivos.

A sensação se dá pelo contrário – conheço o amargo pelo doce, o frio pelo


calor, cada cor da pupila vê a cor que lhe é contrária (difere de Empédocles
o semelhante vê o semelhante). Por isto, toda sensação gera dor (a dor da
luta dos contrários): som excessivo – dor no ouvido; cores brilhantes – dor
nos olhos; não agüentamos por muito tempo as sensações.

Conhecimento racional: conhecimento mais verdadeiro (único verdadeiro)


que o sensível, único capaz de perceber a multiplicidade dos semens
(identidade) que se encontram em cada coisa, vê o invisível, capta a
realidade íntima;
A inteligência é ilimitada/ uma espécie de divindade/ separada de tudo
(distinção já realizada por Empédocles: Elemento X Força) / independente/
autônoma/ não misturada/ só em si mesma/ igual a si mesma/ ordenadora/
tem força própria/ mais sutil e a mais pura de todas as coisas/ conhece tudo –
onisciente/ imenso poder – onipotente, governa sobre todas as coisas a partir
de fora/ é uma espécie de destino necessário cujo nome é vazio/

A inteligência ordenadora deu o primeiro impulso à rotação universal (que


tem o sentido de um maior desenvolvimento);

Tudo é disposto pela Inteligência Ordenadora: Rotação (dos astros –


empreendeu a formação de tudo que existe)

O que estava reunido e em repouso foi posto em movimento pelo Intelecto;

Pela separação dos opostos (denso e úmido, frio e escuro na terra – e o


rarefeito, o calor e o seco na região exterior do éter) gera a ordem cósmica –
não cria apenas dá o primeiro ordenamento que segue a ordem mecânica

Pela ação do Nóus, da mistura se formam as várias coisas, o cosmos, a


natureza que tem leis próprias – ordem peculiar.

Tudo provém da Inteligência Ordenadora: o que era para ser, o que foi, o
que é, o que deixou de ser, o que virá;

A inteligência põe tudo em movimento; estende o pequeno cada vez mais;


opera separações; move mediante a sua força divisões inteiras, contínuas,
progressivas e cada vez mais rápidas (numa velocidade não conhecida pelos
homens)

Newton inspirou-se nele: 1º impulso e a seqüência mecânica.

Descobre a Inteligência como princípio metafísico, abstrato, imaterial,


porém continua utilizando princípios materiais
Sócrates/Platão encantou-se e desiludiu-se com o livro de Anaxágoras:
Encantou-se: Inteligência; Desiludiu-se: Anaxágoras não usa [de forma
sistemática] o princípio que descobre – Não utiliza a Inteligência como
ordenadora mas sim os vapores e o éter, as águas e outras coisas absurdas.

Aristóteles o elogia como mais sábio que seus antecessores, porém o critica
por ter feito da Inteligência a máquina geradora do mundo com a finalidade
de encontrar a causa para o que não consegue explicar e para os
acontecimentos que consegue explicar não utiliza a Inteligência. Anaxágoras
utiliza a causa mecânica e Aristóteles a causa final.

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