Este plano de cuidado para uma gestante de 24 anos com HIV resume o seguinte: (1) iniciar o tratamento antirretroviral após o primeiro trimestre de gestação, realizar genotipagem e preferir o esquema tenofovir, lamivudina e raltegravir; (2) educar sobre a redução do risco de transmissão vertical com a supressão viral e parto cesáreo eleito para cargas virais altas; (3) tratar o recém-nascido com antirretrovirais e inibir a amamentação.
Este plano de cuidado para uma gestante de 24 anos com HIV resume o seguinte: (1) iniciar o tratamento antirretroviral após o primeiro trimestre de gestação, realizar genotipagem e preferir o esquema tenofovir, lamivudina e raltegravir; (2) educar sobre a redução do risco de transmissão vertical com a supressão viral e parto cesáreo eleito para cargas virais altas; (3) tratar o recém-nascido com antirretrovirais e inibir a amamentação.
Este plano de cuidado para uma gestante de 24 anos com HIV resume o seguinte: (1) iniciar o tratamento antirretroviral após o primeiro trimestre de gestação, realizar genotipagem e preferir o esquema tenofovir, lamivudina e raltegravir; (2) educar sobre a redução do risco de transmissão vertical com a supressão viral e parto cesáreo eleito para cargas virais altas; (3) tratar o recém-nascido com antirretrovirais e inibir a amamentação.
Alunos: Ana Beatriz Carneiro dos Santos, Aryane Maria Oliveira Araujo, Daniela
Soares Maia Rodriguez, Flavio Jose Esparo Coelho Junior, Gabriela Darcila Figueira Barbosa, João Paulo Caetano Vieira, Yarlon Wagner da Silva Teixeira
TRANSMISSÃO VERTICAL HIV
Caso Clínico: Gestante 24 anos, na 8ª semana de gestação, comparece ao
ambulatório especializado apresentando contagem de linfócitos TCD4 500 células e Carga viral 50.000 cópias (realizados há uma semana), para acompanhamento. Elabore um plano de cuidados para esta paciente.
PLANO DE CUIDADO
De acordo com o exposto acima, a paciente foi admitida precocemente no
pré-natal, ainda durante o primeiro trimestre de gestação, possui uma contagem de linfócitos TCD4 de 500 células, provavelmente não possui infecções oportunistas, por isso há a possibilidade de iniciar TARV apenas após o término do primeiro trimestre, levando-se em consideração que, para qualquer droga, não há completa segurança quanto à exposição fetal no primeiro trimestre da gestação, essa decisão deverá ser tomada em conjunto com a equipe assistente e a paciente, com base nos cenários clínicos e nas evidências científicas disponíveis. Deve-se realizar a genotipagem pré-tratamento, para orientar o esquema terapêutico e diminuir a transmissão de cepas resistentes do HIV. A realização da genotipagem é importante para a escolha adequada da TARV, porém não deve atrasar o início do tratamento, visando a supressão viral o mais rápido possível. O esquema inicial preferencial é a combinação de 3 ARV, sendo 2 ITRN/ITRNt (Inibidor da Transcriptase Reversa Análogo de Nucleosídeo) associado a 1 INI (Inibidor de Integrase), preferencialmente: Tenofovir e Lamivudina associados a Raltegravir. A associação tenofovir/lamivudina (TDF/3TC) é priorizada devido a facilidade posológica (dose única diária), além de um perfil favorável em relação à lipoatrofia e à toxicidade hematológica, ambas associadas à zidovudina (AZT). Nos casos de impossibilidade do uso de TDF/3TC, a associação AZT/3TC é a segunda opção de escolha. Caso essa associação também não possa ser usada, recomenda-se então o uso do abacavir (ABC) associado a 3TC como terceira opção. As gestantes que apresentarem contraindicação ao TDF, embora realizem a troca da medicação primeiramente pelo AZT, deverão já coletar HLA-B*5701 nesse momento. Isso evitará que, caso haja nova intolerância, a troca da medicação seja postergada pela ausência do exame que demonstra presença ou não de risco aumentado de hipersensibilidade ao ABC. Além do tratamento medicamentoso, a educação em saúde é fundamental para diminuir a transmissão vertical do HIV, que encontra-se normalmente entre 15% e 45%, no entanto, em gestações planejadas, com as devidas intervenções durante pré-natal, parto e amamentação, o risco é reduzido a menos de 2% quando se alcança a supressão da carga viral materna, devendo-se informar às pacientes a respeito disso a fim que sigam o tratamento de forma adequada. Além disso, devem ser elencados acesso a planejamento reprodutivo e suporte para que as mulheres gestantes vivendo com HIV, se informem quanto ao tratamento, quanto a importância da TARV para a saúde materna e quanto a diminuição significativa da chance de ocorrência de transmissão vertical do HIV, acrescentando sobre a ocorrência de efeitos colaterais, e dessa forma sanando os questionamentos da paciente para que haja uma boa adesão ao tratamento. Quanto às vias de parto, segundo o PCDT, mulheres que apresentem carga viral não conhecida ou com mais de 1000 cópias/mL após 34 semanas de gestação, deve ser escolhida a cesária eletiva na 38ª semana de gestação, a fim de diminuir a transmissão vertical do HIV. Para o caso de mulheres gestantes que utilizam de antirretrovirais e que apresentam supressão de carga viral de maneira sustentada, caso essa paciente não possua uma indicação de cesárea por algum outro problema, a via vaginal é indicada. Por fim, mulheres que apresentam carga viral menor que 1000 cópias/mL, mas que seja detectável, o parto vaginal poderá ser realizado, caso não exista nenhuma contra indicação obstétrica. Durante o trabalho de parto deve ser feita a aplicação de AZT por via venosa até o clampeamento do cordão umbilical. Já em caso de cesariana eletiva, o AZT deve ser utilizado por pelo menos quatro horas antes do procedimento cirúrgico. O recém-nascido deve receber AZT solução oral, preferencialmente ainda na sala de parto, logo após os cuidados imediatos, ou nas primeiras quatro horas após o nascimento, devendo ser mantido o tratamento durante as primeiras quatro semanas de vida. As mães com CV-HIV maior que 1.000 cópias/mL registrada no último trimestre (nesse caso, a gestante possui carga viral de 50.000 cópias) ou com CV-HIV desconhecida, deverão receber NVP via oral associada a AZT e deve ser iniciada até 48 horas após o nascimento. Quando a criança não tiver condições de receber o AZT por via oral, pode ser utilizado o AZT injetável. Os RN com 35 semanas de idade gestacional ou mais devem receber 3mg/kg/dose intravenoso de 12/12h, por quatro semanas; RN entre 30 e 35 semanas devem receber 1,5 mg/kg/dose intravenoso de 12/12h nos primeiros 14 dias de vida e 2,3 mg/kg/dose intravenoso de 12/12h a partir do 15º dia, por quatro semanas; os RN com menos de 30 semanas devem receber 1,5 mg/kg/dose intravenoso de 12/12h, por quatro semanas. Nos casos de impossibilidade de deglutição e se houver a indicação de NVP, poderá ser avaliada a administração por sonda nasoenteral, pois esse medicamento não apresenta formulação injetável. A gestante deverá ser orientada a não amamentar, visto que existe o risco da transmissão vertical do HIV pela amamentação, já que o antirretroviral não controla a eliminação do HIV pelo leite e não garante a proteção contra a transmissão vertical. A paciente deverá ser orientada sobre a criança exposta, infectada ou não, ter o direito a receber a fórmula láctea infantil, pelo menos, até completar seis meses de vida. Esse prazo pode ser estendido conforme avaliação de casos específicos. Para se evitar a amamentação natural, uma das intervenções mais efetivas é começar a orientação para o aleitamento artificial logo durante o pré-natal. É contraindicada a amamentação da criança por outra nutriz (aleitamento cruzado), a alimentação mista (leite humano e fórmula infantil) e o uso de leite humano com pasteurização domiciliar. Além disso, é indicado ser realizada a inibição farmacológica da lactação imediatamente após o parto. Deve-se utilizar cabergolina 1 mg via oral, em dose única (dois comprimidos de 0,5mg VO), administrada antes da alta hospitalar. A informação do código do procedimento deverá constar no preenchimento da Autorização de Internação Hospitalar (AIH) do parto. Diante da ocorrência de lactação rebote, fenômeno pouco comum, pode-se realizar uma nova dose do inibidor de lactação. Por fim, é importante ressaltar outros cuidados a serem tomados durante o parto, que deve seguir as precauções básicas e universais de medidas de prevenção adotadas por todo profissional de saúde no cuidado a qualquer indivíduo, que são: - Sempre que possível, realizar o parto empelicado, com a retirada do neonato mantendo as membranas corioamnióticas íntegras. - Clampear imediatamente o cordão após o nascimento, sem qualquer ordenha. - Imediatamente após o nascimento (ainda na sala de parto), realizar o banho, preferencialmente com chuveirinho, torneira ou outra fonte de água corrente. Limpar com compressas macias todo sangue e secreções visíveis no RN. A compressa deve ser utilizada de forma delicada, com cuidado ao limpar as secreções, para não lesar a pele delicada da criança e evitar uma possível contaminação. - Se necessário, aspirar delicadamente as vias aéreas do RN, evitando traumatismos em mucosas. - Aspirar delicadamente o conteúdo gástrico de líquido amniótico (se necessário) com sonda oral, evitando traumatismos. Se houver presença de sangue, realizar lavagem gástrica com soro fisiológico. - Colocar o RN junto à mãe o mais breve possível. - Orientar a não amamentação e inibir a lactação com medicamento (cabergolina). Orientar a mãe para substituir o leite materno por fórmula láctea até 6 meses de idade. O aleitamento misto também é contraindicado. - Pode-se usar leite humano pasteurizado proveniente de banco de leite credenciado pelo MS (p. ex., RN pré-termo ou de baixo peso). Se, em algum momento do seguimento, a prática de aleitamento for identificada, suspender o aleitamento e solicitar exame de CV para o RN.