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MATRIZ DO PARECER

Laboratório Remédios e Medicamentos LTDA


Elaborado por:
Disciplina: Compliance
Turma:

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Cabeçalho

Órgão solicitante:

Laboratório de Remédios e Medicamentos LTDA

Assunto:

Análise da abordagem do Auditor Interno, Cláudio, responsável pela inspeção de produtos e serviços
na empresa Laboratório Remédios e Medicamentos LTDA, ao se deparar com uma situação complexa.

Cláudio identificou um lote significativo de medicamentos próximos do vencimento e com isso


reportou aos seus superiores que o surpreenderam com a “sugestão” de omitir as informações obtidas
em sua análise.

Busca-se o levantamento dos dados e das possíveis ações correlatas a obrigações do auditor no
exercício de sua função.

Cabe ressaltar que o estudo será apresentado com imparcialidade as tomadas de decisão por parte da
empresa e do funcionário, porém embasadas nas ações que se espera de um auditor.

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Ementa
Análise das obrigações de Claudio como auditor e da empresa como empregadora;

 Levantamento das ações necessárias do auditor de forma ética no exercício de suas funções.

Análise da atuação da alta direção com base nos princípios do compliance e também da governança
corporativa;
 Detalhamento e análise das ações por parte da direção da companhia em suas obrigações.

Posicionamento informando se, na sua opinião, Claudio realmente deve obediência aos gestores da
organização no caso apresentado;

 Parecer pessoal das ações tomadas por Cláudio em seu dilema ético.
Posicionamento informando se, na sua opinião, o auditor interno tem a mesma independência
do compliance officer.
 Comparativo entre as competências do auditor interno e do Compliance Officer.

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Relatório
Cláudio é um recém contratado auditor interno, conceituado, que trabalha na empresa Laboratório
Remédios e Medicamentos LTDA. Com vários anos de experiência com auditoria em processos da
cadeia de suprimentos, Cláudio recebeu uma proposta para atuar no mercado farmacêutico.
Se reportando ao Conselho Administrativo da companhia, Cláudio iniciou uma auditoria nos estoques
de medicamentos injetáveis que, por se tratar de um volume significativo, foi priorizado pelo auditor.
Ao se deparar com prazos de vencimento dos medicamentos em menos de 3 meses, Cláudio
imediatamente relatou a alta direção da empresa para que algo fosse feito imediatamente. Entratanto
os mesmos não se surpreenderam com a descoberta do auditor e explicaram que as compras foram
realizadas em comum acordo com o setor de suprimentos e que, devido à oportunidade em adquirir
um grande lote com um desconto muito alto, o negócio foi concluído com foco na economia.
De acordo com Cavalcante (2014) a empresa tem como objetivo o cumprimento de metas desde que
seja utilizado o compliance, auditoria interna dentre outras ferramentas de auxilio ao combate da
corrupção e fraude na empresa.
A alta direção da companhia alertou o auditor recém contratado de que esse assunto seria melhor se
esquecido pois como parte da empresa Cláudio deveria “jogar no time e vestir a camisa”.
Cláudio se viu em uma situação complexa em seu novo emprego. A posição de auditor carrega um
grande fardo e é responsável pela gestão de riscos e integridade da companhia. Como um auditor
experiente ele já esperava toda e qualquer possibilidade de resposta. Afinal não é a primeira vez que
a corrupção aparece em uma organização bem estruturada.
Cláudio sabe que como auditor interno sua missão é reportar todo e qualquer estudo ao Conselho
Administrativo da empresa para que sejam tomadas as melhores decisões em nome dos acionistas.
Se ele fosse um Compliance Officer teria sim um dilema ético e profissional pela frente pois,
hierarquicamente, esse profissional se reporta a Alta Direção da empresa. O Compliance Officer é o
profissional que detém um vasto conhecimento não só nas operações da empresa, mas em todas as
áreas como jurídico, administrativo, operacional, etc. Isso não o exclui de ter que cumprir com rigor a
ética dentro da empresa, mas o coloca em uma posição ainda mais tênue com a Alta Direção.
Cláudio relatou a não conformidade por meio de uma reunião de comitê no intuito de sugerir medidas
mitigadoras.

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Fundamentação
Analizando o ocorrido podemos perceber que Cláudio é um auditor correto e que busca o melhor para
empresa que representa.
De acordo com Maffei (2015) a figura do auditor deve ser imparcial. O profissional deve agir com total
isenção e sempre reportar em seus relatórios os fatos de forma que não exerca influência no uso das
palavras que possam distorcer, ou influenciar, uma tomada de decisão.
Seguindo as regras de conduta propostas por Maffei, o auditor deve realizar seu trabalho com
honestidade e responsabilidade; seguindo as diretrizes jurídicas e profissionais de seu cargo; não
compactuando com a corrupção e qualquer atividade ilegal que possa desabonar a figura do auditor e
também a empresa em que atua.
Ao reportar o levantamento dos estoques de medicamentos próximos da data do vencimento, Cláudio
informa à diretoria da empresa das melhores práticas à serem tomadas, alertando dos riscos que a
empresa pode correr no uso indevido dos medicamentos.
Maffei aponta nos princípios da objetividade o enfoque que o auditor deve ter, agindo sem rodeios, de
forma rápida e conclusiva em suas análises visando sempre a diminuição dos riscos pela empresa.
Cláudio não deve aceitar nenhuma diretriz que possa colocar em jogo seu julgamento profissional.
Com isso, acatar a sugestão da Alta Diretoria em esquecer o ocorrido não seria o correto e tampouco
o que um auditor faria ao identificar um problema em sua organização.

A alta direção da empresa não cometeu nenhum delito ao adquirir medicamentos com prazo curto de
vencimento. Podemos analizar a operação comercial com foco na redução de custos como toda e
qualquer empresa faria.
A busca por menores custos leva a maiores margens. Entretanto a companhia sabia que a quantidade
adquirida não seria consumida dentro do curto prazo de vencimento e já planejava atuar de forma
ilícita para como seus clientes repassando os medicamentos mesmo após o vencimento.
Quando a Alta Direção sugere a Cláudio que deixe o assunto de lado pois ele também seria um
beneficiário deste esquema como integrante da organização, eles reforçam a ideia de que estavam
em comum acordo com as atitudes fraudulentas e criminosas que iriam operar após o vencimento das
datas nos lotes de medicamentos.
De acordo com Mendes e Carvalho (2017) o Compliance é regido por uma estrutura definida e
incorporada na companhia, pela Alta Direção. Para ter eficácia deve estar inserido na estrutura da
empresa de forma natural e recorrente. Estes pilares que também são defendidos por Giovanini
(2017) são a base para o sucesso dos programas de compliance e da efetividade das ações do auditor

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interno. A Alta Direção da empresa deve apoio incondicional ao programa e tem como obrigação
reforçar suas práticas para que seja difundido e enraizado na cultura organizacional da companhia.
Cláudio teria um desafio para lidar na empresa pois que deveria apoiar agia de forma contraditória.
De acordo com a OCDE, a Governança Corporativa se define no conjunto das relações da
administração da empresa, do conselho de administração e dos stakeholders no intuito de regular as
ações administrativas e o controle da instituição.
Precebe-se que a Alta Direção não está alinhada com os outros atores dentro da Governança
Corporativa, agindo de forma arbitrária e contra os interesses da empresa.
Cláudio deve buscar apoio no Compliance Officer e se necessário diretamente com o Conselho
Administrativo.
Penso que na função de auditor interno e avaliando a integridade deste profissional no exercício de
sua profissão, Cláudio tem sim que expor aos demais membros do alto escalão da companhia o
esquema que envolve a Alta Diretoria.
Sua função é zelar pelo cumprimento das boas práticas, de forma legal, visando a redução de riscos
que possam ir contra a figura do auditor e a empresa que representa.
É provável que outros esquemas fraudulentos surjam ao decorrer de novas auditorias e quanto antes
a Alta Diretoria for investigada menor as chances de um problema maior acontecer na empresa.
Neste caso cabe aos superiores implementar o Compliance Criminal de forma preventiva na empresa,
visando evitar problemas jurídicos com políticas e métodos para identificar práticas ilícitas.
A figura do Compliance Officer se difere do auditor interno pois exige maior conhecimento das
práticas, não só da função de auditor, mas também de mercado, jurídica, administrativa, criminal
dentre outros pontos importantes para obter sucesso na função.
Por ser um cargo que não está vinculado aos diretores e ser totalmente imparcial, precisa de
habilidades e conhecimento em negociação para gerir os conflitos.
Diferente do auditor interno, o Compliance Officer é independente em suas decisões. Mesmo que não
agrade a Alta direção da empresa suas recomendações devem ser seguidas conforme relatado.
Dificilmente teremos uma empresa que possui este profissional atuando sem que toda estrutura
esteja alinhada ao Compliance. No caso da Laboratório Remédios e Medicamentos LTDA podemos
identificar o ponto de ruptura da Alta Direção e do auditor interno nas tomadas de decisão do caso
dos medicamentos vencidos.

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Considerações finais
Toda empresa deve implementar as boas práticas do Compliance em suas práticas. Não existe relação
comercial saudável se não há integridade dos atores.
Os valores da organização devem perpetuar as boas práticas no âmbito da legalidade de forma que
nenhum ganho seja mais importante que a imagem positiva da companhia.
O case de Cláudio e a indústria de medicamentos mostra o quanto devemos ser íntegros no exercício
de nossas funções. Não importa se é na compra ou na venda, nos recursos humanos ou na logística,
todos devem agir na manutenção da legalidade.
Vimos que a empresa Laboratório Remédios e Medicamentos LTDA visava maiores lucros em
detrimento da honestidade colocando a vida de crianças, ainda em sua fase de desenvolvimento, na
busca por uma economia ilícita.
No meu entendimento e no que valorizo em minha vida profissional e pessoal, o Compliance é
fundamental para que o ser humano busque o melhor caminho para todos. A busca pelo ganho
coletivo é maior que qualquer riqueza individual.

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Referências bibliográficas
COELHO, C; JUNIOR, M. Compliance. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2017.

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