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Disciplina

Processo do Trabalho
Prof. Eduardo Lebre
2020-2

Verificação do aprendizado do Plano de Ensino


Alunos: Ana Vitória Vanzin Mendes e Glexandre Calixto

Responda às perguntas abaixo:

Primeira Parte: Petição inicial e Defesa. Em todas as questões explique


trazendo fundamentação legal, doutrinária ou jurisprudencial.

A) Quais são os requisitos processuais da petição inicial na reclamação


trabalhista sob o rito sumaríssimo?

O rito sumaríssimo deve ser aplicado em dissídios individuais cujo valor da


causa não seja superior a quarenta vezes o salário mínimo vigente na data que a
ação foi ajuizada (art. 852-A, CLT). Demandas em que é a parte Administração
Pública direta, autárquica e fundacional, no entanto, excluem-se do rito
sumaríssimo, pois, independente do valor da causa, o seu rito próprio é o ordinário.
Sendo assim, os requisitos processuais da petição inicial trabalhista sob o rito
sumaríssimo estão dispostos no art. 840 e art. 852-B, ambos da CLT.
Adotando-se a forma escrita, a petição inicial deve constar a designação do
juízo, a qualificação das partes, fatos e fundamentos dos pedidos e suas
especificações, - já que o pedido deve ser certo, determinado e com valor
devidamente indicado -, a data e a assinatura do reclamante ou de seu
representante (art. 840, § 1º). No caso contrário, na forma oral, a reclamação, que
será reduzida a termo em duas vias datadas assinadas pelo escrivão ou secretário,
observando também os requisitos do §1º do art. 840 (art. 840, § 2º). Caso a petição
inicial não conste com os requisitos elencados, os pedidos serão julgados extintos
sem resolução de mérito (art. 840, § 3º).
Quanto às disposições específicas para o rito sumaríssimo, sabe-se que a
petição inicial precisa ter o pedido certo ou determinado e também indicar o valor
correspondente (art. 852-B, inc. I). A melhor doutrina orienta que a locução “ou”
deve ser lida como “e”, ou seja, o pedido deve ser certo e determinado (LEITE,
2021). O autor fica incumbido de indicar o nome e o endereço correto do reclamado,
pois não é possível citação por edital no rito sumaríssimo. Além disso, soma-se
ainda que, caso a petição inicial não contenha o nome e o endereço do reclamado
ou a indicação do valor da causa e pedido certo ou determinado, os autos serão
arquivados e o autor será condenado ao pagamento de custos sobre o valor da
causa (art. 852-B, § 1º). Por fim, como visto, o rito sumaríssimo não admite pedidos
ilíquidos, ou seja, pedidos indeterminados.
Ademais, veja-se a jurisprudência corrente:
VALOR DA CAUSA. CORRESPONDÊNCIA AOS PEDIDOS DEDUZIDOS.
O art. 840 da CLT, ao tratar sobre os requisitos da petição inicial, não
fez referência à necessidade de atribuir-se um valor à causa. No
entanto, o advento das Leis nº 5.584/1970 e 9.957/2000 acabou por exigir a
fixação de um valor, pois determinante para a definição do rito a ser
seguido (ordinário, sumaríssimo ou sumário). No entanto, não se pode
exigir da parte autora que proceda a uma exata liquidação dos pedidos, se
ela opta em adotar o procedimento ordinário, porque não há lei impondo-lhe
essa obrigação e porque muitas vezes o trabalhador não detém o
conhecimento necessário para fazê-la. Desse modo, é suficiente que o
valor da causa corresponda a uma estimativa razoável da expressão
econômica dos pedidos. (TRT12 - ROT - 0000693-42.2014.5.12.0031 ,
ROBERTO LUIZ GUGLIELMETTO , 5ª Câmara , Data de Assinatura:
24/09/2014)

B) Sobre o acesso à Justiça do Trabalho, na atuação do MPT e dos entes


sindicais, como partes na ação, elabore uma definição para a substituição
processual e traga uma hipótese exemplificativa.

O instituto da substituição processual está inicialmente insculpido no art. 18


do Código de Processo Civil (“Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em
nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico. Parágrafo único.
Havendo substituição processual, o substituído poderá intervir como assistente
litisconsorcial). No processo do trabalho, o exemplo mais factível dessa legitimação
extraordinária, que autoriza alguém a litigar em nome próprio direito alheio, são os
sindicatos que podem litigar direitos dos seus integrantes. Todavia, já se reconheceu
a legitimidade do Ministério Público do Trabalho para atuar como substituto
processual.
Sérgio Pinto Martins cita algumas hipóteses de substituição processual no
processo do trabalho:
- Ação de cumprimento (parágrafo único do art. 872, da CLT), em que
sindicato postula em nome dos associados o que foi estabelecido em
dissídio coletivo;
- Insalubridade ou periculosidade (art. 195, § 2º), em que o sindicato
ajuíza ação em nome dos associados, pretendendo o pagamento de
adicional;
- Questões salariais, contidas em lei de política salarial (art. 3º da lei n.
8.073/90). A postulação, neste caso, é feita pelo sindicato em nome da
categoria;
- FGTS (art. 25 da lei n. 8.036/90), em que o sindicato postula o
pagamento da contribuição em nome dos funcionários da empresa.
Mister frisar que a substituição processual pelos sindicatos está
consagrada no art. 8º, inc. III da Constituição Federal: (“Art. 8º É livre a associação
profissional ou sindical, observado o seguinte: (...) III - ao sindicato cabe a defesa
dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
questões judiciais ou administrativas”). Tal previsão deve ser vista de maneira
ampla, em razão do entendimento firmado pelo Tribunal Superior do Trabalho e do
Supremo Tribunal Federal, veja-se:
SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. LEGITIMIDADE AMPLA. ART. 8º, III, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. A jurisprudência do Tribunal Superior do
Trabalho firmou-se no sentido de que o sindicato legitima-se ao ajuizamento
de reclamação trabalhista, na qualidade de substituto processual de forma
ampla, para atuar na defesa de todos e quaisquer direitos subjetivos
individuais e coletivos dos integrantes da categoria por ele representada.
Interpretação restritiva em contrário não se coaduna com a amplitude do
art. 8º, III, da Constituição Federal. Agravo interno a que se nega
provimento, com fundamento no art. 894, § 2º, da CLT. (grifei) (TST,
AgED-E-ED-RR-210800-21.2008.5.15.0054, SBDI-1, Rel. Min. Marco
Eurico Vitral Amaro, j. em 04/04/2019)
Por fim:
LEGITIMIDADE AD CAUSAM DO SINDICATO. SUBSTITUTO
PROCESSUAL. AÇÃO DE EXECUÇÃO INDIVIDUAL. INVIABILIDADE. Os
créditos reconhecidos como devidos na ação coletiva poderão ser
individualizados e apurados por meio de liquidação de sentença em ação
de execução autônoma individual. Optando por essa via processual, a ação
deve ser proposta pelo próprio titular do direito material, não se admitindo a
substituição processual pelo sindicato." (TRT12 - AP -
0001215-79.2017.5.12.0026, Rel. GRACIO RICARDO BARBOZA
PETRONE, 4ª Câmara, Data de Assinatura: 20/02/2020) (TRT12 - AP -
0001013-34.2019.5.12.0026 , MARCOS VINICIO ZANCHETTA , 4ª Câmara
, Data de Assinatura: 29/04/2021)

C) Qual é o prazo e a forma para contestar uma reclamação trabalhista?

No corpo da CLT, adota-se a palavra “defesa” para indicar as possíveis


respostas do réu, sendo elas a contestação e as exceções (impedimento, suspeição
e incompetência). A defesa do réu é apresentada oralmente em audiência após a
primeira tentativa de conciliação (art. 846, CLT), no prazo de 20 minutos (art. 847,
CLT), sem prorrogação. Até a data da audiência, a parte poderá também apresentar
defesa por escrito através do sistema de processo judicial eletrônico. Após a
audiência, ocorre a revelia, não sendo mais possível apresentar a defesa.
Por fim, o art. 6º do Ato n.º 11 da Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho,
que regula prazos processuais, determinou que poderá ser aplicado o rito
processual estabelecido no art. 335 do CPC, que prevê que a parte será intimada
para apresentar defesa no prazo mínimo de 15 dias para apresentação da
defesa, a contar da notificação.

D) Explique o que é compensação, como pedido da contestação, no


processo do trabalho?

Compensação é uma forma de extinção de obrigações e só pode ser arguida


como matéria de defesa (art. 767, CLT: “A compensação, ou retenção, só poderá ser
argüida como matéria de defesa” e Súmula 48 do TST: “A compensação só poderá
ser argüida com a contestação”).
É um instituto de direito material comum ao Direito Civil, tendo lá sua
previsão no art. 368 do Código Civil ("Se duas pessoas forem ao mesmo tempo
credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se
compensarem”). Assim também ocorre no processo trabalhista, com a devida
ressalva de que apenas as dívidas trabalhistas se compensam. Não se pode,
portanto, compensar dívidas de naturezas distintas, como uma dívida civil com uma
dívida trabalhista. É o que prevê o Enunciado da Súmula do TST nº 18: “A
compensação, na Justiça do Trabalho, está restrita a dívidas de natureza
trabalhista.”.
Do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região, extrai-se:
COMPENSAÇÃO E DEDUÇÃO DE VALORES ADIMPLIDOS.
INSTITUTOS DIVERSOS. MODALIDADE EXTINTIVA DA OBRIGAÇÃO -
ART. 368, CCB. DEDUÇÃO NÃO AUTORIZADA INAPLICÁVEL. A
compensação trata-se de instituto de direito material oriundo da esfera
civilista, e modalidade extintiva de obrigações recíprocas entre sujeitos de
direito, a teor do preceptivo do art. 368, do CCB. Difere, por via de
consequência, da dedução que, aplicada ao campo processual, não é
forma de extinção obrigacional, mas, simplesmente, implica na redução do
mesmo título por já anteriormente satisfeito e, cuja operação, é legalmente
autorizada. Em não ocorrendo previsão no provimento exequendo de
eventual dedução, torna-se inaplicável no caso presente. (TRT12 - AP -
0001082-75.2015.5.12.0036 , LIGIA MARIA TEIXEIRA GOUVEA , 5ª
Câmara , Data de Assinatura: 28/02/2019)

E) O que é o protesto em audiência trabalhista? Qual sua finalidade


processual na atualidade?

Já que o que rege o processo trabalhista é, via de regra, a irrecorribilidade


imediata das decisões interlocutórias (Súmula 214, TST), o protesto em audiência é
uma prerrogativa da parte para que se registre seu inconformismo. O protesto deve
ser registrado junto a ata de audiência (art. 852-F, CLT e art. 360 do Código Civil) ou
até em petições de impugnação, chamadas de “protesto”.
Como se sabe que as nulidades processuais devem ser arguidas mediante
provocação das partes na primeira oportunidade de fala em audiência (art. 795,
CLT), então o protesto serve como uma forma de evitar que a alegação das
nulidades sofra com a preclusão.
Por força do art. 769, que determina que o direito processual comum será
fonte subsidiária para o processo trabalhista, podem ser alegadas em preliminar do
recurso ordinário todas as questões resolvidas na fase de conhecimento que não
poderiam ser objeto de recurso no decorrer do processo. Oportunamente realizado
o protesto, caberá ao recorrente que renove o pedido de apreciação da decisão
interlocutória, em questão preliminar de RO, como visto.
Do TRT-12, veja-se:
NULIDADE DA SENTENÇA. CERCEAMENTO DE DEFESA.
APROVAÇÃO DA LEI N. 13.467, DE 2017. CONFIGURAÇÃO DO
PREJUÍZO. Proferindo o juiz decisão preliminar na fase de conhecimento, a
interpretação posterior da parte de que a aplicação da regra incluída pela
Lei n. 13.467, com termo de vigência em 11-11-2017, denominada de
reforma trabalhista, feriu o seu direito de defesa está equivocada, porque o
alegado prejuízo se configura durante a fase de instrução do processo, de
sorte que deve apresentar protesto antipreclusivo na primeira vez em
que tiver de falar em audiência ou nos autos, ou seja, de imediato, sob
pena de perda da prova, na conformidade do art. 795 da CLT, cuja regra
torna incompatível o emprego do §1º do art. 1.009 do CPC, já que este
disciplina exceção que difere a apreciação da preclusão para o momento de
interposição da apelação. (TRT12 - ROT - 0000732-47.2016.5.12.0038 ,
UBIRATAN ALBERTO PEREIRA , 5ª Câmara , Data de Assinatura:
09/04/2018)

Segunda Parte: Recursos e Execução. Em todas as questões explique


trazendo fundamentação legal, doutrinária ou jurisprudencial.

F) Explique o que é prequestionamento recursal no recurso de revista.


Qual é a importância dos embargos de declaração para Jurisprudência do TST
nesse sentido?

O instituto do prequestionamento recursal está disposto na súmula n. 297, do


Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:
Súmula nº 297 do TST. PREQUESTIONAMENTO. OPORTUNIDADE.
CONFIGURAÇÃO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

I. Diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na decisão


impugnada haja sido adotada, explicitamente, tese a respeito.

II. Incumbe à parte interessada, desde que a matéria haja sido invocada no
recurso principal, opor embargos declaratórios objetivando o
pronunciamento sobre o tema, sob pena de preclusão.

III. Considera-se prequestionada a questão jurídica invocada no recurso


principal sobre a qual se omite o Tribunal de pronunciar tese, não obstante
opostos embargos de declaração.

A este respeito, a orientação jurisprudencial n. 256, da SDI-1, do TST,


também dispõe que “para fins do requisito do prequestionamento de que trata a
Súmula nº 297, há necessidade de que haja, no acórdão, de maneira clara,
elementos que levem à conclusão de que o Regional adotou uma tese contrária à lei
ou à súmula”. Outras orientações jurisprudenciais a esse respeito:

Orientação Jurisprudencial nº 151 da SDI-1 do TST: “decisão


regional que simplesmente adota os fundamentos da decisão de primeiro
grau não preenche a exigência do prequestionamento, tal como previsto na
Súmula nº 297”.

Orientação Jurisprudencial nº 118 da SDI-1 do TST: “havendo tese


explícita sobre a matéria, na decisão recorrida, desnecessário contenha
nela referência expressa do dispositivo legal para ter-se como
prequestionado este”.

Orientação Jurisprudencial nº 62 da SDI-1 do TST: “é necessário o


prequestionamento como pressuposto de admissibilidade em recurso de
natureza extraordinária, ainda que se trate de incompetência absoluta”.

Pois bem. O recurso de revista tem como pressuposto, além do pagamento e


comprovação de custas e depósito recursal, o prequestionamento da matéria que
fundamenta o recurso de revista perante o juízo a quo. Por prequestionamento,
adota-se a definição da Súmula n. 297 do TST que prevê que matéria ou questão é
prequestionada quando na decisão impugnada tenha sido adotada, explicitamente,
tese a respeito. Sem prequestionamento, que é um ônus da parte que interpõe
recurso de revista, o recurso não será conhecido (art. 896, § 1º-A, inc. I).
No rito sumaríssimo, somente será admitido recurso de revista por
contrariedade à Súmula do TST e por violação direta da Constituição Federal (artigo
896, §6º, da CLT).
Na fase de execução, a Súmula nº 266 do TST estabelece que “a
admissibilidade do recurso de revista interposto de acórdão proferido em agravo de
petição, na liquidação de sentença ou em processo incidente na execução, inclusive
os embargos de terceiro, depende de demonstração inequívoca de violência direta à
Constituição Federal”.
Por fim, a respeito da importância dos embargos de declaração para
Jurisprudência do TST, sabe-se que embargos de declaração é cabível para sanar
omissões e contradições e manifesto equívoco no exame dos pressupostos
extrínsecos do recurso (art. 897-A). É um instituto que possibilita o
prequestionamento, requisito do recurso de revista, já que obriga a instância
ordinária a se manifestar expressamente sobre a questão ou matéria, esgotando,
assim, a instância ordinária e legitimando a entrada da matéria para análise na
instância extraordinária, previsão encontrada nos incisos II e III da súmula n. 297 do
TST, já mencionada: (“incumbe à parte interessada, desde que a matéria haja sido
invocada no recurso principal, opor embargos declaratórios objetivando o
pronunciamento sobre o tema, sob pena de preclusão” e “considera-se
prequestionada a questão jurídica invocada no recurso principal sobre a qual se
omite o Tribunal de pronunciar tese, não obstante opostos embargos de
declaração”).

G) Enumere os recursos cabíveis na Execução de Sentença e suas


hipóteses de cabimento.

O recurso típico da execução trabalhista é o agravo de petição, já que é


utilizado propriamente para impugnar as decisões na fase de execução. O agravo
de petição deve ser interposto, no prazo de 8 dias, em relação às decisões
proferidas pelo juiz em fase de execução (art. 897, alínea a da CLT). Como visto
anteriormente, além disso, na fase de execução, a Súmula nº 266 do TST
estabelece que “a admissibilidade do recurso de revista interposto de acórdão
proferido em agravo de petição, na liquidação de sentença ou em processo
incidente na execução, inclusive os embargos de terceiro, depende de
demonstração inequívoca de violência direta à Constituição Federal”, não se
admitindo, portanto, ofensa indireta.
A Súmula n. 416 do TST preleciona que, com a delimitação das matérias e
valores objetos de discordâncias especificadas no teor do agravo de petição, não se
fere direito líquido e certo o prosseguimento da execução quanto aos tópicos e
valores não especificados no recurso.
Como podemos observar no julgado abaixo, tal recurso pode ser utilizado
para correção de erro material da sentença:
AGRAVO DE PETIÇÃO. ERRO MATERIAL NA SENTENÇA.
POSSIBILIDADE DE CORREÇÃO. Reformar o decisum é medida que se
impõe, diante da constatação quanto à presença de erro material na
sentença, podendo tal erro ser sanado pelo Juízo a qualquer tempo,
inclusive de ofício, em conformidade ao disposto no art. 463 do CPC e no
art. 833 da CLT. (TRT12 - AP - 0001665-98.2016.5.12.0012 , ROBERTO
BASILONE LEITE , 6ª Câmara , Data de Assinatura: 10/05/2021)

O artigo 789-A prevê também o pagamento de custas em caso de


interposição de agravo de petição, pagas ao final pelo executado.
Embargos à execução, impugnação à sentença de liquidação e embargos de
terceiro são ações, não recursos, que podem ocorrer durante uma execução
trabalhista.
O embargos à execução, ação de conhecimento incidental ao processo de
execução, será cabível quando a execução estiver garantida ou houver bens
penhorados, no prazo de 5 (cinco) dias contados da notificação da penhora (art.
884, CLT), nos quais somente poderão ser alegadas prescrição ou quitação da
dívida, cumprimento de decisão e de acordo, sem possibilidade de rediscussão de
matéria fática e probatória da fase de conhecimento (§1º do art 884, CLT).
Dispensa-se a apresentação de garantia ou de penhora às entidades filantrópicas
ou àqueles que compõem ou compuseram a diretoria dessas instituições (§6º do art.
884 da CLT).
Podendo ser utilizado como no exemplo abaixo:
FUNÇÃO REVISIONAL DO TRIBUNAL. CORREÇÃO DE ERRO
VERIFICADO NA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL ENTREGUE PELO
ESTADO. A função revisional do tribunal destina-se a corrigir erros de
julgamento verificados por ocasião da entrega da prestação jurisdicional pelo
Estado. (TRT12 - AP - 0004426-19.2015.5.12.0051 , ROBERTO BASILONE
LEITE , 6ª Câmara , Data de Assinatura: 10/05/2021)

A impugnação à sentença de liquidação pode ser apresentada tanto pelo


exequente como pelo executado em sede de embargos à penhora (art. 884, §3º da
CLT) e deve ser feita pelo exequente após o pagamento quando não houve para
para impugnação antes da sentença de liquidação. Aplica-se, subsidiariamente, o
disposto no art. 325, do Código de Processo Civil, já que o artigo 844 ,§ 1º da CLT
não esgota todas as hipóteses arguidas via embargos à execução.
Quanto aos embargos de terceiro, a CLT é omissa, portanto, aplica-se as
disposições do Código de Processo Civil:
Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou
ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha
direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu
desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro.
§ 1º Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive
fiduciário, ou possuidor.
§ 2º Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:
I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens
próprios ou de sua meação, ressalvado o disposto no art. 843 ;
II - o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que
declara a ineficácia da alienação realizada em fraude à execução;
III - quem sofre constrição judicial de seus bens por força de
desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte;
IV - o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do
objeto de direito real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos
legais dos atos expropriatórios respectivos.

H) Quais são os requisitos de admissibilidade do Recurso Ordinário?

Os requisitos subjetivos, também chamados de intrínsecos, são a


legitimidade, a capacidade e o interesse. Já os requisitos objetivos são o cabimento,
adequação, tempestividade e recolhimento das custas e do depósito recursal. Em
primeiro lugar, cabe recurso ordinário das decisões definitivas ou terminativas das
Varas e Juízos e das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais,
em processos de sua competência originária, tanto nos dissídios individuais, quer
nos dissídios coletivos (art. 895, inc. I e II). Por recurso ordinário tempestivo,
adota-se o prazo de 8 dias disposto nos incisos referenciados anteriormente.
Recurso ordinário exige o pagamento e a comprovação de custas e depósito
recursal no prazo para interposição de recurso, todavia, o montante do depósito
recursal será reduzido pela metade para entidades sem fins lucrativos,
empregadores domésticos, microempreendedores individuais, microempresas e
empresas de pequeno porte (CLT, art. 899, §9º).
Como exemplo de discussão passível de recurso ordinário, encontramos a
seguinte.
PEDIDO DE EXPEDIÇÃO DE ALVARÁ JUDICIAL PARA A
MOVIMENTAÇÃO DA CONTA VINCULADA DO FGTS. INCOMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA ESPECIALIZADA. LIMITAÇÃO DA COMPETÊNCIA A QUESTÕES QUE
DEMANDEM EQUACIONAMENTO DE MATÉRIA TRABALHISTA. O IUJ-RR
619872-16.2000.5.12.5555, instaurado em demanda proveniente deste Regional, em
cujos autos o Eg. TST cancelou a sua Súmula nº 176 - que até então limitava a
competência da Justiça Especializada para apreciar pedidos de levantamento da
conta do FGTS apenas quando formulados no bojo de ações que envolvessem litígio
entre empregado e empregador - não destoa do norte estabelecido pelo STJ nas
Súmulas nºs 82 e 161, embora, a princípio, assim possa aparentar. Da leitura dos
fundamentos exarados no acórdão então prolatado, dessume-se que, com o
cancelamento da Súmula nº 176, a Corte Superior Trabalhista não pretendeu atrair
para o âmbito da Justiça do Trabalho toda e qualquer questão afeta ao
gerenciamento das movimentações das contas do FGTS pelo órgão gestor, mas
apenas aquelas que demandem, como pressuposto subjacente à ação proposta, o
necessário equacionamento de questões tipicamente trabalhistas, sejam elas
decorrentes de relação de emprego ou de trabalho (TRT12 - ROT -
0000086-73.2021.5.12.0034 , ROBERTO BASILONE LEITE , 6ª Câmara , Data de
Assinatura: 10/05/2021)

I) Quais são as fases da execução de sentença previstas na CLT?

A consolidação das leis do trabalho disciplina que a execução pode ser


iniciada por qualquer das partes ou pelo magistrado ou presidente do tribunal em
caso de não possuírem advogado.

A competência para julgar o processo de execução é do juiz ou presidente de


tribunal que tiver julgado inicialmente a lide. Uma vez que já existe um título
executivo com uma obrigação a ser cumprida, revela-se natural passarmos para a
sequência de atos da execução.

No entanto, conforme análise na jurisprudência deve ser observado os limites


do título executivo:

AGRAVO DE PETIÇÃO. COISA JULGADA. IMUTABILIDADE.


LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO. Nas fases de liquidação e execução devem
ser observados os estritos limites do título executivo, sob pena de ofensa à
coisa julgada (Interpretação do art. 879, § 1º, da CLT). (TRT12 - AP -
0000540-70.2019.5.12.0051 , MIRNA ULIANO BERTOLDI , 6ª Câmara ,
Data de Assinatura: 07/05/2021).

Aqui, torna-se relevante o disposto no art. 880, caput, da CLT, o juiz ou


presidente do tribunal mandará ser expedido mandado de citação para que a
decisão ou acordo seja cumprida, contendo a decisão ou o termo do acordo não
cumprido, devendo a citação ser feita por oficiais de diligência (justiça), cabível
ainda citação por edital conforme parágrafo segundo do respectivo artigo, se por
duas vezes não for encontrado no intervalo de quarenta e oito horas.

O executado pode adotar algumas posturas conforme prevê a CLT, no art. 881
está previsto o pagamento da importância reclamada deve ser feito perante o
escrivão ou o secretário, com termo de quitação lavrado em duas vias assinadas
pelo exequente e executado, além do servidor responsável.

Em caso de não pagamento, conforme previsto no art. 882 da CLT, poderá


mediante depósito bancário da quantia correspondente, com valores atualizados e
despesas processuais, podendo apresentar seguro-garantia judicial ou nomeação
de bens para ser penhorado, seguindo a preferência do art.835 do CPC

Se o executado além de não pagar, não apresentar meios para garantir a


execução, os bens dele serão penhorados, na quantidade suficiente para satisfazer
o valor da condenação mais juros de mora e as custas do processo devidos desde a
data em que foi ajuizada a reclamação inicial.

J) Determinada empresa pública municipal, intimada da sentença


trabalhista no dia 06.11.2020, interpôs recurso ordinário em 27.11.2020.
Considerando que o mencionado recurso foi processado pelo juízo a quo,
quanto ao prazo, explique se está de acordo com nossa legislação.

O recurso não está em conformidade com a legislação processual, pois como


não existe disciplina para o prazo em dobro na CLT, aplica-se o disposto no CPC,
mas especificadamente em seu art.186, que garante os entes da administração
direta e indireta de direito público o prazo em dobro. Porém, como sabido, a
natureza jurídica das empresas públicas é a de direito privado, razão pela qual goza
dos mesmos prazos estabelecidos para entes privados, devido a sua natureza
jurídica.

Nesse sentido, decidiu o Supremo Tribunal Federal anteriormente.


EMENTA: ADMINISTRATIVO. COMPANHIA NACIONAL DE
ABASTECIMENTO – CONAB. EMPRESA PÚBLICA FEDERAL
PRESTADORA DE SERVIÇOS PÚBLICOS. EXTENSÃO DOS
BENEFÍCIOS DA FAZENDA PÚBLICA. ISENÇÃO DE CUSTAS
PROCESSUAIS E PRAZO EM DOBRO PARA RECORRER.
AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. ANÁLISE DE
LEGISLAÇÃO PROCESSUAL ORDINÁRIA. OFENSA REFLEXA.
RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. SÚMULA 283 DO STF.
AGRAVO IMPROVIDO. I – Ainda que a matéria constitucional
suscitada houvesse sido prequestionada, a orientação desta Corte é
a de que a alegada violação do art. 5º, XXXV, LIV e LV, da
Constituição, pode configurar, em regra, situação de ofensa reflexa
ao texto constitucional, por demandar a análise de legislação
processual ordinária, o que inviabilizaria o conhecimento do recurso
extraordinário. II - Este Tribunal possui entendimento no sentido de
que o art. 173, § 2º, da Constituição não se aplica às empresas
públicas prestadoras de serviços públicos. Dessa afirmação, porém,
não se pode inferir que a Constituição tenha garantido a estas
entidades a isenção de custas processuais ou o privilégio do prazo
em dobro para a interposição de recursos. III - Observa-se que, com
a negativa de provimento ao recurso especial pelo Superior Tribunal
de Justiça, tornaram-se definitivos os fundamentos
infraconstitucionais que amparam o acórdão recorrido (Súmula 283
do STF). IV - Agravo regimental improvido. (RE 596729 AgR,
Relator(a): RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em
19/10/2010, DJe-215 DIVULG 09-11-2010 PUBLIC 10-11-2010
EMENT VOL-02428-01 PP-00128)

Por essa razão, não se encontra fundamento para reconhecer a


tempestividade do recurso ordinário interposto após o prazo de 8 (oito) dias.
Referências bibliográficas

BRASIL. Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região. ROT n.


0000693-42.2014.5.12.0031, rel. ROBERTO LUIZ GUGLIELMETTO, 5ª Câmara,
julgado em 24.9.2014.
______. Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região. AP n.
0000540-70.2019.5.12.0051, rel. MIRNA ULIANO BERTOLDI , 6ª Câmara , julgado
em 07/05/2021.
______. Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região. ROT n.
0000086-73.2021.5.12.0034 , rel. ROBERTO BASILONE LEITE , 6ª Câmara ,
julgado em 10/05/2021.
______. Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região. AP n.
0001665-98.2016.5.12.0012 , rel. ROBERTO BASILONE LEITE , 6ª Câmara,
julgado em 10/05/2021.
______. Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região. AP n.
0001013-34.2019.5.12.0026, rel. MARCOS VINICIO ZANCHETTA, 4ª Câmara,
julgado em 29/04/2021.
_______. Supremo Tribunal Federal. RE AgR n. 596729 , rel. RICARDO
LEWANDOWSKI, 1ª Turma, julgado em 19.10.2010.
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 19
ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021.
MARTINS, Sergio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas,
2004.

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