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Direito Penal IV

Contratação Direta Ilegal


Art.337-E. Admitir, possibilitar ou dar causa à contratação direta fora das
hipóteses previstas em lei:
Pena: Reclusão, de 04 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

“Admitir” é aceitar, consentir, deferir, permitir. “Possibilitar” é tornar


possível, ensejar, facilitar. “Dar causa” é originar, motivar, provocar.
Entenda-se como concorrer de algum modo para que haja
contratação direta pelo ente de forma ilegal.

A objetividade jurídica do tipo é a proteção dos interesses da


administração pública e a probidade administrativa.

O objeto material do crime é a contratação direta.

O elemento subjetivo é o dolo, mediante a inexistência de previsão


culposa.

É crime material, exigindo a concreta contratação fora dos ditames


da lei, por meio das condutas previstas.

É crime próprio, exigindo do sujeito ativo a qualidade de autoridade


administrativa ou de agente público, com competência de concorrer
para o crime.

O sujeito passivo é a administração pública, conjuntamente com o


titular do bem jurídico particularmente protegido.

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Trata-se de norma penal em branco, cujos dois
complementos possíveis consistem em leis diversas: a Lei
8.666/93 e a Lei 14.133/2021, para verificar se o agente
efetuou a contratação direta ilegalmente, será considerado o
dispositivo que for mais favorável

É crime de ação penal pública e incondicionada.

Frustração do Caráter Competitivo de Licitação


Art. 337-F. Frustrar ou fraudar, com intuito de obter para si ou para outrem
vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação, o caráter competitivo
do processo licitatório.
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

“Frustrar” significa impedir, atrapalhar. “Fraudar” significa iludir,


atrapalhar, burlar. A conduta vicia o procedimento licitatório ao
obstruir a finalidade de encontrar proposta mais vantajosa para a
administração pública.

A objetividade jurídica do tipo é a moralidade e a probidade


administrativa.

O objeto material do crime é o procedimento licitatório.

O elemento subjetivo é o dolo específico, pois a conduta deve se


dar com fim de obter vantagem, para si ou para outrem, da
adjudicação do objeto da licitação.

É crime formal, não precisando da efetiva obtenção de vantagem


para sua consumação.

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É crime comum, podendo qualquer pessoa ser sujeito ativo. O
funcionário público poderá ser coautor do delito se não for
responsabilizado por outro mais grave, tal como a corrupção
passiva.

O sujeito passivo é a administração pública, conjuntamente com os


demais concorrentes prejudicados no procedimento licitatório.

A ação penal é pública e incondicionada.

Patrocínio de Contratação Indevida


Art. 337-G. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a
administração pública, dando causa à instauração de licitação ou à celebração de
contrato cuja invalidação vier a ser decretada pelo poder judiciário.

“Patrocinar” significa advogar, facilitar, defender ou proteger


interesse próprio perante a administração pública. Interesse
privado, por sua vez, é satisfação pessoal adquirida com a
celebração do contrato ou processo licitatório, ressaltando-se que
deverá ser reconhecidamente ilegítimo por parte do Poder
Judiciário.

A objetividade jurídica do tipo é a moralidade e probidade


administrativa.

Os objetos materiais são o procedimento licitatório e o contrato


administrativo.

O elemento subjetivo é o dolo, consistente na vontade livre e


consciente do agente em satisfazer interesse próprio,

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reconhecidamente ilegítimo pelo Poder Judiciário, mediante
celebração de contrato administrativo ou processo licitatório.

É crime material, necessitando que se dê causa à instauração da


licitação ou à celebração de contrato.

O tipo é próprio, exigindo do agente a qualidade de funcionário


público, logo, é crime funcional.

O sujeito passivo é a administração pública.

A ação penal é pública e incondicionada.

Modificação ou Pagamento Irregular em Contrato Administrativo


Art, 337-H. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou
vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor do contratado, durante a
execução dos contratos celebrados com a Administração Pública, sem
autorização em lei, no edital da licitação ou nos respectivos instrumentos
contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua
exigibilidade.

Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.

“Admitir” é aceitar, consentir, deferir, permitir. “Possibilitar” é tornar


possível, ensejar, facilitar. “Dar causa a “ é originar, motivar,
provocar.

A primeira parte do tipo penal refere-se à conduta de modificação


irregular em contrato administrativo, a qual exige um elemento
normativo do tipo, qual seja, a ausência de autorização em lei, no
edital da licitação ou nos respectivos instrumentos contratuais. Isso

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porque, se a conduta for permitida por lei, pelo edital ou pelo
contrato, será penalmente atípica.

A segunda parte do tipo penal em questão, por sua vez, refere-se à


conduta de pagamento irregular em contrato administrativo. A
consumação desse segundo delito ocorre apenas com o efetivo
pagamento.

A objetividade jurídica do tipo é a moralidade e probidade


administrativa.

O objeto material é o contrato administrativo.

O elemento subjetivo do tipo é o dolo.

É crime material, segundo a doutrina, a consumação dessa


conduta “admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação
ou vantagem” ocorre somente com o efetivo favorecimento do
contratado.

Trata-se de crime funcional próprio, exigindo do sujeito ativo a


qualidade de funcionário público.

O sujeito passivo é a administração pública.

A ação penal é pública e incondicionada.

Perturbação do Processo Licitatório


Art. 337-I. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de processo
licitatório.

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.

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“Impedir” é impor obstáculo, obstruir, obstar. “Perturbar” é estorvar,
embaraçar. ”Fraudar” é empregar, ardil, usar engodo. A conduta
incriminada consiste em atrapalhar a realização de qualquer ato de
processo licitatório.

A objetividade jurídica do tipo é a moralidade e probidade


administrativa.

O objeto material é o processo licitatório.

O crime é doloso.

Tal crime deve ser considerado material, consumando-se quando


há o efetivo impedimento ou fraude de qualquer ato de processo
licitatório.

É crime comum, podendo qualquer pessoa, mediante as condutas


descritas no tipo, frustrar o processo licitatório.

O sujeito passivo é a administração pública.

A ação penal é pública condicionada.

Violação de sigilo em licitação.


Art. 337-J. Devassar o sigilo de proposta apresentada em processo licitatório ou
proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo.

Pena - detenção, de 2 (dois) anos a 3 (três) anos, e multa.

O tipo penal, misto alternativo, prevê as condutas de “devassar”,


que é fazer conhecer, perscrutar, corromper, e de “proporcionar”,
que é dar a oportunidade de, propiciar, oferecer. A conduta

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incriminada é de quebrar o sigilo ou propiciar que um terceiro o
quebre.

A objetividade jurídica do tipo é a moralidade e probidade


administrativa.

O objeto material é o processo licitatório.

O tipo penal é punido a título de dolo.

Se considerado o resultado como o prejuízo para a administração,


o crime sempre é formal, por não o exigir. Entretanto, a doutrina
considera o crime material na modalidade de devassar, por exigir a
quebra de sigilo, e formal na modalidade de proporcionar a terceiro
o ensejo de devassá-lo, por não exigir, nessa modalidade, o efetivo
conhecimento do conteúdo sigiloso por terceiro.

Como citado terceiro no tipo penal, o crime é comum, podendo ser


cometido tanto pelo funcionário público como por qualquer outra
pessoa.

O sujeito passivo é a administração pública.

A ação penal é pública e incondicionada.

Afastamento de licitante
Art. 337-K. Afastar ou tentar afastar licitante por meio de violência, grave ameaça,
fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo:

Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 5 (cinco) anos, e multa, além da pena


correspondente à violência.

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O tipo penal possui dois núcleos, que equiparam a forma tentada e
a consumada, o que leva à classificação do delito como de
atentado ou de mero empreendimento. O núcleo do tipo é “afastar”,
o que significa remover, impedir a participação. A conduta
incriminada é afastar ou tentar afastar o licitante, o que pode
ocorrer por qualquer um dos seguintes meios:

Violência: cuida-se da força física, a vis absoluta;

Grave ameaça: é a promessa de um mal grave, a vis relativa;

Fraude: é o engodo, o artifício apto a afastar o licitante, por induzi-


lo a erro;

Oferecimento de vantagem de qualquer tipo: é o suborno ou a


corrupção do particular, com qualquer vantagem (econômica,
sexual, etc.) para que não participe da licitação.

A objetividade jurídica é a probidade administrativa e a integridade


física do licitante.

O objeto material é o processo licitatório e, no caso da violência, o


corpo da vítima.

O crime é doloso.

A consumação do crime em questão se dá com o emprego de


violência, grave ameaça ou fraude contra o licitante ou com o
oferecimento de vantagem indevida no intuito de afastá-lo do
certame. Trata-se, portanto, de crime formal, em que não é

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necessário que haja o efetivo afastamento do licitante
(comprovação do prejuízo).

Trata-se de crime comum, praticável por qualquer pessoa,


funcionário público ou não.

O sujeitos passivos são a administração público e o licitante sobre


o qual venha recair a violência, grave ameaça, fraude ou
oferecimento de vantagem.

A ação penal é pública e incondicionada.

Fraude em licitação ou contrato


Art. 337-L. Fraudar, em prejuízo da administração pública, licitação ou contrato
dela decorrente, mediante:

I - entrega de mercadoria ou prestação de serviços com qualidade ou em


quantidade diversas das previstas no edital ou nos instrumentos contratuais;
II - fornecimento, como verdadeira ou perfeita, de mercadoria falsificada,
deteriorada, inservível para consumo ou com prazo de validade vencido;
III - entrega de uma mercadoria por outra;
IV - alteração da substância, qualidade ou quantidade da mercadoria ou do
serviço fornecido;
V - qualquer meio fraudulento que torne injustamente mais onerosa para a
administração pública a proposta ou a execução do contrato.

Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.

“Fraudar” significa iludir, atrapalhar, burlar. A fraude deve ocorrer


em prejuízo da administração pública, licitação ou contrato dela
decorrente. Além disso, o tipo penal é de forma vinculada, de modo

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que haverá crime se a fraude ocorrer mediante as condutas
supracitadas nos incisos do artigo.

A objetividade jurídica é a probidade administrativa.

O objeto material é a licitação ou contrato administrativo fraudado.

O tipo penal é punido a título de dolo.

Consuma-se com a comprovação do efeito prejuízo, logo, é crime


material.

O crime é comum, praticável por qualquer pessoa, funcionário


público ou não.

O sujeito passivo é a administração pública.

A ação penal é pública e incondicionada.

Contratação Inidônea
Art. 337-M. Admitir à licitação empresa ou profissional inidôneo:
Pena - reclusão, de 1 (um) ano a 3 (três) anos, e multa.
§1º Celebrar contrato com empresa ou profissional declarado inidôneo.

§2º Incide na mesma pena do caput deste artigo aquele que, declarado inidôneo,
venha a participar de licitação e, na mesma pena do §1º deste artigo, aquele que,
declarado inidôneo, venha a contratar com a administração pública.

“Admitir” significa autorizar, consentir na participação. O mero fato


de uma pessoa, seja física ou jurídica, ter sido admitida no
processo licitatório já coloca em xeque a probidade e a

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confiabilidade do processo licitatório, razão pela qual se incrimina
essa conduta.

“Celebrar contrato” significa contratar, entabular negócio jurídico. A


conduta incriminada no §1º é considerada mais grave do que
admitir à licitação a empresa ou o profissional inidôneo, pois aqui
se tipifica a celebração do contrato, ou seja, um passo a mais na
violação do bem jurídico.

A objetividade jurídica é a probidade administrativa.

O objetos materiais são o processo licitatório, nos termos do caput,


e o contrato administrativo, nos termos dos §§ 1º e 2º.

O crime é doloso, sem exigência de elemento subjetivo do tipo.

É crime formal, uma vez que desnecessária a comprovação de


efetivo prejuízo à administração pública.

Quanto ao sujeito ativo, nos termos do caput e §1º incorre quem


tem competência de decidir sobre tais questões, portanto, crime
próprio. Já no §2º o sujeito ativo não possui qualidade específico,
sendo crime comum.

O sujeito passivo é a administração pública.

A ação penal é pública e incondicionada.

Impedimento Indevido
Art. 337-N. Obstar, impedir ou dificultar injustamente a inscrição de qualquer
interessados nos registros cadastrais ou promover indevidamente a alteração, a

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suspensão ou o cancelamento de registro do inscrito.

“Obstar” é opor-se, servir de obstáculo. “Impedir” é impor


obstáculo, obstruir. “Dificultar” é tornar trabalhoso, estorvar. A
conduta incriminada, na primeira figura, é obstar, impedir ou
dificultar injustamente a inscrição de qualquer interessado nos
registros cadastrais. Exige-se, para a tipificação da conduta, o
elemento normativo “injustamente”, de modo que se o obstáculo
imposto, por exemplo, possui fundamento legal, a conduta nem
sequer será típico.

A segunda figura tem como núcleo do tipo a conduta de


“promover”, que é por em execução, gerar, provocar. A conduta
incriminada é promover indevidamente a alteração, suspensão ou
o cancelamento de registro de pessoa já inscrita. Há o elemento
normativo do tipo “indevidamente”, de forma que se o
cancelamento, por exemplo, for devido, conforme as regras
aplicáveis, a conduta será atípica.

A objetividade jurídica é a probidade administrativa.

Os objetos materiais são os bancos de dados de licitantes.

É crime punido a título de dolo.

Nas modalidades de “obstar” e “impedir”, exige-se que a inscrição


não ocorra para que se possa falar na consumação do delito.
Neste caso, o crime é material. Já na modalidade de “dificultar”, a
configuração de tal prejuízo não é imprescindível, sendo o crime
considerado formal. E na modalidade de “promover”, o crime

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também é material, consumando-se com a efetiva suspensão,
alteração ou cancelamento do registro do inscrito.

Trata-se de crime próprio, exigindo do sujeito ativo a qualidade de


funcionário público.

Os sujeitos passivos são tanto a administração pública quanto o


licitante prejudicado.

É crime de ação penal pública incondicionada.

Omissão Grave de Dado ou de Informação por Projetista


Art. 337-O. Omitir, modificar ou entregar à administração pública, levantamento
cadastral ou condição de contorno em relevante dissonância com a realidade, em
frustração ao caráter competitivo da licitação ou em detrimento da seleção da
proposta mais vantajosa para a administração pública, em contratação para a
elaboração de projeto básico, projeto executivo ou anteprojeto, em diálogo
competitivo ou em procedimento de manifestação de interesse.

§1º Consideram-se condição de contorno as informações e os levantamentos


suficientes e necessários para a definição da solução de projeto e dos
respectivos preços pelo licitante, incluídos, sondagens, topografia, estudos de
demanda, condições ambientais e demais elementos ambientais impactantes,
considerados requisitos mínimos ou obrigatórios em normas técnicas que
orientam a elaboração de projetos.
§2º Se o crime é praticado com o fim de obter benefício, direto ou indireto,
próprio ou de outrem, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.

São núcleos do tipo: “omitir” (deixar de fazer, ocultar); “modificar”


(alterar, adulterar) e “entregar” (passar às mão de, dar). Apesar da
nomenclatura legal (omissão grave), apenas um dos núcleos do

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tipo misto alternativo é efetivamente caracterizador de crime
omissivo puro (omitir).

A conduta incriminada é omitir, modificar ou entregar à


administração levantamento cadastral ou condição de entorno nas
seguintes condições:

Em relevante dissonância com a realidade - projeto que não se


adequa à real necessidade.

Em frustração ao caráter competitivo da licitação - projeto, por


exemplo, feito sob medida para determinado contratante.

Ou em detrimento da seleção da proposta mais vantajosa para


a administração pública - projeto que busque evitar a seleção
da proposta mais vantajosa, frustrando a finalidade da
licitação.

Essas condutas, para a configuração do delito, devem ocorrer em:

Contratação para a elaboração de projeto básico, projeto executivo ou anteprojeto;

Diálogo competitivo;

Procedimento de manifestação de interesse.

A objetividade jurídica é a proteção dos interesses da


Administração Pública, no que tange à integridade do processo
licitatório, planejamento e seleção das propostas que sejam mais
vantajosas para a Administração.

O objeto material é o levantamento cadastral ou condição de


contorno. O levantamento cadastral ou a condição de contorno

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devem estar “em relevante dissonância com a realidade”, ou seja,
em total desconformidade com o estado das coisas. Nesse ponto,
o tipo penal é aberto, indicando, evidentemente, a prática de
condutas que trazem algum problema efetivo para o processo
licitatório.

É crime doloso, sem previsão de modalidade culposa e sem


exigência de elemento subjetivo especial do tipo, admitindo
tentativa, exceto na modalidade de “omitir”, por ser omissivo
próprio.

Por não se exigir dano ao erário, pode-se classificar o delito como


formal. O crime admite tentativa, exceto na modalidade de “omitir”,
por ser omissivo próprio ou puro.

A conduta é praticada pelo servidor com atribuição para atuar no


procedimento de registro cadastral relacionado ao processo de
licitação, sendo assim, é crime próprio, exigindo-se qualidade
especifica do sujeito ativo.

O sujeito passivo é a administração pública.

É crime de ação penal pública incondicionada.

Título XII - Dos crimes contra o estado


democrático de direito
Capítulo I - Dos crimes contra a soberania nacional.
Art. 359-I. Atentado à soberania.

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“Negociar” é barganhar, tratar. A conduta consiste em negociar
com governo ou grupo estrangeiro, ou seus agentes, com o fim de
provocar atos típicos guerra contra o país ou invadi-lo. Ainda, se da
conduta resulta declaração de guerra, a pena é majorada, assim
como a pena é mais severa se o agente participa de operação
bélica a fim de submeter o território nacional ou parte dele à
soberania de outro país.

A objetividade jurídica do tipo é a soberania nacional.

O objeto material é o território nacional como país.

O crime é punido a título de dolo específico, vez que o núcleo


consiste na prática da conduta a fim de provocar atos típicos de
guerra contra o país ou a invasão desse.

É crime material, exigindo a efetiva negociação.

O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, se tratando de crime


comum.

O sujeito passivo é o Estado.

É crime de ação pública e incondicionada.

Art. 359-J. Atentado à integridade nacional

A conduta consiste em empregar meio violento com intuito de


desmembrar parte do território nacional para constituir país
independente.

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A objetividade jurídica é a integridade nacional.

O objeto material é a parte do território nacional sobre a qual recai


a conduta violenta.

O crime é punido a título de dolo específico, vez que o núcleo


consiste na prática da conduta violenta a fim de desmembrar o
território nacional e constituir novo Estado.

É crime formal, não necessitando do efetivo desmembramento e


constituição de novo Estado.

O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, é, portanto, crime


comum.

O sujeito passivo é o estado e quem reside na parcela do território


no qual se emprega violência.

É crime de ação pública e incondicionada.

Art. 359-K. Espionagem

A conduta consiste em quebrar o sigilo de documento ou


informação classificados como secretos ou ultrassecretos, em
desacordo com determinação legal ou regulamentar, por meio de
sua entrega a governo estrangeiro, a seus agentes ou a
organização criminosa estrangeira.

Exige-se, ademais, que o documento (ou informação) revelado


possa colocar em perigo a preservação da ordem constitucional ou
a soberania nacional, o que se constata com a própria classificação

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de secreto e ultrassecreto. São conceitos interligados, de maneira
que uma informação que coloque em risco, por exemplo, a
integridade nacional, inexoravelmente importará em risco à
soberania e também à ordem constitucional, já que a soberania é
fundamento da república.

A objetividade jurídica é o Estado democrático de direito e a


soberania nacional.

O objeto material é o Estado.

É crime punido a título de dolo.

O delito se consuma com a prática das condutas nucleares


descritas, sendo, portanto, material.

O sujeito ativo do crime é qualquer pessoa, logo, é comum.

O sujeito passivo é o Estado.

É crime de ação pública incondicionada.

Capítulo II - Dos crimes contra as instituições


democráticas
Art. 359-L. Abolição violenta do estado democrático de direito

“Tentar abolir” significa buscar, procurar, pretender, empenhar-se,


intentar eliminar, suprimir, extinguir ou destruir. O tipo penal
incrimina a conduta de tentar, com emprego de violência ou grave

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ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou
restringindo o exercício dos poderes constitucionais.

A objetividade jurídica é a democracia.

O objeto material é a instituição democrática.

O elemento subjetivo é representado pelo dolo, consistente na


vontade livre e consciente de tentar abolir o Estado democrático de
direito, por violência ou grave ameaça, impedindo ou restringindo o
exercício dos poderes constitucionais.

É crime formal, não exigindo a efetiva extinção do estado


democrático de direito.

O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, portanto, é crime


comum.

O sujeito passivo é o poder constitucional atacado.

A ação penal é pública e incondicionada.

Art. 359-M. Golpe de Estado

A conduta consiste em tentar depor o governo legitimamente


constituído com emprego de meio violento.

A objetividade jurídica é a democracia.

O objeto material é a instituição democrática atentada.

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O elemento subjetivo é representado pelo dolo, sendo necessária a
utilização de violência ou grave ameaça à pessoa.

É crime formal, não exigindo a efetiva deposição do governo.

O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, portanto, crime comum.

O sujeito passivo é o Estado.

É crime de ação penal pública e incondicionada.

Art. 359-N. Interrupção do processo eleitoral

A conduta consiste em obstar o processo eleitoral, impedindo o


perturbando a eleição ou aferição de seu resultado mediante
violação de mecanismos de segurança do sistema eletrônico de
votação estabelecido pela justiça eleitoral.

A objetividade jurídica é a integridade e probidade do processo


eleitoral.

O objeto material é a urna eletrônica.

O tipo penal é punido a título de dolo.

É crime material, exigindo o efetivo vício no processo eleitoral.

O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, portanto, é crime


comum.

O sujeito passivo é o Estado.

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É crime de ação penal pública e incondicionada.

Art. 359-P. Violência Política

O núcleo do tipo é composto pelas condutas de restringir, impedir e


dificultar mediante o emprego de violência física, sexual ou
psicológica, os direitos políticos de uma pessoa por razão de
qualidades elementares personalíssimas.

A objetividade jurídica é a democracia e a integridade física e


mental do violentado. Trata-se de crime complexo que tutela sobre
mais de um bem jurídico.

O objeto material é o corpo da vítima.

O tipo penal é punido a título de dolo.

O crime se consuma com a efetiva violência, portanto, é material.

O crime é comum, podendo ser sujeito ativo qualquer pessoas.

Os sujeitos passivos são o Estado e a pessoa violentada.

A ação penal é pública e incondicionada.

Art. 359-R. Sabotagem

A conduta consiste em destruir ou inutilizar meios de comunicação


ao público, estabelecimentos, instalações ou serviços destinados à
defesa nacional, com o fim de abolir o Estado Democrático de
Direito.

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A objetividade jurídica é o Estado Democrático de Direito.

O objeto material é o meio de comunicação.

O elemento subjetivo é o dolo específico, pois o agente atua com


especial fim de abolir o Estado Democrático de Direito.

É crime material, pois exige a efetiva destruição ou inutilização do


meio de comunicação.

O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, sendo, portanto, crime


comum.

Os sujeitos passivos são a sociedade e o Estado.

A ação penal é pública e incondicionada.

Art. 359-T. Protege a livre manifestação.

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