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1. Introdução........................................................................................................................2
1.2. Metodologias................................................................................................................3
2. Revisão Teórica...............................................................................................................4
4. Considerações Finais.....................................................................................................12
5. Referências Bibliográficas.............................................................................................13
1. Introdução
Com base nisso, através deste estudo procurar-se-á analisar o que motiva as pessoas a
buscarem essa perfeição corporal tão almejada na época actual. Nessa corrida para se
conquistar o corpo perfeito, as pessoas trabalham seus corpos na intenção de modificá-los e
modelá-los segundo suas expectativas relacionadas ao belo. Hoje, o culto ao corpo magro e
hipermusculoso estão relacionados à cultura da malhação prega a modificação do corpo a ser
construído individualmente pelo sujeito por meio de um trabalho árduo de dedicação e
esforço. O body-building e o body-art e modification são formas de tratar o corpo baseado na
concepção de beleza e forma física desejáveis, e cada vez mais essas práticas se inserem no
quotidiano das pessoas.
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1.1. Objectivos da Pesquisa
1.1.1. Objectivo Geral da Pesquisa
Analisar acerca da plástica e pensamento do corpo contemporâneo.
1.1.2. Objectivos Específicos da Pesquisa
Falar acerca do corpo como espectáculo;
Debruçar as indústrias da corporalidade; e,
O corpo desportivo como corpo paradoxal.
1.2. Metodologias
O presente estudo tem como proposta metodológica uma revisão da literatura. Trata-
se, portanto, de uma pesquisa exploratória de carácter descritivo. Acredita-se que esta
abordagem vai de encontro dos objectivos e necessidades do estudo proposto.
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2. Revisão Teórica
2.1. A Construção Cultural do Corpo
Segundo Queiroz (1999), o corpo humano possui dois aspectos a serem considerados.
Um deles está relacionado ao facto de constituir uma entidade biológica, natural, o primeiro
instrumento do homem, submetendo-se as condições impostas pela natureza. Em
contrapartida, o corpo é também objecto de domesticação e produto da cultura, sendo por ela
apropriado e modelado.
Naquele tempo, entendia-se o corpo como uma entidade biológica, resultado de uma
herança genética concedida pelos antepassados do indivíduo, não dispondo então, de
capacidades para alcançar um estatuto diferente. Não havia possibilidade dos corpos se
transformarem através de um trabalho sobre ele, de acordo com a própria vontade do
indivíduo, (Crespo, 1990).
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2.2. A Forma Física como Meio de Interacção Social
Segundo o mesmo autor, a homem, com sua identidade, possui uma igualdade com seu
corpo, implicando em uma igualdade consigo mesmo. O homem pertence a uma condição
corporal. Para Le Breton (1995), a alteração corporal representa uma alteração moral do
homem. O julgamento e o olhar do outro sobre ele pode gerar até mesmo violência. Apenas
uma pessoa comum não corre esse risco e não demonstra qualquer indiscrição.
As marcas corporais objectivam o olhar, seja o olhar do outro ou o olhar daqueles cuja
cumplicidade se busca. O sujeito trata o corpo como uma peça de afirmação social, a partir de
manipulações de si, (Le Breton, 2003). O corpo faz parte de uma relação do sujeito com o
outro, é responsável pela construção da identidade individual e social. A imagem corporal é
capaz de confirmar a identidade individual a partir do social, que de certo modo direcciona o
comportamento do sujeito.
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Nesse sentido, temos o fenómeno da espetacularização do corpo, do qual tem se
ocupado a mídia. E é sobre esse corpo-espectáculo e esse espectáculo do corpo que montamos
e analisamos nosso corpus, composto de oito capas da Revista Veja. A espetacularização
consiste, grosso modo, na conversão de um acontecimento, saber, objecto ou algo do tipo em
evento inusitado, digno de propagação; que eleva o objecto (o corpo) ao nível de um
espectáculo.
3. As Indústrias da Corporalidade
O corpo e suas expressões - sejam elas relacionadas aos avatares da razão e, portanto,
ao domínio e ao poder, sejam ainda vinculadas à arte, aos itinerários do desejo, da' potência,
das múltiplas contradições e interfaces dessa materialidade espessa - são questões das que
mais desafiam o pensamento contemporâneo.
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3.2. A Corporeidade Contemporânea
Michel Foucault trata o corpo como uma esfera política, alvo de relações de poder na
sociedade moderna, utilizado desde a Idade Média, por intermédio de castigos corporais e
torturas, até a Idade Moderna e a Pós-Moderna (contemporânea), tendo um corpo treinado,
submisso e dócil, passível de controlo e manipulação, (Queiroz, 2008).
Como já elucidado, nesta parte prende-se, de forma mais demorada, apresentar a ideia
de corpo paradoxal. Iniciando pelo primeiro, pode-se dizer que, para Gil (2002), o corpo
paradoxal se constitui de uma matéria especial, que tem a capacidade de ser no espaço e de
devir o espaço, ou seja, de combinar tão intimamente com o espaço exterior que dele adquire
texturas variadas: o corpo pode se tornar um espaço interior-exterior. Nas palavras do
filósofo:
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oceano, de vir puro movimento. Em suma, um corpo paradoxal,” (Gil, 2001,
p. 68).
Esse corpo paradoxal se abre e se fecha continuamente ao espaço e aos outros corpos.
Dispõe de uma capacidade com a qual se conecta menos com a existência dos orifícios que
vão marcar o corpo de forma visível (fazendo-o “corpo inscrição”) do que com a natureza da
pele, pois é mais pela superfície da pele do que pelos orifícios que o corpo se abre ao exterior.
Para o filósofo, a boca, o ânus ou a vagina estão a serviço de funções orgânicas de trocas entre
o interior e o exterior; contudo, raramente operam a abertura global do espaço interno, têm
como ressalva o momentoda fala e durante o prazer sexual. Para Gil (2001, p. 69), a
‘‘abertura’’ do corpo não é “nem uma metonímian em uma metáfora. Trata-se realmente do
espaço interior que se revela ao reverter-se para o exterior, transformando5 esse último em
espaço do corpo”.Gil (2002), destaca alguns aspectos essenciais da estrutura paradoxal do
corpo:
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percepcionado, cessa de ser interior e confunde-se com o espaço exterior. É um corpo
de presença e impresença.
Paradoxo da Presença e da Ausência - O corpo pode ser habitado e desertado pela
“alma”, mas também pode ser receptáculo para acolher em si outras ‘‘almas’’ virtuais
num só corpo actual.
O corpo paradoxal é virtual e latente em toda a espécie de corpo empírico que nos
forma e habita. É por meio dele que a dança e a arte em geral são possíveis. Ele é também
quem participa da formação pois é sobre os paradoxos do corpo que se constituirá; os corpos
empíricos seriam actualizações reduzidas e ficções feitas segundo imperativos dos saberes e
poderes. A verdade é que nossa condição habitual é esta, a de existir, sobretudo, como corpo
empírico funcional, orgânico, que recusa a intensidade e os paradoxos. Habituamo-nos a ver
nosso corpo comum como não intensivo e etiópico, por meio de camadas e camadas de
saberes e práticas que moldam o nosso olhar, detal forma que temos ideia de um corpo
“normal”, como o corpo morno, somente intensificado por meios técnicos (aí é possível situar
as diferentes ginásticas e desportos aobody-building).
Além do organismo, outro grande estrado que aflige o corpo é a significação que faz
com que os fluxos e as expressões do corpo sempre estejam atrelados a um significado, a
sentidos pré-fabricados; é isso que pretende a significância. Por meio dela, tudo do corpo é
entendido e se almeja interpretar. Então, pode-se dizer que “a significação cola na alma, assim
como o organismo cola no corpo e dela também não é fácil desfazer-se”, (Deleuze e Guattari,
1996, p. 26).
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3.4. O Corpo como Objecto de Consumo e Influência da Mídia
Desse modo, o corpo desempenha a função não só de ser responsável pela vida
afectiva do sujeito, mas de ser um objecto de investimento e um meio de manipulação
psíquica, através da mídia, no sentido de atender aos interesses comerciais de empresas que
promovem a indústria da beleza, (Baudrillard, 2003).
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4. Considerações Finais
Conforme as palavras acima supra citados, com este trabalho de pesquisa pode-se
concluir que o corpo revela a expressão do sujeito com o mundo e consigo mesmo, mas no
momento actual, o corpo vem tomando forma e ganhando força para expressar-se de acordo
com a vontade do indivíduo.
De frisar que o corpo assume uma posição central na vida do sujeito. Torna-se o
principal responsável pela conquista e realização de sonhos pessoais. Sendo assim, o
indivíduo projecta em seu próprio corpo todas suas expectativas e atribui a ele, seus sucessos
e fracassos cometidos no quotidiano.
No que tange aos marcos da indústria corporal conclui-se também que há estrutura boa
parte das práticas pedagógicas contemporâneas. Não é diferente no que se refere à educação
do corpo, seja no desporto, seja em outras formas de cultuar o corpo. No presente trabalho
foram analisadas algumas das expressões da presença do corpo nos esquemas da indústria
corporal. Apoiando-se nas contribuições originais de Max Horkheimer e Theodor W Adorno,
neste contexto analisadas as contradições e os ardis mistificadores do “tempo livre”, do
processo de racionalização do corpo no desporto, pensando-os nos limites da sociedade
administrada, onde se encontram com a deformação da consciência e com a glorificação da
experiência da dor. Ao final, reencontro ambiguidades do desporto em uma nova constelação,
pensando, nas relações com o corpo, a possibilidade e a legitimidade da esperança.
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5. Referências Bibliográficas
Deleuze G, Guattari F. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro: Editora; 1996.
Gil JN. Movimento total: o corpo e a dança. Lisboa: Relógio d’Água; 2001.
Gil JN. O corpo paradoxal. Em: Lins D, Gadelha S, editors. Nietzschee Deleuze: o que pode
o corpo. Rio de Janeiro: Relume-Dumará; 2002.
Gil JN. O imperceptível devir da imanência: sobre a filosofia de Deleuze. Lisboa: Relógio
d’Água; 2008.
Queiroz, R. S. O corpo do brasileiro: Estudos de estética e beleza. São Paulo: Senac. 1999.
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