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CHOQUE

É uma síndrome clínica que resulta da são equivalentes a um sistema de capacitância, tendo
perfusão tissular inadequada (hipoperfusão), gerando uma alta complacência e funcionando como um
um desequilíbrio entre a oferta de O2 e nutrientes que reservatório. As artérias possuem um tônus arterial.
sustentam a função celular. Quando há uma oferta Os capilares são responsáveis pelo processo de troca
insuficiente de O2 e nutrientes aos tecidos, devido a de nutrientes e gases entre o volume sanguíneo e os
hipoperfusão, ocorrerá um quadro de hipóxia celular e, tecidos.
posteriormente, essa célula entrará em rendimento
Para pensar em perfusão estamos falando de
anaeróbio. O fluxo inadequado para as células resulta
circulação, e quando falamos sobre ela estamos
em oferta insuficiente de O2, hipóxia celular e morte
falando de 3 elementos: volume sanguíneo, bomba
celular, que progride até a disfunção do órgão e,
hidráulica e os vasos.
finalmente, morte.
DETERMINANTES DA FUNÇÃO CARDÍACA:
Várias condições podem causar o choque, e a
Pensando no coração como uma bomba para
evolução desse estado de hipoperfusão não é linear
impulsionar o volume sanguíneo pelos vasos. O que
nem previsível, podendo acontecer rápido ou
determina a função dessa bomba?
lentamente. O choque vai afetar todos os sistemas
corporais, é uma hipoperfusão geral em todo o ▪ Pré-carga: tensão na parede do

organismo. Então esse organismo vai lançar mão de ventrículo esquerdo imediatamente anterior à

mecanismos homeostáticos como ativação do sistema contração, que vem do volume sanguíneo que

simpático, respostas hipermetabólicas, respostas preencheu o VE. Ela vai depender da volemia e

inflamatórias, entre outros, para que consiga complacência do ventrículo. Alterações na

recuperar a homeostasia. A fase final do choque se volemia e na complacência vão então afetar a

caracteriza pela falha dos mecanismos pré-carga cardíaca.

compensatórios na restauração da homeostase. ▪ Inotropismo: é a força de contração


(contratilidade) do ventrículo esquerdo.
O profissional Enfermeiro exerce uma
▪ Pós-carga: temos o volume dentro do
posição-chave para identificar os sinais de choque e
VE prestes a ser ejetado. Para que o coração
promover intervenções precoces. Para isso, é
ejete esse volume, há uma determinada
necessário que compreenda os mecanismos
resistência e a superação dessa resistência
subjacentes dos diversos tipos de choque
seria a pós carga. É a pressão na raiz da Aorta,
(hipovolêmico, cardiogênico, neurogênico, etc) e
equivale à pressão arterial sistólica.
reconheça os sinais sutis, bem como os mais óbvios,
de cada um deles. MICROCIRCULAÇÃO:
O volume sanguíneo ejetado vai percorrer um
CIRCULAÇÃO SISTÊMICA: trajeto pelos vasos que vão distribuindo o volume pelo
Através da circulação sistêmica será feita uma organismo, quando chega na rede capilar vamos ter a
distribuição de oxigênio e nutrientes para os tecidos dispersão dos nutrientes e gases pro organismo.
através do volume sanguíneo. Para isso, temos um Esses vasos vão diminuindo no calibre até chegar à um
sistema circulatório em que há uma bomba que fará a nível celular. Ao realizar todo esse trajeto, a pressão
propulsão desse volume (coração) em direção aos vai se adequando até chegar na microcirculação, essa
tecidos pra perfundi-los. Temos os vasos que são pressão se chama de PEC (pressão de enchimento
principalmente 3: veias, artérias e capilares. As veias capilar).
CHOQUE • Aumento do cronotropismo
Trata-se de um estado de hipoperfusão tissular (frequência cardíaca) e inotropismo (força de
contração cardíaca)
→ Apresenta distintas etiologias e, assim,
distintas fisiopatologias Todos esses eventos ocorrem para que haja um
→ Possui como denominador comum a ↓ aumento da pressão arterial.
da pressão de enchimento capilar
CLASSIFICAÇÃO DO CHOQUE
Independente da causa do choque, se não houver A classificação acontece de acordo com as etiologias
o reconhecimento de sinais e sintomas, do quadro, e segundo substrato fisiopatológico Ele pode ser:
não tiver intervenção, o resultado final poderá ser o
▪ Hipovolêmico: se o problema for no volume
óbito.
sanguíneo
ESTRATÉGIAS FISIOLÓGICAS COMPENSATÓRIAS NO ▪ Cardiogênico: se o problema for na bomba
CHOQUE: ▪ Distributivo: se o problema for na bomba
Existe o agravo inicial que vai levar ao choque, ▪ Obstrutivo
diante dele, vamos ter uma hipoperfusão tissular e ▪ Pode ser misto
diminuição da oxigenação tissular. Com isso, o
CHOQUE HIPOVOLÊMICO
organismo vai ativar a resposta homeostática levando
É decorrente da redução do volume intravascular
a 4 situações: aumento da resposta simpática
(hipovolemia). É o tipo mais frequente de choque.
(aumento da FC, PA, inotropismo e, consequentemente,
o débito cardíaco), ativação do sistema renina- Causas da diminuição da PEC:
angiotensina (aumenta reabsorção de Na e H2O e,
▪ Hemorrágica: perda de eritrócitos e
consequentemente, ↑ pré-carga e débito urinário),
plasma decorrente de uma hemorragia que pode
aumento da catecolamina e cortisol (aumento da
ser interna ou externa. Ex: acidente
glicose pro metabolismo), aumento da FR para
automobilístico
aumentar a Sat02 e oferta de O2. Durante um tempo
▪ Não hemorrágica: somente perda de
essas estratégias funcionam, mas uma hora esses
plasma. Ex: um queimado em que o plasma
mecanismos falham e o choque evolui.
migra para o terceiro espaço.

Arteriolar (↑RVP) A causa pode ser facilmente evidenciada ou não,

Vasoconstrição de acordo com o que vemos e o que não vemos, por


Venosa (↑RV = ↑ isso é importante o conhecimento e relacionar os
Pré-carga) ↑
Ativação Pressão
simpática Arterial fatores.
↑ FC
↑ Cronotropismo
e Inotropismo Como ele ocorre?
↑ Contratilidade Retorno Volume
Hipovolemia venoso sistólico
diminuído diminuído

PA = DC x RVP DC = VS x FC

Ativação simpática: Perfusão Débito


tissular cardíaco
diminuída diminuído
• Vasoconstrição: tanto arteriolar Hipovolemia que vai diminuir o retorno venoso tendo um menor
(aumento da resistência vascular periférica) volume sistólico e um débito cardíaco diminuído ocasionando na
perfusão tissular diminuída.
quanto venosa (aumento da resistência venosa
e, consequentemente, da pré-carga). Na tentativa de recuperar a perfusão tecidual,
o organismo lança mão de estratégias fisiológicas
compensatórias ocorrendo uma ativação simpática, Como ele ocorre?
que contribuem para aumento da PA: Evento
Ativação da
Vasodilatação resposta
precipitante
inflamatória
Contração venosa → Efeitos cardíacos
Contração
aumenta o retorno diretos →
arteriolar →
venoso → aumenta a cronotrópico positivo
aumenta a RVP
pré-carga e inotrópico positivo Má
Débito Retorno
distribuição do
cardíado venoso
CHOQUE CARDIOGÊNICO diminuído diminuído
volume
intravascular
Redução da PEC devido ao baixo DC, oriundo de
patologia cardíaca. É um dos mais graves. Causas:
Perfusão
tissular
▪ Coronarianas: decorrente de lesão diminuída

miocárdica ventricular oriunda de IAM Evento precipitante que causa a vasodilatação ativando a
resposta inflamatória ocorrendo uma má distribuição do volume
▪ Não coronarianas: condições que
intravascular. O retorno venoso é diminuído assim como o DC e a
estressam o miocárdio ou função ineficaz. As
perfusão tissular. A musculatura arteriolar lisa não responde ao
estratégias compensatórias ficam estímulo simpático pois as artérias estão lesadas. É o choque mais
comprometidas!! grave de todos, é o com mais índices de mortalidade de todos.

Como ele ocorre? 1) Choque Séptico


▪ Decorrente de infecção local que
Congestão adquire caráter sistêmico – SEPSE
pulmonar
▪ Ambiente hospitalar/
Diminuição da Volume sistólico Diminuição da
contratilidade e Débito cardíaco perfusão tissular Imunocomprometidos/ Procedimentos invasivos
cardíaca diminuídos sistêmica
Diminuição da
→uma das principais causas de óbito em UTI
perfusão
coronariana ▪ Agentes causadores de infecção →
toxinas → mediadores inflamatórios → potente
Ocorre a diminuição da contratilidade cardíaca em que vai
ter o volume sistólico e débito cardíaco diminuídos gerando 3 ação vasodilatadora
consequências: congestão pulmonar, diminuição da perfusão ▪ Vasodilatação local: OK
tissular sistêmica e diminuição da perfusão coronariana. A ▪ Vasodilatação generalizada: ↓RVP =
diminuição da perfusão coronariana acaba piorando a contratilidade
↓PA e ↓PEC
cardíaca.
▪ Ativação simpática sem sucesso
CHOQUE DISTRIBUTIVO ▪ Aumento da permeabilidade vascular
▪ Drástica redução da PEC devido a uma → ↓pressão coloidosmótica → ↓perda de plasma
vasodilatação periférica global 2) Choque Neurogênico
▪ O DC e a volemia estão preservados, ▪ Diminuição da PEC devido à perda
mas o problema é nos vasos súbita do tônus vascular
▪ Único tipo de choque onde ocorre ▪ Tônus vascular → estado de ligeira
vasodilatação contração vascular mantido pelo SNA → crucial
▪ Também é deflagrado mecanismo para a manutenção da PA e PEC
compensatório por ativação simpática. No ▪ Perda do tônus vascular →
entanto, a musculatura lisa arteriolar se vasodilatação sistêmica
encontra severamente lesada e não responde ao ▪ Causa: injúria no centro vasomotor
estímulo simpático (SNC)
▪ Tipo de choque mais grave, com pior - Anestesia geral profunda (depressão
prognóstico e maiores índices de mortalidade excessiva)
▪ Quatro causas distintas
- Drogas ou fármacos depressores do APRESENTAÇÃO CLÍNICA DO CHOQUE
▪ Varia de acordo com o tipo de choque,
SNC
etiologia e resposta orgânica à
- Anestesia espinal (bloqueio da
hipoperfusão/hipóxia
descarga simpática)
▪ Achados severos são comuns a todos
- Lesão cerebral difusa que cause
os tipos de choque
paralisia vasomotora
▪ Alguns achados são sugestivos de um
3) Choque Anafilático
determinado tipo de choque
▪ Reação alérgica devido a exposição a
antígeno ao qual é previamente sensível CHOQUE HIPODINÂMICO x CHOQUE HIPERDINÂMICO
▪ IgE → degranulação de mastócitos →
▪ Choque hipodinâmico “frio”: ↓DC e ↑
mediadores (histamina)
da resistência vascular. Todos os choques
▪ Histamina
menos o distributivo (pele fria, pálida, pulso
- Venodilatação
filiforme, enchimento capilar >2s)
- Vasodilatação arteriolar
▪ Choque hiperdinâmico “quente”: ↑DC e
- Aumento da permeabilidade vascular
↓da resistência vascular. Apenas o distributivo
▪ ↑↑ Permeabilidade pode produzir
(pele quente, avermelhada)
edema de glote
Principais achados clínicos:
CHOQUE OBSTRUTIVO
▪ Obstrução mecânica ou compressão ▪ Hipotensão absoluta (PAS abaixo de 90
dos grandes vasos ou do coração. mmHg) ou relativa (queda > 40mmHg na PAS).
▪ Principais causas: Não necessariamente estará presente, mas
▪ Tamponamento cardíaco (quando deve-se restaurar a perfusão o mais
ocorre acúmulo de líquido ou sangue no precocemente possível, mesmo na sua ausência
pericárdio seroso) ▪ Oligúria: um dos sinais mais precoces
▪ Pneumotórax hipertensivo (aumento do choque
agudo da pressão intratorácica que desvia ▪ Alterações do nível de consciência:
estruturas prejudicando funcionamento) mudanças contínuas durante o choque (agitação,
▪ Tromboembolismo pulmonar: trombos confusão, obnubilação, coma)
em circulação venosa → êmbolos → obstrução ▪ Acidose metabólica: devido à redução
dos capilares pulmonares → ↓ sangue que da conversão do lactato pelo fígado + aumento
retorna ao coração → ↓ DC da produção de lactato pelo metabolismo
anaeróbio
Nesse choque os 3 elementos funcional: bomba, rede
▪ Má perfusão periférica: devido aos
vascular e volume sanguíneo. É algo externo que
mecanismos de vasoconstrição periférica para
acontece.
redirecionar o fluxo aos órgãos vitais nos
Hipotensão
choques hipodinâmicos. Pele fria, pegajosa e
enchimento capilar lentificado (>3’) hipoperfusão

TRÍADE DE BECK e mecanismos compensatórios de


vasoconstrição
Abafamento das
Aumento da PVC
bulhas cardíacas Achados clínicos sugestivos:
▪ Hipovolêmico: dependendo da causa, - Exames laboratoriais
pode haver hematêmese, hematoquezia, - ECG
melena, náusea, vômitos...Manifestações - Radiografia de tórax
clínicas: pele, língua e mucosa oral secas, - Culturas de possíveis sítios de
redução do turgor cutâneo infecção (na suspeita de choque
▪ Cardiogênico: dependendo da causa, séptico)
pode haver dispneia, dor torácica ou palpitações.
TRATAMENTO
Pode haver alterações na ausculta pulmonar ▪ Visa a eliminação dos fatores
observando por exemplo crepitações (congestão
desencadeantes e à normalização da perfusão
pulmonar), na ausculta cardíaca auscultar
tissular e da oferta tecidual de oxigênio.
sopro, galope e abafamento de bulhas. Pode
▪ Atendimento inicial deve ser
haver sinais de congestão pulmonar à
sistematizado, sendo as mesmas prioridades
radiografia, sinais de isquemia miocárdica ao
para qualquer tipo de choque.
ECG e elevação de enzimas cardíacas
▪ Distributivo: dispneia, tosse produtiva, ABORDAGEM INICIAL AO CHOQUE
SUPORTE BÁSICO DE VIDA
hematúria, calafrios, mialgia, dor, história que
faça você correlacionar à etiologia do choque ACESSO VENOSO CALIBROSO

distributivo como picada de insetos,


REPOSIÇÃO VOLÊMICA AGRESSIVA
traumatismo raquimedular. O paciente pode
apresentar febre, alterações do nível de DROGAS INOTRÓPICAS E VASOATIVAS

consciência, taquipneia, petéquias, rubor e


Suporte básico de vida
leucocitose
A (airway): Acesso às vias aéreas para mantê-las
▪ Obstrutivo: pneumotórax hipertensivo
pérvias e protegidas contra obstrução
(sinais de insuficiência respiratória, enfisema
subcutâneo, ausência de MV, timpanismo à B (breathing): Manutenção da adequada ventilação e
percussão e desvio de traqueia). Tamponamento oxigenação. Pode ser um suporte de oxigenação não
cardíaco (taquicardia, bulhas abafadas, estase invasivo, mas se não for suficiente pode ser necessária
jugular). TEP, coartação da aorta, etc (dispneia, ventilação mecânica através de intubação
dor retroesternal, cianose...)
C (circulation): Manutenção da circulação, visando um
DIAGNÓSTICO tratamento definitivo para as causas de instabilidade
▪ Eminentemente clínico hemodinâmica. Estamos falando sobre reposição
▪ Diante da suspeita de choque, o volêmica e uso de drogas vasoativas
diagnóstico deve ocorrer concomitantemente à
Juntamente com as medidas de
ressuscitação, visando corrigir o déficit de
reestabelecimento e manutenção da circulação, devem
perfusão tecidual e prevenir lesão adicional
ser adotadas medidas definitivas para corrigir o estado
▪ Histórico: pode aportar informações
de choque de acordo com a etiologia:
valiosas e deve ser direcionado à procura da
etiologia do choque ▪ Cardioversão elétrica (taquiarritmias)
▪ Exame físico: deve ser eficiente e ▪ Marcapasso (bradiarritmias)
direcionado ▪ Trombolíticos (IAM, TEP)
▪ Exames complementares devem ser ▪ Pericardiocentese/tomia (tamponamento
realizados precocemente na avaliação: cardíaco)
▪ Drenagem torácica (pneumotórax - PVC (pressão venosa central) entre 8
hipertensivo) e 12 mmHg
▪ Antibióticos, drenagem de abcesso (choque - SvO2 >70%
séptico) - Hematócrito > 30%

Acesso venoso calibroso SOLUÇÕES DE EXPANSÃO VOLÊMICA


▪ Obter acesso ao sistema vascular rapidamente
O tipo de líquido utilizado na reposição irá
▪ Instalar dois cateteres IV periféricos #16 ou #18
depender da natureza da perda e da intensidade da
▪ Coletar amostra de sangue para exames
mesma. A reposição volêmica pode ser feita com
laboratoriais
cristaloide (ringer simples, ringer lactato, soro
Reposição volêmica fisiológico) e/ou coloides (sangue e seus derivados,
Objetivo: manutenção de pressões de enchimento albumina, dextranas e aminos naturais e sintéticos).
ventricular em níveis adequados para produzir um DC
Os cristaloides apresentam uma capacidade de
efetivo, independentemente da etiologia do choque
expansão volêmica bem menor que a dos coloides, já
▪ Medida inicial mais importante. Visa que apenas 1/4 do volume infundido permanece no
expandir o volume intravascular (aumentar a intravascular. O uso de sangue está reservado para
pré-carga) para corrigir a hipotensão, aumentar grandes perdas (>30% do volume sanguíneo total). Em
o volume urinário e melhorar o estado geral, procura-se manter o hematócrito em 30% e a
neurológico taxa de hemoglobina em 10 g/dL. Pacientes jovens,
▪ Solução deve estar aquecida geralmente, têm condições de suportar taxas menores
▪ Volume: 2000mL (adulto) e 20mL/kg (até 5 a 7g/dL.), seguindo a tendência mundial de evitar
(criança) expô-los aos riscos das transfusões sanguíneas.
▪ Monitorizar a resposta ao volume:
1) CRISTALOIDES
diminuição da taquicardia, melhora do DU e do
▪ Soluções mais utilizadas na
estado neurológico
ressuscitação volêmica
▪ Soluções: cristaloides e coloides
▪ Composição simples: eletrólitos e água
▪ Hemotransfusões: reservadas a
▪ Seguros, atóxicos e não-reagentes
pacientes com grandes perdas (>30% da
▪ Prontamente disponíveis
volemia). Nos demais pacientes só se for
▪ Líquidos isotônicos
necessário e não tiver resposta aos cristaloides
▪ Bons expansores de volume
e coloides.
▪ Taxa de velocidade de infusão deve ser
▪ Velocidade de infusão deve corrigir o
monitorada
déficit de forma eficiente e rápida. A velocidade
de infusão deve ser avaliada de acordo com as Exemplos: SF, ringer lactato. A escolha é feita pela
disponibilidade e avaliação clínica.
características do paciente. Se estivermos
diante de um paciente idoso ou cardiopata não 2) COLOIDES
pode ser rápido demais podendo ocasionar uma ▪ Contém moléculas complexas, de alto peso
sobrecarga cardíaca. molecular
▪ Terapia guiada por objetivos: ▪ Efeito osmótico que mantém por mais tempo o
- PAM (pressão arterial média) > volume ofertado no intravascular
90mmHg ▪ Considerados adjuvantes ou alternativos
▪ Comparados aos cristaloides, são mais caros e Monitorização rigorosa de SSVV (FC e PA); Transferência para a UTI

suas complicações mais agressivas MONITORIZAÇÃO


Base para o diagnóstico e tratamento do choque
Exemplos: albumina, amido, dextran e fluidos gelatinosos
modificados ▪ SSVV e Sa02 de forma contínua ao
Coloides -complicações monitor; recomenda-se a medida invasiva da

- Albumina: hipernatremia, sobrecarga hídrica, PA


piora da SDRA, diminuição da agregação plaquetária, ▪ Parâmetros hemodinâmicos de forma
risco de lesão renal
contínua durante a ressuscitação volêmica
- Amido (polímeros de glicose em SF): cefaleia,
prurido, vômitos prolongamento do TP e do TTPA, - POAP (pré-carga VE)
elevação de enzimas hepáticas e bilirrubinas - DC
- Dextran (coloide não proteico): coagulopatia
por inibição plaquetária, insuficiência renal e reações - SvO2
alérgicas - PVC
- Gelatinas (polipeptídeos derivados de
▪ Glicemia capilar
colágeno bovino modificado): reações anafiláticas –
USO PRATICAMENTE ABANDONADO ▪ Débito urinário: essencial avaliar a

3) DERIVADOS DO SANGUE função renal, o grau de perfusão, eficácia da

Mais eficazes para aumentar a capacidade de terapia e BH rigoroso. Utilizar CVD


transporte de O2
ESTRATÉGIAS DE MANEJO GERAL
Concentrado de hemácias: indicado para perdas
sanguíneas moderadas e graves – não adiciona SUPORTE RESPIRATÓRIO
volume excessivo
EQUILÍBRIO ACIDOBÁSICO
Plaquetas: utilizadas na presença de trombocitopenia
e hemorragias SUPORTE NUTRICIONAL

Plasmo fresco: utilizado para corrigir os déficits


ANALGESIA
plasmáticos e restaurar a pressão osmótica

Considerar os riscos da terapia transfusional →


Ventilação e oxigenação
reações hemolíticas, hipotermia, distúrbios
hidroeletrolíticos, TRALI, etc Oxigenoterapia deve ser iniciada
precocemente. A ventilação deficiente e a oxigenação
Drogas inotrópicas e vasoativas inadequada contribuem para o agravamento do
Administração cautelosa, somente após choque
ressuscitação volêmica ou enquanto esta é realizada
▪ SaO2 deve ser mantida >96%
e a hipotensão permanece. Não deve ser utilizada de
forma precoce! Equilíbrio acidobásico
▪ Auxiliam a manter a pressão de ▪ O estado de choque cursa com
perfusão acidose metabólica
▪ PAM alvo: pelo menos 60-65mmHg ▪ Sua gravidade se relaciona à extensão
▪ Vasopressores: dopamina e e à duração da hipoperfusão tecidual
noradrenalina (melhoram a perfusão tissular ▪ Também pode estar presente a
por vasoconstrição, ↑DC e↑PAM acidose respiratória, devido à ventilação

▪ Vasodilatadores: nitroprussiato de pulmonar inadequada

sódio, nitroglicerina ▪ O desequilíbrio é revertido facilmente

▪ Agentes inotrópicos: dobutamina, quando a restauração da perfusão tecidual é

inibidores da fosfodiesterase (melhora o DC por precoce

ação inotrópica) ▪ Dependendo do nível de acidose,


deve-se iniciar a correção com bicarbonato
Suporte nutricional ▪ Avaliar rigorosamente a função renal
▪ Deve ser iniciado precocemente (BH, CVD)
▪ O choque hipovolêmico apresenta ▪ Avaliar a pele quanto a cor,
uma fase inicial de hipometabolismo temperatura, umidade, textura e turgor
▪ Após a reversão do quadro, ▪ Manutenção da integridade da pele
predomina a fase hipermetabólicas: ▪ Manutenção de dispositivos invasivos
- ↓Motilidade intestinal ▪ Monitorização e registro dos

- ↓ Absorção intestinal parâmetros vitais e hemodinâmicos

- ↑ Permeabilidade intestinal ▪ Monitorar o estado hidroeletrolítico

- ↓ Função imune ▪ Preparo, administração e controle da

- Translocação bacteriana terapia farmacológica prescrita


▪ Avaliar a dor
Analgesia
▪ Observar a aceitação alimentar e
▪ Avaliação e controle rigoroso da dor iniciar suporte nutricional precoce
▪ No paciente com choque, a dor está ▪ Orientar paciente e familiares sobre os
relaciona às diversas intervenções terapêuticas cuidados prestados
invasivas a que é submetido

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

▪ Parâmetros hemodinâmicos:
cateteres, monitores e materiais/equipamentos
específicos; medida e registro dos parâmetros
▪ Treinar. Avaliar e supervisionar a
equipe de enfermagem quanto à habilidade
técnica – indicação, instalação, manutenção e
riscos dos dispositivos utilizados
▪ Coleta de amostras para exames
laboratoriais
▪ Instalação de acessos vasculares – de
preferência calibrosos, nos MMSS
▪ Avaliação da dor e discussão do seu
tratamento
▪ Terapia nutricional precoce
▪ Suporte emocional e social – outros
profissionais
▪ Oferecer oxigenação adequada para
combater os efeitos da isquemia cardíaca e a dor
no peito associada
▪ Assegurar a disponibilidade do
material de emergência
▪ Avaliar o nível de consciência
▪ Avaliar o pulso periférico quanto a
ritmo, frequência e qualidade

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