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Advertência e Suspensão Disciplinar
Advertência e Suspensão Disciplinar
DISCIPLINAR
Poder Disciplinar, Limites, Modalidades, Penalidades, Recusa do
Empregado
Roteiro
1. Introdução
Neste sentido, no contrato de trabalho deve constar as obrigações a serem cumpridas pelo
empregado e empregador na relação de emprego.
Este direito de punir o empregado é chamado de poder disciplinar, que é uma ramificação
do poder de mando e direção que o empregador tem pelo desempenho de sua atividade
econômica.
O poder disciplinar traz a faculdade de aplicar penalidades trabalhistas, que nada mais são
que ações punitivas, que tem por objetivo a correção de uma conduta faltosa ou imprópria
do empregado, bem como, tenta evitar a repetição da conduta.
O "Poder de Direção", bem como os demais poderes ligados a atividade empresarial não
tem uma regulamentação expressa na CLT.
Assim, a doutrina trabalhista e a jurisprudência são quem fazem uma construção baseada
na leitura do artigo 2° da CLT, que dispõe o conceito de empregador para então entender o
poder de direção.
No mesmo sentido, a Constituição Federal de 1988, no inciso IV do artigo 1°, e no artigo 5°,
e inciso II do artigo 170, traz disposições que fundamentam o Poder de Direção do
empregador.
O poder diretivo subdivide-se de três formas, sendo elas: o poder de organização; o poder
de fiscalização; e o poder disciplinar imposto sobre o empregado (MARTINEZ, Luciano,
Curso de Direito do Trabalho, São Paulo: Saraiva, 2012).
Ademais, Godinho Delgado traz que, o conjunto de prerrogativas que o empregador tem
em suas mãos são indispensáveis para que este dirija e organize a estrutura, bem como o
processo de trabalho da empresa, é denominado de poder diretivo (DELGADO, Maurício
Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: Ltr, 2012).
Desta maneira, o empregador detém poder para direcionar como o empregado deve
prestar o serviço, dando especificações de conduta, local e horário.
a) Poder regulamentar;
b) Poder fiscalizatório;
c) Poder disciplinar.
Deste modo, para que o empregador mantenha a ordem e disciplina dentro do ambiente de
trabalho, ele possui a opção de aplicar penalidades, contudo deve agir com moderação e
senso de justiça, uma vez que se aplicada uma sanção de forma não razoável, esta poderá
ser tratada como uma arbitrariedade por parte do empregador.
Portanto, para que seja possível um maior entendimento sobre a aplicação das
advertências e suspensões no contrato de trabalho para a correção de condutas
inadequadas dos empregados será necessário entender as características do poder
disciplinar.
3. Poder Disciplinar
Já para Martinez, o poder disciplinar permite que o empregador penalize o empregado que
não cumpre suas ordens, de forma que, as sanções aplicadas são resultados da infração a
condutas relacionadas ao contrato de trabalho (MARTINEZ, Luciano, Curso de Direito do
Trabalho, São Paulo: Saraiva, 2012).
Assim, Godinho Delgado traz que, no âmbito das sanções, há modalidades punitivas
específicas, e em ordem de gravidade tem-se:
b) suspensão disciplinar;
O poder disciplinar não é ilimitado, de forma que, quando o empregado não se conforma
com a medida aplicada, cabe à Justiça do Trabalho decidir se mantém ou cancela a
medida.
Assim, entende-se que existem limites na aplicação do poder de direção previstos na lei,
contrato de trabalho, convenções, acordos coletivos e princípios do Direito. Dentre tais
princípios, tem-se o princípio da boa-fé objetiva e da razoabilidade.
As ordens as quais o empregado deve se submeter devem ser sobre aspectos atinentes a
relação de trabalho. E quando as receber sobre qualquer outro aspecto da vida privada não
será obrigado a cumpri-las, uma vez que extrapola a relação empregatícia.
Deste modo, o empregador não pode usar seu poder diretivo em relação a aspectos
particulares do empregado, tais como religião, convicções políticas, amizades, aparência
física, orientação sexual, etc.
Ainda se faz importante ressaltar que as punições disciplinares devem ser proporcionais
com a gravidade da falta cometida. Deste modo, o empregador quando for aplicar sanções
disciplinares deve sempre ter bom senso e razoabilidade, a fim de não configurar uma
medida abusiva.
5. Modalidades de Punição
Existem quatro modalidades possíveis de punições aplicáveis aos empregados, sendo elas
a advertência verbal, advertência escrita, a suspensão disciplinar e a pena de demissão
chamada de rescisão por justa causa.
5.1. Advertência
Dessa forma, por ser um aviso, com fins de chamar a atenção do empregado para que
cumpra suas obrigações, o superior hierárquico irá repreendê-lo para que cumpra as
disposições contratuais e regras internas da empresa.
Via de regra, quando o empregado vem implicando em várias faltas consideradas leves ou
médias, de acordo com o entendimento do doutrinador trabalhista Godinho Delgado, se faz
necessária a gradação das penalidades, para aplicações de sanções aos empregados,
sendo a advertência verbal ou escrita aplicada inicialmente, para alertar ao empregado
acerca das condutas faltosas (DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho.
São Paulo: Ltr, 2012).
Ocorre que, se o empregado cometer pela primeira vez, uma falta já considerada grave ou
gravíssima, pela própria finalidade das punições, não faria sentido dar ao empregado
apenas um aviso, uma advertência. Nesses casos, seria necessário avaliar se não caberia
ao caso concreto, a aplicação de uma suspensão disciplinar ou ainda, uma rescisão por
justa causa.
Nos casos em que a advertência for aplicada ao empregado, será possível incluir a
informação no livro ou ficha de registro do empregado. Todavia é proibida qualquer
anotação na Carteira de Trabalho física ou digital do empregado, de acordo com o §
4° do artigo 29 da CLT.
Importante esclarecer que, as penalidades devem ser aplicadas como forma de alertar e
disciplinar o empregado, no sentido de que, o empregador não poderá usar esta punição
como uma forma de retaliação pessoal, ou seja, não aplique as penalidades por problemas
pessoais entre as partes.
5.2. Suspensão
Quando ocorrem faltas mais graves, é cabível a aplicação da suspensão disciplinar, seja
por reincidência de faltas mais leves ou mesmo por uma nova falta grave.
Tais medidas disciplinares podem ser aplicadas ao longo de todo contrato de trabalho,
inclusive durante o período em que o empregado cumpre aviso prévio.
A penalidade de suspensão tem o mesmo efeito de uma falta injustificada, razão pela qual,
quando o empregado for punido com a suspensão disciplinar, será permitido ao
empregador:
b) descontar avo de férias, se o empregado for suspenso por pelo menos 15 dias dentro do
mês do período aquisitivo;
c) descontar avo de 13° salário, se o empregado for suspenso por pelo menos 15 dias
dentro do mês calendário.
Caso esse limite seja ultrapassado, poderá o empregado ingressar com uma reclamatória
trabalhista solicitando a rescisão indireta do contrato de trabalho, cabendo neste caso, à
Justiça do Trabalho fazer o controle de legalidade da aplicação da medida e em casos de
abuso aplicar uma rescisão por justo motivo ao empregador (rescisão indireta).
Assim sendo, quando aplicada uma suspensão disciplinar ao empregado que ultrapasse o
limite de 30 dias, de forma que este fique por todo este período sem percepção de salário,
tal conduta pode configurar uma rescisão indireta de contrato a pedido do empregado.
Sendo assim, caberá ao empregador analisar cada caso em que se faça necessário aplicar
a suspensão, visto que, em relação a falta grave cometida, a suspensão deve ser
proporcional, de forma a não gerar prejuízos excessivos ao empregado.
Diante de uma situação onde não há mais como sustentar a relação contratual entre o
empregado e o empregador, a aplicação da demissão por justa causa será a penalidade
mais grave que o empregador pode utilizar.
O artigo 482 da CLT, traz pontualmente, quais motivos podem ensejar a rescisão por justa
causa do empregado, assim, não é qualquer descumprimento contratual que enseja a
aplicação da medida.
Uma vez que as consequências da medida são tão grandes, deve-se utilizar de bom senso
e razoabilidade na aplicação da medida, pois se for considerada muito severa a sua
aplicação em relação a falta cometida, será possível que, em uma reclamatória trabalhista
a justa causa seja revertida.
Luciano Martinez dispõe que, como todo direito é potencialmente suscetível de abuso, a
Justiça pode, obviamente, redimensionar a penalidade quando identificar que o padrão
atuou de modo desproporcional (MARTINEZ, Luciano, Curso de direito do Trabalho, São
Paulo: Saraiva, 2012).
Para mais informações sobre o tema, sugere-se a leitura da matéria: Rescisão por Justa
Causa - Boletim n° 01/2019
Para que a empresa se resguarde nesses casos, será permitido ao empregador realizar a
assinatura a rogo.
Embora não haja nenhuma necessidade perante a lei trabalhista, de que as testemunhas
sejam do setor de Recursos Humanos da empresa, apenas por uma questão preventiva, a
fim de evitar mal-estar entre os empregados do mesmo setor, orienta-se que, as
testemunhas sejam preferencialmente do setor de Recursos Humanos da empresa, visto
que, são pessoas capacitadas para tais questões e, via de regra, são pessoas neutras em
relação aos acontecimentos ocorridos na empresa.
O empregador quando da aplicação de uma punição deve se atentar a forma como faz
esta comunicação, devendo ser feita de forma particularizada. Isso porque, se o
empregado se sentir constrangido perante seus colegas, poderá gerar uma falta gravosa
por parte do empregador, ensejando o pagamento de danos morais mediante uma
reclamatória trabalhista.
De modo que, deve haver provas da conduta praticada pelo empregado para que seja
aplicada a penalidade imposta.
6.2. Imediatidade da Punição
Para se ter imediatidade, o empregador deve aplicar a penalidade assim que tomar
conhecimento do descumprimento de uma norma pelo empregado, pois a demora na
aplicação da medida disciplinar pode configurar o reconhecimento de um perdão tácito.
Deste modo, a punição pelo ato faltoso deve ser aplicada de forma imediata e atual.
A legislação não traz um período específico para que se considere perdoada a atitude
praticada pelo empregado, todavia, o quanto mais breve possível, menor a janela de tempo
para que se possa tentar requerer uma reversão de punição em uma possível reclamatória
trabalhista.
6.3. Perdão Tácito
Este critério está intimamente ligado à imediatidade da punição, no sentido de que, quando
o empregador não aplica uma sanção disciplinar no período adequado pode ser
considerado um perdão tácito (por omissão).
6.4. Unicidade da Pena
Para cada conduta faltosa do empregado deve existir apenas uma sanção disciplinar a ser
aplicada, visto que, o empregador não pode aplicar duas sanções disciplinares por uma
mesma conduta.
Também não seria possível aplicar uma rescisão por justa causa ao empregado quando do
retorno do período de suspensão disciplinar, sem que tenha cometido uma nova conduta
faltosa, pois caracterizaria duas penas para uma única conduta.
6.5. Ausência de Discriminação
Os critérios de aplicação das sanções disciplinares de uma empresa devem ser adotados
de forma igual para todos os empregados. Pois quando são aplicados pesos e medidas
diferentes na aplicação da mesma penalidade poderá ser configurada uma discriminação
entre os empregados.
Como exemplo, o empregado A, que recebeu uma advertência por ter faltado 2 dias sem
justificativa, o empregado B não pode receber uma suspensão quando cometer a mesma
falta disciplinar. Devendo o tratamento da aplicação destas penalidades ser feito de igual
forma.
6.6. Proporcionalidade
O empregador deverá analisar a conduta praticada pelo empregado, apurar quão grave ela
é, e aplicar a sanção conforme a gravidade das consequências da falta cometida pelo
empregado.
Sendo assim, o empregador deve usar o princípio da proporcionalidade para a aplicação da
penalidade, sendo que para faltas leves devem haver medidas menos severas e para
condutas mais graves, medidas mais severas.
A CLT traz alguns motivos pelos quais o empregador pode aplicar a justa causa, pena
máxima em se tratando de sanções disciplinares, para os empregados.
Quando existe o entendimento por parte do empregado que a medida foi injusta ou
desarrazoada é possível que este ingresse com uma reclamatória trabalhista requerendo a
reversão da medida. Desta forma, cabe ao Poder Judiciário, verificar com cuidado os
critérios e todas as provas do que ocorreu na relação trabalhista para verificar se a medida
imposta deve ser mantida ou revertida.
Assim, somente deve ser aplicada a justa causa quando a gravidade da conduta do
empregado causa a perda da confiança do empregador, na manutenção da relação de
emprego.Neste sentido, o artigo 482 da CLT, elenca quais os motivos que podem ensejar a
dispensa do empregado por justa causa, sendo eles:
a) ato de improbidade;
i) abandono de emprego;
j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou
ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de
outrem;
k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e
superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
É possível ainda a aplicação da justa causa quando o empregado comete atos atentatórios
à segurança nacional, desde que a prática esteja comprovada em inquérito administrativo.
Logo, por ser uma medida que gera reflexos tão negativos a relação contratual, deve antes
de sua aplicação, o empregador analisar com cuidado o caso concreto e resguardar-se
com provas da falta gravosa, para que a rescisão não seja convertida em sem justa causa,
ou ainda gerando a reintegração do empregado a empresa.
8. Recusa do Empregado
O empregado quando recebe uma advertência, suspensão ou justa causa, por escrito, deve
afixar sua assinatura declarando conhecimento no comunicado da medida aplicada.
Todavia quando houver a recusa do empregado em dar ciência da penalidade recebida, o
empregador por cautela poderá, na presença de duas testemunhas, ler o teor da
comunicação da medida aplicada, conforme o modelo abaixo:
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Testemunha 1
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Testemunha 2
_______________________
Empregador.
Contudo quando ocorrem faltas injustificadas ao longo do período ocorrerá uma redução
no período de gozo de férias na seguinte proporção:
a) 30 dias, quando não ocorrerem faltas injustificadas ao serviço por mais de cinco vezes;
9.2 13° Salário
Neste sentido, caso o empregado cometa um ato faltoso durante o cumprimento do aviso
prévio trabalhado, não existe qualquer disposição legal que proíba a aplicação de uma
advertência ou suspensão disciplinar ao empregado.
Além do mais, o aviso prévio integrará o contrato de trabalho para todos os efeitos,
conforme disposto no artigo 16 da IN SRT n° 015/2010. Portanto, se houver o
descumprimento de algum dever ou regra durante o cumprimento do aviso prévio o
empregador poderá aplicar medidas disciplinares ao empregado.
NOME _____________________________________________
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Data: _____/_______/______
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Assinatura autorizada do Empregador
Ciente do empregado:
Data: _____/_______/_________
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Assinatura do Empregado
SUSPENSÃO DISCIPLINAR
Ao Sr (a)
Vimos com o presente notificá-lo, de que o Sr (a) está suspenso (a) do exercício
de suas funções no período de .............................. a .............................. (n° de
dias), em razão das seguintes irregularidades: (DESCREVER AS FALTAS
COMETIDAS)
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Empregador Empregado
Todavia, inexiste na CLT um prazo de validade para que as penas aplicadas ao empregado
deixem de gerar histórico (reincidência) para aplicação de novas medidas disciplinares.
Sendo a única exceção para este caso, o servidor público, que tem no artigo 142 da Lei n°
8.112/90 o prazo prescricional previsto para aplicação de ação disciplinar.