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Roteiro de Apoio sugerido para utilizar a Dramatização (Role-Play) como

Método de Ensino

Carmen Vera Giacobbo Daudt

Entre os propósitos da a vidade de drama zação, podemos destacar que ela visa: a reflexão de experiências
reais; a relação com o contexto geral de aprendizado do aluno; ter obje vos claros de aprendizagem;
proporcionar desafios compa veis com o nível dos aprendizes; apresentar desafios progressivos e oferecer
oportunidade para debriefing (reflexão).

As etapas descritas abaixo não têm o obje vo de inibir a atuação do preceptor. Este documento é um roteiro
flexível, para facilitar a condução das a vidades para quem não tem familiaridade com a metodologia.

• PASSO 1 - Recomenda-se que você divida a sua a vidade em duas etapas: a preparação e a drama zação.
A preparação deve ser embasada em leitura prévia de bibliografia indicada para, dessa forma, os aprendizes
se familiarizarem com o tema que será simulado. Podem ser selecionados 1 a 2 ar gos ou capítulos de livro
para que os aprendizes tenham acesso a uma base teórica, essencial para sua atuação na a vidade.

• PASSO 2 - A etapa da drama zação pode ser dividida em três etapas: o planejamento, a drama zação e a
reflexão (debriefing). Deve ser elaborado um cronograma para a condução da a vidade, estabelecendo uma
duração máxima para cada etapa.

• PASSO 3 - Os obje vos devem ser apresentados de forma simples e clara, por meio de roteiros (orientação
ou diálogo) desenvolvidos para nortear a par cipação dos aprendizes em seus respec vos grupos: médico;
paciente/familiar ou observador.

• PASSO 4 - Dividir os aprendizes em grupos, caso necessário, onde cada grupo recebe um roteiro para
orientar sua par cipação, não tendo conhecimento do roteiro dos demais.

• PASSO 5 - Etapa de planejamento da drama zação: os grupos discutem e definem a forma de condução
de sua atuação. O roteiro do papel de médico deve ser sucinto, para se aproximar do cenário real, onde o
profissional de saúde possui poucas informações sobre o paciente na primeira consulta. O roteiro des nado
ao paciente/ familiar pode apresentar situações desafiadoras com as quais o médico deve lidar no decorrer
da simulação. No roteiro dos observadores é possível solicitar que elaborem uma lista de itens com a tudes
e condutas que poderiam tornar melhor a abordagem na consulta (o que foi bem e o que faria diferente).
Nesta etapa de planejamento, a atuação do docente deveria se limitar ao esclarecimento de dúvidas. Em
grupos maiores, os aprendizes escolhem representantes para atuar na drama zação.

• PASSO 6 - Durante a etapa da drama zação em si, a a vidade não deve ser interrompida, e a cena
finalizaria quando o aprendiz que representa o médico assim determinar.
Carmen Vera Giacobbo Daudt
• PASSO 7 - A etapa de reflexão (debriefing) ocorre imediatamente após a simulação propriamente dita.
O debriefing é considerado a parte mais importante da simulação: é a que permite analisar cri camente
o processo de planejamento, a relação estabelecida entre médico-paciente/familiar e refle r sobre
considerações trazidas pelo grupo. Importante: nesta etapa, o preceptor deve garan r um ambiente
protegido, em que os alunos se sentam respeitados e valorizados, preservados de experiências nega vas
que possam comprometer sua auto-es ma. É importante ressaltar para o grupo que, dados e comentários
referentes ao encontro não serão socializados e que o feedback se dará de forma respeitosa, com o intuito
de contribuir com a formação. Pode ser u lizado um guia de condução para a reflexão facilitando o
processo.

• PASSO 8 - A etapa de avaliação da drama zação deve seguir critérios obje vos pré definidos e que devem
ficar claros para os aprendizes. Recomenda-se seguir uma lista de itens para facilitar o processo.

Sugestão para a condução do debriefing (reflexão):

A) iniciar se dirigindo ao aluno que interpretou o papel de médico:


1. descrever sumariamente como se sen u durante a consulta;
2. relatar se a condução da consulta foi realizada conforme o plano ou não e o porquê;
3. solicitar que destaque os pontos fortes de sua atuação, os pontos que poderiam ser
melhorados e como os faria;

B) Após, em caso de mais de um grupo, dirigir-se aos alunos que planejaram, mas não drama zou o
atendimento médico:
1. solicitar que se expressem em relação às questões anteriores.

C) Em seguida se dirigir ao aluno que interpretou o paciente/ familiar:


1. descrever sumariamente a cena, destacando como se sen u durante a consulta;
2. revelar se seguiria a orientação dada pelo médico e os mo vos que o levaram a tomar esta
decisão.

D) Após, em caso de mais de um grupo, dirigir-se aos alunos que planejaram a atuação do paciente/
familiar:
1. solicitar que se expressem em relação às questões anteriores.

E) O úl mo grupo ao qual se devem solicitar comentários é o de observadores:


1. solicitar que façam suas considerações.

F) Por fim, todo o grupo deve ser ques onado:


1. solicitar que expressem o que foi aprendido durante a a vidade.

Sugestão de avaliação do uso da técnica de dramatização (role-play):

1. Estabelecimento de vínculo: tratamento respeitoso, demonstração de interesse e atenção


durante a entrevista; linguagem verbal (ex.: tom, intensidade e ritmo de voz); linguagem não verbal
(ex.: postura corporal).

2. Coleta de informações: u lização adequada de perguntas “abertas” e “fechadas” de forma


apropriada, para colher informações não explicitadas no relato aberto; escuta atenta ao paciente,
sem interrupções, sumarização periódica das informações dadas pelo paciente, para cer ficação de
compreensão do relato de forma correta e contextualizada; u lização de linguagem adequada para
a situação.

3. Envolvimento do paciente no processo diagnós co e terapêu co: incen vo à expressão do


conhecimento, sen mentos, crenças e expecta vas do paciente; preocupação e cer ficação quanto
à compreensão do paciente; incen vo a ques onamento por parte do(s) interlocutor(es);
estabelecimento de um plano de ação conjunto; verificação quanto ao desejo e capacidade do
paciente em seguir o plano traçado.

4. Capacidade de lidar com situações inesperadas: sensibilidade ao lidar com situações não
previstas.

Importante

Idealmente, as três participações devem ser vivenciadas pelos aprendizes:

A) no papel de médico, o aluno poderá treinar suas habilidades, receber feedback e refle r sobre o
seu desempenho;

B) no papel de paciente/ familiar, poderá desenvolver uma compreensão melhor da perspec va do


outro, propiciando o desenvolvimento de uma conduta mais humanizada durante a sua atuação
como médico;

C) na posição de observador auxilia no processo reflexivo, além de exercitar sua interação com os
colegas ao avaliarem a condução da cena.

Referência
RABELO, L.; GARCIA V. L. Role-Play para o Desenvolvimento de Habilidades de Comunicação e Relacionais.
Revista Brasileira de Educação Médica, n. 39, v. 4, 586-596; 2015.

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