Você está na página 1de 18

Comunicação Clínica

Alex F. de Oliveira
Psiquiatra,Ms em Filosofia
Prof. do curso de medicina da UFV
Plano da atividade
1. Exposição do método e objetivo geral;
2. Diagnósticos do problema e construção da
nossa agenda;
3. Diretrizes para uma comunicação clínica
eficiente;
4. Aplicações: oficina de comunicação
centrada na pessoa;
1. Métodos e conteúdos
• Comunicação é:
– uma habilidade;
– complexa (cognitivo-afetivo-psicomotora);

• Método = oficina
– participativa;
– aplicação de técnicas;
– problema teoria/técnica aplicação
2. Delimitando o problema
A. Amostra do grupo:
– expectativas;
– o que você realmente odeia nos pacientes;

B. Discussão de casos clínicos:


– Shine: https://www.youtube.com/watch?v=1dc1KdUQT0Y ;
– As horas: https://www.youtube.com/watch?v=FoPHsc06Mxc;

C. Diagnóstico das habilidades de comunicação do


grupo
2. Delimitando o problema
D. Para que serve uma consulta?

- Parte Exploratória - Parte resolutiva


- diagnóstico - conduta

- Relação médico-paciente;
- Comunicação clínica;
2. Delimitando o problema
E. Comunicação clínica: estudos
• Byrne and Long’s (1976): 1965 consultas;
– Em 32% os médicos determinavam o tratamento sem comunicar o
diagnóstico.
– 34%), os médicos informavam o diagnóstico e determinavam o
tratamento
– 34% das consultas algum recurso de comunicação para envolver o
paciente na definição de condutas;
• Platt and McMath (1979): 300 visitas hospitalares; foco prematuro
no problema médico se correlacionou com falta de acurácia
diagnóstica;
• Levinson et al. (2000): pistas não verbais dos pacientes eram
respondidas por 38% dos cirurgiões 21% na atenção primária;
• Rogers and Todd (2000): viés de escuta dos oncologistas;
2. Delimitando o problema
E. Comunicação clínica: estudos
• Stewart et al. (1979): 54% das queixas e 45% das preocupações não
foram detectas em consultas de APS;
• Starfield et al. (1981): em 50% das visitas na APS médicos e
pacientes não concordavam sobre qual era a QP (!);
• Burack and Carpenter (1983): médicos e pacientes concordavam
sobre a QP em 76% dos problemas somáticos e somente em 6%
dos problemas psicossociais na APS dos EUA ;
• Beckman and Frankel (1984): APS dos EUA o tempo médio para o
médico interromper o paciente após uma pergunta era de 18
segundos; Marvel et al. (1999) encontraram 23.1 segundos;
3. Delimitando uma solução
A. O que seria uma boa comunicação clínica?
• transmitir e receber informações clínicas e psicossociais;
• estabelecer rapport e confiança;
• oferecer aos pacientes suporte verbal, não verbal e
encorajamento;
• facilitar o envolvimento do paciente na tomada de
decisão: discussão sobre benefícios e riscos;
• remover barreiras para a aderência;
3. Delimitando uma solução
B. Componentes essenciais da comunicação clínica:
• Determinantes da eficiência da entrevista (metanálise de
Mauksch et al., 2008):
1. Construir rapport (conexão, relacionamento);
2. Agenda: prevenir demandas adicionais;
3. Captar pistas emocionais;
• Mas quanto tempo gasta fazer isso?
– Ruiz Moral et al. (2006): mais de 50% dos residentes de MFC
cortavam a exposição de preocupações dos pacientes. O
direcionamento precoce para os sintomas não encurtava o tempo
total da consulta e tornava os encerramentos mais longos e
disfuncionais;
3. Delimitando uma solução
C. Modelo de comunicação: As Três Funções (Cole,
1989):
– Modelo adotado pela Academia Americana de
Comunicação em Saúde;
– 3 objetivos:
1. Construir relacionamento e responder às emoções do
paciente;
2. Entender os problemas do paciente e sua
perspectiva;
3. Colaborar para manejar esses problemas;
3. Delimitando uma solução
D. Função 1: construir relacionamento e responder às
emoções do paciente
– Base: empregar habilidades de abordagem às emoções:
– Acrônimo: PEARLS
• P – Partnership: externar disponibilidade para agir junto;
• E – Empathy: perceber, explorar (não fingir de bobo) e
legitimar as emoções;
• A – Afirmação: comentário apreciativo, de reforço;
• R – Reflexão: agir como espelho, devolver o que o médico
percebeu;
• L – Legitimação: comunicar aceitação e respeito pela
experiência emocional do paciente;
• S – Suporte: externar o propósito de ajudar;
3. Delimitando uma solução
E. Função 2: entender a perspectiva do paciente
3. Delimitando uma solução
E. Função 2: a perspectiva do paciente
• Como acessar?
a) Atentar para pistas na fala e nos comportamentos
(relutância em aceitar recomendações, busca de uma
segunda opinião, nova consulta a curto prazo) que
sugerem preocupações não resolvidas ou expectativas ;
b) Atentar para a história pessoal que liga a pessoa a
condições médicas ou riscos;
c) Perguntar ativamente: SIFE (sentimentos, ideias,
funcionalidade e espectativas)
3. Delimitando uma solução
F. Entrevista centrada no paciente (Fortin et al, 2012):
– Passo 1: Estabelecer o cenário para a entrevista
– Passo 2: Identificar o(s) motivo(s) da consulta e estabelecer a
agenda
• indicar o tempo
• Prevenção de demandas adicionais
• sumarizar a lista de assuntos e estabelecer agenda
compartilhada;
– Passo 3: Abrir a descrição do problema escolhido, com perguntas
abertas que ajudem o paciente a se expressar livremente, sem
interromper verbalmente o paciente
– Passo 4: Explorar a narrativa e a experiência do paciente:
• SIFE
• Diante de expressão emocional: NURS;
– Passo 5: Fazer a transição para a agenda médica:
• Sumarização II que inclui a experiência do paciente;
Procure entender a perspectiva desse paciente

https://www.youtube.com/watch?v=IuKFBDm74Ow
3. Delimitando uma solução
G. Função 3: manejo colaborativo
• Fundamentos:
a) Educação;
b) Compartilhamento da decisão;
c) Suporte ao auto-manejo;
d) Habilidades de motivação (Entrevista Motivacional);
Proponha um manejo colaborativo a esse senhor

At Eternity's Gate,
Van Gogh, 1890
Referências Bibliográficas
https://drive.google.com/open?id=0B7aR7YTbLjc1Ym5QWTBLUFRHS28

1. COLE, S.A., BIRD,J. The medical interview: the three function


approach. 3rd Ed. Philadelphia : Elsevier-Saunders, 2014. É
nossa referência básica do modelo de 3 funções. O material indispensável
são os três capítulos que tratam das 3 funções, dos quais dispomos de
traduções não oficiais feitas pelos monitores da disciplina da UFV;
2. FORTIN, A. H et al. Smith´s patient centered interviewing: an
evidence-based method. 3rd ed. New York, NY: McGraw-Hill ,
2012. p. 1-12. Destaque para o capítulo 3 (The beginning of the interview),
onde trata da abordagem da perspective do paciente.

3. SILVERMAN, J. ,KURTZ, S., DRAPER, J. Skills for


Communicating with patientes. 3rd Ed. New York : CRC
Press, 2013. Estado da arte sobre os estudos em comunicação clínica. Esse
tem mais importância para a fundamentação das evidências.

Você também pode gostar