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BOLETIM SBNPp 1

JUNHO 2017
2 BOLETIM SBNPp

SUMÁRIO
Palavra do Presidente 03
Neuropsicopedagogia em Destaque 04
Neuropsicopedagogia pelo Brasil 10
Palestras 11
Dica de leitura e pesquisa 12
Artigos acadêmicos 16
Benefício para associado em cursos de pós-graduação 22

Contribuição do membro associadoiado 22


Sbnpp – gestão 2016 – 2018 23

Coordenação de Projetos Colaboração


Carlos Alexandre S. Rodrigues Ana Lúcia Hennemann
CRA/SC 6.00972 Angelita Fülle
Bárbara M. H. Rosa
Coordenação Administrativa Luiz Antonio Corrêa
Bárbara M. H. Rosa Rita M.T. Russo
João Ferreira Fonseca
Diagramação e designer gráfico
Danieli Mensor Organização Editorial e Revisão Final
Angelita Fülle
Revisão e Supervisão Gráfica Bárbara M. H. Rosa
Denilson Luis Uzinski Patrícia F. T. Uzinski
Rita M. T. Russo
Geração de Conteúdos e Imagens
SBNPp e banco de imagens cedido

Correção Editorial
Clóvis Russo

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BOLETIM SBNPp 3

PALAVRA DO
PRESIDENTE

A Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia - SBNPp, convida seus


associados, Neuropsicopedagogos, estudantes de Neuropsicopedagogia
e demais profissionais da área da Educação e Saúde para o I Congresso
Brasileiro de Neuropsicopedagogia que terá como tema: “Interfaces entre
Neurociências, Psicologia Cognitiva e Pedagogia para uma Educação em
Evolução”.

Será um majestoso evento de atualização, aperfeiçoamento e evolução na


Educação Brasileira.

Este Congresso contará com a participação dos mais renomados


profissionais da Neuropsicopedagogia no Brasil, abordando temas de
grande relevância para nossa prática clínica e educacional.

Também contará com Oficinas práticas na perspectiva


Neuropsicopedagógica, onde os participantes terão a oportunidade da
interação com essas novas estratégias.

Aguardamos a presença de todos nesse grandioso evento.


Prof. Dr. Luiz Antonio Corrêa
Presidente da SBNPp

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4 BOLETIM SBNPp

NEUROPSICOPEDAGOGIA
EM DESTAQUE

“INTERFACES ENTRE NEUROCIÊNCIAS, PSICOLOGIA COGNITIVA E PEDAGOGIA


PARA UMA EDUCAÇÃO EM EVOLUÇÃO”

PROGRAMAÇÃO
05 DE OUTUBRO | QUINTA-FEIRA

8h – 10h | CREDENCIAMENTO

10h - 12h | OFICINAS-PRÁTICAS NA PERSPECTIVA NEUROPSICOPEDAGÓGICA

OFICINA 1

Estratégias para o desenvolvimento da linguagem receptiva e expressiva

Prof. Msc. Rodrigo França

OFICINA 2

Identificando dificuldades motoras na escola

Prof. Msc. Fabrício Bruno Cardoso

OFICINA 3

Neurociências e o desenvolvimento de habilidades matemáticas em Neuropsicopedagogia

Profa. Msc. Katia Machinez da Cunha

OFICINA 4

Identificação e características dos principais transtornos de leitura e escrita

Profa. Msc Anna Carolina Miguel de Almeida Rocha

OFICINA 5

Funções Executivas

Profa. Esp. Juliana Lautenschlaeger Damari

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BOLETIM SBNPp 5

12h - 13h 30min | INTERVALO / VISITA A ÁREA DE EXPOSIÇÃO

13h 30 Min – 13h 45 Min |


APRESENTAÇÃO CULTURAL DE ABERTURA

Grupo Kianga – APAE Joinville

13h 45 min – 15h 45 min |


MÓDULO I

“NEUROCIÊNCIAS E SUAS INTERFACES DA ATUAÇÃO CLÍNICA E INSTITUCIONAL”

TEMA 1

“Estratégias de remediação para alunos do ensino fundamental”

Profa. Dra. Simone Capellini

TEMA 2

“Neuroimagem e dislexia do desenvolvimento”

Prof. Dra. Sylvia Maria Ciasca

Mediadora do módulo I:
Profa. Esp. Vera Lucia de Siqueira Mietto

15h 45 min | INTERVALO / VISITA A ÁREA DE EXPOSIÇÃO DE TRABALHOS

16h | ABERTURA OFICIAL DO CONGRESSO BRASILEIRO DE NEUROPSICOPEDAGOGIA

Sessão Solene da SBNPp - Homenagem a Profa. Dra. Rita Russo

16h 45 min – 17h 30 min | CONFERÊNCIA MAGNA

“Perfil Profissiográfico do Neuropsicopedagogo / Novas demandas”

Profa. Dra. Rita Russo

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6 BOLETIM SBNPp

PROGRAMAÇÃO
06 DE OUTUBRO | SEXTA-FEIRA

7h 30 min – 8h 15 min | CREDENCIAMENTO

8h 15 min – 9h 45 min | MÓDULO II

“NEURODESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM”

TEMA 1

“Desenvolvimento do sistema nervoso e a importância de estímulos corretos


durante os períodos críticos da criança”

Prof. Dr. Alfred Sholl Franco

TEMA 2

“Relação entre funções executivas e crianças nascidas pré-termo


Profa. Dra. Tatiana Izabele Jaworski de Sá Riechi

Mediador do módulo II:


Prof. Msc. Alício Schiestel

9h 45 min – 10h 15 min | COFFEE BREAK / INTERVALO –


VISITA A ÁREA DE EXPOSIÇÃO DETRABALHOS

10h 15 min – 10h 30 min | ATIVIDADE CULTURAL

Beatriz Carvalho – APAE JOINVILLE

10h 30 min – 12h 30 min | MÓDULO III

“NEUROPSICOPEDAGOGIA E PREVENÇÃO”

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TEMA 1

“A importância do uso de instrumentos de rastreio no desenvolvimento cognitivo-motor


em bebês e crianças até dois anos”

Profa. Dra. Cleonice Terezinha Fernandes

TEMA 2

“Identificação precoce de problemas de linguagem em crianças de educação infantil”

Profa. Dra. Rita Russo


Mediadora do módulo III:
Profa. Esp. Ana Lúcia Hennemann

12h 30 min - 13h 30 min | INTERVALO / VISITA A ÁREA DE EXPOSIÇÃO

13h 30 min – 15h 30 min | MÓDULO IV

“NEUROPSICOPEDAGOGIA E SUAS IMPLICAÇÕES DENTRO DA ESCOLA”

“Neuropsicofarmacologia: um olhar múltiplo


TEMA 1sob o aluno”
Prof. Dr. Luiz Antonio Côrrea

TEMA 2

“Aspectos cognitivos referentes às funções executivas e nas condutas socioadaptativas


de escolares”

Profa. Msc. Natália Rosot

TEMA 3

“Neuropsicopedagogo na escola: um trabalho na perspectiva humanizadora”

Prof. Msc. Fabrício Bruno Cardoso


Mediador do módulo IV:
Profa. Esp. Angelita Fülle

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15h 30 min - 16h | COFFEE BREAK / INTERVALO – VISITA A ÁREA DE


EXPOSIÇÃO DE TRABALHOS

16h - 17h 30 min | MÓDULO V

“NEUROCIÊNCIAS, METODOLOGIAS INOVADORAS DE ENSINO E TECNOLOGIAS”

TEMA 1

“Mitos e verdades sobre neurociências”

Profa. Dra. Larissa Zeggio

TEMA 2

“Metodologias ativas no ensino e o uso das tecnologias”

Prof. Msc. Gustavo Hoffmann


Mediador do módulo V:
Prof. Dr. Henrique Bueno Ruiz
17h 30 min – 18h | APRESENTAÇÃO CULTURAL

“FIZ MORADA NO TEU ABRAÇO” | Duo Jazz

Bailarinos: Isabela Renzo e Gustavo Henrique Soares

GRUPO A.Z. Arte – Atividades Complementares

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PROGRAMAÇÃO
07 DE OUTUBRO | SÁBADO

8h - 10h | MÓDULO VI

“NEUROPSICOPEDAGOGIA E TERCEIRO SETOR”

TEMA 1

“O terceiro setor como contexto de atuação da Neuropsicopedagogia Clínica:


Abordagens individuais e coletivas”

Profa. Dra. Rita Russo

TEMA 2

“Atuação multidisciplinar no terceiro setor: O Neuropsicopedagogo e suas relações


com outros profissionais”

Prof. Msc. Cristiano Pedroso


Mediadora do Módulo VI:
Profa. Esp. Bárbara Madalena Heck da Rosa

10h – 10h 30 min | INTERVALO / VISITA A ÁREA DE EXPOSIÇÃO DE TRABALHOS

10h 30 min – 11h | CERIMÔNIA DE ENCERRAMENTO

Entrega do Prêmio “Troféu Rita Russo”

11h - 12h | APRESENTAÇÃO CULTURAL

VENHA PARA ESSA IMERSÃO NEUROPSICOPEDAGÓGICA

INSCREVA-SE AGORA MESMO

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NEUROPSICOPEDAGOGIA
PELO BRASIL
I CONGRESSO DE NEUROPSICOPEDAGOGIA DO NORDESTE
A SBNPp participou do I Congresso de Neuropsicopedagogia do Nordeste, o Membro do Conselho Técnico-Profissional da
SBNPp, Professor Mestre Fabrício Bruno Cardoso, abordando sobre: “Educação Baseada em Evidências: uma Perspectiva
Neuropsicopedagógica”. A palestra aconteceu no dia 27 de maio de 2017 em Recife/PE.

IX FÓRUM INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO E XII FÓRUM


NACIONAL DE EDUCAÇÃO
Participação da SBNPp no IX Fórum Internacional
de Educação e XIII Fórum Nacional de Educação
no Município de Venâncio Aires/RS.
A abertura do evento foi realizada pelo
Presidente da SBNPp, Professor Doutor Luiz
Antonio Corrêa que ministrou palestra com o
tema: “Neurociência e Educação: entendendo
a aprendizagem da criança numa visão
neuropsicopedagógica”.

CURSO DE APERFEIÇOAMENTO REALIZADO NA AACD


O curso foi realizado com parceria das instituições: AACD, SBNPp e Faculdade CENSUPEG, no dia 17 de março de 2017, com
o tema: Reabilitação da Linguagem: uma atividade participativa, com a Vice-Presidente e Conselheira Técnica-Profissional da
SBNPp, Profª. Drª. Rita Margarida Toler Russo.
O curso teve por objetivo: reconstruir a história de vida do paciente por meio da linguagem verbal e não-verbal; e como
público alvo: profissionais da saúde, educação, colaboradores da AACD, associados da SBNPp.

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CONCLUSÃO DE CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM


NEUROPSICOPEDAGOGIA
Participação da SBNPp, através do seu Presidente, Professor
Doutor Luiz Antonio Corrêa para o encerramento da turma de
Pós-Graduação de Neuropsicopedagogia do Grupo Educacional
CENSUPEG, em Castro/PR, que aconteceu no dia 21 de maio
de 2017.

PALESTRAS
A SBNPp contribuindo com a disseminação e transpondo conhecimento para inúmeras localidades e profissionais,
através das palestras ministradas pelo Professor Doutor Luiz Antonio Corrêa, Presidente da SBNPp.

Manaus/AM
Tema: “A Importância da Neuropsicopedagogia para a Educação” – 18/02/2017

Santa Cruz do Sul/RS


Tema: “A importância do Afeto no Desenvolvimento
Emocional e Cognitivo do Educando” – 15/02/2017

Curitiba/PR -
Colégio Passionista Nossa Senhora Menina de Curitiba
Tema: “Introdução e Valorização da Neurociência na Educação, seus
Benefícios para as crianças e professores” – 29/03/2017

São Roque/SP
Tema:“A Importância do Afeto no Desenvolvimento Emocional e
Cognitivo do Educando” – 05/04/2017

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Textos

DICA DE
LEITURA E PESQUISA
NTCTP-SBNPp. Nota Técnica Nº 02/2017. Conselho Técnico-Profissional da SBNPp. Disponível em: <http://www.sbnpp.
com.br/wp-content/uploads/2017/05/Nota-T%C3%A9cnica-n.02-2017.pdf>. Acesso em: 08/06/2017.

LENT, R. R. Cem Bilhões de Neurônios: conceitos fundamentais e neurociência. 2 ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2010.

LENT, R. Sobre Neurônios, Cérebro e Pessoas. Rio de Janeiro: Atheneu, 2011.

ROTTA, N. T.; BRIDI FILHO, C. A.; BRIDI, F. R. S. (Org.). Neurologia e aprendizagem: abordagem multidisciplinar. Porto
Alegre: Artmed, 2016.

OMS. CIF: Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Organização Mundial de Saúde. São Paulo:
Editora EDUSP, 2015.

OMS. Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-11. Porto Alegre: Artmed, 1993.

PUBLICAÇÃO DA NOTA TÉCNICA N.02/2017


A Nota Técnica n.02/2017 foi aprovada em 22 de Maio de 2017 pelo Conselho
Técnico-Profissional da SBNPp e aborda sobre as orientações e indicações para
protocolo de atendimento em Neuropsicopedagogia, distinguindo o contexto de
atuação clínica e institucional.
O objetivo é informar aos profissionais formados em Neuropsicopedagogia, com
contexto de atuação definido nos artigos 29, 30 e 31 do Código de Ética Técnico-
Profissional da Neuropsicopedagogia, sobre os procedimentos técnicos para atuar
no campo institucional e clínico, através de protocolos com indicações de testes e
atividades.
O documento está disponível no site da SBNPp: www.sbnpp.com.br, confira a
íntegra da Nota Técnica.

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RESENHA DESCRITIVA
Ana Lúcia Hennemann
Membro do Conselho Técnico-Profissional
Especialista em Alfabetização/Neuropsicopedagogia e Educação
Inclusiva/Neuropsicopedagogia Clinica/Neuroaprendizagem/
Pós-graduanda de MBA em Liderança e Coaching para Gestão de Pessoas.

NEUROCIÊNCIA E ESCRITA
LIMA, Elvira Souza.
Neurociência e Escrita. São Paulo: Inter Alia Comunicação e Cultura, 2010

1 CREDENCIAIS DA AUTORA dos conceitos de letra a texto; domínios estes, que


Elvira Souza Lima – Doutora, pesquisadora precisam ser ensinados para o indivíduo.
em desenvolvimento humano, com formação em O capítulo “Currículo e planejamento para a
neurociências, psicologia, antropologia e música. aquisição da escrita”, cumpre a função de auxiliar no
Trabalha com pesquisa aplicada às áreas de educação, planejamento de como ensinar a escrever melhor, pois
mídia e cultura. “escrever se aprende escrevendo” e a partir dessa
premissa a autora estrutura prioridades que devem ser
2 INTRODUÇÃO desenvolvidas a curto, médio e longo prazo para que
O livro “Neurociência e Escrita” propõe-se a os alunos venham a escrever com maior propriedade.
trazer algumas abordagens focadas no entendimento Segundo ela, a escrita tem a função de formar
do funcionamento cerebral de modo a entender os memórias, exemplificando que se a escola reservasse
processos pelos quais se encontram os alunos com 10 minutos para que o aluno fizesse o registro das
dificuldades na aquisição da escrita e a partir disso aprendizagens do dia, isso auxiliaria a exercitar a
elaborar estratégias de intervenção. memória de curta duração, ofertando condições para
Longe de ser um livro técnico que retrata a formulação de memória de longa duração.
as interfaces do cérebro e áreas específicas da O capítulo final retrata dois exemplos de como
linguagem, seu enfoque tem o caráter de contribuir a neurociência pode auxiliar nas dificuldades de
de modo significativo para todo profissional que tem escrita presentes no contexto escolar. O primeiro
interesse pela aprendizagem humana, principalmente caso, uma menina de 13 anos, considerada uma
na construção de um dos itens mais desafiadores da situação complexa e muito séria, no sentido de grande
linguagem: a escrita. dificuldade de aquisição da escrita, pois ela com os
Na introdução, a autora ressalta que “Escrever poucos recursos linguísticos que adquiriu, tenta
implica a leitura, mas somente a leitura não leva organizar uma estrutura própria de escrita, porém,
à escrita” e que “Uma das contribuições mais completamente disfuncional para o contexto escolar.
importantes da neurociência é a explicitação de que A autora, ao fazer uma análise detalhada do caso,
escrever se aprende escrevendo”. sugere que se faz necessário mobilizar a memória da
Estas afirmações se constituem em estrutura criança, através da construção de todos os domínios
básica para compor os 4 (quatro) capítulos nos quais da linguagem, abordados no capítulo 2, ou seja,
o livro está organizado: 1. Cérebro e Escrita; 2. investir na construção de um dicionário léxico e com
Componentes da Escrita; 3. Currículo e planejamento valor semântico.
para a aquisição da escrita; 4. A aplicação da No segundo exemplo ela enfatiza o caso de
neurociência no ato de escrever. uma criança integrante de um projeto piloto, cuja
No primeiro capítulo, a autora discorre sobre as participação tinha como pré-requisito: estar no final
duas funções importantes do exercício da escrita: a. do primeiro ciclo e não ter se apropriado da escrita. A
Instrumento para o próprio pensamento da pessoa; b. intervenção ocorreu em dez dias úteis (duas semanas),
Memória Coletiva. mas no final, os avanços foram surpreendentes e
O segundo capítulo retrata os três domínios inesperados. O projeto era antecedido de práticas
principais que oportunizam autonomia no ato de culturais, atividades com música e poesia como forma
escrever: o domínio linguístico, o domínio gráfico e o de mobilizar áreas do cérebro que participam do
processo simbólico de formular a escrita.

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Nas colocações finais, a autora ressalta a de intervenção pautadas nestes elementos. O que
importância da neurociência para compreender os pode ser destacado neste capítulo é a ênfase que a
processos internos que envolvem a escrita, pois muitas autora menciona ao trabalhar TODOS os elementos
vezes o aluno que apresenta dificuldade nesta área, que compõem a escrita, pois o que vemos com
utiliza-se dos recursos que ele tem construído até maior frequência é a ênfase para o ensino dos
então, mas que se mostram incoerentes daquilo que substantivos, o que se justifica por serem objetos
nós, adultos letrados, consideramos funcional. Sendo de mais fácil entendimento do repertório cultural
que através da análise da produção destes alunos, dos alunos, mas “conforme nos mostra a produção
aliada ao entendimento de como neurologicamente atual em neurociência: o verbo de ação tem grande
se dá o processo de aprendizagem, é possível permanência no cérebro, ou seja, é o elemento mais
identificar quais conhecimentos são necessários para agregador de significados” (SOUZA LIMA, 2010, p.
fazer a criança avançar na direção de um domínio 10).
crescente das normas da escrita, tornando o ato de Paralelo a isso, devemos lembrar que todos
escrever um meio de aquisição de conhecimento e de os instrumentos de avaliação da linguagem visam
desenvolvimento pessoal. verificar o domínio global da mesma e não somente
dos substantivos, fato este que pode ser exemplificado
3 ANALISANDO A OBRA E FAZENDO PONTES COM através do Subteste de Escrita do T.D.E. (Teste de
A NEUROPSICOPEDAGOGIA Desempenho Escolar, STEIN, 2015), cuja primeira
palavra que o examinando deve escrever pertence ao
O livro se constitui de uma leitura dinâmica, de domínio verbal.
fácil entendimento, mas de profundas reflexões do Através do portal “Domínio Público ”, encontramos
fazer pedagógico, mas que podem ser analisadas a transcrição de uma das palestras de Elvira Souza,
pelo olhar neuropsicopedagógico, tanto com um viés onde ela exemplifica a importância do ensino dos
clinico quanto institucional. verbos, pois
O primeiro capítulo nos mostra a importância
da escrita na constituição da subjetividade do ser Uma outra coisa que as Neurociências nos trazem, que
temos usado muito, é a revelação de que a escrita tem
humano. Quando a autora fala sobre a organização que
uma grande resiliência no cérebro e que a maior resiliência
a escrita proporciona ao indivíduo, podemos lembrar está no verbo de ação. Na verdade, verbo de ação é o que
desde as situações mais funcionais, tais como: - fazer aluno precisa dominar para aprender conceito de qualquer
área. Quando constatamos que os alunos estão lendo, mas
a lista do supermercado, - anotações do que fazer
não entendem o que eles estão lendo, é porque eles não
no decorrer do dia, até mesmo o registro de nossas têm noção da semântica do verbo, o que significa o verbo,
memórias, ou seja, escrever um diário, um texto, um então, não dá para entender o conceito de física, não dá para
livro. Situações estas que servem de organização do resolver o problema de matemática, não dá para desenvolver
conhecimentos de história, de geografia, etc. (SOUZA LIMA,
pensamento, pois no momento em que registramos
2011[?], p. 6)
em algum local, aquilo que num primeiro momento,
habita a nossa memória de trabalho, estamos nos
A autora relata que quando a escola dá ênfase aos
dando condições de ter “espaço para o pensamento”,
substantivos, o aluno consegue fazer lista de palavras,
pois assim não precisamos nos sobrecarregar com
mas apresenta dificuldades em escrever textos, pois
acúmulos de informações. O registro é uma forma de
não tem domínio da sintaxe.
reorganização, de fazer nossa vida se tornar funcional,
Quando a autora retrata o currículo e
bem como comunicar aos outros aquilo que pensamos,
planejamento das atividades para a aquisição
ou seja, a questão da memória coletiva, pois quem
da escrita, podemos relacionar as atividades do
escreve pode deixar marcas para o outro, marcas para
neuropsicopedagogo, prescritas na Nota Técnica Nº
o futuro.
01/2016, da SBNPp, ou seja, a) Investigação Inicial;
Outro enfoque dado neste capítulo é a relação
b) Planejamento e Intervenção, que são eixos comuns
cérebro e escrita, ressaltando que o ato de escrever
tanto da prática clínica, quanto da institucional da
mobiliza várias áreas do cérebro, por isso que a escola
neuropsicopedagogia.
precisa investir no ensino de todas as dimensões da
Souza Lima (2010) finaliza o livro com a
linguagem.
apresentação de estudos de casos intrigantes, que
Ao retratar os componentes da escrita, no capítulo
num primeiro olhar se mostram como “situações
dois, a autora traz de modo bem sistematizado, todos
impossíveis de serem recuperadas”, mas que através
os elementos essenciais que a escola deve enfatizar.
de excelente análise e intervenção se mostraram com
Para o contexto clínico, podemos ter um feedback
um desfecho favorável, ressaltando desse modo, o
do que avaliar nas produções escritas realizadas
quanto é importante a integração dos conhecimentos
pelo consulente, bem como, elaborar estratégias

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da neurociência no fazer pedagógico. da escrita, podem ser contempladas através de Jaime


Nesse sentido, também se faz necessário Luiz Zorzi, nos livros: “Aprendizagem e distúrbios da
relembrar que um dos critérios, elencados pelo DSM-V linguagem escrita: Questões clínicas e educacionais”
para descartar a hipótese de Transtorno Específico de e “Aprender a escrever: a apropriação do sistema
Aprendizagem, enfatiza que o sintoma persista pelo ortográfico”, leituras estas que nos permitem repensar
menos 6 meses, apesar da provisão de intervenções sobre as propostas educacionais voltadas ao conteúdo
dirigidas a essas dificuldades, que relacionados aos da linguagem e desta forma nos qualificar enquanto
casos descritos no livro, nos mostram que 10 sessões profissionais da neuropsicopedagogia.
foram capazes de melhorar e muito situações que Nestas obras Zorzi inicialmente apresenta uma
mediante testes de avaliação da linguagem obteriam contextualização histórica de como eram percebidas
escores inferiores e certamente estariam classificados as dificuldades da aquisição da escrita, lembrando
como Transtornos Específicos de Aprendizagem. que no início de sua prática clínica as crianças
eram reportadas como aquelas que “apresentavam
dificuldade de fixação”, o que poderia sugerir que
4 CONCLUSÃO atividades de memória seria a solução para todos
os problemas de linguagem. Num estágio posterior,
A alfabetização integra a aquisição de várias os estudos apontavam para alterações das funções
habilidades linguísticas, sendo que o carro chefe das psiconeurológicas, e aqui a ênfase era nas intervenções
séries iniciais do ensino fundamental está pautado do treinamento de habilidades (lateralidade,
na aquisição da leitura e escrita. Quando o aluno discriminação, ritmo, motricidade fina, etc).
consegue ler, muitos profissionais têm a ideia errônea Na atualidade, percebemos que entender sobre
de que: se a criança desenvolveu esta habilidade, a os processos maturacionais do cérebro humano,
escrita também acontecerá de modo sistemático. aliados a bons suportes pedagógicos e sustentados
No entanto, apesar da escrita se utilizar de muitas pelo trabalho multiprofissional, mostram-se
áreas cerebrais envolvidas na leitura, ela requer um elementos primordiais para auxiliar indivíduos que
processo diferenciado, envolvendo articulações de aparentemente não aprendem. Fatores estes que são
muitas outras áreas. Portanto, devemos ter planos de enfatizados no livro aqui resenhado.
ensino tanto para a aquisição da leitura, quanto para a Mediante todos estes estudos poderemos
aquisição da escrita. constatar que ensinar uma criança a ler, representa
Como neuropsicopedagogos, temos que ter este possibilidades de a mesma fazer interpretações do
entendimento pois, ao trabalharmos com crianças mundo, porém, ensinar uma criança a escrever permite
com transtornos de aprendizagem, nos deparamos que a mesma possa ressignificar e deixar suas marcas
com muitas crianças que necessitam de intervenções registradas para o mundo, eis aí a memória coletiva,
eficazes para a melhora dos conhecimentos prévios eis aí a organização do processo de pensamento que
que elas já possuem, pois muitas vezes, o professor Souza Lima descreve logo na apresentação do livro.
dentro de determinado processo, não consegue
¹Biblioteca Digital Livre - http://www.dominiopublico.gov.br/
perceber possibilidades de mudanças naquele download/texto/me003267.pdf
indivíduo que apresenta déficits relacionados ao ²Manual de Diagnóstico de Doenças Mentais
processo de aprendizagem. No seu entender ele já
está fazendo o seu melhor, porém um olhar vindo REFERÊNCIAS
de fora, pode perceber sutilezas que aparentemente
estão despercebidas. LIMA, Elvira Souza. Neurociência e Escrita. São Paulo:
Inter Alia Comunicação e Cultura, 2010.
Uma das funções da neuropsicopedagogia é
procurar entender de que forma ocorrem os processos __________. Apropriação da Leitura e da Escrita.
Transcrição. Domínio Público, 2011[?]. Disponível online
de aprendizagem e dentro disso procurar articulações em http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/
que possam trazer maiores benefícios ao indivíduo, me003267.pdf. Acesso em 20/03/2017.
ou seja, procurar caminhos para mudanças, caminhos SBNPp. Nota Técnica nº 01/2016. Joinville: SBNPp,
estes que podem oportunizar a criação de outros ainda 2016.

maiores, pois aprendizagem é isso, busca, renovação, STEIN, Lilian. TDE: Teste de Desempenho Escolar. São
Paulo: Casa do Psicólogo, 2015.
ressignificação e compartilhamento de saberes. E
não há como haver mudanças sem busca de bons ZORZI, Jaime Luiz. Aprender a escrever: a apropriação do
sistema ortográfico. Porto Alegre: Artmed, 1998.
referenciais teóricos, tais como o livro “Neurociência
e Escrita”. _________. Aprendizagem e distúrbios da linguagem
escrita: questões clínicas e educacionais. Porto Alegre:
Outras obras relacionadas ao assunto e que Artmed, 2003.
servem de continuidade ao entendimento do processo

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ARTIGOS ACADÊMICOS
ENTENDENDO A DIFICULDADE OU
TRANSTORNO DE APRENDIZAGEM
João Ferreira Fonseca
Rita Margarida Toler Russo

Resumo

A aprendizagem é um processo que acontece durante toda a vida de um indivíduo, porém alguns podem
apresentar alguma dificuldade na aquisição dessa aprendizagem. Os estímulos realizados pelo ambiente pelos
pais professores, entre outros, auxiliam significativamente numa melhora nessa aquisição, mas quando se tem
um rendimento escolar abaixo do esperado, é importante observar se não se trata de uma dificuldade ou um
transtorno. Esses termos são meio confusos para muitos, no entanto, crianças que apresentam sinais de baixo
rendimento devem procurar auxílio de um especialista que faça uma avaliação para se entender quais as causas que
levaram essa criança a ter esse baixo rendimento, buscar alternativas, compartilhar com os demais profissionais
envolvidos auxiliando assim o seu desenvolvimento intelectual. Baseado nos alicerces da Neuropsicologia da
memória e da aprendizagem, na evolução da Neurociência, o Neuropsicopedagogo é um especialista indicado
para realizar este trabalho, seja ele clínico ou institucional. Enfim, todos os que se preocupam com a elevação
significativa do desempenho dos educandos, devem buscar informações sobre como é o funcionamento de como
se dá a aquisição do conhecimento.

1 INTRODUÇÃO 2 O QUE É APRENDER? materno, o bebê já começa a perceber


a iluminação, a ouvir músicas e
“O homem nasceu para aprender, Segundo o Dicionário Escolar da histórias, até mesmo a sentir o gosto
aprender tanto quanto a vida lhe Língua Portuguesa da Academia do líquido amniótico. Quando a mãe
permita” Guimarães Rosa (1908 – Brasileira de Letras (2008): passa por emoções, também a criança
1967). “Aprender (a.pren.der) v 1. Adquirir aprende. Assim, desde informações
Baseados nessa frase de Guimarães conhecimento de. 2. Reter na simples às mais complexas, vamos
Rosa, podemos perceber que desde memória”. aprendendo e nos desenvolvendo. E
a origem do ser humano, estamos E quando falamos em Aprender, todo esse processo se dá durante toda
aqui nesse “planeta escola” para estamos nos referindo à capacidade nossa vida, através da motivação, do
aprender. Até mesmo aqueles que que temos de adquirir algum tipo de ambiente social e dos estímulos que
são os responsáveis pela aquisição conhecimento. Isto está conectado recebemos.
de saberes, os professores, precisam ao ser humano, mesmo assim, não Mas, o que é aprendizagem?
estar em constante aprendizado. devemos esquecer que alguns animais A aprendizagem é um ato contínuo e
Devido à necessidade de oportunizar também possuem essa aptidão. Nós individual que acontece durante toda
aos educadores um artigo que adquirimos esses conhecimentos nossa existência humana. Andar, falar,
lhes permita diferenciar termos porque somos inteligentes, quer dizer ler, escrever, exercer a cidadania,
utilizados de forma “inadequada” na que nosso cérebro foi projetado para aprender habilidades para exercer
aprendizagem dos educandos, é que assimilar conhecimento. uma profissão, uma nova língua,
realizei esta pesquisa bibliográfica, E quando começamos a aprender? garantir nossa sobrevivência. Essas,
procurando diferenciar diversos Isto se dá de diversas formas, para exemplificar, são algumas das
termos sobre “dificuldades de começamos a aprender desde nossa ações que realizamos enquanto seres
aprendizagem” e saber o papel de um concepção até nosso desencarne. humanos, ou que deveríamos realizar.
Neuropsicopedagogo. Antes do nascimento, no útero Como diz o ditado popular “Vivendo e

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aprendendo”. seja, é muito grande, particularmente do ambiente, ativando sinapses,


E, como se dá a aprendizagem? em relação ao tamanho do corpo tornando-as mais “intensas”. Como
Segundo Rotta, Ohlweiler e Riesgo humano. consequência estas se constituem
(2016, p.36), “A aprendizagem é um O cérebro se divide em dois em circuitos que processam as
evento sináptico, e, no seu transcurso, hemisférios, chamados de esquerdo informações, com capacidade de
são produzidas modificações e direto. Além deles, possui quatro armazenamento molecular (Shepherd,
moleculares. Na aprendizagem, há regiões, denominadas de lobos. Cada 1994; Mussak, 1999; Koizumi, 2004).
uma etapa de aquisição e outra de hemisfério tem seu próprio lado A respeito ao tempo de retenção,
consolidação”. dos lobos, com uma especificação Lent (2001) nos diz que podemos
A aprendizagem envolve os aspectos caracterizada pelo hemisfério considerar a memória como
sociais e os aspectos genéticos. esquerdo ser mais associado aos ultrarrápida, cuja retenção não
Socialmente aprendemos com a detalhes e tendente a usar de forma dura mais que alguns segundos. E
família, os amigos, os vizinhos, nos adequada a lógica, a matemática, podemos chamá-la memória de curta
parquinhos, na escola, entre outros possuindo habilidades para planejar e duração, de memória de trabalho ou
lugares. Graças à nossa genética, isto organizar suas ações. Como é o lado memória imediata, pois dura minutos
se torna possível, porque temos uma mais intuitivo do homem, as pessoas ou horas e serve para proporcionar a
predisposição para a aprendizagem. que apresentam o lado esquerdo continuidade do sentido de presente.
Em consequência, a aprendizagem mais desenvolvido são introspectivas, O último tipo nessa classificação
pode ser explicada como uma síntese amorosas, dedicadas e mais é a memória de longa duração ou
entre o natural (próprio cérebro) e o racionais. O lado direito do cérebro é referencial, que estabelece engramas
convencional (o conjunto de relações responsável pela imaginação criativa, duradouros, ou seja, memórias que
humanas que afetam os indivíduos). a serenidade, a capacidade de síntese duram (dias, semanas e até mesmo
A teoria behaviorista é um modelo e a facilidade de memorizar. As anos).
dentre outros que tentam explicar a pessoas que utilizam mais esse lado Rotta, Ohlweiler e Riesgo (2016),
aprendizagem. Esta teoria é baseada do cérebro possuem habilidades para comentam que quando um estímulo
nos processos de estímulo-resposta. analisar esquemas e técnicas em já é conhecido do SNC, desencadeia
Uma outra é a teoria cognitiva, oratórias, como nos indica Sprenger uma lembrança; quando o estímulo
que realça os processos internos (2008). é novo, desencadeia uma mudança.
relacionados à aprendizagem, ou seja, Sendo assim, estão separados e, ao Essa é a maneira de se entender
o que ocorre na aprendizagem do mesmo tempo, unidos por estruturas a aprendizagem do ponto de vista
indivíduo. Mas, não é o caso, agora, de conexão. Tendo a mais importante neuropediátrico.
estarmos falando sobre teorias de chamada de corpo caloso. Os
aprendizagem. hemisférios operam conectados, Quanto à organização cerebral
das funções que sustentam o ato
Porém, como se dá o aprendizado? mas ocorre a chamada dominância
de aprender, são sugeridos os
hemisférica, ou seja, um hemisfério mecanismos do tronco cerebral
Para conhecer profundamente o trabalha melhor com certos aspectos superior e da formação reticular
intelecto humano, o melhor é examinar ativadora excedente, que são
daquela função, enquanto o outro
diretamente o cérebro em atividade. responsáveis pela condição mais
Este é o mote de neurologistas, desde hemisfério trabalha melhor com elementar do estado generalizado
que procedimentos por imagens outros aspectos da mesma função. de vigília. No córtex límbico e na
como tomografia por emissão de
(Rotta, Ohlweiler e Riesgo, 2016). região frontal se processam as formas
pósitrons ou a ressonância magnética mais complexas de aprendizagem,
funcional passaram a permitir o
O aprender e o lembrar do estudante
pois exigem a possibilidade de
estudo do funcionamento do cérebro ocorrem no seu cérebro. Conhecer reconhecimento seletivo de um
(SCHUMACHER, 2006, p. 62) como o cérebro funciona não é a determinado estímulo irrelevante

mesma coisa do que saber qual é a para determinada situação. Além


dessas, acompanham a organização
Pesquisas têm apontado que todos os melhor maneira de ajudar os alunos
cerebral dos processos mentais da
fenômenos do processo de memória a aprender. A aprendizagem e a aprendizagem a participação de zonas
ocorrem no cérebro e que isso é educação estão intimamente ligadas cerebrais primárias e secundárias,
identificadas como visual, temporal
indispensável para a aprendizagem. ao desenvolvimento do cérebro, o qual
e parietal, com cada uma delas
Este está dentro de uma caixa (crânio) é moldável aos estímulos do ambiente desempenhado o seu papel particular
que pode ser visualizada, tocada e (Fischer & Rose, 1998). Os estímulos durante os processos perceptivos e

manipulada. do ambiente levam os neurônios das formas complexas da atividade

Segundo Anderson (2005), o a formar novas sinapses. Assim, a mnemônica (DIAS, 2004).

cérebro humano tem cerca de 1300 aprendizagem é o processo pelo


centímetros cúbicos de volume, ou qual o cérebro reage aos estímulos Assim, as informações sobre os

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alicerces neuropsicológicos da visuais não facilmente detectadas, e tratamento, podem dificultar a


entre outros fatores, podem dificultar
memória e da aprendizagem são aprendizagem. Transtornos como a
a aprendizagem. É importante o
muito amplas e se torna necessário aprendiz estar em boas condições de dislexia e discalculia, caracterizados
conhecermos as discussões atuais saúde para aprender bem (GUERRA, por dificuldades na aquisição de
sobre essa temática principalmente 2011). habilidades de escrita, leitura e
na área da educação, com a finalidade do raciocínio lógico-matemático,
de buscarmos entender a organização Muitas vezes, encontramos crianças resultantes de organização cerebral
cerebral em relação ao aprendizado que são discriminadas e até sofrem diferente, de provável origem
humano e desenvolver novas táticas bullying, por ter um desempenho genética, também comprometem
de ensino e aprendizado para escolar abaixo do esperado. Muitas a aprendizagem. Nesses casos, as
os educandos. E, dessa maneira, vezes, o responsável por tal situação crianças conseguirão aprender,
contribuir para o sucesso no processo pode ser o próprio ambiente mas necessitarão de estratégias
de ensino-aprendizagem de seus que a rodeia. As dificuldades alternativas de aprendizagem, uma vez
alunos a partir das contribuições que socioeconômicas e afetivo-culturais que seus cérebros utilizam caminhos
tais estudos oferecem. podem interferir no ato de aprender, ou circuitos neuronais diferentes para
Segundo Rotta, Ohlweiler e Riesgo independentemente da vontade da atingir o mesmo aprendizado.
(2016) “A aprendizagem começa criança. Não é difícil encontramos profissionais
com o processo neuromaturacional da educação reclamando de seus
É importante ter em mente que a
e, portanto, o aprendizado escolar educandos que não aprendem. Alguns
dificuldade para a aprendizagem não
faz parte da evolução normal do ato é necessariamente uma situação comentários como: “Esse menino
de aprender”. Cabe, então, à escola isolada, e que, muitas vezes, são não presta atenção às aulas, é muito
necessários o diagnóstico e o
ajudar a criança em sua progressão do agitado”; “Esse garoto é muito tímido,
tratamento de comorbidades capazes
aprender, por meio de um aprendizado de piorar o desempenho escolar. Por
seu aprendizado é lento”; “Essa
formal, através de estímulos que outro lado, a chamada comorbidade menina é uma excelente desportista,
venham a despertar o interesse do pode ser o único motivo de uma mas não consegue tirar nota nas
criança enfrentar dificuldades ao
educando por esse aprender. Mas, avaliações”. Todos estes educandos
estudar. Um exemplo dessa situação
sabemos que não existem receitas é a epilepsia ausência infantil, cujo têm dificuldade de aprendizagem,
prontas, então cabe ao professor tratamento específico é capaz de algum problema neurológico que
buscar informações, estudar sobre resolver o problema do fracasso compromete a competência do
escolar. (ROTTA; OHLWEILER;
o funcionamento de como se dá a cérebro para entender, relembrar ou
RIESGO, 2016, p.07.)
aquisição do conhecimento, realizar comunicar informações.
estudos em publicações atuais sobre Existem fatores biológicos que
3 DIFICULDADES OU PROBLEMAS
a memória e a aprendizagem, entre auxiliam para as dificuldades de
DE APRENDIZAGEM
outros, para conseguir melhorar sua aprendizagem como: lesão cerebral,
atuação com profissional preocupado erros no desenvolvimento cerebral,
Outros fatores também influenciam
com a elevação significativa do desequilíbrios neuroquímicos e
a aprendizagem (Rotta, Ohlweiler e
desempenho de seus educandos nas hereditariedade. Mas os fatores
Riesgo,
atividades curriculares. ambientais (casa, escola, ...) também
2006). Aprendizes privados de material
têm sua parcela de contribuição
O aprender não depende só do cérebro, escolar adequado, de ambiente para
para influenciar no aprendizado e
mas, também, da saúde em geral. estudo em casa, de acesso a livros
desenvolvimento do ser.
Quando realizamos exercícios físicos e jornais, de incentivo ou estímulo
estamos acrescentando a quantidade Temos, em nosso cotidiano, muitas
dos pais e/ou dos professores, pouco
de fatores neurotróficos que irão pessoas e profissionais que fazem
contribuir para balanceamento expostos a experiências sensoriais,
uma verdadeira confusão relacionada
das sinapses e para sustentação perceptuais, motoras, motivacionais
e desenvolvimento de memórias.
à terminologia e conceitos de palavras
e emocionais essenciais ao
Uma dieta balanceada, incluindo relacionadas com a dificuldade de
funcionamento e reorganização do
proteínas, carboidratos, gorduras, aprendizagem.
sais minerais e vitaminas, possibilita o SN, podem ter dificuldades para a
Qual seria então a definição dada a
funcionamento das células nervosas, aprendizagem, embora não sejam
a formação de sinapses e a formação elas?
portadores de alterações cerebrais.
da mielina, estrutura que participa No Dicionário Escolar da Academia
da condução das informações Transtornos psiquiátricos como o
Brasileira de Letras (2011, p.443,
entre redes neurais. Problemas transtorno do déficit de atenção e
respiratórios que perturbam o sono,
1.030, 451 e 1.250, respectivamente),
hiperatividade (TDAH) e depressão,
anemia que reduz a oxigenação dos encontramos a definição de mais
que demandam orientação médica
neurônios, dificuldades auditivas e algumas palavras do seguinte modo:

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bullying, separação dos pais, abuso deve se adequar para auxiliar no


Dificuldade: (di.fi.cul.da.de) s.f. 1. infantil, entre outros. desenvolvimento dessa criança.
Qualidade de difícil. 2. Condição ou
Fonte: Hennemann (2012) Como está previsto no Referencial
circunstância que dificulta algo.
Problema: (pro.ble.ma) s.m. 1. Segundo Hennemann (2012) tais Curricular Nacional para a Educação
Situação difícil que requer uma dificuldades relacionadas a problemas Infantil – BRASIL, 1998, p. 32,
solução. 2.Disfunçao orgânica. 3.
sociais, orgânicos ou emocionais, estas
(Mat.) Questão numérica para ser
necessitam de serem entendidas e Cabe ao professor a tarefa de
resolvida.
individualizar as situações de
Distúrbio: (dis.túr.bi.o) s.m. 1. tratadas por profissionais capacitados,
aprendizagens oferecidas às
Alteração da ordem pública; e trabalhados em conjunto com escola crianças, considerando suas
pertubaçao. Desordem, alvoroço. 2.
e família. capacidades afetivas, emocionais,
(Med.) transtorno no funcionamento
sociais e cognitivas assim como os
de um órgão, de uma função
conhecimentos que possuem dos
fisiológica etc. Quando se trata de problemas de
mais diferentes assuntos e suas
Transtorno: (trans.tor.no) s.m. 1. aprendizagem escolar, de nada
origens socioculturais diversas.
Ato ou efeito de transtornar. 2. adianta medidas como reforço
Isso significa que o professor deve
Desordem, confusão. ou a aula particular apenas. Seria
planejar e oferecer uma gama variada
como ministrar o antitérmico sem o
de experiências que responda,
antibiótico, ou seja, combater a febre
Os termos distúrbios, transtornos, sem tratar a infecção (BOSSA, 2000,
simultaneamente, às demandas do
grupo e às individualidades de cada
dificuldades e problemas de p. 12).
criança.
aprendizagem vêm comumente sendo
empregados de forma aleatória, tanto Bossa (2000) nos diz que é preciso
Neste sentido, percebe-se o quanto
se tratando da literatura especializada entender as razões pelas quais
é relevante para uma criança que o
como da prática clínica e escolar, levam os seres apresentarem essas
ambiente
para designar quadros diagnósticos dificuldades de aprendizagem, e
escolar seja acolhedor, onde ele
diferentes. não apenas tentar combatê-las sem
poderá conviver e desenvolver-se não
Os defensores da abordagem entender as causas. Essas dificuldades
apenas no plano pedagógico, mas de
comportamental preferem a utilização causam sofrimento em quem as tem,
modo holístico.
do termo distúrbio, os construtivistas pois causam a baixa autoestima
Para França (1996), “o termo
parecem ser adeptos do termo ocasionando o desinteresse pela
“dificuldade” está mais relacionado a
dificuldade. E por aí segue... aprendizagem.
problemas de ordem psicopedagógico
A criança ou o adolescente muitas
e/ou sócio - culturais, ou seja, o
Quadro 01 – Conceitos de
vezes prefere acreditar, e fazer os problema não está centrado apenas
dificuldades, distúrbios e transtornos outros acreditarem, que vai mal na no aluno, sendo que essa visão é mais
de aprendizagem escola porque é desinteressado.
frequentemente utilizada em uma
Aceitar que não entende a matéria,
para esses jovens significa ser “burro”. perspectiva preventiva. ”
• Dificuldades de
Quando nos sentimos “burros” Moojen (1999) afirma que:
aprendizagem: Está relacionado ao ferimos nosso narcisismo. Podemos
ambiente físico e social da dizer que o narcisismo é o nosso amor “Ao lado do pequeno grupo de
escola. Podem ser causados por próprio. Um sentimento que nutrimos crianças que apresenta Transtornos
por nós mesmos e que, na medida de Aprendizagem decorrente de
problemas passageiros, como falta de
certa, é muito importante para nossa imaturidade do desenvolvimento e/
condições saúde mental (BOSSA, 2000, p.13). ou disfunção psiconeurológica, existe
adequadas para o sucesso da criança, um grupo muito maior de crianças que
falta de materiais pedagógicos, mesa, Devemos ter um olhar diferenciado apresenta baixo rendimento escolar
em decorrência de fatores isolados
cadeira, giz e etc. sobre essas crianças. É preciso
ou em interação. As alterações
• Distúrbio de aprendizagem: engajamento de todos os envolvidos apresentadas por esse contingente
Está relacionado a um grupo de em sua vida, pais, educadores.... maior de alunos poderiam ser
dificuldades Se essas crianças se sentirem designadas como “dificuldades
de aprendizagem”. Participariam
específicas e pontuais, caracterizadas incomodadas em relação ao seu dessa conceituação os atrasos no
pela presença de uma disfunção aprendizado e à escola, terão desempenho escolar por falta de
neurológica, algum problema de baixa autoestima, e se sentirão interesse, perturbação emocional,

saúde que a criança apresente. inadequação metodológica ou


desestimuladas e desinteressadas
mudança no padrão de exigência da
• Transtorno: Conjunto e pelo ato de aprender. É preciso ir além escola, ou seja, alterações evolutivas
sinais que provocam uma série de da sala de aula, buscar ações com normais que foram consideradas no
perturbações no aprender da criança, uma equipe de multiprofissionais, passado como alterações patológicas.”

interferindo no processo de aquisição para tentar encontrar uma alternativa


e manutenção de informações, como para saber como o professor Pain (1981, apud Rubinstein, 1996)

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analisa a dificuldade para aprender Disorders) DSM -IV já definiu muito genéticos, mas nada foi comprovado
como um sinal, que desempenha um mal a situação de DA, coisa que se pela medicina.
papel positivo tão integrativo como o repete no DSM-V, classificando-o Disgrafia: normalmente vem
aprender, e que pode ser determinado como “transtornos da aprendizagem associada à dislexia, porque se o
por: que são diagnosticados quando os aluno faz trocas e inversões de
1. Fatores orgânicos: relacionados resultados do indivíduo em testes letras, consequentemente encontra
com aspectos do funcionamento padronizados e individualmente dificuldade na escrita. Além disso,
anatômico, como o funcionamento administrados de leitura, matemática está associada a letras mal traçadas
dos órgãos dos sentidos e do sistema ou expressão escrita estão e ilegíveis, letras muito próximas e
nervoso central; substancialmente abaixo do esperado desorganização ao produzir um texto.
2. Fatores específicos: relacionados para sua idade, escolarização e nível Discalculia: é a dificuldade para
às dificuldades específicas do de inteligência”. cálculos e números, de um modo geral
indivíduo, os quais não são passíveis Já o Código Internacional de Doenças os portadores não identificam os sinais
de constatação orgânica, mas que se - CID.10, no capítulo intitulado das quatro operações e não sabem
manifestam na área da linguagem ou Transtorno do Desenvolvimento usá-los, não entendem enunciados
na organização espacial e temporal, das Habilidades Escolares, descreve de problemas, não conseguem
dentre outros; DA como “transtornos nos quais quantificar ou fazer comparações,
3. Fatores psicógenos: é necessário as modalidades habituais de não entendem sequências lógicas.
que se faça a distinção entre aprendizado estão alteradas desde as Esse problema é um dos mais sérios,
dificuldades de aprendizagem primeiras etapas do desenvolvimento. porém ainda pouco conhecido.
decorrentes de um sintoma ou de O comprometimento não é Dislalia: é a dificuldade na emissão da
uma inibição. Quando relacionado ao somente a consequência da falta de fala, apresenta pronúncia inadequada
um sintoma, o não aprender possui oportunidade de aprendizagem ou das palavras, com trocas de fonemas
um significado inconsciente; quando de um retardo mental, e ele não é e sons errados, tornando-as confusas.
relacionado a uma inibição, trata- devido a um traumatismo ou doença Manifesta-se mais em pessoas com
se de uma retração intelectual do cerebrais”. problemas no palato, flacidez na
ego, ocorrendo uma diminuição das língua ou lábio leporino.
funções cognitivas que acaba por 4 TIPOS DE DIFICULDADES Disortografia: é a dificuldade na
acarretar os problemas para aprender; linguagem escrita e também pode
4. Fatores ambientais: relacionados Segundo Ribeiro (2012), os transtornos aparecer como
às condições objetivas ambientais ou distúrbios que ocasionam as consequência da dislexia. Suas
que podem favorecer ou não a dificuldades de aprendizagem principais características são: troca
aprendizagem do indivíduo. classificam-se em: Dislexia, Disgrafia, de grafemas, desmotivação para
Fernández (1991) do mesmo Discalculia, Dislalia, Disortografia e escrever, aglutinação ou separação
modo considera as dificuldades o Transtorno de Déficit de Atenção indevida das palavras, falta de
de aprendizagem como sintomas e Hiperatividade - TDAH. Pensando percepção e compreensão dos sinais
ou “fraturas” no processo de que dificuldades e transtornos têm de pontuação e acentuação.
aprendizagem, onde necessariamente o mesmo sentido, citaremos então, TDAH: O Transtorno de Déficit
estão em pauta quatro graus: o algumas das principais dificuldades de Atenção e Hiperatividade é um
organismo, o corpo, a inteligência e de aprendizagem. problema de
o desejo. A dificuldade para aprender, No quadro abaixo descrevemos as ordem neurológica, que traz consigo
segundo a autora, seria o resultado principais características pertinentes sinais evidentes de inquietude,
da anulação das capacidades e do a cada uma delas: desatenção, falta de concentração
bloqueamento das possibilidades de e impulsividade. Hoje em dia é
aprendizagem de um indivíduo. Quadro 02 – Características das muito comum vermos crianças
Para a autora, a raiz das dificuldades dificuldades de aprendizagem e adolescentes sendo rotulados
ou problemas de aprendizagem como DDA (Distúrbio de Déficit de
não se relaciona apenas à estrutura Dislexia: é a dificuldade que aparece Atenção), porque apresentam alguma
individual da criança, mas também à na leitura, impedindo o aluno de ser agitação, nervosismo e inquietação,
estrutura familiar a que a criança está fluente, pois faz trocas ou omissões fatores que podem advir de causas
vinculada. de letras, inverte sílabas, apresenta emocionais. É importante que esse
O Manual Diagnóstico e Estatístico leitura lenta, dá pulos de linhas ao diagnóstico seja feito por um médico
de Transtornos Mentais (Diagnostic ler um texto, etc. Estudiosos afirmam e outros profissionais capacitados.
and Statistical Manual of Mental que sua causa vem de fatores Barros (2013)

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Hoje, nos dois manuais, CID-10 Para essa avaliação deve-se


e DSM-V, aparecem três tipos Nessa conceituação podemos utilizar de instrumentos avaliativos
de transtornos específicos da observar que a Neuropsicopedagogia padronizados que não sejam
aprendizagem: é aplicada à educação, perpassando privativos do Psicólogo, que possam
• O Transtorno da Leitura – que a Pedagogia e a Psicologia Cognitiva, ser usados por outros profissionais
é caracterizado por uma dificuldade formalizando assim a afinidade afins de saúde e educação.
específica em compreender palavras existente no funcionamento do Russo (2016, p. 26) cita que: “Um
escritas; sistema nervoso e na aprendizagem dos papéis do Neuropsicopedagogo
• O Transtorno da Matemática do ser, visando a reintegração é trabalhar com estratégias variadas,
– está relacionado à baixa capacidade nos aspectos: pessoal, social e definindo atividades ou operações
da pessoa em manejar números e educacional. mentais que o sujeito pode executar
conceitos matemáticos, à forma Uma pessoa para ter uma titulação para facilitar e melhorar sua
com que a criança associa essas em Neuropsicopedagogia, precisa aprendizagem”.
habilidades com o mundo que a cerca; ter no mínimo uma pós-graduação Então, devemos elaborar nossa
e (especialização), que pode ser clínica intervenção começando através
• Transtorno da Expressão ou institucional, conforme o Capítulo de atividades cujas funções estão
Escrita - refere-se à ortografia ou V – art. 68 – SBNPp. preservadas ou parcialmente
caligrafia, na ausência de outras prejudicadas. Na etapa intermediária,
dificuldades da expressão escrita. Está 6 QUAL É O PAPEL DO devemos nos preocupar com o
nas dificuldades e na capacidade de NEUROPSICOPEDAGOGO? processo de compreensão-retenção
compor textos escritos, demonstrada e recuperação-utilização. E na etapa
por erros gramaticais e ortográficos, Russo (2016) nos traz uma final, com a reavaliação do quadro
má organização dos parágrafos, abordagem no campo de atuação do do indivíduo. Se atingidas as metas,
múltiplos erros ortográficos e na Neuropsicopedagogo, que trabalha procede-se à alta.
ausência de outros prejuízos na com pessoas que possam ter ou não Caso o indivíduo ainda apresente
expressão escrita. algum transtorno e dificuldades de situações que devam ser trabalhadas,
Entendemos que o professor é um aprendizagem, fazendo sua avaliação, elabora-se um novo relatório, um
profissional o qual irá observar intervenção, acompanhamento, novo plano de intervenção com
os “sinais” característicos de orientação, estratégias de as habilidades que não foram
algum transtorno ou dificuldade aprendizagem e diálogo entre contempladas, e seguem as etapas do
de aprendizagem que o discente família/escola/outros profissionais, trabalho.
apresenta. Mas, cabe aos pais/ visando uma melhoria no ensino-
responsáveis, procurar um aprendizagem. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
profissional especializado nessa Segundo a Resolução CFP 002/04
avaliação. Aqui, então entra o papel (apud RUSSO, 2016, p. 17), a Ainda que muitos pensem que
do Neuropsicopedagogo. Neuropsicopedagogia “atua no transtorno e dificuldade de
diagnóstico, no tratamento e na aprendizagem sejam o mesmo, é
5 O QUE É pesquisa da cognição, das emoções, importante ter conhecimento sobre a
NEUROPSICOPEDAGOGIA? da personalidade e do comportamento diferença entre eles. Antes de procurar
sob o enfoque da relação entre estes um professor particular para o seu
A SBNPp (Sociedade Brasileira de aspectos e o funcionamento cerebral”. filho, busque um diagnóstico clínico
Neuropsicopedagogia) conceitua a A busca por conhecimentos das para saber quais os seus problemas
Neuropsicopedagogia como: Neurociências irá auxiliar sua prática de aprendizagem. Confundir
“Uma ciência transdisciplinar, e seu método de trabalho. transtorno com dificuldades pode
fundamentada nos conhecimentos da A Neuropsicopedagogia utiliza- acarretar sérios problemas na vida do
Neurociências aplicada à educação, se de instrumentos avaliativos sujeito e tratá-los da mesma maneira,
com interfaces da Pedagogia e para realizar a verificação das provavelmente, não surtirá o efeito
Psicologia Cognitiva que tem como funções neuropsíquicas, como: desejável.
objeto formal de estudo a relação habilidades de atenção, percepção, O propósito deste artigo foi apresentar
entre o funcionamento do sistema linguagem, raciocínio, abstração, aos educadores uma exposição
nervoso e a aprendizagem humana memória, aprendizagem, habilidades teórica sobre necessidade em
numa perspectiva de reintegração acadêmicas, processamento da distinguir dificuldades e transtornos
pessoal, social e educacional”. informação visuoconstrutiva, afeto, de aprendizagem, apresentando
(SBNPp, 2016, p. 3) funções motoras e executivas. conceitos expostos por diversos

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22 BOLETIM SBNPp

autores, as divergências entre as opiniões, a necessidade set. 2013.


BECHARA, Evanildo C. (org.). Dicionário Escolar da Língua
de se conhecer melhor como é o funcionamento cerebral Portuguesa-Academia Brasileira de Letras. 2.ed.São Paulo:
durante o processo de aprendizagem com a utilização de Companhia Editora Nacional, 2008.

estudos da Neurociência e o papel do Neuropsicopedagogo BOSSA, Nádia. Dificuldades de aprendizagem: o que são?
Como tratá-las? Porto Alegre: Artimed, 2000.
como avaliador, interventor e mediador da aprendizagem
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria
escolar dos educandos com algum tipo de “dificuldade/ de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional
transtorno”. para a educação infantil: Introdução. Brasília: MEC/SEF,
1998.
A profissão de Neuropsicopedagogo exige muito estudo
DIAS, R. S. Bases neuropsicológicas da aprendizagem:
e dedicação. Cada dia aparecem novas informações de atenção, percepção e memória. IN: VALLE, L. E. R. do. Temas
multidisciplinares de neuropsicologia e aprendizagem.
estudos relacionados às Neurociências, ao cérebro. Então Sociedade Brasileira de Neuropsicologia. São Paulo:
encerro com uma frase de Michelangelo, aos 87 anos: Científica, 2004.

- “Eu ainda estou aprendendo”. FERNÁNDEZ. A. A inteligência aprisionada: abordagem


psicopedagógica clínica da criança e da família. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1991.
REFERÊNCIAS FISCHER, K. W.; ROSE, S. P. How the brain learns: Growth
cycles of the brain and mind.
ANDERSON, J. R. Aprendizagem e memória: uma abordagem Educational Leadership, v.56, n.3, p.56-60, 1998.
integrada. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2005. FRANÇA, C. Um novato na Psicopedagogia. In: SISTO, F.
APA – America, Psychiatric Association. DSM-5. Manual et al. Atuação psicopedagógica e aprendizagem escolar.
diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (recurso Petrópolis, RJ: Vozes, 1996.
eletrônico). Maria Inês Correa Nascimento et al (trad.); GUERRA, Leonor B. O diálogo entre a neurociência e a
Aristides Volpato (rev. tec.), 5.ed. (dados eletrônicos). Porto educação: da euforia aos desafios e possibilidades. Revista
Alegre: ArtMed, 2014. Interlocução, v.4, n.4, p.3-12, publicação semestral,
BARROS, Jussara de. Dificuldades de aprendizagem. Junho/2011.
<Disponível em:
http://www.brasilescola.com/educacao/dificuldades-
aprendizagem.htm>. Acesso em: 02

BENEFÍCIO PARA ASSOCIADO EM CURSOS DE


PÓS-GRADUAÇÃO
A SBNPp e o Grupo Educacional CENSUPEG permanecem com convênio firmado no intuito de beneficiar seus associados
para ingresso em cursos de Pós-Graduação.

CONTRIBUIÇÃO DO MEMBRO ASSOCIADO


Associado/a envie sua contribuição Neuropsicopedagógica para o e-mail sbnpp@sbnpp.com.br.

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SBNPp
BOLETIM SBNPp 23

GESTÃO 2016 – 2018

Presidente Vice-Presidente
Luiz Antonio Corrêa Rita Margarida Toler Russo

Secretaria Executiva Secretaria Institucional Tesoureira


Aline Carolina Rausis Clarice Luiz Sant’anna Rikeli Ferreira Thives Hackbarth

Conselho Fiscal Conselho Fiscal Conselho Fiscal Conselho Fiscal


Marlene Gonzatto Angelita Fülle Rosa Elena Seabra Mayra Minohara Campos de Sousa

Conselho de Ética Conselho de Ética Conselho de Ética Conselho de Ética


Alício Schiestel Joselma Gomes Vanessa Leite Machado Bárbara Madalena Heck da Rosa

Conselho Técnico-Profissional Conselho Técnico-Profissional Conselho Técnico-Profissional Conselho Técnico-Profissional


Rita Margarida Toler Russo Henrique Bueno Ruiz Cristiano Pedroso Fabrício Bruno Cardoso

Conselho Técnico-Profissional Conselho Técnico-Profissional


Ana Lúcia Hennemann Vera Lúcia de Siqueira Mietto

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