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EXCELENTÍSSIMO JUÍZO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE CAMPINAS,

ESTADO DE SÃO PAULO.

ALBERTO, nacionalidade ..., estado civil, profissão ..., com o CPF (Cadastro Nacional
de Pessoas Físicas) n ° ..., e com o RG (Registro Geral) n° ..., residente e domiciliado na
..., n° ..., bairro Pinheiros, na cidade de ..., no estado de São Paulo, CEP (Código de
Endereçamento Postal) ..., e-mail ... por intermédio de seus advogados, que abaixo
subscrevem, conforme instrumento procuratório anexo, ambos com escritório no ..., na
rua ..., nº ..., bairro ..., na cidade de ..., no estado de ..., CEP ..., onde recebem todas as
intimações, vem, mui respeitosamente a presença de Vossa Excelência, com fulcro no
art. 567 do NCPC, propor a presente:

AÇÃO DE INTERDITO PROIBITÓRIO COM PEDIDO DE LIMINAR

Em face de MÁRIO, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão ..., com o CPF n ° ..., e
com o RG n° ..., residente e domiciliado na ..., n° ..., bairro ..., na cidade de Campinas, no
estado de São Paulo, CEP ..., e-mail ... pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.

I. PRELIMINARMENTE:

1.1. DA JUSTIÇA GRATUITA


O promovente pleiteia a concessão da gratuidade da Justiça, uma vez que este não
possui rendimentos suficientes para custear as despesas processuais em detrimento de seu
sustento e de sua família.
O ordenamento jurídico brasileiro, através da Lei 1.060/50, garantiu aos
hipossuficientes pleno acesso aos órgãos judicantes por meio da isenção do pagamento
das despesas processuais. Referida garantia ficou consagrada pelo art 5º, inciso LXXIV,
da Constituição Federal e também passou a ser tutelada pela Lei 13.105/2015, que
instituiu o novo Código de Processo Civil.
A Lei 13.105/2015 dispõe em seu art. 98 sobre aqueles que podem ser
beneficiários da justiça gratuita: “A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira,
com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os
honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei”.
Vale ressaltar que a pessoa natural tem sua alegação sustentada por uma
presunção de veracidade. Sendo assim, à pessoa natural basta a mera alegação de
insuficiência de recursos, sendo desnecessária a produção de provas da hipossuficiência
financeira conforme parágrafo § 3 o do art. 99 do NCPC. Ou seja, nos termos da lei,
apresentado o pedido de gratuidade e acompanhado de declaração de pobreza, há uma
presunção legal, devendo o juiz prontamente deferir os benefícios ao seu requerente,
excetuando-se o caso em que há elementos nos autos que comprovam a falta de verdade
no pedido de gratuidade, caso em que o juiz deve indeferir tal pleito.
Entender de outra forma seria impedir os mais humildes ou aqueles que
momentaneamente, devido ao surgimento de algum fato extraordinário, de ter acesso à
Justiça, garantia maior dos cidadãos no Estado de Direito, corolário do princípio
constitucional da inafastabilidade da jurisdição, artigo 5º, inciso XXXV da Constituição
de 1988, sendo desnecessária a produção de provas da hipossuficiência financeira
conforme parágrafo § 3 o do art. 99 do NCPC.
Portanto, requer o recorrente que seja deferido o benefício da justiça gratuita por
não ter possibilidade de arcar com as despesas processuais sem que isso importe em
prejuízo próprio ou da respectiva família.

1.2. DA LIMINAR
O interdito proibitório é instrumento preventivo que pode se valer o possuidor
do bem para se proteger de ameaça à posse, quando se encontra em situação de justo
receio em sofrer esbulho ou turbação. Nesse sentido, aduz o caput do Art. 562 e o art.
568 do CPC que:
“Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá,
sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de
reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o
alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada”.

“Art. 568. Aplica-se ao interdito proibitório o disposto na Seção II deste


Capítulo”.

Excelência, na presente situação, estão provados para fins de deferimento seguro


de liminar de caráter inibitório os requisitos próprios e peculiares da posse, da turbação
e do justo receio, com o fito de que o requerido seja impedido de esbulhar a posse que o
autor exerce sobre o bem em questão.
Visto que, na narrativa fática esboçada em momento oportuno, fica demonstrado
a posse do autor, bem como a iminência da realização de esbulho de sua posse pelo réu.
Uma vez que o promovido informou ao funcionário do promovente que pretende alterar
a posição do cerca que separa a propriedade de ambos por um período de seis meses, a
fim de facilitar a passagem de seu gado.
Nesse sentido, a intervenção firme do Poder Judiciário se consubstancia numa
relevante tutela racional e antecipada para dar vigor à segurança da posse exercida pelo
autor, afastando-se o justo receio, através de uma ordem proibitória.
Pelo exposto, restando preenchidos os requisitos legais, estando a presente
exordial devidamente instruída, faz jus o autor à concessão liminar inaudita altera
parte do interdito proibitório, nos termos requeridos.
Destarte, a Liminar pode ser deferida desde já, em razão de o autor preencher
todos os requisitos para sua concessão. Contudo, se Vossa Excelência assim não
entender, poderá designar audiência justificação para fins de colheita de prova oral para
subsidiar a apreciação do pedido liminar.

1.3. DA COMPETÊNCIA
Justifica-se a competência da presente ação uma vez que o artigo 47 do NCPC,
“estabelece competência do foro da situação da coisa quando se tratar de ações fundadas
em direito real sobre imóveis”.

II. DOS FATOS


O autor é proprietário de um sítio situado em Campinas - SP e, em um final de
semana, nota que a cerca de arame que faz divisa com o sítio de seu vizinho Mário foi
deslocada cinco metros para dentro de seu terreno, reduzindo sua área. Prontamente, o
promovente, com espírito amigável, providencia o deslocamento da cerca para a sua
posição originária.
Um mês depois, o vizinho Mário, desloca, novamente, a cerca de lugar, para usar
aquela faixa de terra para passagem de seu gado, e no final do mesmo dia, providencia o
deslocamento da cerca para a sua posição originária. Passado mais um mês, o vizinho
Mário repete a sua mesma conduta do mês anterior, providenciando, no final do dia, o
deslocamento da cerca para a sua posição originária. Fator que torna a situação
insustentável, visto que, o réu se aproveitou da ausência do autor para alterar a cerca
constantemente, evidenciando, pois, a sua intenção de praticar o esbulho.
Além de todo esse dessabor, após três meses do último fato mencionado, o
promovente tomou ciência, através de seu funcionário, que o réu, aproveitando-se de que
ele – autor – está indo poucas vezes ao sítio, pretende deslocar, novamente, a cerca,
mantendo-a nessa posição pelo período de seis meses, para que possa usar aquela faixa
de terra para passagem de suas novas cabeças de gado, adquiridas recentemente em um
leilão.
Diante dos fatos alegados, o autor, no receio de um iminente esbulho da posse que
exerce sobre o imóvel recorre ao Poder Judiciário de modo que este lhe assegure o direito
a qual faz jus sem mais se preocupar com possíveis moléstias e ameaças.

III. DO DIREITO
Como aludido supra, o autor sempre exerceu a posse da propriedade pleiteada
nessa demanda, visto que possui funcionários para administrá-la – posse indireta.
Contudo, em detrimento dos atos praticados pelo réu e, da posterior ameaça de esbulho,
o promovente adentrou com essa demanda com o crivo de adquirir a tutela intentada.
Desse modo, vejamos a seguir a ação cabível para o feito em tela e seus requisitos.

3.1. DO DEFERIMENTO DA LIMINAR PROIBITÓRIA


Em se tratando de Ação Possessória de Interdito Proibitório, a Lei Instrumental
Civil garante, quando todos os requisitos cumpridos e comprovados, que o juiz concederá
a liminar de reintegração de posse, conforme os art. 562 e 568 do CPC dispõem. Vejamos:
“Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá,
sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de
reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o
alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada”
(Grifo nosso).
“Art. 568. Aplica-se ao interdito proibitório o disposto na Seção II deste
Capítulo”.

Excelência, diante de todo o exposto nesta exordial fica evidente que o autor
preenche todos os requisitos próprios e peculiares da posse, da turbação e do justo receio
para fins de deferimento seguro de liminar de caráter proibitório. Visto que, na narrativa
fática fica demonstrado a posse do autor, bem como a iminência da realização de esbulho
de sua posse pelo réu. Uma vez que o promovido informou ao funcionário do promovente
que pretende alterar a posição do cerca que separa a propriedade de ambos por um período
de seis meses, a fim de facilitar a passagem de seu gado.
Em ato contínuo, vejamos:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE INTERDITO PROIBITÓRIO.
COMPROVAÇÃO DOS REQUISITOS. 1. A ação de interdito proibitório
deve ser proposta no intuito de segurar o possuidor direto ou indireto de
possível turbação ou esbulho em sua posse, observados os requisitos insertos
no artigo 561, do Código de Processo Civil. 2. Demonstrado o
preenchimento dos requisitos necessários à concessão de liminar de
interdito proibitório, quais sejam, comprovação da posse do autor e da
iminência da realização de turbação ou esbulho de sua posse, o
deferimento liminar é medida que se impõe. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO. (Grifo nosso).
(TJ-GO 55859398220218090019, Relator: DESEMBARGADOR JEOVA
SARDINHA DE MORAES - (DESEMBARGADOR), 6ª Câmara Cível, Data
de Publicação: 26/01/2022)

Destarte o deferimento da medida, imperativo se faz a concessão de sua liminar,


em face às situações emergenciais acima expostas que pretende o autor, a qualquer custo
e tempo, evitá-las, como tenta agora, e pleiteando através da presente. Tal expediente se
encontra legalmente amparado entre a relevância da fundamentação do pedido e o
eminente risco da medida se tornar insatisfativa, caso não haja a sua concessão.
Sendo assim, demonstrado que a petição inicial está devidamente instruída e
cumprindo todos os requisitos necessários, é imprescindível que seja deferido o
MANDADO LIMINAR DE INTERDITO PROIBITÓRIO, para que a justa ameaça
ao direito de posse da autora não venha a se tornar um esbulho possessório.
3.2. DO CABIMENTO DA AÇÃO POSSESSÓRIA
A presente ação se funda no fato de haver uma ameaça ao exercício do direito de
posse por parte do promovido contra o promovente, que exerce a posse no imóvel, bem
como é detentor de sua propriedade. Além disso, observa-se da leitura dos fatos e da
análise do conjunto probatório que a ameaça por parte do promovido é real e persiste
unicamente pelo fato de ele inúmeras vezes ter alterado a posição da cerca que divide a
propriedade de ambos, bem como informar ao funcionário do requerente que pretende
alterar a cerca e deixá-la nessa nova posição por 6 meses para expandir a passagem de
seu gado, fator que caracteriza a pretensão de esbulho do réu contra o autor.
Como é cediço, o Código civil garante ao possuidor ter seu direito de posse
segurado de violência iminente sempre que houver justo receio de ser molestado,
consoante narrativa do art. 1.210. Vejamos:
“Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de
turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver
justo receio de ser molestado”.

Como já demonstrado, no caso em tela, trata-se de violência iminente. Diante


disto, o instrumento jurídico capaz de sanar a situação é o interdito proibitório que, como
se sabe, é a ação do proprietário fundada no justo receio que sobrevenha ulterior esbulho
possessório (CPC, art. 567). Vejamos:
“Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio
de ser molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure da
turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório em
que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida
o preceito”.
Nesse sentido é a jurisprudência:
“APELAÇÃO CÍVEL. PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA.
IMPOSSIBILIDADE. INTERDITO PROIBITÓRIO. ESBULHO IMINENTE
E POSSE ATUAL COMPROVADOS. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA.
DESPROVIMENTO DO APELO. — O interdito proibitório é a ação
apropriada para que o possuidor, em vias de comprovada ameaça,
proponha e receba a devida segurança, consistente em uma ordem judicial
proibitória, a fim de impedir que se caracterize tal ameaça, acompanhada
de sanção para a hipótese de descumprimento da ordem. Todavia, sua
concessão fica sujeita à comprovação do justo receio da turbação ou esbulho
iminente, o que não foi demonstrado nos autos. VISTOS, RELATADOS E
DISCUTIDOS os presentes autos acima identificados. ACORDA a Egrégia
Terceira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, por
unanimidade, em rejeitar a preliminar e, no mérito, negar provimento ao apelo
(Grifo nosso).
(0800251-24.2017.8.15.0251, Rel. Des. Saulo Henriques de Sá e Benevides,
APELAÇÃO CÍVEL, 3ª Câmara Cível, juntado em 27/02/2020)”.

Em vista disso, temos como inequívocas a comprovação da ameaça e da


necessidade dessa ação. Deve-se, por meio dela, garantir a perpetuação do direito de posse
do autor.
3.3. DO CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS
Nesta exordial o autor incumbiu-se de provar na dianteira e à saciedade os
requisitos gerais das demandas possessórias que, aplicado por remissão do art. 568 do
NCPC, estão previstos no art. 561 do NCPC. Vejamos:
“Art. 561. Incumbe ao autor provar:
I – a sua posse;
II – a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III – a data da turbação ou do esbulho;
IV – a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a
perda da posse, na ação de reintegração.”

No caso em tablado, o autor, após ser esbulhado pelo promovido, com o


deslocamento constante da cerca de arame que faz divisa com o sítio do réu para dentro
de sua área, continua sofrendo ameaças ao pleno exercício da posse que exerce sobre o
referido imóvel, uma vez que o réu informou a um dos funcionários do autor que pretendia
deslocar a cerca novamente, e que dessa vez a deixaria por 6 meses nessa nova posição.
Fator que configura a ameaça a propriedade e defere proteção ao possuidor ameaçado,
cujo procedimento é regulado pelo Código de Processo Civil nos artigos 567 e 568.
Ademais, a posse do autor fica evidente porque o requerente além de proprietário, é
possuidor da terra, e, como tal, possui funcionários contratados para preservá-la
conforme seu interesse – o que caracteriza a posse, mesmo que indireta. Outrossim, a
presente ação é dotada de força nova, uma vez que a mesma foi proposta antes de um
ano e um dia do esbulho sofrido.

IV. DOS PEDIDOS


Ante ao exposto, respeitavelmente REQUER:
a) tendo em vista o princípio da fungibilidade das ações possessórias, seja recebida a
inicial como manutenção ou reintegração de posse, se assim entender vossa excelência;
b) A concessão dos benefícios da gratuidade da justiça, uma vez preenchidos os
requisitos do art. 98 do NCPC;
c) A concessão de MEDIDA LIMINAR Inaudita Altera Pars, com a expedição do
competente mandado, com a determinação para que o réu se abstenha de praticar atos de
ameaça de invasão por esbulho, sob pena de multa pecuniária diária no valor de R$ ...
(valor expresso em reais, em números e por extenso).
d) A citação do réu para apresentar contestação dentro do prazo legal, nos termos dos
arts. 246 e 212, do NCPC, sob pena de revelia;
e) Caso Vossa Excelência determine audiência de justificação prévia, a oitiva das
testemunhas, cujo rol será apresentado no prazo legal.
f) Que a presente ação seja julgada TOTALMENTE PROCEDENTE, com a
manutenção dos requerentes na posse do imóvel, livres de ameaça de invasão, e a
condenação do réu ao pagamento das custas judiciais e honorários advocatícios na
ordem de ...% sobre o valor da causa, acrescidos de juros e atualização monetária, e
demais cominações legais;
g) Protestar provar o alegado por todos os meios de provas admitidas em direito.

Dá-se à causa o valor de R$ ... (valor expresso em reais, em números e por extenso).

Nestes termos,
Pede deferimento.

Cidade/UF de estado, data com mês e ano.

Nome completo do advogado (a)


Advogado(a)
OAB/UF n°

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