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Tipos de pé

Pé cavo

O pé cavo é aquele que apresenta um aumento da elevação do arco longitudinal medial. A


deformidade em cavo é relativamente comum na população, com incidência relatada por
alguns autores de até 20%.

A grande maioria dos pés cavos (81%) eram considerados de etiologia desconhecida, o
chamado pé cavo idiopático. Porém uma investigação neurológica minuciosa reduziu essa taxa
para 31%.

As principais causas são neurológicas, congênitas e traumáticas.

As neurológicas estão relacionadas ao desequilíbrio muscular, sendo frequente nos músculos


fibular longo, tibial posterior e tibial anterior. A doença de Charcot-Marie-Tooth é a causa mais
significa de pé cavo neurológico. Outras doenças neurológicas que podem levar ao pé cavo são
a paralisia cerebral, o acidente vascular encefálico, as doenças medulares e a paralisia infantil.

Entre as causas congênitas, o pé equinocavovaro é decorrente de correções parciais do pé


torto congênito, e a barra calcaneonavicular pode causar um pé cavovaro rígido.

O pé cavo pós-traumático é encontrado após fraturas de colo do tálus e síndromes


comportamentais do pé.

O paciente com pé cavo sintomático se queixa de dor no calcanhar e metatarsalgia por conta
da maior pressão nesses locais, já que a elevação do arco longitudinal retira parte do apoio no
mediopé. Além disso, com a redução da valgização normal do retropé na marca, mais impacto
é gerado no calcanhar, o que aumenta a queixa dolorosa em atividades de alto impacto.

Outra queixa frequente é a dificuldade de se adaptar a calçados, por causa da elevação do arco
longitudinal medial. Calosidades podem aparecer nas áreas de maior atrito como calcanhar,
planta do antepé e dorso dos dedos, quando existe deformidade em garra. Quando o varo é
um componente importante, a sobrecarga lateral do pé pode gerar dor plantar sob o 4º e 5º
metatarsais.

Uma dor mais intensa e de caráter aguda pode ser o sintoma de fratura por estresse. Dor na
face lateral do retropé pode estar relacionada com ruptura ou instabilidade dos tendões
fibulares. Entorses de repetição são uma queixa muito comum, que acontecem por causa da
posição desfavorável do pé.

A queixa inicial geralmente é o desgaste anormal do calçado e a sua análise deve ser parte do
exame físico.

O diagnóstico etiológico do pé cavo pode ser feito com base no histórico de deformidade. As
congênitas estarão presentes desde o nascimento, enquanto as traumáticas terão um histórico
de lesão.

As radiografias podem identificar algumas causas de pé cavo, como a coalizão tarsal e a


sequelas de fraturas. As radiografias de frente e de perfil com carga dos pés são úteis para
quantificar a deformidade em cavo. Os principais ângulos utilizados são os de Hibbs, Méary e
pitch do calcâneo.

A tomografia computadorizada tem maior utilidade nos casos de suspeita de barras tarsais e
nos casos de pé cavo por sequelas de fraturas. A ressonância magnética é útil no diagnóstico
das lesões associadas ao pé cavo, como lesão ligamentar lateral crônica, lesões dos tendões
fibulares e fraturas por estresse.

Pé plano

O pé plano (prono ou chato) é o pé com arco longitudinal medial baixo ou desabado. Não
existe um parâmetro clínico ou radiográfico universalmente aceito para determinado quanto
um arco deve ser rebaixado para se considerar um pé plano.

Apesar de a maior parte dos pés planos na população sejam assintomáticos, uma grande
parcela apresenta algum tipo de dor ou disfunção, acompanhada da avaliação clínica de pé
plano. Alguns pacientes relatam que o pé vem mudando sua estrutura: alguns citam que o pé
aumentou de tamanho, outros que o pé rodou para fora e outros que relatam que o arco caiu.
Nesses casos, o diagnóstico de disfunção do tendão tibial posterior deve ser investigado.

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