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EDUCAÇÃO INTEGRAL E

NOVAS TECNOLOGIAS

Autoria: Rosane Cristina Coelho Pisa

UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Hermínio Kloch

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Ivan Tesck

Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz
Prof.ª Tathyane Lucas Simão
Prof. Ivan Tesck

Revisão de Conteúdo: Maria Aparecida de Oliveira Silva


Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2017


Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.

371.33

P673e Pisa, Rosane Cristina Coelho


Educação integral e novas tecnologias / Rosane Cristina
Coelho Pisa. Indaial : UNIASSELVI, 2017.

124 p. : il.

ISBN 978-85-69910-63-3

1.Tecnologia Educacional.
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
Rosane Cristina Coelho Pisa

Graduação em Ciências Biológicas, pelo


Centro Universitário Leonardo Da Vinci / SC,
2008; Graduação em Pedagogia pela Universidade
do Estado de Santa Catarina, UDESC, 2006
Florianópolis. Especialização em Gestão e Tutoria
pelo Centro Universitário Leonardo Da Vinci / SC em
2011; Especialização em Práticas Pedagógicas
Multidisciplinares e Gestão Escolar pela Faculdade
de Administração, Ciências, Educação e Letras,
AUPEX/ SC, 2005. Atua como professora na
Graduação e como Tutora Interna da Pós-
Graduação do Centro Universitário Leonardo
Da Vinci- Indaial- SC.
Sumário

APRESENTAÇÃO............................................................................ 7

CAPÍTULO 1
As Novas Tecnologias na Educação: uma Aprendizagem
Significativa ................................................................................... 9

CAPÍTULO 2
O Professor Frente às Novas Tecnologias Digitais.............. 45

CAPÍTULO 3
Novas Competências Didáticas x Tecnologia Digital
Interativa....................................................................................... 83
APRESENTAÇÃO
Estamos diante de uma sociedade em escala global que vem passando por
inúmeras transformações, principalmente na área da informação e comunicação.
A tecnologia vem adquirindo cada vez mais espaço, principalmente no contexto
educacional, e com isso, exigindo das escolas, metodologias pedagógicas que
promovam a aprendizagem dos alunos de forma mais lúdica e interativa.

A questão que se coloca para a educação é: Como utilizar as ferramentas


tecnológicas para diversificar as estratégias de ensino? Ao que nos parece é um dos
desafios para os professores integrá-las como instrumentos de aprendizagem.

Para compreender este contexto, abordaremos no capítulo 1, a evolução da


tecnologia ao longo das décadas e a forma como a educação foi aperfeiçoando a
transmissão do saber. Podemos verificar que o uso das ferramentas tecnológicas
trouxeram possibilidades de ampliar e diversificar a prática pedagógica em sala de
aula. No entanto, é importante destacar que apenas inserir as tecnologias na escola
não basta para a aprendizagem. São necessárias mudanças estruturais no sistema
escolar e principalmente investimentos na formação do professor.

No capítulo 2 será tratada a questão das melhorias nas práticas pedagógicas


para oferecer um ensino que contemple a formação do ser humano na sua totalidade.
O professor precisa ter uma formação que permita refletir como articular a utilização
das tecnologias da informação e comunicação – TICs – com os espaços em sala
de aula. Uma formação que possibilite novas formas de comunicação e expressão,
produzindo novas informações no contexto da cultura digital, a fim de tornar as aulas
mais atraentes e participativas.

No capítulo 3 abordaremos os diferentes ambientes virtuais de aprendizagens.


O professor precisa aprender a gerenciar esses novos espaços e integrá-los a sua
prática pedagógica de forma interativa e inovadora. Precisamos buscar um novo
jeito de educar, um olhar diferenciado com as crianças e jovens, um novo jeito de
fazer educação. Para atender a este contexto, a educação integral é vista como uma
oportunidade para o desenvolvimento das diversas dimensões do ser humano. Uma
educação que priorize o papel do aluno como protagonista do processo de ensino e
aprendizagem, oferecendo atividades que possibilitem novas formas de comunicação
e expressão. É preciso que as aprendizagens sejam dinâmicas e articuladas com os
objetivos da educação. Uma educação integral que traga significados ao aluno, para
que tenha interesse em aprender e participar deste mundo em transformação.

A autora.
C APÍTULO 1
As Novas Tecnologias na Educação:
uma Aprendizagem Significativa

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os


seguintes objetivos de aprendizagem:

� Refletir sobre o uso das novas ferramentas tecnológicas


para a construção do conhecimento.

� Identificar se os recursos tecnológicos utilizados em


sala de aula, quando empregados de forma coerente,
proporcionam situações de ensino e aprendizagem.
Educação Integral e Novas Tecnologias

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Capítulo 1 As Novas Tecnologias na Educação: uma
Aprendizagem Significativa

Contextualização
A escola como espaço de produção e construção do saber vem, ao longo
das décadas, fazendo uso das novas tecnologias, pois estamos trabalhando na
perspectiva da Educação Integral na busca de uma formação plena do aluno,
possibilitando o desenvolvimento das diversas dimensões humanas, entre elas as
diferentes formas de expressão e comunicação no contexto da cultura digital. E
esse é um dos grandes desafios hoje da educação.

[...] a aprendizagem pode se dar com o envolvimento integral


do indivíduo, isto é, do emocional, do racional, do seu imag-
inário, do intuitivo, do sensorial em interação, a partir de desa-
fios, da exploração de possibilidades, do assumir de respons-
abilidades, do criar e do refletir juntos (KENSKI,1996, p. 146).

Muitas ações já estão sendo desenvolvidas para que haja mudanças na


educação. Contudo, faz-se necessário revermos as concepções enraizadas a
respeito da função da escola no século XXI. Para isso é necessária, além de uma
reestruturação na escola, uma profunda mudança na sociedade. Nas palavras de
Paulo Freire (1991, p. 126):

Você, eu, um sem-número de educadores sabemos todos que


a educação não é a chave das transformações do mundo,
mas sabemos também que as mudanças do mundo são um
que-fazer educativo em si mesmas. Sabemos que a educação
não pode tudo, mas pode alguma coisa. Sua força reside ex-
atamente na sua fraqueza. Cabe a nós pôr sua força a serviço
de nossos sonhos.

A geração de hoje convive diariamente com as tecnologias digitais, pois elas


estão em todo o contexto social. Diante desta realidade, é necessário possibilitar
ao professor uma formação para que utilize as diversas mídias de informação e
comunicação, de modo eficiente, aperfeiçoando sua prática pedagógica.

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Educação Integral e Novas Tecnologias

A Inserção das Novas Ferramentas


Digitais: Possibilidades Para a
Educação
"Tornou-se chocantemente óbvio que a
nossa tecnologia excedeu a nossa hu-
manidade".
        
Albert Einstein

A história da humanidade é marcada pela criação de invenções e apara-


tos tecnológicos. Desde que se tem conhecimento da existência da humanidade,
sabemos que o homem desenvolveu diferentes recursos tecnológicos, que mod-
ificaram a sua forma de viver. “As tecnologias são tão antigas quanto a espécie
humana”. Foi a engenhosidade humana em todos os tempos que deu origem às
mais diferentes tecnologias. O uso do raciocínio tem garantido ao homem um pro-
cesso crescente de inovações (KENSKI, 2003, p. 20).

Diante disso, podemos perceber que as necessidades primitivas possibili-


taram o desenvolvimento e a evolução da tecnologia.

Figura 1 - As mudanças trazidas pela tecnologia

Fonte: Disponível em: <http://www.tecnologiainterativa.com.br/especiais-tecnolo-


gia/a-evolu%C3%A7%C3%A3o-tecnologica/>. Acesso em: 16 maio 2017.

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Capítulo 1 As Novas Tecnologias na Educação: uma
Aprendizagem Significativa

A evolução social do homem confunde-se com as tecnolo-


gias desenvolvidas e empregadas em cada época. Diferentes
épocas da história da humanidade são historicamente recon-
hecidas, pelo avanço tecnológico correspondente. As idades
da pedra, do ferro e do ouro, por exemplo, correspondem ao
momento histórico-social em que foram criadas “novas tecno-
logias” para o aproveitamento desses recursos da natureza de
forma a garantir melhor qualidade de vida. O avanço científico
da humanidade amplia o conhecimento sobre esses recursos
e cria permanentemente “novas tecnologias”, cada vez mais
sofisticadas (KENSKI, 2003, p. 20).

Os processos históricos e culturais conduziram a educação ao longo dos


anos. A educação das famílias e das comunidades foi marcada por um modelo
tradicionalista, que teve diferentes objetivos, mas com a finalidade de atender aos
interesses dominantes do país.

A chegada da revolução tecnológica trouxe várias mudanças nas relações


sociais, na economia, na política e, consequentemente, na educação. As relações
interpessoais tornaram-se cada vez mais complexas e um dos pontos-chave que
atinge a humanidade é o atual modelo de comunicação e informação.

Figura 2 - A comunicação da idade contemporânea

Fonte: Disponível em: <http://literaciadigital.blogspot.com.br/2006/10/escola-pais-e-ger-


ao-digital.html>. Acesso em: 11 maio 2017.

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Educação Integral e Novas Tecnologias

As necessidades da sociedade moderna vêm exigindo da escola


uma nova forma de trabalhar os conteúdos básicos da educação escolar –
conteúdos curriculares, desafiando o docente a utilizar diferentes linguagens
de comunicação, entre elas as novas tecnologias da Informação. Porto (2006)
destaca que não é necessário que a escola abandone sua clássica função de
ensino, nem que substitua todos os conteúdos do currículo, mas que, ao trabalhar
os conteúdos e produzir os conhecimentos, precisa fazer uso das diversas formas
de comunicação para atender às novas formas culturais.

A educação é constantemente questionada quanto ao seu fazer pedagógico


e recebe muitas críticas, por apresentar dificuldades em alfabetizar seus alunos e
pelas dificuldades em acompanhar as mudanças tecnológicas da sociedade atual.
A escola, como um local de construção do saber, tem um importante papel na
educação das novas gerações. Enquanto formadora do conhecimento, precisa
acompanhar as mudanças, contribuindo de modo eficaz no sucesso de todos os
envolvidos nesta relação pedagógica.

Paulo Freire, nos seus mais diversos escritos, deixa as suas esperanças
para as possíveis transformações sociais, quando diz que:

É preciso que a educação esteja – em seu conteúdo, em seus


programas e em seus métodos – adaptada ao fim que se
persegue: permitir ao homem chegar a ser sujeito, construir-se
como pessoa, transformar o mundo, estabelecer com os outros
homens relações de reciprocidade, fazer a cultura e a história
[...] uma educação que liberte, que não adapte, domestique ou
subjugue (FREIRE, 2006, p. 45).

As informações, na era globalizada, são propagadas rapidamente e, diante


disso, discute-se muito qual é o papel da escola. O processo de sistematização
dessas informações, levando o aluno a elaborar novos conhecimentos, é o grande
desafio para o professor na educação do século XXI.

É fato que atualmente o uso da tecnologia aumentou seu ritmo, mas é


importante lembrar que ela se faz presente desde os primórdios, quando o homem
surgiu no planeta e começou a desenvolver instrumentos que garantissem a sua
morada. Segundo Damásio (2007, p. 45), “a tecnologia pode ser entendida como
sendo a soma de um dispositivo, das suas aplicações, contextos sociais de uso e
arranjos sociais e organizacionais que se constituem em seu torno”.

Se o espaço educativo for entendido como local de construção do


conhecimento e de socialização do saber, é necessário que as novas ferramentas
digitais façam parte do cotidiano do professor, pois elas possibilitam que novos
conhecimentos sejam adquiridos.

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Capítulo 1 As Novas Tecnologias na Educação: uma
Aprendizagem Significativa

O Avanço das Tecnologias e as


Mudanças Impostas para a Atuação
do Professor
Vivemos num momento em que a sociedade enfrenta um processo de
transformação na área da comunicação. A escola está diante de uma nova forma
de ensinar. Como não poderia ser diferente, muitas são as discussões sobre
como inserir novas tecnologias no contexto escolar, em favor de novas práticas
educativas, aperfeiçoando o trabalho do docente. Diante deste novo paradigma,
Moran (2000, p. 36) destaca que:

A educação escolar precisa compreender e incorporar mais


as novas linguagens, desvendar os seus códigos, dominar as
possibilidades de expressão e as possíveis manipulações. E é
importante educar para usos democráticos, mais progressistas
e participativos das tecnologias, que facilitam a evolução dos
indivíduos.

Entende-se que é necessário promover habilidades e competências exigidas


pelo mercado de trabalho que devem fazer parte das atividades escolares e
extracurriculares.

A escola, hoje, não é mais a principal detentora do saber. O pa-


pel do professor somente como transmissor do conhecimento
não tem mais lugar nesse espaço. É mais importante indicar
onde o aluno pode encontrar as informações de que necessita
para a construção do seu saber e como poderá transformá-las
em conhecimento do que ser um repassador dos conteúdos de
sua área (SARAIVA, 2004, p. 142).

Para a educação está sendo um desafio atender a esta demanda. São muitas
informações e diversas fontes de referências no mundo digital. É necessário
desenvolver uma capacitação docente, voltada para o desenvolvimento de
práticas pedagógicas que empreguem as tecnologias no processo de ensino/
aprendizagem. Possibilitar a utilização dos recursos midiáticos requer do
professor a construção de novos conhecimentos e novas formas de pensar o
processo ensino-aprendizagem. De acordo com Freire (2003, p. 47), “ensinar não
é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua produção ou sua
construção”. Nesta mesma linha, Moran (2000, p. 36) corrobora dizendo que:

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Educação Integral e Novas Tecnologias

A educação escolar precisa compreender e incorporar mais


as novas linguagens, desvendar os seus códigos, dominar as
possibilidades de expressão e as possíveis manipulações. E é
importante educar para usos democráticos, mais progressistas
e participativos das tecnologias, que facilitam a evolução dos
indivíduos.

Ao trabalhar com as tecnologias educacionais, o professor estará criando


possibilidades para o aluno lidar com essas ferramentas tão presentes no seu
dia a dia. O mais importante e primordial não é apenas saber utilizar os recursos
tecnológicos, mas aprender a pensar, ou seja, aprender a saber e aprender a
fazer. Como bem afirma Lorenzato (1995, p. 4):

Os recursos interferem fortemente no processo de ensino e


aprendizagem; o uso de qualquer recurso depende do conteú-
do a ser ensinado, dos objetivos que se deseja atingir e da
aprendizagem a ser desenvolvida, visto que a utilização de re-
cursos didáticos facilita a observação e a análise de elementos
fundamentais para o ensino experimental, contribuindo com o
aluno na construção do conhecimento.

De acordo com Freire (2000, p. 102): “ensinar exige segurança e competência


profissional. [...] Quanto mais penso sobre a prática educativa, reconhecendo a
responsabilidade que ela exige de nós, mais me convenço do nosso dever de
lutar para que ela seja realmente respeitada”.

A tecnologia educacional é entendida como uma opção de se oferecer uma


educação contextualizada. Contudo, é necessário promover a alfabetização
tecnológica ao professor, inovando sua prática pedagógica. Sampaio e Leite
(apud LEITE, 2003, p. 14) trazem o conceito de alfabetização tecnológica:

Alfabetização Tecnológica envolve o domínio contínuo e


crescente das tecnologias que estão na escola e na sociedade,
mediante o relacionamento crítico com elas. Este domínio se traduz
em uma percepção global do papel das tecnologias na organização
do mundo atual e na capacidade do professor em lidar com as
diversas tecnologias, interpretando sua linguagem e criando novas
formas de expressão, além de distinguir como, quando e por que são
importantes e devem ser utilizadas no processo educativo.

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Capítulo 1 As Novas Tecnologias na Educação: uma
Aprendizagem Significativa

Vamos refletir:

Que práticas educativas favorecem o uso das novas tecnologias


para a construção de conceitos?

Como utilizar a tecnologia para trabalhar os conteúdos de forma


interdisciplinar?

Em que momento inserir as ferramentas digitais em sala de aula?

Os docentes, muitas vezes, apresentam dificuldades em utilizar as


ferramentas digitais para que o aluno possa construir conceitos atendendo às
Diretrizes Curriculares Nacionais e aos Parâmetros Curriculares Nacionais.
Entende-se que o grande desafio do professor não é apenas lidar com os recursos
tecnológicos, mas desenvolver técnicas adequadas para um aprendizado
significativo, que contemple a interdisciplinaridade.

As inovações tecnológicas estão em todos os campos da sociedade e


repercutem diretamente na vida dos alunos. Ensinar com as novas tecnologias
exige de todos mudanças nos paradigmas convencionais. Para que a escola
possa oferecer uma educação integrada, as mudanças de concepção de ensino
devem ser não apenas na forma, mas também no conteúdo. Como já vimos, os
recursos didáticos e as propostas pedagógicas norteiam a ação do professor.
Assim, as habilidades a serem desenvolvidas pelo docente quanto ao uso da
tecnologia não podem estar voltadas apenas em operar tecnicamente com a
máquina, mas possibilitar uma aprendizagem comunicativa, pois segundo Moran
(2004, p. 23), “[...] aprendemos pelo interesse, pela necessidade. Aprendemos o
que é significativo para cada um de nós”

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Educação Integral e Novas Tecnologias

Vamos refletir...

De que forma a escola consegue promover uma educação


integrada, utilizando as novas possibilidades tecnológicas em
diferentes tempos e espaços?
_
Figura 3 – Tecnologia; Tempo; Espaço

Fonte: A autora.

Para responder a esta pergunta, vamos discutir as ideias acerca do uso das
novas tecnologias num contexto de educação integral integrada, não apenas como
um recurso utilizado na prática docente, mas como uma proposta metodológica
que traga mudanças no processo ensino-aprendizagem.

Quando pensamos em educação integral, estamos nos referindo à


Uma proposta que vai
além da ampliação noção de integralidade da educação, que não necessariamente esteja
da permanência do voltada para o tempo integral na escola, mas uma proposta educativa
aluno no espaço
educativo. preocupada com a formação humana. Uma proposta que vai além da
ampliação da permanência do aluno no espaço educativo.

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Capítulo 1 As Novas Tecnologias na Educação: uma
Aprendizagem Significativa

Entre os caminhos explicativos para o conceito de Educação


Integral pode-se registrar uma perspectiva primeira que focali-
za o sujeito e aproxima educação com formação integral. Para
os que se referenciam neste ângulo de análise, educação in-
tegral supõe o desenvolvimento de todas as potencialidades
humanas com equilíbrio entre os aspectos cognitivos, afetivos,
psicomotores e sociais. Considera-se aí que, apesar da pre-
ponderância eventual de um aspecto, o homem é uno, integral
e não pode evoluir plenamente senão pela conjugação de suas
capacidades globais (GUARÁ, 2010, p. 2).

A Educação Integral institui um novo olhar à escola. Como instituição


geradora de conhecimentos, pode contribuir na construção da aprendizagem,
criando possibilidades de interação humana e de desenvolvimento pleno ao
aluno. Para a construção de uma sociedade democrática, é importante discutir
que aprendizagens a escola deve oferecer para contribuir na construção de
conhecimentos, atitudes e valores.

É possível pensarmos numa escola em tempo integral, sem a


concepção de uma educação integral?

Qual deve ser o modelo ideal de escola de tempo integral que


vai além do contraturno?
É possível oferecer uma educação integral integrada sem a
ampliação de carga horária?

Partindo do ponto de que a educação integral traz possibilidades


É necessário investir
para a melhoria da qualidade do ensino, o espaço educativo deve nos professores,
possibilitar uma educação integral que vise à reestruturação das com qualidade na
propostas didático-metodológicas, que oportunize ao educando o formação inicial,
melhores salários e
acesso aos diversos recursos, promovendo um ensino prazeroso, condições de trabalho
por meio da experimentação e da pesquisa. É necessário investir nos para que possam
desempenhar a sua
professores, com qualidade na formação inicial, melhores salários e função.
condições de trabalho para que possam desempenhar a sua função.
Construir uma educação integral é uma tarefa social, que cabe a todos da
sociedade.

19
Educação Integral e Novas Tecnologias

A Educação Integral exige mais do que compromissos: impõe


também, e principalmente, projeto pedagógico, formação de
seus agentes, infraestrutura e meios para sua implantação. Ela
será o resultado dessas condições de partida e daquilo que for
criado e construído em cada escola, em cada rede de ensino,
com a participação dos educadores, educandos e das comuni-
dades que podem e devem contribuir para ampliar os tempos
e os espaços de formação de nossas crianças, adolescentes
e jovens na perspectiva de que o acesso à educação públi-
ca seja complementado pelos processos de permanência e
aprendizagem (BRASIL, 2009, p. 6).

Entretanto, para que isso se torne viável é preciso o envolvimento de todos


os seus atores (estudantes, professores, pais e comunidade), para que estejam
comprometidos em realizar as mudanças na construção de um plano de ações
coletivas, que possibilite o desenvolvimento integral do educando, reconhecendo
o valor social da educação. Guará (2010, p. 65 e 81) destaca que:

Educação Integral com direito de cidadania supõe uma oferta


de oportunidades educativas na escola e além dela, que pro-
movam condições para o desenvolvimento pleno de todas as
potencialidades da criança e dos jovens. Nesta perspectiva, a
escola abre-se, permitindo que outros atores possam partici-
par da relação de ensinar e aprender, pois possuem saberes e
conhecimentos que podem e devem ser compartilhados. Apre-
sentando assim uma nova maneira de ser escola, mudando
seu cotidiano, sua organização e seu currículo.

A educação integral vai além da ampliação do tempo. Ela busca a construção


de aprendizagens e conhecimentos contextualizados. De acordo com a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBN – nº 9.394/1996, “a Educação
Integral é o aumento progressivo da jornada escolar na direção do regime
de tempo integral, valorizando as iniciativas educacionais extraescolares e a
vinculação entre o trabalho escolar e a vida em sociedade”.

Para complementar este tema que vem permeando a nossa conversa até
agora, apresentamos os três pilares no qual Educação Integral Integrada se baseia.

20
Capítulo 1 As Novas Tecnologias na Educação: uma
Aprendizagem Significativa

Figura 4 - A educação integral baseada nos seus três pilares

Fonte: Disponível em: <http://porvir.org/e-quem-faz-os-comos-da-educacao-inte-


gral/20130906/>. Acesso em: 21 maio 2017.

Quando a Educação Integral for entendida como um instrumento que pode


ser utilizado para modificar a história, favorecendo a conscientização planetária e o
ser humano entendido como autor de sua própria história, com capacidade de gerir
novas ações significativas, ela se fortalecerá e encaminhará para uma nova época.
Segundo Cury (2003, p. 148), “A tarefa mais importante da educação é transformar
o ser humano em líder de si mesmo, líder de seus pensamentos e emoções”.

É importante compreender que a educação integral só terá sentido se os


objetivos propostos garantirem a oportunidade da participação do aluno na
construção do conhecimento, para seu desenvolvimento pleno.

Mais adiante discutiremos a importância de oferecer ao professor uma


formação inicial que promova uma ampla profissionalização para que possa
contribuir para uma Educação Integrada.

21
Educação Integral e Novas Tecnologias

Antes de adentrarmos a próxima seção, em que discutiremos


o Histórico da Evolução da Tecnologia e como ela foi aplicada à
educação ao longo das décadas, seguem indicações de livros sobre
o assunto tratado até aqui.

Educação e novas tecnologias – Glaucia da Silva Brito.


Este livro tece seus discursos com uma linguagem clara e objetiva,
destacando os importantes subsídios para utilizar a informática na
educação, a fim de os professores e pedagogos tornarem seu uso o
mais eficaz nas escolas.

Novas tecnologias e mediação pedagógica – José Manuel


Moran. Esta obra tem por finalidade discutir a introdução da informática
na educação. Um dos temas abordados são as propostas de
integração e utilização do computador e da internet em sala de aula.

Atividades de Estudos:

1) Quando nos referimos à educação integral, o que queremos dizer?


Será que toda educação é integral?
_______________________________________________________
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_______________________________________________________
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2) Será que há uma única concepção de educação integral integrada,


ou várias concepções?
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Capítulo 1 As Novas Tecnologias na Educação: uma
Aprendizagem Significativa

O Histórico da Evolução Tecnológi-


ca e a Sociedade Contemporânea
A escola do século XXI
é comandada por professores do sé-
culo XX com estruturas do século XIX.

José Pacheco

As evoluções tecnológicas acompanham o homem desde a Pré-História, o


qual vem fazendo uso das ferramentas tecnológicas, desenvolvendo instrumentos
para superar as dificuldades e os obstáculos encontrados na natureza.

Temos registros na história de que as primeiras manifestações da espécie


humana iniciaram por volta de 30.000 a.C. Esse período que existiu antes da
invenção da escrita, chamado de Período Paleolítico (Idade da Pedra Lascada), é
marcado pela evolução dos hominídeos (Australopithecus ao Homo sapiens),
que viviam em cavernas de forma nômade, se deslocando de um lugar para outro
em busca de alimentos. A fabricação de ferramentas e utensílios eram feita a
partir de pedras lascadas que se destinavam à caça e à coleta de frutos, pois eles
não conheciam a agricultura.

O homem primitivo registrava as suas pinturas nas paredes das cavernas, por
meio da escrita pictográfica, uma forma bem simples de representar os objetos e
transmitir os conhecimentos às futuras gerações.

Escrita pictográfica: Conjunto de técnicas utilizadas para


transmitir uma ideia, um conceito ou um objeto através de desenho
(símbolo) figurativo.

Essas produções artísticas deixadas por este povo são consideradas as mais
antigas formas de comunicação que existem. Elas impressionam muito quanto
à complexidade técnica utilizada nessas pinturas, como no nível de elaboração
dessas representações. Essa forma de se manifestar é chamada, segundo Lévy
(1993, p. 77), de oralidade primária e nos destaca dos animais, pois a utilizamos
para nos relacionar e para transmitir as informações. Ainda de acordo com o autor:

23
Educação Integral e Novas Tecnologias

A oralidade primária remete ao papel da palavra antes que uma


sociedade tenha adotado a escrita, a oralidade secundária está
relacionada a um estatuto da palavra que é complementar ao
da escrita, tal como o conhecemos hoje. Na oralidade primária,
a palavra tem como função básica a gestão da memória so-
cial, e não apenas a livre expressão das pessoas ou a comuni-
cação prática cotidiana. Hoje em dia a palavra viva, as palavras
que “se perdem ao vento”, destacam-se sobre o fundo de um
imenso corpus de textos: “os escritos que permanecem”. O
mundo da oralidade primária, por outro lado, situa-se antes de
qualquer distinção escrito/falado (LÉVY, 1993, p. 77).

Figura 5 - A presença da tecnologia na pré-história

Fonte: Disponível em: <http://modernidadeartes.blogspot.com.br/2009/03/cavernas-sa-


loes-de-arte.html>. Acesso em: 22 maio 2017.

No Período Neolítico (Idade da Pedra Polida), o homem já se organizava


em aldeias, desenvolvendo a agricultura e domesticando os animais. A fabricação
de ferramentas e utensílios utilizados já se apresentava mais sofisticada, sendo
feitos com pedra polida. Neste período, o fogo foi descoberto, sendo considerado
o ponto principal na evolução tecnológica do homem. Descobriram que o atrito
entre duas pedras aumentava a temperatura e produzia calor.

Com o passar do tempo, o homem primitivo foi adquirindo novos


conhecimentos e aperfeiçoando gradativamente seus saberes e suas técnicas de
trabalho, transmitindo-os às gerações futuras, consolidando assim a sua cultura e
seus costumes (KENSKI, 2003).

De acordo com as necessidades, novas tecnologias foram surgindo, para


garantir a existência humana. Diferentes formas de registrar as informações foram

24
Capítulo 1 As Novas Tecnologias na Educação: uma
Aprendizagem Significativa

criadas, por exemplo, novos sistemas de escrita para a compreensão, substituindo


o que estava sendo representado graficamente.

A oralidade primária, baseada na memorização e repetição, não A oralidade


era mais suficiente para adquirir e transmitir conhecimento. Diante primária, baseada
na memorização e
desta realidade, surge um novo contexto para a escrita. A escrita repetição, não era
pictográfica evoluiu para uma escrita ideográfica, que deixa de ser mais suficiente para
uma representação de figuras e rabiscos, para ser substituída por adquirir e transmitir
conhecimento
imagens e figuras que associadas representavam objetos, ideias ou
palavras.

Se refere à escrita, no período onde a atividade agrícola pre-


domina, dizendo que esta dá autonomia ao conhecimento. Eis
então a presença de uma nova técnica. Não há mais a neces-
sidade presencial do comunicador, informando, observando e
orientando seus discípulos. Os conhecimentos são aprendidos
não na forma como foram enunciados, mas no contexto em
que o escrito é lido e analisado. [...] A comunicação escrita é
aprendida por meio de critérios em que predominam a razão e
os aspectos cognitivos da personalidade, pretensamente isen-
tos da emocionalidade (KENSKI, 2003, p. 36).

Figura 6 - O desenvolvimento da agricultura no período neolítico

Fonte: Disponível em: <http://odiariodouniverso.blogspot.com.br/2013/08/capitu-


lo-10-do-paleolitico-ao-neolitico.html>. Acesso em: 11 maio 2017.

A escrita ideográfica surgiu há aproximadamente 6.000 anos, sendo


conhecida como hieróglifo egípcio, escrita chinesa, suméria e japonesa.

25
Educação Integral e Novas Tecnologias

Acompanhe conosco mais um pouco da evolução da história da


humanidade.

No antigo Egito, a escrita era composta por simples figuras, conhecidas por
hieróglifos. De acordo com o desenho, as figuras possuíam diferentes objetivos
que representavam a escrita.

Figura 7 - A expressão da escrita chinesa

Fonte: Disponível em: <http://institutomandarim.net/blog3/tag/escrita-chinesa/>. Acesso


em: 20 maio 2017.

Figura 8 - A expressão da escrita egípcia

Fonte: Disponível em: <http://www.aprendahebraico.com.br/infos/info02.php>. Acesso em:


20 maio 2017.

26
Capítulo 1 As Novas Tecnologias na Educação: uma
Aprendizagem Significativa

A escrita egípcia só foi descoberta em 1799, por uma expedição do imperador


Napoleão, que mandou reproduzir e litografar os registros encontrados num bloco
de granito negro (estela). Entretanto, somente em 1822 foi decifrada pelo francês
Jean-François Champollion, tendo este bloco de pedra recebido o nome de Pedra
de Roseta, e que se encontra hoje no Museu Britânico de Londres.

Figura 9 - Pedra de roseta

Fonte: Disponível em: <http://antigoegito.org/wp-content/uploads/2010/10/pedraroseta.


jpg>. Acesso em: 20 maio 2017.

Depois do desenvolvimento da escrita ideográfica, outro acontecimento


importante foi a progressão para a escrita alfabética, ainda hoje utilizada pela
humanidade. O aparecimento do sistema alfabético contribuiu muito para a
disseminação do conhecimento.

No ano de 150 ocorre a invenção do papel feito pela China. Misturando


fibras de árvores com tecidos cozidos e esmagados, resultava num papel de alta
qualidade. Os chineses guardaram este segredo durante anos. Este sistema de
fabricação, que fazia uso do papiro e do pergaminho, já era utilizado pelo Egito,
milênios de anos atrás.

A produção do
A produção do papel na China foi evoluindo, resultando num papel na China foi
material didático ainda hoje muito utilizado pela humanidade, o livro. evoluindo, resultando
num material
didático ainda hoje
muito utilizado pela
humanidade, o livro.

27
Educação Integral e Novas Tecnologias

Figura 10 - As primeiras invenções do papel

Fonte: Disponível em: <http://www.infoescola.com/comunicacao/pergaminho/>. Acesso


em: 20 maio 2017.

Dez séculos após a chegada do papel na Europa, os livros passaram a


ser produzidos em larga escala, graças à invenção da máquina de imprensa
desenvolvida por Johannes Gutenberg, em 1440, que possibilitou a divulgação
dos escritos, tornando os livros acessíveis a toda a população.

Figura 11 - Tecnologia desenvolvida por Johannes Gutenberg, em 1440

Fonte: Disponível em: <http://www.trabalhosfeitos.com/topicos/a-prensa-de-gutenberg/0>.


Acesso em: 20 maio 2017.

No ano de 1700, os professores precisavam de outros suportes para


transmitir o conhecimento aos seus alunos. Surge então nas escolas o quadro-
negro, feito de ardósia escura, que é utilizado por nós até os dias atuais. Nele, os
professores poderiam colocar todos os conteúdos dos livros ou uma parte deles,
para que os alunos tivessem contato com o conhecimento.

28
Capítulo 1 As Novas Tecnologias na Educação: uma
Aprendizagem Significativa

Figura 12 - O surgimento do quadro-negro na educação

Fonte: Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Blackboard_04143.jpg>.


Acesso em: 21 maio 2017.

O mundo foi ampliando seu conhecimento científico, dando origem a uma


sociedade centrada na informação e na comunicação. Em 1826, a chegada
da fotografia permitiu que as lembranças não ficassem na imaterialidade, mas
guardadas numa superfície bidimensional. Na educação, elas puderam ser
impressas nos livros didáticos como ilustração.

Figura 13 - A chegada da máquina fotográfica

Fonte: Disponível em: <https://rlv.zcache.nl/het_antiek_man_van_de_camera_1918_post-


er- dbfe57061d714a4b8139f2485b0256c0_a6h9e_8byvr_324.jpg>. Acesso em: 21 maio
2017.

A fotografia permitiu o desenvolvimento de outros recursos didáticos, como a


televisão (1926), o projetor de transparências (1944), o projetor de slides (1961),
que foram de grande importância para a disseminação do conhecimento. Esses

29
Educação Integral e Novas Tecnologias

recursos audiovisuais são utilizados na educação e ainda estão presentes na


didática do professor.

A década de 1990 é considerada a Era Digital para a educação. As escolas


começam a utilizar os computadores para melhorar o ensino. Em 1995, a internet
passa a ser utilizada por um grande número de pessoas.

Você pode perceber que com o passar do tempo o homem evoluiu,


desenvolvendo variadas técnicas para melhorar a vida em sociedade. Este
processo de evolução passou por várias etapas, possibilitando que as tecnologias
desempenhassem um importante papel na comunicação coletiva.

Apresentaremos a seguir algumas invenções que marcaram a evolução da


tecnologia ao longo dos anos. Observe como ocorreu este processo.

Figura 14 – Ano 1963 Figura 15 - Ano 2013

Fonte: Disponível em: <https://goo. Fonte: Disponível em: <https://blog-


gl/RhDqWj>. Acesso em: 20 maio doeli.wordpress.com/tag/vetor/>.
2017. Acesso em: 20 maio 2017.

Figura 16 - Ano 1963 Figura 17 - Ano 2013

Fonte: Disponível em: <https://goo.


Fonte: Disponível em: <https://goo.
gl/x2MF7i>. Acesso em: 20 maio
gl/4faMGY>. Acesso em: 20 maio
2017.
2017.

30
Capítulo 1 As Novas Tecnologias na Educação: uma
Aprendizagem Significativa

Figura 18 - Ano 1963 Figura 19 - Ano 2013

Fonte: Disponível em: <https:// Fonte: Disponível em: <https://goo.


goo.gl/EvKyXv>. Acesso em: 20 gl/WZQSnX>. Acesso em: 20 maio
maio 2017. 2017.

Figura 20 - Ano 1963 Figura 21 - Ano 2013

Fonte: Disponível em: <http://khon-


Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/
san.chaiyaphum.doae.go.th/>. Aces-
yv6HdD>. Acesso em: 20 maio 2017.
so em: 20 maio 2017.

Tratando-se do ambiente escolar, as mudanças ocorreram de forma lenta,


pois a escola ainda vem resistindo ao tempo. Uma das tecnologias ainda presente
e muito utilizada nos dias de hoje é o quadro-negro.

Observe as imagens selecionadas a seguir que mostram o ensino do ano de


1200 e o ensino nos dias atuais.

31
Educação Integral e Novas Tecnologias

Figura 22 - O uso do quadro-negro Figura 23 -O uso do quadro-


antigamente negro nos dias atuais

Fundada em meados de 1200, a Universidade de Paris foi aprimeira universidade


europeia da história e continua ativa até os dias de hoje, com mais de 800 anos
de idade.
Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/
Fonte: Disponível em: <http://clickea- rA7dyT>. Acesso em 21 maio 2017.
prenda.uol.com.br/portal/mostrarConteu-
do.php?idPagina=31754>. Acesso em:
21 maio 2017

O que realmente mudou?

Caro pós-graduando, você pode perceber que a época em que vivemos


é a mais revolucionária da história. Muitas invenções e grandes progressos
tecnológicos mudaram radicalmente o mundo e a forma de as pessoas viverem e
de se relacionarem.

Ao fazer esta viagem ao passado, podemos constatar que as tecnologias


sempre fizeram parte da vida das pessoas e sempre estiveram presentes em
todos os lugares e em todos os momentos da história. No entanto, mesmo com a
implementação em massa da tecnologia, muitas práticas consideradas tradicionais
têm sua validade. O importante, seja utilizando recursos modernos ou não, é
revermos as concepções enraizadas sobre o processo ensino-aprendizagem. É
de suma importância salientar este ponto. Posso utilizar recursos midiáticos, como
professor, e ser repassador de informações, não possibilitando a construção do
conhecimento ao meu aluno. De acordo com os PCN (BRASIL, 2000, p. 11-12):

As novas tecnologias da comunicação e da informação per-


meiam o cotidiano, independentemente do espaço físico, e

32
Capítulo 1 As Novas Tecnologias na Educação: uma
Aprendizagem Significativa

criam necessidades de vida e convivência que precisam ser


analisadas no espaço escolar. A televisão, o rádio, a informática,
entre outras, fizeram com que os homens se aproximassem por
imagens e sons de mundos antes inimagináveis. [...] Os siste-
mas tecnológicos, na sociedade contemporânea, fazem parte
do mundo produtivo e da prática social de todos os cidadãos,
exercendo um poder de onipresença, uma vez que criam formas
de organização e transformação de processos e procedimentos.

O mundo atual busca uma educação que possibilite a todos não apenas
acesso às informações, mas a filtração delas e a construção de novos
conhecimentos. Os recursos tecnológicos são indispensáveis para atender às
demandas contemporâneas, mas é necessário repensar a prática pedagógica
adotada pelo professor para tratar os problemas de concepção do processo
ensino-aprendizagem. As tecnologias apresentam-se como uma nova perspectiva,
para novos espaços da construção de conhecimento (PRETO, 1996).

O que se pretende é alcançar uma compreensão da influência tecnológica no


contexto educacional. É importante fazermos uma avaliação crítica quanto à sua
contribuição histórica e sua função social, para compreendermos qual é o sentido
da tecnologia, e seu papel na educação.

Prezado acadêmico! A partir dessas reflexões, na próxima seção vamos discutir


o desafio posto ao professor na utilização das tecnologias midiáticas e digitais de
informação e comunicação, pois não são apenas novos recursos a serem utilizados,
mas uma verdadeira transformação que transpassa os muros da escola.

Atividades de Estudos:

1) Como podemos educar integralmente nossas crianças e


jovens diante desse cenário ainda muito presente nas escolas?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

2) Diante deste contexto, de que nos servem todas essas


ferramentas tecnológicas em benefício da educação?
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________

33
Educação Integral e Novas Tecnologias

As Contribuições das Novas Tecno-


logias Para uma Prática Contextual-
izada
A progressiva propagação da tecnologia é um fenômeno que provoca
profundas mudanças em todas as dimensões da sociedade. Essas mudanças têm
impactado diretamente na educação, pois estamos vivendo um período em que as
informações são atualizadas a cada instante e a sociedade exige das instituições
de ensino mudanças significativas quanto ao uso das novas ferramentas digitais
no espaço educativo. A função social da escola na proposta de uma educação
integral e integradora é a formação humana em primeiro lugar e, depois, a de
instrumentalizar o aluno para que possa ser inserido no trabalho. O professor,
como parte do processo ensino-aprendizagem, tem que ter formação para poder
interagir com os alunos.

É um desafio para a escola pensar na tecnologia como uma ferramenta


indispensável para o ensino. O que antes era transmitido de forma tradicional
e conservadora, realizado por meio da oralidade e da imitação, hoje se espera
um ensino dinâmico, delineado e apoiado nas ferramentas digitais. Nesta linha,
Moran (2004, p. 14) diz que “o novo professor tem que aprender a gerenciá-las e
integrá-las ao seu ensino”. A chegada das novas tecnologias impõe não apenas
mudanças na prática pedagógica, mas em todo o funcionamento da escola.

“Não basta, portanto, introduzir na escola o vídeo, a televisão, o


computador ou mesmo todos os recursos multimidiáticos para fazer
uma nova educação. É necessário repensá-la em outros tempos,
porque é evidente que a educação numa sociedade dos mass media,
da comunicação generalizada, não pode prescindir da presença
desses novos recursos. Porém, essa presença, por si só, não garante
essa nova escola, essa nova educação” (PRETO, 1996, p. 112.

Tem sido frequentemente discutido, nas pesquisas em educação, que


algumas atividades pedagógicas quase não contemplam o uso das tecnologias
em sala de aula. No entanto, essas ferramentas estão disponibilizadas para o
professor? A entidade mantenedora oferece e mantém em funcionamento estes
equipamentos?

34
Capítulo 1 As Novas Tecnologias na Educação: uma
Aprendizagem Significativa

Algumas formações científicas oferecidas aos profissionais ainda estão


fundamentadas na responsabilidade do professor em garantir a aprendizagem, ao
invés de possibilitar que o aluno construa o próprio saber.

O professor, ao utilizar as várias tecnologias e procedimentos metodológicos,


precisa criar novas metodologias de ensino que estejam relacionadas com
realidade da escola e de seus protagonistas, articulando o senso comum ao saber
mais sistematizado.

Eis a questão: O que cabe então aos professores?

Diante de tanta tecnologia, cabe aos professores um olhar mais


Diante de tanta
sensível na prática pedagógica para uma mudança na percepção da tecnologia, cabe aos
aprendizagem. Para Moran (2000, p. 32): professores um olhar
mais sensível na
prática pedagógica
Não se trata de receitas, porque as situações para uma mudança
são muito diversificadas. É importante que cada na percepção da
docente encontre sua maneira de sentir-se bem, aprendizagem.
comunicar-se bem, ajudar os alunos a aprender
melhor. É importante diversificar as formas de
dar aula, de realizar atividades, de avaliar.

Caro pós-graduando! Antes de dar continuidade ao assunto, sugerimos que


leia este texto de Rubem Alves. Este escritor mineiro faz magia com as palavras.
É considerado um dos intelectuais mais respeitados, por abordar a educação de
uma forma mais humanística. Ele propõe que o educador tenha um olhar “manso”
com seus alunos para compreender as suas respectivas especificidades.

Enquanto a sociedade feliz não chega, que haja pelo


menos fragmentos de futuro em que a alegria é servida como
sacramento, para que as crianças aprendam que o mundo
pode ser diferente. Que a escola, ela mesma seja um fragmen-
to do futuro, [...].

35
Educação Integral e Novas Tecnologias

A ARTE DE EDUCAR – RUBEM ALVES

“Educar é mostrar a vida a quem ainda não a viu”.

O educador diz: “Veja”! e, ao falar, aponta. O aluno olha na


direção apontada e vê o que nunca viu. Seu mundo se expande. Ele
fica mais rico interiormente… E ficando mais rico interiormente, ele
pode sentir mais alegria – que é a razão pela qual vivemos.

Já li muitos livros sobre Psicologia da Educação, Sociologia da


Educação, Filosofia da Educação… Mas, por mais que me esforce,
não consigo me lembrar de qualquer referência à Educação do Olhar.
Ou à importância do olhar na educação, em qualquer um deles.

A primeira tarefa da Educação é ensinar a ver… É através dos


olhos que as crianças tomam contato com a beleza e o fascínio do
mundo… Os olhos têm de ser educados para que nossa alegria
aumente.

A educação se divide em duas partes: Educação das Habilidades


e Educação das Sensibilidades. Sem a Educação das Sensibilidades,
todas as habilidades são tolas e sem sentido. Os conhecimentos nos
dão meios para viver. A sabedoria nos dá razões para viver.

Quero ensinar às crianças. Elas ainda têm olhos encantados.


Seus olhos são dotados daquela qualidade que, para os gregos, era
o início do pensamento: a capacidade de se assombrar diante do
banal. Para as crianças tudo é espantoso: um ovo, uma minhoca,
uma concha de caramujo, o voo dos urubus, os pulos dos gafanhotos,
uma pipa no céu, um pião na terra. Coisas que os eruditos não veem.

Na escola eu aprendi complicadas classificações botânicas,


taxonomias, nomes latinos – mas esqueci. E nenhum professor
jamais chamou a minha atenção para a beleza de uma árvore… Ou
para o curioso das simetrias das folhas. Parece que naquele tempo
as escolas estavam mais preocupadas em fazer com que os alunos
decorassem palavras que com a realidade para a qual elas apontam.

As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor.


Aprendemos palavras para melhorar os olhos. Há muitas pessoas de
visão perfeita que nada veem… O ato de ver não é coisa natural.

36
Capítulo 1 As Novas Tecnologias na Educação: uma
Aprendizagem Significativa

Precisa ser aprendido. Quando a gente abre os olhos, abrem-se as


janelas do corpo e o mundo aparece refletido dentro da gente. São
as crianças que, sem falar, nos ensinam as razões para viver. Elas
não têm saberes a transmitir. No entanto, elas sabem o essencial da
vida. “Quem não muda sua maneira adulta de ver e sentir e não se
torna como criança, jamais será sábio”.

Rubem Alves

Fonte: Disponível em: <https://psicologiaacessivel.net/2015/07/15/a-arte-


de-educar-um-lindo-texto-de-rubem-alves/>. Acesso em: 20 maio 2017.

A educação requer mudança de paradigma na forma de pensar e preparar


os professores. Algumas escolas ainda continuam insistindo em metodologias
de ensino ultrapassadas que priorizam aulas expositivas. É possível que as
consequências deste ensino se reflitam na sala de aula, causando problemas de
aprendizagem e desmotivação por parte dos alunos. Essas deficiências decorrem
desta abordagem ainda tradicional que vem sendo praticada, comprometendo o
ensino.

Diante disso, é preciso uma formação inicial dos professores, que tenha
como objetivos garantir competência técnica e pedagógica para que educandos
possibilitem aos alunos atuar em busca de uma sociedade justa e igualitária. Para
isso, de acordo com Martins (2010, p. 20), a educação requer:

[...] um modelo de formação alternativo, no qual a construção


de conhecimentos se coloque a serviço do desvelamento da
prática social, apto a promover o questionamento da realidade
fetichizada e alienada que se impõe aos indivíduos. Que su-
pere, em definitivo, os princípios que na atualidade têm nortea-
do a formação escolar, em especial a formação de professores.

Segundo Kenski (2003), novas formas de ensinar é entender que a inserção


da tecnologia requer abordagens diferenciadas, que modifiquem a prática
pedagógica. É necessário que o professor tenha uma gama de conhecimentos,
tanto para ensinar os conteúdos específicos quanto para aproveitar os materiais
didáticos e pedagógicos e estar preparado para lidar com as novas tecnologias
educativas, para que consiga contextualizar o conteúdo científico.

Não podemos negar a importância de se propiciar ao professor uma formação


tecnológica, mas isso não garante que na sua atuação ele irá utilizá-la para a
construção do conhecimento ou somente repassar informações. O conhecimento

37
Educação Integral e Novas Tecnologias

é construção de cada pessoa. Os saberes, a instrumentalização, fazer pensar,


refletir, analisar, possibilitados pelo professor, vão permitir, se forem significativos
para o aluno, que ele construa novos conhecimentos.

Vamos refletir um pouco quanto ao questionamento de Moran


(2004, p. 15): “O que deve ter uma sala de aula para uma educação
de qualidade?”

De acordo com Moran (2004, p. 15), precisa fundamentalmente de


professores bem preparados, motivados e bem remunerados e com formação
pedagógica atualizada. “Isto é incontestável”.

E como podemos buscar este novo professor? Como deveria ser a sua
preparação?

Para que isso aconteça, ele precisa ser motivado, e esta motivação requer
esforços também das instituições de ensino que oferecem a sua capacitação.
A universidade deve promover meios para seu desenvolvimento profissional.
Possibilitar que ele construa o conhecimento por meio de novas metodologias,
para que possa lidar com as novas ferramentas digitais tão presentes na
sociedade.

A tecnologia foi implantada na escola, e o professor está sendo inserido nesta


formação. Diante disso, é emergencial que ele acompanhe essas transformações,
a fim de garantir um conhecimento contextualizado e uma aprendizagem
significativa. O professor da atualidade deve enfrentar o grande desafio que é
reconhecer a importância das ferramentas digitais para a promoção de uma boa
educação.

O desafio que se impõe hoje aos professores é reconhecer que


os novos meios de comunicação e linguagens presentes na so-
ciedade devem fazer parte da sala de aula, não como dispositi-
vos tecnológicos que imprimem certa modernização ao ensino,
mas sim conhecer a potencialidade e a contribuição que as
TICs podem trazer ao ensino como recurso e apoio pedagógi-
co às aulas presenciais e ambientes de aprendizagem no ensi-
no a distância (PEÑA, s/d, p. 10).

38
Capítulo 1 As Novas Tecnologias na Educação: uma
Aprendizagem Significativa

É fundamental o contato do professor com as novas ferramentas


tecnológicas, durante a sua formação, pois é neste momento que ele poderá
desenvolver estratégias que irão favorecer a construção dos saberes docentes, e
conseguir relacionar o que aprendeu na teoria com a prática. É necessário que os
conhecimentos adquiridos sejam contextualizados para que ocorra a construção
de significados. Saviani (1997, p. 17) destaca que:

[...] o trabalho educativo é o ato de produzir, direta e inten-


cionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é
produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens.
Assim o objeto da educação diz respeito, de um lado, à identi-
ficação dos elementos culturais que precisam ser assimilados
pelos indivíduos da espécie humana para eles se tornarem hu-
manos e, de outro lado, concomitantemente, à descoberta das
formas mais adequadas para atingir esse objetivo.

As mudanças na educação deverão ser em extensão e em profundidade,


para que resultem numa formação de docentes com competências para ensinar
os alunos a compreender que a teoria e a prática não podem ser entendidas
de forma dissociada nem descontextualizada, mas de forma inter-relacionada.
Segundo Freire (1987, p. 68):

Desta maneira, o educador já não é o que apenas educa, mas


o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educan-
do que, ao ser educado, também educa. Ambos, assim, se tor-
nam sujeitos do processo em que crescem juntos e em que os
“argumentos de autoridade” já não valem. Em que, para ser-se,
funcionalmente, autoridade, se necessita de estar sendo com
as liberdades e não contra elas.

Só será possível a modificação da prática docente se o professor souber


utilizar a tecnologia de forma pedagógica, dinamizando a aprendizagem. Ensino
e aprendizagem são processos. O ensino pode ou não propiciar que novos
conhecimentos sejam construídos pelo aluno. Assim, a forma de ensinar revela a
concepção desse processo pedagógico que influencia na aprendizagem. Para Moran
(2000, p. 23), “aprendemos melhor quando vivenciamos, experimentamos, sentimos”.

As ferramentas tecnológicas têm exercido um importante papel na


aprendizagem. Os alunos estão familiarizados com os meios midiáticos e transitam
por eles com desenvoltura. Por isso gostam e se identificam. O grande lance é
possibilitar que usufruam dos recursos tecnológicos, para solucionar problemas
propostos pelo professor (pesquisas, projetos, resolução de situações). É possível
construir práticas pedagógicas a partir da utilização dos meios de comunicação,
pois eles contribuem e motivam a busca por novos conhecimentos. Moran (2000)
destaca que novas aprendizagens ocorrem da relação entre as experiências de
vida dos alunos e os conteúdos ensinados nas escolas.

39
Educação Integral e Novas Tecnologias

Para que a escola seja um local de aprendizagens significativas, o docente


deve desenvolver um trabalho de qualidade que priorize mudanças na educação.
Aprendizagem significativa é a interação entre conhecimentos prévios e novos
conhecimentos, quando estes adquirem significado e/ou reafirmam o que o aluno
já sabia.

O foco da aprendizagem é a busca da informação significativa,


da pesquisa, o desenvolvimento de projetos e não predomi-
nantemente a transmissão de conteúdos específicos. As aulas
se estruturam em projetos e em conteúdos. A Internet está se
tornando uma mídia fundamental para a pesquisa. O acesso
instantâneo a portais de busca, a disponibilização de artigos
ordenados por palavras-chave facilitaram em muito o acesso
às informações necessárias. Nunca como até agora profes-
sores, alunos e todos os cidadãos possuíram a riqueza, varie-
dade e acessibilidade de milhões de páginas web de qualquer
lugar, a qualquer momento e, em geral, de forma gratuita (MO-
RAN, 2000, p. 12).

Acompanhe conosco um trecho do livro de Orestes Preti (1996):

Feche por uns minutos os olhos e imagine uma escola sem


salas de aula, sem paredes, sem carteiras, com estudantes indo
e vindo, conversando, lendo em diferentes espaços livres, ora
reunidos em equipe, ora desenvolvendo atividades individuais, com
horários diversificados para atendimento individual ou em grupos,
com calendário flexível, acompanhamento personalizado, sob a
orientação de um grupo de educadores, etc.

Talvez, você exclamará surpreso: “Esta escola não existe. Quem


sabe, num futuro seja possível”!

Não estou falando da educação do futuro. Na realidade,


estou falando de uma educação real e atual, possível e que está
acontecendo em nosso país, sobretudo na modalidade à distância,
graças aos avanços das novas teorias da Física, da Biologia,
da Psicologia, da Comunicação, da Pedagogia, etc. e às novas
tecnologias da comunicação.

Fonte: Disponível em: <http://www.uab.ufmt.br/uploads/pcientifica/


fundamentos_e_politicas.pdf>. Acesso em: 22 maio 2017.

40
Capítulo 1 As Novas Tecnologias na Educação: uma
Aprendizagem Significativa

Diante dessas considerações acerca da relevância quanto ao preparo


profissional para a docência, no próximo capítulo abordaremos de forma ampla a
importância dos Saberes Docentes na Formação de Professores.

Prezado pós-graduando, atualizar e capacitar o professor


são ações indispensáveis para atender às exigências do mundo
contemporâneo. Diante deste pressuposto, encerramos este capítulo
deixando uma reflexão:

Sabemos que as novas tecnologias estão invadindo os muros das


escolas e das universidades. Com base nesta realidade, como você
acha que o professor pode incorporá-las em sua prática pedagógica,
não as utilizando apenas para divertir os alunos nem para transmitir
conteúdos, mas para motivá-los na busca de conhecimentos novos?

Atividades de Estudos:

1) O estudo deste livro discorre sobre o potencial que as novas


ferramentas tecnológicas têm para promover a qualidade na
educação. Diante disso, quais são os principais obstáculos
enfrentados pelos professores para conseguir explorar o potencial
desses recursos?
_______________________________________________________
_______________________________________________________
______________________________________________________
_______________________________________________________

Algumas Considerações
Nos primórdios da civilização, o conhecimento vivenciado no dia a dia
era transmitido de geração a geração, sem a necessidade de uma instituição
específica para tal. Com o passar dos anos, a educação foi aperfeiçoando sua
transmissão do saber. Somente a partir do século XVIII é que a escola se constitui
como instituição, nos modelos que conhecemos nos dias atuais.

41
Educação Integral e Novas Tecnologias

A escola da atualidade busca constantemente melhorar as práticas, para


oferecer um ensino que contemple a formação do ser humano na sua totalidade. O
surgimento das novas tecnologias no contexto escolar desencadeia a necessidade
de serem incorporadas como ferramentas no processo de ensino. A escola, como
um dos espaços de formação humana, deve viabilizar esses recursos digitais para
dinamizar e intensificar o processo de aprendizagem.

Os recursos didáticos pedagógicos devem possibilitar que os professores


criem estratégias adequadas que representem significados na vida do aluno, para
que este consiga relacionar com sua vida e seu dia a dia. Um dos problemas
enfrentados pelos professores é proporcionar a aprendizagem utilizando
essas ferramentas tecnológicas. Diante disso, é necessário que eles busquem
alternativas inovadoras para auxiliar na construção do conhecimento.

A formação do professor, neste processo, é indispensável, pois o docente


é essencial na educação básica para a promoção do ensino. A utilização dos
recursos tecnológicos permite diversificar as atividades e promover o interesse
do aluno pela aprendizagem. Diante disso, é necessário que o professor tenha
acesso a eles e tenha sido instrumentalizado no seu uso, para uma concepção de
ensino-aprendizagem condizente com as propostas da educação integral.

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PORTO, Tânia Maria Esperon. As tecnologias de comunicação e informação na


escola; relações possíveis. Relações construídas. Revista Brasileira de edu-
cação, v. 11, n. 31, 20, 2006.
PRETTO, Nelson de Luca. Uma escola sem/com futuro. Campinas: Papirus,
1996.

43
Educação Integral e Novas Tecnologias

SARAIVA, I. S. Aprendendo com alunos: uma experiência dialógica no curso de


pedagogia anos iniciais. In: MUHL, E. H.; ESQUINSANI, V. A. (Orgs.). O diálogo
ressignificando o cotidiano escolar. Passo Fundo, RS: UPF Editora, 2004.

SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 6. ed. Campi-


nas: Autores Associados, 1997.

44
C APÍTULO 2
O Professor Frente às Novas
Tecnologias Digitais

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Possibilitar ao professor o conhecimento do uso das novas ferramentas


tecnológicas para a melhoria de seu desempenho pedagógico.

� Ressaltar a importância dos saberes docentes e compreender a forma de


ampliá-los para oferecer uma prática pedagógica reflexiva.
Capítulo 2 O Professor Frente às Novas Tecnologias
Digitais

Contextualização
A sociedade vive momentos de significativas mudanças. Uma dessas
mudanças está relacionada com as transformações tecnológicas, que são
profundas e rápidas. Para a educação, novas exigências têm sido estabelecidas,
principalmente nas escolas, quanto às metodologias adotadas, pois muitas
ainda são tradicionais devido à resistência apresentada por alguns professores
que realizam práticas rotineiras e mecânicas na sala na aula. Diante disso,
entendemos serem necessárias as discussões acerca da utilização das novas
tecnologias digitais numa perspectiva de educação integral e uma capacitação
docente que possibilite novas formas de ensinar e aprender, propondo ações
pedagógicas que vão além da sala de aula.

O desafio que é imposto para as escolas é uma prática pedagógica que


atenda à formação integral do aluno. Como essas mudanças estão na forma
de ensinar e aprender, torna-se necessário reavaliar a formação do professor
para a modernização do ensino, pois a questão não são as metodologias a
serem adotadas, mas o seu uso crítico, para que proporcione a construção do
conhecimento. No entanto, se não houver mudança de concepção de educação
para a formação integral do aluno, a utilização das Tecnologias da Informação e
Comunicação – TICs não fará diferença. Essa é uma questão a ser levada em
conta. Behrens et al. (2007, p. 2) afirmam que:

Longe de ser uma mudança tranquila de procedimentos didáti-


cos e de opção crítica pela utilização da tecnologia, trata-se
de um movimento de mudança paradigmática que é permea-
do por questões que exigem um processo de investigação e
reflexão aprofundado. Assim, os docentes necessitam agir de
maneira reflexiva para não adotarem recursos de forma acríti-
ca, descontextualizada dos meios e da repercussão social,
econômica, política e cultural no qual estão inseridos.

A educação ainda tem um longo caminho a percorrer, pois sabemos que para
realizar mudanças, envolve muitas questões educativas e decisões políticas e
econômicas. De acordo com Pretto (2008, p. 77), “produzir informação e conhecimento
passa a ser, portanto, a condição para transformar a atual ordem social”.

47
Educação Integral e Novas Tecnologias

A Prática Docente Frente à


Sociedade da Informação e
Comunicação
Há escolas que são gaiolas e há escolas
que são asas.
Escolas que são gaiolas existem para
que os pássaros desaprendam a arte do
voo. Pássaros engaiolados são pássaros
sob controle. Engaiolados, o seu dono
pode levá-los para onde quiser. Pássa-
ros engaiolados sempre têm um dono.
Deixaram de ser pássaros. Porque a
essência dos pássaros é o voo.
Escolas que são asas não amam pássa-
ros engaiolados. O que elas amam são
pássaros em voo. Existem para dar aos
pássaros coragem para voar. Ensinar o
voo, isso elas não podem fazer, porque
o voo já nasce dentro dos pássaros. O
voo não pode ser ensinado. Só pode ser
encorajado.

Rubem Alves

Esta metáfora de Rubem Alves nos faz refletir sobre o tipo de escola que
queremos construir. Por isso, é importante refletir se a didática pedagógica
adotada atualmente para ensinar está contribuindo efetivamente para a formação
de “escolas que são asas”.

Somos frutos de uma geração onde a forma de ensinar sempre esteve


voltada para um modelo baseado na racionalidade técnica, no qual era atribuído
à escola o papel de transmitir os saberes acumulados historicamente, tendo
como pressuposto uma teoria sólida que nortearia a ação. Um ensino tradicional
que não possibilitava a participação do aluno na construção do saber, pois os
procedimentos adotados já estavam prontos e acabados. O professor foi
considerado por muitos anos como a figura central da aprendizagem e o aluno,
uma figura meramente passiva.

48
Capítulo 2 O Professor Frente às Novas Tecnologias
Digitais

Figura 24 - No passado o conhecimento estava centrado na figura do professor

Fonte: A autora.

A sociedade está vivendo a era da Tecnologia da Informação e da


Comunicação (TICs). O mundo vem trazendo possibilidades virtuais de acesso a
todo tipo de informação, possibilitando à população muitas inovações em termos
de avanço científico e tecnológico. Informações que precisam de criticidade para
serem filtradas.

A incorporação das novas tecnologias tem gerado novas e desafiadoras


demandas. As novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs)
já fazem parte de, praticamente, todos os segmentos da sociedade e estão
mudando as relações interpessoais. Atualmente, estamos vivendo um momento
de intensa relação entre educação e tecnologia. A cultura e os valores da
sociedade estão mudando, exigindo que a educação incorpore no processo de
ensino-aprendizagem novos acessos para o conhecimento e novas formas de
ensinar, para o processo de formação humana.

A chegada da internet, com sua avalanche de informações, está desafiando


o professor quanto ao uso das novas ferramentas tecnológicas em sua prática
pedagógica. A forma como a escola utiliza as Tecnologias da Informação e
Comunicação (TIC) como suporte pedagógico está trazendo questionamentos
e dúvidas sobre o que ensinar e como ensinar, pois muitos professores não
possuem o domínio, e nem estão capacitados para essa nova era digital.

49
Educação Integral e Novas Tecnologias

Não é somente introduzir as ferramentas digitais e uma nova prática em sala


de aula. Faz-se necessária a mudança de concepção de educação. A educação
buscada no XXI é a da formação integral do aluno. Para Imbernón (2010, p. 36):

Para que o uso das TIC signifique uma transformação educa-


tiva que se transforme em melhora, muitas coisas terão que
mudar. Muitas estão nas mãos dos próprios professores, que
terão que redesenhar seu papel e sua responsabilidade na es-
cola atual. Mas outras tantas escapam de seu controle e se
inscrevem na esfera da direção da escola, da administração e
da própria sociedade.

Hoje, com a perspectiva da Educação Integral, tem-se como proposta uma


formação integral que instrumentaliza o aluno para o mundo do trabalho. Essa é a
finalidade, preparar o aluno para que possa fazer parte da sociedade, inclusive do
mundo do trabalho, com competência. Os conteúdos abordados em sala devem
ter significação com a realidade dos alunos para que se sintam motivados a
aprender.

Convidamos você a fazer a leitura de um trecho do livro de Harold Benjamin,


1977, intitulado “O currículo dos tigres-de-dentes-de-sabre”, apresentado por
Ceccon e colaboradores (2009):

O CURRÍCULO DOS TIGRES-DE-DENTES-DE-SABRE

Esta é a história do primeiro currículo de que se tem notícia, dos


bons tempos pré-históricos.

Um pensador da tribo Skola observou o trabalho diário dos


homens da sua tribo e percebeu que a vida deles se resumia a três
tarefas: domar cavalos, pegar peixe com as mãos e espantar com
fogo os tigres dentes-de-sabre.

Se um jovem soubesse fazer essas três coisas com toda a


ciência e a tecnologia já disponíveis, seria um bem-sucedido membro
da tribo.

O pensador então elaborou um currículo composto dessas três


unidades: apanhar peixe com a mão, domar cavalo e espantar os
tigres com fogo. Funcionava que era uma beleza e foi replicado por
muitos e muitos anos, garantindo o bem-estar e a prosperidade da
tribo.

50
Capítulo 2 O Professor Frente às Novas Tecnologias
Digitais

Porém, o clima começou a mudar, derretendo as geleiras,


desbarrancando tudo, e a água ficou turva, tornando impossível a
atividade de apanhar peixe com a mão. Os cavalos não gostaram
dessa água barrenta e migraram para outras terras mais ao sul.
Quanto aos tigres, morreram todos de pneumonia.

E o que aconteceu com o currículo?

Foi motivo de grandes debates – alguns membros da tribo, mais


radicais, achavam que, como se não bastassem todas as mudanças
que estavam enfrentando, o currículo devia mudar também!

Segue o debate final do texto:

“Mas não é possível”, explodiu um dos radicais, “como pode


uma pessoa sensata se interessar por atividades tão inúteis”?

Qual é o sentido de aprender a pegar peixe com as mãos se


não é mais possível fazê-lo? Para que um menino deve aprender
a domar cavalos se não há mais cavalos para domar? E por que
motivo as crianças deveriam continuar aprendendo a espantar tigres
com fogo se os tigres estão completamente extintos?”

“Não seja tolo”, disse o mais velho dos Bruxos, sorrindo um


meigo sorriso, “não ensinamos a apanhar peixe com as mãos para
que se apanhe peixe; ensina-se isso para desenvolver a agilidade de
forma geral, que não poderia ser desenvolvida de outra forma”.

Não ensinamos a domar cavalos para domar cavalos, e sim para


desenvolver a coordenação motora, a velocidade e a força que não
poderiam ser aprendidas – você há de concordar – na caça prosaica
a antílopes.

E não ensinamos a espantar tigres com fogo para realmente


espantar tigres – que bobagem! –”, e sim para desenvolver nobreza
de caráter e coragem, que serão úteis em todos os outros aspectos
da vida de nossos alunos e que não poderiam nunca ser aprendidas
na rotina de caçar ursos”.

Todos os radicais silenciaram diante da força do argumento. Os


Bruxos sabiam o que estavam fazendo. Todos balançaram a cabeça
em acordo.

51
Educação Integral e Novas Tecnologias

Todos, menos um, o mais radical deles, que ousou um último


protesto:

“Mas vocês hão de admitir que os tempos mudaram. Não


poderiam incluir alguma atividade mais atual? Talvez tenha algum
valor educativo!”.

Até os outros radicais acharam que ele tinha ido longe demais.

Rapaz, que ousadia... falar assim com os Bruxos! Estes ficaram


profundamente indignados.

Um silêncio sepulcral se estabeleceu. Os doces sorrisos se


apagaram. O tom era severo:

“Se tivesses alguma educação”, disse finalmente o mais velho


dos Bruxos, “saberias que a essência da educação é atemporal”. É
algo que permanece e sobrevive às mudanças, assim como uma
rocha sólida que se mantém firme no meio da correnteza.

“Você precisa aceitar que existem algumas verdades eternas, e


o Currículo do tigre-dentes-de-sabre é uma delas”.

Fonte: Ceccon et al. (2009, p. 131-132).

Esta parábola conta a história de uma sociedade, a qual possuía um currículo


escolar composto por três matérias básicas: Pegar peixes com as mãos, domar
cavalos e afugentar com o fogo os tigres dentes-de-sabre.

Vimos no texto que alguns educadores defendiam mudanças e a substituição


por disciplinas mais adequadas para atender às necessidades da sociedade.
Outros acreditavam que os seres humanos deveriam desenvolver habilidades
técnicas, as quais estavam contidas nessas disciplinas. Outros, ainda, defendiam
a necessidade de mantê-las no currículo devido aos seus valores culturais.

Frente à análise do texto, vamos refletir um pouco...

Os currículos elaborados para as escolas abordam conteúdos curriculares


que só na escola são vistos. Se "aprendidos", eles serão utilizados em algum
momento da nossa vida. Essa instrumentalização é uma das funções da escola.

52
Capítulo 2 O Professor Frente às Novas Tecnologias
Digitais

No entanto, a forma de trabalhar do professor esses conteúdos a partir da


problematização do contexto do aluno é que faz toda a diferença para a educação.

Você percebeu que atualmente o currículo escolar ainda


enfrenta dificuldades em realizar mudanças?

A escola, não sendo mais o único local em que se concentra o conhecimento,


precisa rever as suas práticas educativas. No entanto, será que mudar a prática
educativa, abolindo o quadro, o giz, a aula expositiva e substituir pelo quadro
digital, pela internet, vai mudar o ensino? Acreditamos que sim. Contudo, para
inserir as novas TICs na sala de aula, é preciso ter objetivos claros e orientações
específicas.

É através do currículo que os esforços pedagógicos se organizam na escola.


Diante disso, é preciso mudar a concepção de educação escolar, pois o currículo
ganha força quando concebido como eixo articulador das ações educacionais.

Com as inovações presentes em todos os campos da sociedade, a nova


geração encontra-se rodeada pelas mais diferentes formas de tecnologia, como
computadores, notebooks, celulares, televisão, rádio, entre outros, e isso faz com
que os alunos cheguem à escola carregados de informação.

Figura 25 - A chegada das TICS na educação

CÉREBRO ELETRÔNICO BRUNO DRUMMOND

UMBERTO!
NÃO ESTOU VENDO
O SEU DEVER DE CASA
POR AQUI!
A SENHORA PODE
ACESSÁ-LO EM:
WWW.UMBERTO.COM.BR/
DEVERDECASA.HTML

Fonte: Disponível em: <http://pedagteceducacao.blogspot.com.br/2015/09/recursos-tecno-


logicos-e-educacao.html>. Acesso em: 1 jun. 2017.

53
Educação Integral e Novas Tecnologias

A figura do professor não acaba com a chegada das novas tecnologias no


ambiente escolar. Ele é peça fundamental no processo educativo. Uma máquina
não possibilita a humanização das relações. Utilizar cadernos, livros, fazer tarefas
não define o tipo de ensino. As tecnologias servem para auxiliar na pesquisa, na
comunicação, na interação visual, diminuindo as distâncias geográficas.

Discute-se muito como as ferramentas tecnológicas podem proporcionar,


na ação pedagógica, uma comunicação efetivamente dinâmica. Toda essa
interatividade no ensino deve levar em conta que não basta apenas a utilização
da informação fornecida por uma máquina. As pessoas recebem informações
e, se não têm desenvolvido a criticidade sobre determinado assunto, repetem o
que veem, o que escutam, o que leem. Esse é o grande equívoco da era digital.
Qualquer informação verídica ou não é repassada pelos meios de comunicação
numa velocidade assustadora.

Contudo, a informática no ambiente escolar não pode ser resumida nas


técnicas de digitações e sim um recurso que auxilie o professor durante a
aprendizagem. As tecnologias são instrumentos e não base de atuação dos
professores. As TICs precisam estar articuladas à ação pedagógica e a ação
pedagógica precisa levar em conta os saberes construídos pelos alunos.

Este é um importante momento de repensar o currículo e reavaliar as


práticas pedagógicas. Pozo (2009) enfatiza a importância de modificar as práticas
pedagógicas, para acompanhar a evolução do mundo. É preciso um novo jeito
de ensinar. Precisamos provocar o professor para que ele analise sua prática e
reveja suas concepções em relação à formação humana. Pretto (2000, p.107)
corrobora dizendo que:

[...] a escola ainda é o centro do saber. [...]. Hoje, com os novos


recursos tecnológicos, as informações estão fora da escola. No
entanto, o saber não! A sistematização de todo esse mundo de
informações ainda exige um espaço – físico, sim – com profes-
sores fortemente qualificados para viabilizar as suas sínteses
e as suas críticas.

Sabemos que todo esse avanço tecnológico está trazendo novas


possibilidades para o professor inserir um trabalho com as multimídias. No
entanto, está gerando um grande impacto para a educação, pois ainda não está
claro para os professores de que forma as ferramentas tecnológicas podem
auxiliar na prática pedagógica. As novas tecnologias ainda são utilizadas de forma
restrita e superficial na sala de aula.

54
Capítulo 2 O Professor Frente às Novas Tecnologias
Digitais

Sabemos de todas as dificuldades enfrentadas pelo professor em superar


os problemas de ensino. Muitas são as cobranças para que se
modifiquem as suas práticas pedagógicas. O professor não pode ser O professor não pode
responsabilizado como o único, para essa mudança na educação, ser responsabilizado
pois não é apenas o papel do docente que deve ser modificado, mas como o único, para
essa mudança na
há a necessidade de se realizar profundas mudanças nos sistemas educação
educacionais para que o professor possa enfrentar os desafios da
sociedade do conhecimento.

Para que a educação integral apresente os resultados que tanto esperamos,


é necessário que a formação inicial e continuada para os professores seja
discutida nas universidades e nos cursos de licenciaturas, nos cursos de pós-
graduação e demais cursos oferecidos aos profissionais da educação.

Todos são responsáveis para que a efetivação das políticas públicas


ocorra de maneira a termos uma educação integral, onde uma área não seja
considerada mais importante que a outra. Faz-se necessário que as diferentes
áreas do conhecimento estejam inter-relacionadas, sendo abordadas de forma
transdisciplinar. Vieira (2011, p. 4) diz que:

[...] a implantação da informática como auxiliar do processo de


construção do conhecimento implica mudanças na escola que
vão além da formação do professor. É necessário que todos os
segmentos da escola – alunos, professores, administradores e
comunidades de pais – estejam preparados e suportem as mu-
danças educacionais necessárias para a formação de um novo
profissional. Nesse sentido, a informática é um dos elementos
que deverão fazer parte da mudança, porém essa mudança
é mais profunda do que simplesmente montar laboratórios de
computadores na escola e formar professores para utilização
dos mesmos. (VIEIRA, 2011, p. 4).

É necessário que haja um conjunto de ações que viabilize condições melhores


para a educação. Pois muitas medidas são adotadas para solucionar os problemas,
mas com resultados pouco satisfatórios. Belloni (2001, p. 27) enfatiza que:

Do livro e do quadro de giz à sala de aula informatizada e on-


line a escola vem dando saltos qualitativos, sofrendo trans-
formações que levam de roldão um professorado menos per-
plexo, que se sente muitas vezes despreparado e inseguro
frente ao enorme desafio que representa a incorporação das
TIC ao cotidiano escolar. Talvez sejamos os mesmos educa-
dores, mas os nossos alunos já não são os mesmos.

55
Educação Integral e Novas Tecnologias

A escola, enquanto instituição que promove o conhecimento, consegue


propiciar momentos de formação no dia a dia, na troca de experiências entre os
pares, em momentos específicos como Reunião Pedagógica, nos horários de
atividades remuneradas etc., mas a escola não pode parar para fazer formação
desrespeitando o calendário escolar e indo contra as orientações dos órgãos
imediatos acima. Mas existem momentos específicos pelos quais a entidade
mantenedora é responsável, definidos no calendário escolar anual, para a
organização dos pais.

Segundo Moran (2013), o professor é a chave mais importante neste


processo de inclusão da internet na educação. Para que possa introduzir a
tecnologia no seu dia a dia, ele precisa se aprimorar dessas novas ferramentas
digitais. Ainda de acordo com o autor, a informatização trouxe uma explosão de
acesso aos saberes, e diante desta realidade, é indispensavel que atualize o
seu fazer pedagógico, a fim de potencializar o uso das ferramentas digitais no
processo de ensino. Toschi (1995) enfatiza que é papel da escola ressignificar
estes saberes, utilizando-os como ponto de partida para construir o verdadeiro
conhecimento, um novo saber mais elaborado.

Figura 26 - As metas para a educação

Fonte: Disponível em: <https://pensador.uol.com.br/frase/NjQ2Nzgw/>. Acesso em: 21


maio 2017.

As mudanças trazidas pelas novas tecnologias são apontadas como agentes


de transformação dos sistemas de ensino e das modalidades educacionais
(BELLONI, 2001).

56
Capítulo 2 O Professor Frente às Novas Tecnologias
Digitais

A nova cultura de aprendizagem que se abre neste horizonte


do século XXI é dificilmente compatível com formatos esco-
lares e metas educacionais que praticamente não mudaram
desde que as instituições escolares foram constituídas no sé-
culo XIX (POZO, 2009, p. 19-20).

Não podemos negar a importância que o desenvolvimento tecnológico trouxe


para a sociedade e para a educação. Segundo Vieira (2011, p. 134), “temos que
cuidar do professor, porque todas essas mudanças só entram bem na escola
se entrarem pelo professor [...]. Não há como substituir o professor. [...] Ele é a
tecnologia das tecnologias [...]”.

Para que os alunos construam o conhecimento e que expressem as suas


ideias por meio da interação social, entende-se que a inclusão digital possibilita
dinamizar o processo de ensino-aprendizagem.

Atividades de Estudos:

1) Atualmente, as diferentes formas de comunicação e informação


estão exigindo do professor novas habilidades e competências para
lidar com esta realidade. A escola precisa modificar a sua concepção
em relação ao ensino para garantir o desenvolvimento do aluno.
Diante disso, como a escola poderá utilizar as novas ferramentas
digitais para melhorar a educação?
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

2) As grandes mudanças na sociedade decorrentes do avanço das


tecnologias da informação e da comunicação (TICs) ocasionaram
implicações para a escola, visto que ela, como instituição de ensino,
tem por função a formação dos cidadãos. Diante disso, assinale a
alternativa correta quanto ao uso das novas ferramentas digitais:

a) Não é tão importante que o professor domine as novas tecnologias.


É necessário apenas que deixe os alunos navegarem livremente na
internet.
b) O professor deve descartar todas as outras formas de
aprendizagem e priorizar apenas as novas tecnologias.

57
Educação Integral e Novas Tecnologias

c) As tecnologias da informação e comunicação devem ser utilizadas


como mecanismo para promoção de novas atividades de ensino.
d) A formação docente para o uso das tecnologias não é algo
urgente para a educação. Os alunos sozinhos conseguem obter as
informações na internet.

Na próxima seção discutiremos os saberes docentes e a sua


importância para a formação inicial do professor. Sugerimos que
acesse este site <https://www.youtube.com/watch?v=n97RXpgXJ40>
e assista ao vídeo de Mario Sergio Cortella sobre o tema: QUAL É O
PAPEL DA ESCOLA.

Os Saberes Docentes
Figura 27 - Os saberes docentes

Fonte: Disponível em: <http://www.fernandocoruja.com.br/blog/2016/02/>. Acesso em: 27


maio 2017.

Ninguém nasce feito, é experimentan-


do-nos no mundo que nós nos fazemos.

Paulo Freire

58
Capítulo 2 O Professor Frente às Novas Tecnologias
Digitais

A sociedade atualmente passa por grandes mudanças, onde um dos valores


considerados mais importantes é o conhecimento. Neste novo contexto social,
a prática pedagógica está sendo confrontada com o advento da tecnologia.
Conforme destacado por Morin (2015, p. 54):

[...] a escola atual [...] não fornece os meios que permitem con-
hecer a si mesmo e compreender o próximo. Não fornece a
preocupação, o questionamento, a reflexão sobre a boa vida
ou o bem viver. Ela não ensina a viver senão lacunarmente,
falhando naquela que deveria ser sua missão essencial.

Quanto aos docentes, de que forma essas mudanças afetam


a sua identidade como profissionais? Como repensar o trabalho do
professor diante dessas novas circunstâncias?

Pesquisas apontam a importância de pensar a formação do professor numa


abordagem que considere os saberes docentes, pois eles podem ser entendidos
como referências para compreender a prática pedagógica adotada em sala
de aula. Tardif (2002) nos diz que a forma como são construídos os saberes
docentes, por meio das vivências do professor e consecutivamente a relação que
ele estabelece com estas vivências, pode influenciar as suas ações e determinar
a sua prática.

Carvalho (2006, p. 13) reforça que “a prática pedagógica docente pode


assumir duas direções, uma em favor da reprodução/alienação e a outra em favor
da inovação, da transformação/libertação”. Contudo, a forma como se constitui
essa prática, por sua vez, dependerá dos saberes que são propiciados aos
professores durante o seu processo de formação.

Tardif (2010) destaca que é necessário também conhecer as experiências


familiares e escolares que os docentes tiveram antes de sua formação inicial,
pois durante esta experiência ele foi aluno por muitos anos e adquiriu crenças,
representações e certezas sobre o que é ser professor. O saber da docência é um
saber que está relacionado com a identidade do professor, considerando a sua
trajetória de vida e a sua trajetória profissional, a sua relação com os alunos na
sala de aula e com os demais atores da escola.

De acordo com Rosa (2004), a maioria dos professores recém-formados


procura realizar uma didática para construir seu perfil, espelhando-se nas

59
Educação Integral e Novas Tecnologias

experiências que tiveram com seus professores ao longo de sua vida. Kenski
(2003, p. 48) corrobora dizendo que:

Não é possível pensar na prática docente sem pensar na pes-


soa do professor e em sua formação, que não se dá apenas
durante seu percurso nos cursos de formação de professores,
mas durante todo o seu caminho profissional, dentro e fora da
sala de aula. Antes de tudo, a esse professor devem ser da-
das oportunidades de conhecimentos e de reflexão sobre sua
identidade pessoal como profissional docente, seus estilos e
seus anseios.

Partindo do pressuposto de que a formação docente possa dar


condições para o professor reconstruir esses saberes docentes, em
favor do processo de construção do conhecimento, faremos uma
reflexão a seguir.

Para Saviani (1996), o professor precisa ter uma concepção de educação e de


ensino, para que essas concepções determinem os tipos de saberes que deverão
ser utilizados na sala de aula e fora dela. A relação que o professor estabelece
com os diferentes saberes “não se reduz a uma função de transmissão dos
conhecimentos já constituídos” (TARDIF, 2010, p. 36). O autor ainda destaca que:

[...] os diversos saberes dos professores estão longe de serem


todos produzidos diretamente por eles, que vários deles são,
de certo modo, exteriores ao ofício de ensinar, pois provêm
de lugares sociais anteriores à carreira propriamente dita, ou
situados fora do trabalho cotidiano.

Tardif (2010) propõe uma reflexão mais ampla, para que compreendamos
como os saberes docentes são construídos. Elaboramos um quadro para
compreender as ideias do autor, que apresenta um caminho histórico que
geralmente é percorrido pelo professor, anteriormente ao seu exercício
profissional, até a sala de aula.

Tardif (2010, p. 36-37) classifica os saberes docentes em “Saberes


Pedagógicos, Saberes Disciplinares, Saberes Curriculares, Saberes da
Experiência e Saberes da Formação Profissional”.

60
Capítulo 2 O Professor Frente às Novas Tecnologias
Digitais

Quadro 1 - Relação entre os saberes dos professores, as fontes de aquisição e


os modos de integração no trabalho escolar

SABERES DOCENTES FONTES DE AQUI- INTEGRAÇÃO DOS SA-


SIÇÃO DOS SABERES BERES AO TRABALHO
DOCENTE
Saberes experienciais/ Estes saberes na- História de vida,
saberes escolares scem do contato com construída pela
São os saberes adquiri- os familiares em seu socialização primária.
dos pelas experiências ambiente de vida.São São os saberes ad-
pessoais diárias.Os sa- também os saberes quiridos pela formação
beres escolares são os adquiridos na Escola pré-profissional.
saberes oriundos da for-
Primária e Secundária
mação escolar inicial.
– estudos ainda não
especializados.

Saberes discipliares Esses saberes corre- Ocorre por meio da


São os saberes definidos spondem aos diversos utilização de ferramen-
e selecionados pela insti- campos do conhe- tas pedagógicas para
tuição universitária. Este cimento, integrados implementar o trabalho
é um dos momentos em sob a forma de disci- do professor durante a
que o professor entra em plinas (por exemplo, realização das tarefas.
contato com as ciências matemática, história,
da educação. ciências).

Saberes curriculares Os conhecimentos Pimenta (2000) corrob-


São os saberes apre- adquiridos se transfor- ora dizendo que esses
sentados sob a forma mam em saberes para saberes se constroem
de programas escolares serem incorporados na num processo perma-
(objetivos, conteúdos, prática pedagógica. nente de reflexão sobre
métodos, livros didáticos a prática.
usados no trabalho).

Saberes da formação Esses saberes os pro- Saberes provenien-


profissional. fessores vão se apro- tes de sua própria ex-
São os saberes produz- priando ao longo de periência na profissão,
idos durante a formação sua vida profissional. na sala de aula e na
inicial e continuada de escola. Com esses sa-
professores. beres o professor con-
strói a prática do ofício
na escola, na sala, por
meio da troca de ex-
periências com os out-
ros colegas.
Fonte: Adaptado de Tardif (2010, p. 36-38).

61
Educação Integral e Novas Tecnologias

No quadro, podemos perceber que dos saberes experienciais, o professor


vai tecendo os nós, e adquirindo, ao longo de seu exercício no magistério, os
saberes profissionais, que são frutos das experiências vivenciadas, num processo
de amadurecimento e reflexões.

Diante disso, podemos concluir que os saberes profissionais têm como ponto
de partida os saberes pessoais, as fontes sociais e os modos de integração,
construídos por meio da experimentação.

O docente raramente atua sozinho. Ele se encontra em in-


teração com outras pessoas, a começar com os alunos. A
atividade docente não é exercida sobre um objeto, sobre um
fenômeno a ser conhecido ou uma obra-prima a ser produzida.
Ela é realizada concretamente numa rede de interações com
outras pessoas [...] (TARDIF, 2002, p. 49).

De acordo com Saviani (1996), não são os saberes que determinam a


formação do educador, mas é a educação que determina quais os saberes devem
ser ensinados na formação docente. “Se o educador é aquele que educa, o qual,
consequentemente, precisa saber educar, precisa aprender, precisa ser formado,
precisa ser educado para ser educador, precisa dominar os saberes implicados na
ação de educar” (SAVIANI, 1996, p. 145).

Diante disso, é interessante refletirmos....

Que formação docente deve ser oferecida para que os


professores adquiram os saberes necessários para sua prática
pedagógica?

Nas próximas seções discutiremos como a formação de professores pode


influenciar na construção dos saberes docentes. Pois de acordo com Pimenta
(1999, p. 29), para compreendermos como se constitui os saberes docentes é
necessário levar em consideração que esses saberes são reelaborados “em
confronto com suas experiências práticas, cotidianamente vivenciadas nos
contextos escolares”.

62
Capítulo 2 O Professor Frente às Novas Tecnologias
Digitais

Para complementar seus estudos acerca dos saberes docentes,


sugerimos a leitura desses artigos que se encontram disponíveis
nestes sites:
<http://www.scielo.br/pdf/es/v22n74/a03v2274>.
<http://itp.ifsp.edu.br/ojs/index.php/RIFP/article/view/347/360>.

Atividades de Estudos:

1) Pesquisas apontam para a necessidade de uma formação


docente que traga subsídios para que o professor possa modificar
a sua prática pedagógica. Vimos que os saberes docentes são
construídos durante a trajetória de vida do professor, onde ele
constrói e reconstrói os seus conhecimentos. Diante disso, que tipos
de saberes devem ser destacados importantes e que caracterizam a
profissão professor?
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2) O mundo globalizado sugere grandes mudanças na educação. Do


professor é exigido que tenha muitos conhecimentos, habilidade para
lidar com as ferramentas tecnológicas e que modifique a sua prática
pedagógica. Diante de tanta tecnologia, como o professor poderá
utilizar as novas ferramentas de maneira contextualizada, ampliando
o espaço da sala de aula?
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63
Educação Integral e Novas Tecnologias

Os Impactos Trazidos Pelas Novas


Tecnologias no Trabalho Docente
Figura 28 - As novas tecnologias em sala de aula

Fonte: Disponível em: <http://professorasilvana.blogspot.com.br/2016/01/3a-aula-on-


line-mediacao-pedagogica-e-as_58.html>. Acesso em: 13 jun. 2017.

A chamada Sociedade da Informação e Comunicação assume um papel de


destaque na sociedade e espera profissionais que acompanhem as mudanças
cada vez mais exigentes e competitivas. É evidente que os progressos científicos
e tecnológicos, neste século XXI, provocaram profundas transformações sociais,
econômicas, culturais e tecnológicas, exigindo competências, conhecimentos e
habilidades no trabalho.

Sabemos que essas mudanças afetaram também a educação, pois muitas


formas de ensinar são ultrapassadas e não cabem mais nesta sociedade
interconectada. A chegada da internet e das novas ferramentas tecnológicas está
trazendo novos desafios, tanto para as universidades quanto para as escolas. De
acordo com Lévy (1999, p. 72):

Como manter as práticas pedagógicas atualizadas com esses


novos processos de transação de conhecimento? Não se tra-
ta aqui de usar as tecnologias a qualquer custo, mas sim de
acompanhar consciente e deliberadamente uma mudança de
civilização que questiona profundamente as formas institucio-
nais, as mentalidades e a cultura dos sistemas educacionais
tradicionais e, sobretudo, os papéis de professor e de aluno.

64
Capítulo 2 O Professor Frente às Novas Tecnologias
Digitais

O reconhecimento da informatização na sociedade traz à tona a necessidade


de rever o currículo escolar, trabalhando com habilidade e competência em vez
de apenas repassar conteúdos. A expectativa da sociedade atual para a atuação
docente foi e sempre será a da formação humana, desenvolvendo as habilidades
dos educandos e não apenas trabalhar com as TICs.

As TICs são instrumentos que poderão auxiliar na aprendizagem dos alunos,


pois trazem novas possibilidades e são a realidade da maioria das crianças e
jovens. Para os alunos que não têm acesso aos avanços da informatização,
com o uso das TICs, é necessário que a escola possibilite inseri-los na
comunidade global. Contudo, a educação é entendida como grande trunfo para o
desenvolvimento de competências e habilidades. Campelo (2001, p. 49) enfatiza
que:

[...] é notório que as instituições e a sociedade em geral estão


a requerer muito do trabalho do professor, embora nem sempre
se questionem as possibilidades e condições de se efetivarem
as inúmeras responsabilidades a ele atribuídas, (pois) essas
responsabilidades, geralmente de difícil consecução, nem
sempre estão definidas com clareza.

Para essa nova realidade na organização escolar é necessário pensar na


especialização dos docentes. O professor precisa ser instrumentalizado para
orientar os educandos sobre onde colher informação, como tratá-la e como utilizá-
la. Diante disso, é esperado que os professores desenvolvam suas atividades
utilizando as ferramentas tecnológicas disponíveis, para que a aprendizagem se
desenvolva por meio de um trabalho reflexivo.

Assim, a inserção das novas tecnologias na escola deve possibilitar que o


aluno crie, experimente e desenvolva novos conhecimentos, isto é, faça atividades
significativas que lhe possibilitem uma aprendizagem, partindo dos seus saberes
e que o mobilizem na busca de respostas. Um conhecimento sincronizado que
atenda aos anseios do aluno, dando-lhe capacidade de entender o mundo que o
cerca. Kenski (2009, p. 103) afirma que:

[...] um dos grandes desafios que os professores brasileiros


enfrentam está na necessidade de saber lidar pedagogica-
mente com alunos e situações extremas: dos alunos que já
possuem conhecimentos avançados e acesso pleno às últimas
inovações tecnológicas aos que se encontram em plena ex-
clusão tecnológica; das instituições de ensino equipadas com
as mais modernas tecnologias digitais aos espaços educacio-
nais precários e com recursos mínimos para o exercício da
função docente. O desafio maior, no entanto, ainda se encontra
na própria formação profissional para enfrentar esses e tantos
outros problemas.

65
Educação Integral e Novas Tecnologias

Para Sacristán (2000), o saber fazer do docente está na forma como o


professor conduz a sua prática pedagógica, da qual ele se apropria ao longo de
sua carreira profissional.

É um desafio constante para nós, educadores, lidar com as TICs, e a forma


adequada de relacionar com a informação, nas suas mais variadas fontes de
acesso. As novas ferramentas tecnológicas foram sendo inseridas de forma
parcial no contexto da sala da aula. Alguns professores utilizam vídeos, filmes,
como complemento para ilustrar o conteúdo. Segundo Moran (2013), as TICs
podem contribuir para o processo de aprendizagem de diferentes formas, no
entanto, se servirem apenas como ilustração ou para preencher o tempo, não
modificarão substancialmente o ensino. Segundo Moran (2013, p. 91):

Os alunos estão prontos para a multimídia, os professores, em


geral, não. Os professores sentem cada vez mais claro o de-
scompasso no domínio das tecnologias e, em geral, tentam
segurar o máximo que podem, fazendo pequenas concessões,
sem mudar o essencial. Creio que muitos professores têm
medo de revelar sua dificuldade diante do aluno. Por isso, e
pelo hábito, mantêm uma estrutura repressiva, controladora,
repetidora. Os professores percebem que precisam mudar,
mas não sabem bem como fazê-lo e não estão preparados
para experimentar com segurança. Muitas instituições também
exigem mudanças dos professores sem dar-lhes condições
para que eles as efetuem. Frequentemente, algumas organi-
zações introduzem computadores, conectam as escolas com
a Internet e esperam que só isso melhore os problemas do
ensino.

A formação científica de nossos profissionais deve possibilitar que o


aluno construa o próprio saber. Muitos professores, durante a apresentação
dos conceitos, valorizam exclusivamente as aulas teóricas, acreditando que o
objetivo proposto para o ensino seja a quantidade de conteúdos ensinados, não a
contextualização deles. Moran (2004) destaca que os professores ainda resistem
em utilizar as novas ferramentas tecnológicas para a promoção da aprendizagem.

Para a sociedade atual, o professor não é mais visto como a fonte de todo
o saber, no entanto, em muitas escolas ainda predomina a comunicação vertical,
não permitindo que o aluno traga novas informações para a sala de aula, nem
contextualizando as experiências que traz de casa ou que aprende na rua, na
internet, na TV, no rádio e outras fontes.

66
Capítulo 2 O Professor Frente às Novas Tecnologias
Digitais

Figura 29 - A aprendizagem avaliada por meio de provas escritas

Fonte: Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/3621/calvin-e-seus-amigos>.


Acesso em: 2 jun. 2017.

São vários os fatores na educação brasileira que contribuem para que os


docentes apresentem dificuldades em desempenhar a sua profissão, e um deles
pode estar relacionado com estas lacunas na formação e na atualização deste
profissional.

A formação de professores tem sido considerada um dos temas de grande


relevância na discussão para a reforma educacional. Tem sido amplamente
discutida uma Educação Integral voltada para uma formação docente que
possibilite ao professor a reelaboração dos conhecimentos e o desenvolvimento
de habilidades e competências. A formação do professor, tanto a inicial como a
continuada numa perspectiva de Educação Integral, busca possibilitar a formação
integral dos seus alunos. De acordo com Moll et al. (2012, p. 99):

[...] a perspectiva da educação integral vai além de aulas de


reforço ou atendimento individualizado. É uma ação que artic-
ula o projeto da escola com atividades esportivas, informática,
arte, música, teatro, artesanato, entre outros, para melhorar a
aprendizagem dos alunos. É dar espaço para a educação inte-
gral e cidadã, que vai além da educação escolar.

As escolas precisam fazer uso dos recursos tecnológicos e propiciar


capacitação aos professores, tanto na área das tecnologias quanto no seu fazer
pedagógico, pois o mundo globalizado requer estudantes que compreendam o
conhecimento científico. Moran (2004, p. 15) destaca que:

O professor agora tem que se preocupar não só com o aluno


em sala de aula, mas em organizar as pesquisas na internet,
no acompanhamento das práticas no laboratório, dos projetos
que serão ou estão sendo realizados e das experiências que
ligam o aluno à realidade.

67
Educação Integral e Novas Tecnologias

Hoje, um dos problemas ainda enfrentados na formação de professores é


conseguir desenvolver um trabalho interdisciplinar, que articule os conteúdos.
Trabalhar de forma interdisciplinar possibilita integrar os conteúdos com outras
áreas do conhecimento. O trabalho interdisciplinar requer um novo olhar do
professor para a construção do conhecimento, e ele só terá sentido se atingir as
metas educacionais, rompendo com o ensino fragmentado.

Delors (1996) apresenta no quadro a seguir os quatro pilares do


conhecimento, nos quais a educação deve estar pautada para promover um
ensino de melhor qualidade e a formação integral do aluno.

Quadro 2 - Os quatro pilares do conhecimento


1- Aprender a conhecer: proporcionar condições para que os alunos busquem
novas descobertas por meio das tecnologias, enriquecendo o processo de
aprendizagem.
2- Aprender a fazer: desenvolver competências e habilidades necessárias para
as relações sociais, considerando os conhecimentos prévios dos alunos.
3- Aprender a conviver: possibilitar as relações interpessoais, para que os
alunos aprendam a conviver juntos. Incentivando o diálogo e o respeito.
4- Aprender a ser: contribuir para que o aluno se desenvolva como pessoa. Ofere-
cendo oportunidades de desenvolvimento da criatividade e da autonomia.

Fonte: Adaptado de Delors J. (1996).

Pensando nos nossos professores que já atuam em sala de


aula, será que a sua formação inicial lhe deu suporte para oferecer
este ensino que contemple o uso das novas ferramentas digitais, tão
almejado pela sociedade?

Será que a formação de professores que é oferecida aos


docentes possibilita a articulação dos quatro pilares da educação?

Para que se consiga estruturar esses quatro pilares do conhecimento, as


competências do professor devem estar aliadas aos objetivos e finalidades da
educação.

68
Capítulo 2 O Professor Frente às Novas Tecnologias
Digitais

PAULO FREIRE FALA DO DOMÍNIO QUE O


EDUCADOR PRECISA PARA ENSINAR

Para mim é impossível compreender o ensino sem o aprendizado


e ambos sem o conhecimento. No processo de ensinar há o ato
de saber por parte do professor. O professor tem que conhecer o
conteúdo daquilo que ensina. Então, para que ele ou ela possa
ensinar, ele ou ela tem primeiro que saber e, simultaneamente
com o processo de ensinar, continuar a saber, porque o aluno, ao
ser convidado a aprender aquilo que o professor ensina, realmente
aprende quando é capaz de saber o conteúdo daquilo que lhe foi
ensinado.
Fonte: Paulo Freire (2003, p. 79).

O professor certamente tem que ter competência na sua área de atuação, e


ao inserir as ferramentas tecnológicas no seu fazer docente, irá enriquecer a sua
prática pedagógica. Segundo Valente (1999, p. 2):

[...] a implantação da informática como auxiliar do processo de


construção do conhecimento implica mudanças na escola que
vão além da formação do professor. É necessário que todos os
segmentos da escola – alunos, professores, administradores e
comunidades de pais – estejam preparados e suportem as mu-
danças educacionais necessárias para a formação de um novo
profissional. Nesse sentido, a informática é um dos elementos
que deverão fazer parte da mudança, porém essa mudança
é mais profunda do que simplesmente montar laboratórios de
computadores na escola e formar professores para utilização
dos mesmos.

As ferramentas tecnológicas são dispositivos para intermediar o educador,


o educando e o conhecimento. Os benefícios oferecidos por elas dependem da
mediação que o professor faz em sua prática pedagógica quando as relaciona
com os conteúdos.

69
Educação Integral e Novas Tecnologias

Atividades de Estudos:

1) A formação inicial deve dar condições para o professor analisar


e refletir sobre sua prática docente e para que possa compreender
as transformações que ocorrem na sociedade. Para isso, é
necessário que haja mudanças na formação docente, nas estruturas
institucionais, nos conteúdos e no currículo escolar que está
fundamentado na fragmentação das disciplinas. Que mudanças
precisam ser feitas nos cursos de formação de professores para
que os currículos deixem de ter uma concepção fragmentada do
conhecimento?
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______________________________________________________
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A Formação Docente: Velhos


Problemas, Novas Alternativas
Figura 30 - O uso das tecnologias em sala de aula

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Fonte: Disponível em: <http://educacaoenovastecnologias-unimessa.blogspot.com.


br/2012/06/novas-tecnologias-e-formacao-do.html>. Acesso em: 19 jun. 2017.

70
Capítulo 2 O Professor Frente às Novas Tecnologias
Digitais

As tecnologias evoluem em quatro di-


reções fundamentais:
Do analógico para o digital (digitalização)
Do físico para o virtual (virtualização)
Do fixo para o móvel (mobilidade)
Do massivo para o individual (personal-
ização).

Carly Fiorina, ex-presidente da H Packard

Nos últimos anos, a discussão acerca da formação docente vem ganhando


destaque na área educacional. Exigências em redefinir as práticas pedagógicas
tendem a modificar os papéis da universidade e das escolas. Muito se discute
quanto à necessidade de a universidade pensar sobre a implementação de ações
que busquem o aprimoramento dos profissionais da educação, pois mudanças
sociais e tecnológicas apresentaram novas formas de pensar e organizar o
conhecimento.

As mudanças na prática pedagógica com a introdução das tecnologias não


é algo tão simples, nem ocorre de forma imediata. A formação profissional dos
docentes não pode mais estar baseada na racionalidade técnica, considerando o
docente mero executor das decisões alheias, mas uma formação que reconhece
a sua capacidade de decidir (DELIZOICOV; ANGOTTI; PERNAMBUCO, 2002).

Partindo do princípio de que as Instituições de Ensino Superior (IES) são


parcialmente responsáveis pela formação do docente, nos últimos anos, a forma
como é concebido o ensino, oferecido pela maioria delas, tem provocado grandes
discussões. A formação inicial e os programas de formação em nível de pós-
graduação têm orientado o profissional para uma determinada especialização,
que, muitas vezes, se desenvolve em um tempo curto, não atingindo um
aperfeiçoamento efetivo.

No trecho destacado a seguir, Chauí (2001), em seu livro “Os escritos sobre
a universidade”, revela que o mercado de trabalho, em particular no Brasil,
demonstra uma grande insatisfação em relação ao ensino oferecido aos jovens
pela universidade:

As grandes empresas se queixam da formação universitária


que não habilita os jovens universitários ao desempenho ime-
diatamente satisfatório de suas funções, precisando receber
instrução suplementar para exercê-las a contento [...] (CHAUÍ,
2001, p. 73-74).

As transformações das práticas docentes só serão efetivas quando o


professor ampliar sua consciência sobre a própria prática. Os professores

71
Educação Integral e Novas Tecnologias

precisam ser colaboradores para transformar a gestão, os currículos e as formas


de trabalho pedagógico no contexto escolar. Nesta discussão, Belloni (2010)
afirma que o papel do professor na sociedade mudou radicalmente. Para atender
a essas funções variadas e complexas, é necessária uma formação inicial e
continuada mais aprofundada e sintonizada com a realidade dos alunos.

As mudanças só acontecem nas instituições se tomarem os professores


como parceiros, para as transformações na qualidade de ensino. Contudo,
valorizar o trabalho docente significa permitir condições para que eles analisem e
compreendam os contextos histórico, social, cultural que fazem parte de sua vida
docente (DELIZOICOV; ANGOTTI; PERNAMBUCO, 2002).

A formação do docente deve ir além do desenvolvimento de técnicas


didáticas em que ocorre a exposição dos conteúdos. Ela deverá ser uma formação
que garanta a articulação dos saberes técnicos, dos saberes específicos e dos
saberes do professor. Moran (2004, p. 41) defende que:

[...] os papéis do professor se multiplicam, diferenciam-se e


complementam-se, exigindo uma grande capacidade de adap-
tação e criatividade diante de novas situações, propostas,
atividades. [...] O professor [...] precisa aprender a trabalhar
com tecnologias sofisticadas e tecnologias simples. [...] Ele
não pode acomodar-se, porque a todo o momento surgem
soluções novas e que podem facilitar o trabalho pedagógico
com os alunos.

Possibilitar uma formação que desenvolva os saberes e competências


é essencial para a prática docente, um exercício contínuo que se sustenta no
ensino, na pesquisa e na extensão.

Perrenoud (2005, p. 111) destaca que a universidade, durante a formação


docente, deve desenvolver os seguintes saberes e competências para que o
professor seja capaz de:

72
Capítulo 2 O Professor Frente às Novas Tecnologias
Digitais

Quadro 3 - Saberes e competências

• Saber identificar, avaliar e fazer valer seus recursos, seus direitos, seus lim-
ites e necessidades.

• Saber, individualmente ou em grupo, conceber e implementar projetos e


desenvolver estratégias.

• Saber analisar situações, relações, campos de força de maneira sistemática.

• Saber cooperar, agir em sinergia, participar de um grupo, compartilhar uma


liderança.

• Saber construir e coordenar organizações e sistemas de ação coletiva de tipo


democrático.

• Saber gerir e superar conflitos.

• Saber operar com as regras, utilizá-las, elaborá-las.

• Saber construir ordens negociadas para além das diferenças cuturais.

Fonte: Perrenoud (2005, p. 111).

Durante a formação docente a universidade deve proporcionar condições


para o aluno vivenciar novas situações de aprendizagem. A prática educativa
deve ser reflexiva, com ênfase na investigação da própria prática (GÓMEZ, 1992).
Para uma prática reflexiva, a universidade dever propiciar ao professor situações
de aprendizagem e um diálogo com a realidade na sua atuação.

Os professores devem ocupar uma posição de mediadores da cultura e dos


saberes, para produzir novos saberes a partir dos adquiridos ao longo de sua
trajetória. Diante disso, sua função não pode ser a de receber o conhecimento
pronto e transmitir o que recebeu. O docente deve participar da formação, podendo
participar da produção dos conhecimentos e na construção de seu currículo. Isso
significa, segundo Delizoicov, Angotti e Pernambuco (2002, p. 16):

Introduzir objetivos de natureza conceitual, procedimental e


valorativa, em relação aos conteúdos da matéria que ensina,
transformar o saber científico ou tecnológico em conteúdos for-
mativos, selecionar e organizar os conteúdos, em função das
características dos alunos e das finalidades do ensino; utilizar
métodos e procedimentos de ensino específicos, inserindo-os
em uma estrutura organizacional em que participe de decisões
e ações coletivas.

73
Educação Integral e Novas Tecnologias

Sampaio e Leite (1999) enfatizam a necessidade de se trabalhar o conceito


de “alfabetização tecnológica” do professor para o uso das tecnologias da
informação. É necessário que ele se aproprie desta linguagem tecnológica para
ensinar os seus alunos.

O professor, sintonizado com a rapidez desta sociedade tecno­


lógica e comprometido com o crescimento e a formação de seu
aluno, precisará – além de capacidade de análise crítica da
sociedade – de competências técnicas que o ajudem a com-
preender e organizar a lógica construída pelo aluno mediante
sua vivência no meio social. Essa capacidade será necessária
para utilizar as tecnologias e suas diferentes linguagens com o
objetivo de atingir o aluno e transformá-lo em um cidadão tam-
bém capaz de entender criticamente as mensagens dos meios
de comunicação a que é exposto, além de saber lidar, no dia a
dia, com os outros avanços tec­nológicos que o rodeiam (SAM-
PAIO; LEITE, 1999, p. 19).

Não é suficiente apenas o professor ter conhecimentos dos conteúdos de


sua área. O ponto principal para a docência deve permitir ao professor articular
os saberes. A formação deve oferecer conhecimentos de diferentes naturezas,
para que o docente exerça a sua atividade profissional. Estes conhecimentos
estão relacionados aos conhecimentos do conteúdo específico e conhecimentos
pedagógicos em geral.

De acordo com Tardif (2010), é necessário um equilíbrio entre o que se produz e


o que se faz, para que haja conexões com as práticas profissionais, para que o saber
docente cotidiano seja renovado com novas concepções na formação do professor.

74
Capítulo 2 O Professor Frente às Novas Tecnologias
Digitais

Figura 31 - Diversidade do saber

Fonte: Disponível em: <https://blogdonikel.wordpress.com/2015/10/29/saberes-do-


centes-e-formacao-profissional-segundo-maurice-tardif/>. Acesso em: 13 jun. 2017

A base de conhecimento para o ensino constitui-se de compreensão,


habilidades e experiências que são necessárias para o professor desenvolver os
processos de ensinar e aprender, nas mais diferentes áreas do conhecimento.
Demo (2009, p. 19) destaca que: “O professor que estuda tem como resultado um
aluno que aprende melhor".

Desenvolver habilidades e competências é fundamental para a qualidade


da educação. Uma das competências básicas a ser desenvolvida no docente é
a capacidade de selecionar e articular os conteúdos com a realidade na qual o
aluno está inserido, pois é desta forma que o conhecimento adquire significado.
De acordo com Ausubel, Novak e Hanesian (1980, p. 137): [...] o fator isolado mais
importante que influencia a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já conhece.
Descubra o que sabe e baseie nisso seus ensinamentos [...]. De acordo com
Moran (2004, p. 10):

Precisamos tornar a escola um espaço vivo, agradável, estim-


ulante, com professores mais bem remunerados e preparados;
com currículos mais ligados à vida dos alunos; com metodolo-
gias mais participativas, que tornem os alunos pesquisadores,
ativos; com aulas mais centradas em projetos do que em con-

75
Educação Integral e Novas Tecnologias

teúdos prontos; com atividades em outros espaços que não a


sala de aula [...].

Um dos aspectos importantes dessa discussão é que a formação do professor


deve somar com as possibilidades de utilização dos recursos tecnológicos como
auxiliares à sua prática pedagógica. Para alcançar este objetivo, o professor
precisa conhecer as possibilidades pedagógicas que o contexto virtual oferece,
para dar novos contornos à aprendizagem (DEMO, 2009).

É urgente preparar os professores para a utilização do computador e da


internet, para que dominem as ferramentas da web, principalmente na utilização
pedagógica dessas ferramentas. De acordo com Moran (2013, p. 38):

Na sociedade da informação, todos estamos reaprendendo a


conhecer, a comunicar-nos, a ensinar; reaprendendo a integrar
o humano e o tecnológico; a integrar o individual, o grupal e o
social. É importante conectar sempre o ensino com a vida do
aluno. Chegar ao aluno por todos os caminhos possíveis: pela
experiência, pela imagem, pelo som, pela representação [...],
pela multimídia, pela interação on-line e off-line. Partir de onde
o aluno está. Ajudá-lo a ir do concreto ao abstrato, do imediato
para o contexto, do vivencial para o intelectual.

Como o professor poderá integrar a tecnologia nas práticas


pedagógicas de forma inovadora?

Não pode ser exigido que o professor utilize as ferramentas tecnológicas


somente justificando-as como potencialidades no seu trabalho. A escola precisa
ter acesso às mídias para que se criem ambientes virtuais de aprendizagens e
que seja criado um espaço para o professor fazer parte de um ambiente em que o
aluno já se encontra inserido. Nas palavras de Gouvêa (1999, p. 12):

Por isso, o professor será mais importante do que nunca, pois


ele precisa se apropriar dessa tecnologia e introduzi-la na sala
de aula, no seu dia a dia, da mesma forma que um profes-
sor introduziu, um dia, o primeiro livro numa escola e teve de
começar a lidar de modo diferente com o conhecimento, sem
deixar as outras tecnologias de comunicação de lado. Contin-
uaremos a ensinar e aprender pela palavra, pelo gesto, pela
emoção, pela afetividade, pelos textos lidos e escritos, pela
televisão, mas agora também pelo computador, pela infor-
mação em tempo real, pela tela em camadas, em janelas que
vão se aprofundando às nossas vistas.

76
Capítulo 2 O Professor Frente às Novas Tecnologias
Digitais

O computador é uma ferramenta que trouxe grandes novidades para enriquecer


as atividades, no entanto, é um recurso que vem sendo pouco explorado para
criação e pesquisa. Tardif (2010) reconhece o valor da pesquisa como instrumento de
qualificação da prática dos professores e destaca quanto ele interfere positivamente
nos conteúdos e nas atividades previstas no programa de formação. A formação do
professor deve dar-lhe condições de pensar no que realmente esse recurso poderá
contribuir no processo educativo e quais as suas especificidades tanto técnicas quanto
pedagógicas. A aprendizagem intermediada pelo computador traz possibilidades de
navegar nos mais diferentes espaços, e nas mais diferentes formas.

É essencial que o professor se aproprie dos saberes proporcionados pelas


tecnologias digitais da informação e da comunicação para sistematizar a sua
prática pedagógica. Os recursos digitais devem ser utilizados não apenas como
uma nova forma de ensinar, mas devem trazer ao professor metodologias de
ensino que contribuam para a melhoria da qualidade do processo de ensino-
aprendizagem. De acordo com Freire (1997, p. 147), “o avanço científico e
tecnológico que não corresponde fundamentalmente aos interesses humanos, às
necessidades de nossa existência, perde para mim sua significação”.

Mudanças na educação dependem não só do professor, mas de todos, gestores,


coordenadores, alunos, contribuindo para que a escola seja um ambiente de inovação
e comunicação. Segundo Lévy (1999), a era atual da informação e comunicação se
constitui como uma nova maneira de pensar sobre o mundo que modifica os valores,
os processos e os instrumentos que medeiam a ação do homem com o meio.

No próximo capítulo discutiremos como a informática nos permite realizar várias


ações, por exemplo, nos comunicar com o mundo, realizar pesquisas, redigir textos,
fazer cálculos, entre outras. O computador traz muitos benefícios para a construção do
conhecimento, e não há como a escola não estar inserida nesta sociedade moderna.

O problema está em como estimular os alunos a buscar novas


formas de pensar e de selecionar informações. Como orientá-los
a construir o conhecimento e reconstruí-lo continuamente. Como
podemos despertar o gosto pela pesquisa, pela leitura, a curiosidade,
transformando as informações em novos significados, que atendam
seus interesses e necessidades, enriquecendo seus conhecimentos
sobre outras culturas e outras pessoas.

Fonte: Almeida (1998).

77
Educação Integral e Novas Tecnologias

Atividades de Estudos:

1) As crianças pequenas já manuseiam o celular, câmeras fotográficas


e outras ferramentas digitais. A linguagem digital é realidade na vida
cotidiana da maioria da população. Essa realidade exige a escola
repensar o seu fazer pedagógico. Diante disso, como desenvolver
uma formação para os profissionais da educação que desenvolva
competências para a linguagem digital?
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2) Pesquisadores apontam para uma formação docente que


contemple o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação –
TICs, pois o professor, como mediador do conhecimento, precisa
aliá-las à sua prática. Diante deste contexto, quais são as maiores
dificuldades encontradas pelo professor ao utilizar as Tecnologias de
Informação e Comunicação – TICs no seu trabalho docente?
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Algumas Considerações
A sociedade atual, devido às inúmeras e aceleradas mudanças que ocorreram
na área da tecnologia, tem acompanhado as transformações no contexto
educacional. Uma das maiores preocupações da educação é o impacto que essas
mudanças tecnológicas trouxeram no processo de ensino-aprendizagem. Elas
alteraram de forma significativa o papel do professor. A internet está cada vez
mais presente no sistema educacional, por isso a escola está sendo pressionada
a atender às exigências da modernidade.

É necessário avaliar o papel das novas tecnologias, utilizando as TICs para


educar, pois é esperado do professor que saiba manejar os instrumentos a fim de
potencializar o seu uso em favor da prática educativa, produzindo conhecimento e
contribuindo de maneira efetiva no aprendizado do aluno.

78
Capítulo 2 O Professor Frente às Novas Tecnologias
Digitais

Para que as Tecnologias da Comunicação e Informação (TICs) tenham


sucesso na educação são necessárias mudanças de paradigmas. A formação
docente está distante do uso e da compreensão das ferramentas tecnológicas,
tanto no processo de ensino e aprendizagem quanto na sua formação profissional.

Percebe-se que as resistências quanto ao uso das novas tecnologias


digitais em sala de aula podem estar relacionadas com a falta de domínio que
alguns professores têm sobre determinadas ferramentas. Contudo, para que
os professores utilizem as ferramentas tecnológicas, como um componente
fundamental na sua prática pedagógica, é indispensável a sua formação e
atualização.

Não resolve somente colocar os computadores nas escolas, é necessário que


haja formação que prepare estes docentes para utilizar essas novas tecnologias,
pois o contato e o manuseio no decorrer de sua formação, possivelmente, trarão
resultados positivos nas suas atividades em sala de aula. Quando é possibilitado
experimentar, discutir e fundamentar o uso das ferramentas tecnológicas, o
professor constrói novos conhecimentos.

As novas gerações já fazem uso intensivo das mídias. Hoje o aluno tem
diversos ambientes para navegar e buscar novas informações. Essa realidade
digital ampliou as chances de aprendizagens e a internet se torna uma ferramenta
poderosa, quando utilizada de forma adequada no ensino.

Temos mudanças significativas na prática pedagógica. Sabemos que


mudanças nos padrões adquiridos durante toda uma caminhada são difíceis. Mas
o desafio está posto para a educação.

A nova tecnologia nos traz um leque de oportunidades e, diante dessa


realidade, o aluno e o professor precisam falar a mesma linguagem, a linguagem
digital. Diante disso, a educação deve explorar as ferramentas digitais para
servirem como meios de construção do conhecimento.

Referências
ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de. Da atuação à formação de profes-
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82
C APÍTULO 3
Novas Competências Didáticas x
Tecnologia Digital Interativa

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Possibilitar ao professor o conhecimento sobre o uso dos novos recursos


tecnológicos, a fim de diversificar os processos de ensino-aprendizagem.

� Proporcionar aos alunos e aos professores o contato com os


ambientes virtuais de aprendizagem para que reconheçam as suas
potencialidades para uma aprendizagem mais dinâmica e interativa.
Capítulo 3 Novas Competências Didáticas x Tecnologia
Digital Interativa

Contextualização
As instituições de ensino, tendo como função a formação humana, devem
possibilitar o acesso aos instrumentos de produção cultural, científica e política,
para garantir aos cidadãos o conhecimento e domínio tecnológico para a sua
aplicação na prática.

Diante das grandes mudanças vivenciadas pela sociedade nestes


últimos anos, como a escola poderá aproveitar o potencial trazido pelas novas
tecnologias? “Sabe-se que ao longo da história, a humanidade atravessa
várias transformações, e em face dessas alterações questiona-se como fica o
posicionamento das instituições de ensino” (LIBÂNEO et al., 2003, p. 52).

Para Lévy (1996), a atual era digital, na qual vivemos hoje, é uma era que
surge posteriormente à era da tecnologia da oralidade e da escrita. Nesta nova
era surgem outras formas culturais, sendo necessário que o sistema educacional
ofereça aos seus alunos os recursos tecnológicos existentes na sociedade digital,
a fim de que tenham a oportunidade de inseri-los em seu cotidiano.

Com esta nova realidade, busca-se uma educação integral que priorize
diferentes redes de aprendizagem, trazendo possibilidades para as novas
tecnologias ampliarem o processo educativo.

Informática Educativa
Figura 32 - Informática educativa

Fonte: Disponível em: <http://institutoprominas.com.br/blog/educacao/informatica-educati-


va/>. Acesso em: 19 jun. 2017.

85
Educação Integral e Novas Tecnologias

"Para estar junto não é preciso estar


perto, e sim do lado de dentro”.

Leonardo da Vinci.

A sociedade teve um crescimento tecnológico gigantesco nos últimos


anos. As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) trouxeram grandes
mudanças nas relações sociais e comportamentais. Dentro desta conjuntura,
várias vertentes apontam a educação como a instituição capaz de atender a
nova modernidade, inserindo em seu contexto as ferramentas tecnológicas, para
promover o desenvolvimento de habilidades e competências dos alunos.

A relação entre educação e as TICs vai além do conjunto de técnicas. Ela


deve proporcionar a construção de diversos saberes. De acordo com Tajra (2000,
p. 20), “com as novas tecnologias da informação e da comunicação (TICs), cabe
à escola a responsabilidade de prestar a sua grande contribuição na formação
de indivíduos proativos para atuarem nas economias do futuro”. No entanto, se
a tecnologia não for utilizada para superar o ensino tradicional e pensada numa
ótica de educação integral, ela perderá o seu sentido.

Sabemos que ainda é um desafio para a escola a ampliação do tempo de


permanência dos alunos no ambiente escolar, pois educar pela inovação requer
novas ações. O papel da escola neste novo processo é fundamental e deve ser
abraçado por todos os profissionais da área da educação.

As experiências recentes indicam o papel central que a escola deve ter no


projeto de Educação Integral, mas também apontam a necessidade de articular
outras políticas públicas que contribuam para a diversidade de vivências que
tornam a Educação Integral uma experiência inovadora e sustentável ao longo do
tempo (BRASIL, 2009, p. 6).

Visto que estamos atravessando um momento de transição na educação, se


tivermos uma política estruturada que priorize o investimento humano e as devidas
adequações para as escolas, estaremos caminhando para a universalização da
educação integral.

Nesta seção, vamos discutir a informática educativa como uma importante


ferramenta pedagógica no ambiente escolar, visto que é entendida como uma
grande possibilidade para o ensino. Sabemos que a informática possibilita diversas
formas de comunicação e interação e sua importância está na possibilidade da
interatividade.

86
Capítulo 3 Novas Competências Didáticas x Tecnologia
Digital Interativa

O termo informática educativa significa utilizar os recursos tecnológicos como


dinamizadores do processo de ensino aprendizagem. A informática educativa
como meio facilitador da aprendizagem ainda é uma situação nova para as
escolas, pois tem um passado recente. Como já estudamos no capítulo anterior,
o seu uso requer muitas discussões, para compreender de que forma este campo
de possibilidades poderá melhorar a aprendizagem. Libâneo (1998) diz que os
professores reconhecem o impacto trazido para o ensino com o surgimento desta
nova sociedade tecnológica. É necessário a escola vivenciar este novo e adotar
novas alternativas para alcançar o saber fazer. Para Weiss (2009, p. 132):

[...] o uso da informática tem se revelado como um precioso


instrumento, não só nos diagnósticos, mas também no trata-
mento das dificuldades de aprendizagem escolar, auxiliando
no desenvolvimento do processo cognitivo, com a concen-
tração de atenção, reforço da memória, desenvolvimento do
pensamento lógico, rapidez de raciocínio, percepção gestativa
do problema, buscando assim uma maior facilidade na tomada
de consciência de seu próprio pensar e de seus processos e
estratégias.

A internet proporciona a construção de ambientes de aprendizagem e o uso


de aplicativos computacionais. Assim, com os dispositivos digitais, o professor
pode criar espaços de aprendizagem, planejar as atividades, possibilitando aos
alunos uma aprendizagem mais dinâmica e seu envolvimento neste processo
educativo. Para isso, ele precisa ter conhecimento das estratégias de ensino
e desenvolver as suas próprias competências. A educação integral pode ser
considerada um fio condutor para esta formação. Segundo Libâneo (1998, p. 26):

Pois neste tipo de escola os alunos aprendem a buscar a in-


formação e com isso constroem conhecimento em nível de
conceito longitudinal (nas aulas, no livro didático, na TV, no
rádio, no jornal, nos vídeos, no computador etc.), analisando-a
criticamente e dando a ela um significado pessoal.

De acordo com Assmann (1995), se todas as alternativas oferecidas para o


ensino não propiciarem a aprendizagem do aluno, não houve, então, melhoria na
qualidade da educação. Ainda de acordo com o autor, a escola não pode mais ser
uma transmissora de informações, mas um local onde o conhecimento construído
possibilite atribuir significados à informação.

O professor é a chave fundamental para a mediação. A presença dele durante


a aprendizagem é indispensável para se alcançar os objetivos da informática
educativa, pois ele é quem irá dinamizar todo o processo, por intermédio do
computador, explorando ao máximo a criatividade dos alunos. Kenski (2007, p.
46) destaca dizendo que:

87
Educação Integral e Novas Tecnologias

[...] não basta assimilar informática, Internet e outras tecnolo-


gias do conhecimento; as novas tecnologias trazem transfor-
mações nas formas de trabalhar o conhecimento, exigindo no-
vas formas de organização do tempo, do espaço, das relações
internas da escola.

Para essa realidade social, o computador passou a ser uma alternativa com
grandes possibilidades para a educação. Trabalhar numa perspectiva tecnológica
tem sentido se o professor der possibilidade ao aluno de produzir conhecimento,
utilizando diferentes ambientes de aprendizagens, permitindo a ele criar novas
situações. Um ambiente de aprendizagem colaborativo pode ser entendido como
um diferencial importante na educação integral. Kenski (2007, p. 45) destaca que
as novas situações criadas pelo aluno, por meio de sua participação ativa:

[...] abre oportunidades que permitem enriquecer o ambiente


de aprendizagem e apresenta-se como um meio de pensar e
ver o mundo, utilizando-se de uma nova sensibilidade, através
da imagem eletrônica, que envolve um pensar dinâmico, onde
tempo, velocidade e movimento passam a ser os novos aliados
no processo de aprendizagem [...].

O grande desafio da educação é levar essa nova realidade para dentro da


sala de aula. Isso significa inserir a linguagem digital na didática pedagógica. A
inclusão digital, além de uma necessidade na sociedade do conhecimento, é uma
questão de cidadania, pois possibilita a inserção dos indivíduos neste mundo
informatizado. Assim, de acordo com Farias (2003, p. 19):

Não é o suficiente equipar materialmente as escolas. É preciso


cuidar do material humano, de sua formação continuada como
estratégia de política prioritária para que a incorporação de tec-
nologias como o computador possa, de fato, ser um contributo
à educação. Do contrário, a mudança na prática escolar na
perspectiva de melhora tende a constituir-se numa retórica do
discurso político sedutor.

Para que as novas aprendizagens atendam às inovações tecnológicas do


mundo moderno, o currículo escolar deve contemplar a diversidade de linguagens,
novas maneiras de representar o conhecimento e constante aperfeiçoamento das
práticas pedagógicas.

Diante disso, o objetivo principal de oferecer uma educação integral é o


conhecimento, e para que ele seja atingido, todo o processo pedagógico deve ser
revisto. A construção de uma escola integral é a principal meta da educação e que
não pode somente ser esperada dos professores, mas de toda a sociedade, pais
e crianças, para que as reais condições no atendimento aconteçam de fato. De
acordo com um documento governamental:

88
Capítulo 3 Novas Competências Didáticas x Tecnologia
Digital Interativa

A Educação Integral constitui ação estratégica para garantir


atenção e desenvolvimento integral às crianças, adolescentes
e jovens, sujeitos de direitos que vivem uma contemporanei-
dade marcada por intensas transformações e exigência cres-
cente de acesso ao conhecimento, nas relações sociais entre
diferentes gerações e culturas, nas formas de comunicação,
na maior exposição aos efeitos das mudanças em nível local,
regional e internacional. Ela se dará por meio da ampliação de
tempos, espaços e oportunidades educativas que qualifiquem
o processo educacional e melhorem o aprendizado dos alunos.
Não se trata, portanto, da criação ou recriação da escola como
instituição total, mas da articulação dos diversos atores sociais
que já atuam na garantia de direitos de nossas crianças e jov-
ens na corresponsabilidade por sua formação integral. (BRA-
SIL, 2009, p. 88).

Atividades de Estudos:

1) Vivemos num momento em que se faz necessário ter conhecimentos


sobre o uso das novas tecnologias. Com todas as mudanças, a escola
também incorpora o computador nos processos pedagógicos. Diante
deste contexto, cite alguns benefícios da informática educativa.
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2) O computador passou a fazer parte diária em nossas vidas como


um instrumento corriqueiro. Na educação, não foi diferente o seu
uso. No entanto, a manipulação dos computadores, muitas vezes,
fica restrita ao armazenamento de dados ou a sua utilização como
pesquisa, uma vez por semana nas aulas de informática. Diante
disso, escreva algumas possibilidades do uso do computador como
forma pedagógica para o professor utilizá-lo em sala de aula.
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89
Educação Integral e Novas Tecnologias

Conhecendo um Pouco da História


Para compreender melhor a atual situação da informática educativa no Brasil
é necessário conhecermos as suas raízes históricas. Apresentaremos, numa
sequência cronológica, um resumo dos principais momentos desta história. Vamos
conhecer os caminhos percorridos ao longo das décadas e os atores e programas
governamentais que estiveram envolvidos para a sua efetivação.

a) 1970

Na década de 70 surgiram as primeiras discussões na USP de São


Carlos sobre a implantação de computadores no país. Essas discussões foram
realizadas por meio de um seminário com a participação de outras universidades
como a Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Estadual de Campinas (Unicamp) e
a Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), tendo a colaboração da Universidade
de Dartmouth/EUA.

No entanto, há relatos de que já na década de 60, a Universidade Federal


do Rio de Janeiro teve suas primeiras experiências com computadores na área
de física (MORAES 1997, p. 20). Ela foi considerada a primeira instituição a
desenvolver os estudos sobre o uso da informática em atividades acadêmicas.

O governo federal também iniciou, já na década de 70, os primeiros


passos para a informática educacional. Estabeleceu políticas públicas, para a
informatização da população, para que o país tivesse a sua própria tecnologia,
por meio de projetos de capacitação (OLIVEIRA, 1997). Criou nesta mesma
década a CAPRE (Comissão Coordenadora das Atividades de Processamento
Eletrônico), a DIGIBRAS (Empresa Digital Brasileira) e a SEI (Secretaria Especial
de Informática). A SEI já havia sido criada em plena ditadura militar, como órgão
executivo do Conselho de Segurança Nacional da Presidência da República.
Moraes (1993, p. 17) destaca que o principal objetivo do país foi informatizar a
sociedade, criando políticas públicas para a construção de uma “base própria
alicerçada por uma capacitação científica e tecnológica de alto nível, capaz de
garantir a soberania nacional em termos de segurança e desenvolvimento”.

Ainda de acordo com a autora, era preciso estender os conhecimentos de


informática a todos os setores e atividades da sociedade. A educação foi vista
como uma das instituições capaz de “garantir a construção de uma modernidade
aceitável e própria” (MORAES, 1993, p. 17).

90
Capítulo 3 Novas Competências Didáticas x Tecnologia
Digital Interativa

b) 1973

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) teve, neste ano,


as suas primeiras iniciativas na área da informática, utilizando em seus estudos
terminais de teletipo  e  display  (telas de computadores bem diferentes das que
são utilizadas atualmente).

O teletipo é um sistema de transmissão de textos, via telégrafo,


por meio de um teclado que permite a emissão, a recepção e a
impressão da mensagem. Ele foi inventado em 1910 e permitiu o
envio de mensagens à distância utilizando o código Baudot, criado
por Émile Baudot em 1874.

Fonte: Nascimento (2007, p. 12).

c) 1975

O professor Ubiratan D'Ambrósio, do Instituto de Matemática, Estática e


Ciências da Computação, coordenou um grupo de pesquisadores da Unicamp
na construção de um documento intitulado “Introdução a Computadores”. Ainda
neste ano, a Universidade de Campinas (Unicamp) recebeu a visita de Seymour
Papert e Marvin Minsky, responsáveis pela criação da linguagem LOGO, uma
nova concepção em inteligência artificial. [...] “A inteligência artificial (IA) é
uma área de pesquisa da ciência da computação dedicada a buscar métodos ou
dispositivos computacionais que possuam ou simulem a capacidade humana de
resolver problemas, pensar ou, de forma ampla, ser inteligente” (NASCIMENTO,
2007, p. 13).

Seymour Papert, como matemático, teve como principal objetivo


desenvolver formas adequadas para que a tecnologia pudesse
contribuir na aprendizagem das crianças. É considerado um dos pais
do campo da Inteligência Artificial. Entre os anos de 1954-1958 ele
trabalhou com Jean Piaget, na área de matemática na Cambridge
University. Sua grande colaboração foi considerar o uso da matemática
para entender como as crianças podem aprender e pensar.

91
Educação Integral e Novas Tecnologias

d) 1976

A Unicamp promoveu aos seus pesquisadores um intercâmbio no laboratório


do MIT- Massachusetts Institute of Technology, nos Estados Unidos. Esse
intercâmbio resultou na criação de um estudo interdisciplinar sobre o uso de
computadores, envolvendo especialistas de diversas áreas da computação.
O intercâmbio permitiu que os pesquisadores utilizassem a linguagem LOGO,
desenvolvida por Seymour Papert e Marvin Minsky.

Podemos perceber que os professores, desde o início do processo de


introdução da informática na educação, não foram envolvidos diretamente na
construção dos projetos. Esses projetos tiveram um envolvimento maior com
técnicos e especialistas das áreas da tecnologia, mas não envolveram diretamente
os profissionais da educação.

e) 1979-1980

A UFRGS explora as potencialidades do computador utilizando a linguagem


LOGO, com crianças que apresentavam dificuldades na escrita, na leitura e na
resolução de cálculos. Essas experiências foram baseadas nos estudos de Piaget
e Papert e desenvolvidas no Laboratório de Estudos Cognitivos (LEC) do Instituto
de Psicologia da universidade.

f) 1980

No início desta década, os estudos deixaram de ser exclusivos das


universidades. O Ministério da Educação e Cultura – MEC demonstra mais interesse
pela área, criando instrumentos e mecanismos para implementar os projetos.
As tecnologias na educação são entendidas como instrumentos facilitadores
para melhorar a qualidade do ensino (MORAES, 1993). Posteriormente, o MEC
transfere esta responsabilidade para a Secretaria Especial de Informática (SEI).

g) 1981

O Ministério da Educação (MEC), a Secretaria Especial de Informática (SEI),


o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e a
FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) formaram uma equipe intersetorial,
com a finalidade de planejar as primeiras ações para a implantação da informática
nas escolas públicas do país. Discutiram-se estratégias de trabalho com
especialistas nacionais e internacionais, que nortearam a inserção do programa
de informática na educação do Brasil e reconheceram a importância da utilização
do computador para a educação. A partir disso, ocorreu o I Seminário Nacional

92
Capítulo 3 Novas Competências Didáticas x Tecnologia
Digital Interativa

de Informática na Educação, na Universidade de Brasília (UnB), onde, de acordo


com Moraes (1997), decidiram a implantação de projetos-piloto em universidades,
em caráter experimental, para serem analisados e para servirem de subsídios a
uma futura política nacional de informatização da educação. Segundo Oliveira
(1997, p. 29), esta época constitui-se no:

[...] marco inicial das discussões sobre informática na educação,


envolvendo especialistas nacionais e internacionais diretamente
ligados ao processo educacional. Neste seminário tomou-se a
posição de que o uso do computador deveria ser visto como
ferramenta auxiliar do processo ensino-aprendizagem.

As experiências vivenciadas nos projetos-piloto deveriam atender aos


objetivos propostos, por exemplo, serem desenvolvidos nas universidades
que possuíam capacitação nas áreas de informática e educação e atender aos
diferentes graus e modalidades de ensino. Com isso, surge o projeto EDUCOM.
De acordo com Borba e Penteado (2001, p. 19):

[...] Em nível nacional, uma das primeiras ações no sentido de


estimular e promover a implementação do uso de tecnologia
informática nas escolas brasileiras ocorreu em 1981 com a
realização do I Seminário Nacional de Informática Educativa,
onde estiveram presentes educadores de diversos estados
brasileiros. Foi a partir desse evento que surgiram projetos
como Educom, Formar e Proninfe.

h) 1982

Realiza-se na Universidade Federal da Bahia o II Seminário Nacional de


Informática na Educação. Objetivo proposto era adquirir mais subsídios para
a criação de centros-piloto, que contou com a participação de especialistas de
diversas áreas. Este seminário teve como tema central “O impacto do computador
na escola: subsídios para uma experiência piloto do uso do computador no
processo educacional brasileiro, em nível de 2º grau”. De acordo com Moraes
(1993, p. 20), a criação dos centros-piloto teve como uma das recomendações a:

[...] necessidade de que a presença de computadores na es-


cola fosse encarada como um meio auxiliar no processo edu-
cacional, jamais deveria ser vista como um fim em si mesmo,
e, como tal, deveria submeter-se aos fins da educação e não
determiná-los. Reforçava-se ainda a ideia de que o computa-
dor deveria auxiliar o desenvolvimento da inteligência do alu-
no, bem como desenvolver habilidades intelectuais específi-
cas requeridas pelos diferentes conteúdos. Recomendava-se
também que as aplicações da informática não deveriam se
restringir ao 2º grau, de acordo com a proposta inicial, mas que

93
Educação Integral e Novas Tecnologias

procurassem atender a outros graus de ensino, acentuando a


necessidade de que a equipe dos centros-piloto tivesse caráter
interdisciplinar, como condição importante para garantir a abor-
dagem adequada e o sucesso da pesquisa.

O Projeto Educom foi uma iniciativa do governo federal que teve como
finalidade possibilitar ao aluno o ensino-aprendizagem, por meio dos recursos
tecnológicos nas escolas públicas. Várias universidades se inscreveram para
iniciar a implantação dos centros-pilotos, mas a comissão Especial de Informática
da Educação (CE/IE) escolheu apenas algumas instituições de ensino. São elas:
Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, Universidade Federal do Rio de
Janeiro – UFRJ, Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS e Universidade Estadual de Campinas –
Unicamp.

Esses centros-piloto tinham como objetivo avaliar os resultados trazidos


pelo computador na aprendizagem dos alunos do Ensino Médio e a postura dos
professores e das escolas diante deste recurso. Segundo Moraes (1997), cada
secretaria de Educação ficaria responsável por elaborar a proposta de ensino e
capacitar os professores.

A década de 1980 foi marcada por políticas governamentais voltadas para


a introdução da informática nas escolas e pela necessidade de capacitação de
recursos humanos, para que o computador fosse introduzido como instrumento
de ensino (MORAES, 1997).

i) 1987

Outros projetos foram surgindo ao longo das décadas, por exemplo, o projeto
FORMAR, desenvolvido pela Unicamp, contando com a colaboração dos outros
quatro centros-piloto.

Com a escolha do nome Projeto Formar, tínhamos em men-


te marcar uma transição importante em nossa cultura de for-
mação de professores. Ou seja, pretendíamos fazer uma dis-
tinção entre os termos formação e treinamento, mostrando que
não estávamos preocupados com adestramento, ou em sim-
plesmente adicionar mais uma técnica ao conhecimento que
o profissional já tivesse, mas, sobretudo, pretendíamos que
o professor refletisse sobre a sua forma de atuar em sala de
aula e propiciar-lhe condições de mudanças em sua prática
pedagógica, na forma de compreender e conceber o processo
ensino-aprendizagem, levando-o a assumir uma nova postura
como educador (MORAES, 1997, p. 22).

94
Capítulo 3 Novas Competências Didáticas x Tecnologia
Digital Interativa

Este projeto destinava-se à capacitação de professores, tendo como suporte


a implantação de Centros de Informática na Educação (CIEDs). Os professores
capacitados deveriam implantar os CIEDs nas secretarias estaduais e municipais
de Educação. O MEC deu apoio técnico e financeiro ao projeto, não interferindo
nos mecanismos e procedimentos para a consecução dos objetivos pretendidos.
De acordo com Oliveira (1997), os professores-alunos do projeto Formar, além de
dominarem as novas ferramentas, deveriam analisar a contribuição da informática
no processo de ensino-aprendizagem e modificar as suas metodologias de ensino.
Segundo os autores Borba e Penteado, (2001, p. 20):

[...] O projeto Formar foi uma iniciativa dentro do Educom (For-


mar I – 1987, Formar II – 1989) para formar recursos humanos
para o trabalho na área de informática educativa. Assim, foram
oferecidos cursos de especialização para pessoas oriundas de
diferentes estados. Essas pessoas deveriam, ao fim do curso,
atuar como multiplicadores em sua região de origem. Dessa
iniciativa surgiram os CIEDs – Centros de Informática Educa-
cional em 17 estados brasileiros.

No período de 1988 a 1989 foram criados 17 CIEds em vários estados do


Brasil. Os CIEds foram considerados centros multiplicadores da informática nas
escolas públicas e os grandes responsáveis pela preparação de boa parte da
sociedade brasileira.

j) 1989

O governo federal, com base no EDUCOM e em outros projetos apoiados por


ele, cria o PRONINFE (Programa Nacional de Informática Educativa). Este projeto
teve como objetivo principal proporcionar a capacitação contínua de professores
para o uso da informática em todas as escolas brasileiras para a construção de
novas metodologias de ensino, com a finalidade de impulsionar a democratização
do saber. A criação do PRONINFE destacava a importância de um forte programa
de formação de professores, que não ficasse à mercê das vontades políticas,
como ocorreu em outras épocas. Este programa, apesar de ter enfrentado
dificuldades orçamentárias, foi considerado um dos principais referenciais das
ações do MEC quanto à informática educativa nas escolas públicas.

Em 1997 foi criado o Programa Nacional de Informática na Educação –


Proinfo, com a finalidade de promover o uso das Tecnologias de Informática e
Comunicação – TICs para o Ensino Fundamental e Médio.

[...] Em 1997 foi criado o Programa Nacional de Informática


na Educação, PROINFO, vinculado à Secretaria de Educação
a Distância SEED, do MEC e sob a coordenação de Cláudio
Salles. Esse programa implantou, até o final de 1998, 119 Nú-

95
Educação Integral e Novas Tecnologias

cleos de Tecnologia Educacional (NTE) em 27 Estados e Dis-


trito Federal, e capacitou, por intermédio de cursos de espe-
cialização em informática em educação (360 horas), cerca de
1.419 multiplicadores para atuarem nos NTEs [...] (VALENTE
et al.,1999, p. 7).

Nesta seção abordamos o processo histórico da informática educativa no


Brasil e os desafios enfrentados por todos que se empenharam para a implantação
de uma sociedade informatizada.

Você acompanhou, até aqui, os vários momentos que marcaram a chegada da


informática no ambiente escolar. Pôde perceber que os projetos desenvolvidos pelo
governo federal ao longo dos anos, para informatizar a sociedade, foram valiosos,
desde os centros-piloto até a criação dos CIEds para a formação dos professores.
No entanto, é importante ressaltar que os projetos desenvolvidos partiram da ideia
de que os professores já estivessem preparados para lidar com o uso das TICs nas
escolas e que pudessem desenvolver propostas inovadoras que se adequassem
aos investimentos realizados. Sabemos que ainda nos dias atuais os professores
apresentam dificuldades em lidar com as ferramentas tecnológicas e continuam
tendo cursos rápidos para atuar pedagogicamente com a informática, recebendo
imposições externas de como devem elaborar as suas práticas.

Diante disso, destaca-se que o discurso referente à proposta de extensão


do período diário de escolaridade implica em uma escola de tempo integral,
com uma proposta mais coesa, com maior comprometimento e participação dos
professores na construção do saber, envolvendo as ferramentas tecnológicas,
para que a potencialidade da informática se concretize efetivamente. É necessário
dar condições para o professor refletir, avaliar e repensar a sua prática em relação
à educação integral, para que as ferramentas tecnológicas sejam utilizadas de
forma pedagógica na escola. Paro (1988, p. 18-20) ressalta:

Da perspectiva de uma educação integral, a pergunta que se


faz é se vale a pena ampliarmos o tempo dessa escola que aí
está. E a conclusão a que chegamos é que, antes (e este é um
‘antes’ lógico, não cronológico) é preciso investir num conceito
de educação integral, ou seja, um conceito que supere o senso
comum e leve em conta toda a integralidade do ato de educar.
Dessa forma, nem se precisará levantar a bandeira do tempo
integral porque, para fazer-se a educação integral, esse tempo
maior necessariamente terá que ser levado em conta. [...]. É
por isso que precisamos pensar sobre a educação integral.

Com a chegada dos novos recursos tecnológicos, a escola precisa se adaptar


às novas demandas da sociedade e possibilitar novas formas de aprender. Está
posta uma nova tarefa para as instituições de ensino, que é capacitar os professores
em suas práticas pedagógicas, para que proporcionem novos ambientes de

96
Capítulo 3 Novas Competências Didáticas x Tecnologia
Digital Interativa

aprendizagens, utilizando novos recursos de ensino. Tajra (2012) destaca a


importância de possibilitar conhecimento e capacitação aos professores, para que
façam uso das ferramentas tecnológicas como instrumento pedagógico.

Para a aprendizagem, não basta apenas fazer uso de diferentes ferramentas,


elas precisam possibilitar a construção dos conhecimentos.

Para conhecer melhor o programa ProInfo, sugerimos que


acesse este site: <http://portal.mec.gov.br/proinfo/proinfo>.

Na próxima seção discutiremos como é necessário introduzir o computador


como um instrumento pedagógico para a sala de aula. Conheceremos também
alguns recursos que podem ser utilizados pelo professor, a fim de auxiliar a prática
docente.

Atividades de Estudos:

1) Com as novas tecnologias é necessário que a escola faça uma


reflexão acerca de seu currículo e de seus objetivos, na busca de
novas formas de ensinar e desenvolver competências nos alunos.
Diante disso, classifique com V as sentenças verdadeiras e com F as
falsas:

( ) Para atender às novas tecnologias são necessárias novas formas


de ensinar e a  formação de um novo professor que atue neste ambiente
telemático.

(   ) Os professores apresentam  dificuldades em utilizar de forma correta


as novas tecnologias, por isso, a escola  deve   deixar que os  alunos
acessem os  recursos tecnológicos de forma livre, sem restrição.

( ) É preciso que o professor estimule o aluno a  pesquisar e  a


explorar o novo para que possam aprender juntos.

( ) As novas tecnologias devem ser utilizadas para reforçar um ensino


tradicional, onde o aluno deverá aprender os conteúdos somente
escutando o professor. 

97
Educação Integral e Novas Tecnologias

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – V – F – F.
b) ( ) F – V – V – V.
c) ( ) F – F – V – V.
d) ( ) V – F – V – F.

Os Recursos Visuais e Audiovisuais


Como Estratégia Para o Ensino
Figura 33 - O computador como recurso pedagógico interativo

Fonte: Disponível em: <http://matematicaparatodos-fernanda.blogspot.com.br/2011/04/>.


Acesso em: 20 jun. 2017.

Com a era digital o mundo requer para o ensino, além de novos recursos
didáticos, o uso de recursos lúdicos. Sabemos que com a intensa revolução da
internet e das novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) abriram-
se novas perspectivas para a educação, trazendo novas possibilidades para o
aluno adquirir conhecimento. Além de modificar a forma de interação, as novas
ferramentas digitais tornaram-se um grande desafio para a escola. Sabemos que
muitas escolas educam pelas mídias, para que os alunos possam ter uma visão
mais ampla do universo midiático. Para possibilitar maior dinamicidade e interação
no processo ensino-aprendizagem, o professor deve ter domínio sobre os novos
recursos tecnológicos.

Com todo o avanço da tecnologia, alguns professores ainda utilizam uma


prática expositiva. Não se trata de negar a sua importância, pois também é
considerado um instrumento pedagógico, mas essa modalidade de ensino coloca

98
Capítulo 3 Novas Competências Didáticas x Tecnologia
Digital Interativa

o aluno numa situação de passividade, causando distanciamento pelo gosto da


descoberta. Diante disso, a proposta de educação integral deve ter um novo olhar
para a reconstrução da sociedade.

As instituições de ensino, de acordo com a Constituição Federal (BRASIL, 2001),


devem oferecer uma educação que garanta o desenvolvimento integral do aluno.

Art.6º: São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a


moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção.
Estes direitos buscam garantir base integral ao ser humano. É
pensando as dimensões deste ser integral.
Art 205: A Educação, direito de todos e dever do Estado e da
família, será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade e sua qualificação para o trabalho. Fica claro aqui
que esta educação é também papel da família, da sociedade e
do Estado. Portanto, é também papel da sociedade civil educar
para cidadania, para transformar.

Contudo, é dentro desse contexto que a educação integral traz as


possibilidades de socialização das informações e a construção de novos
conhecimentos. A escola, através das ferramentas interativas, poderá oferecer
oportunidades e acesso aos diferentes recursos tecnológicos, para promover uma
metodologia dinâmica, ressignificando seu currículo.

Os instrumentos visuais e audiovisuais são considerados recursos didáticos


que podem facilitar a aprendizagem, tornando as aulas mais dinâmicas. Para
que ocorram mudanças nos processos educativos, a prática pedagógica
deverá ser mais criativa. No entanto, as ferramentas tecnológicas utilizadas
para a aprendizagem dependem dos objetivos propostos para o trabalho a ser
executado. Não basta simplesmente inserir os recursos tecnológicos sem definir
os critérios para a sua utilização. É necessário compreender qual a sua relação
com a educação.

Os professores são responsáveis pela escolha do recurso As atividades devem


mais apropriado para as suas ações didáticas, visando sempre uma ser planejadas,
metodologia de ensino que tenha uma finalidade intencionalmente de acordo com os
definida. As atividades devem ser planejadas, de acordo com os conteúdos abordados
e definir os objetivos
conteúdos abordados e definir os objetivos da aula. Os resultados
da aula
dependem da forma e da finalidade com que eles foram empregados.

A aplicação dos materiais audiovisuais visa melhorar a relação entre


professor e aluno. Através deste processo colaborativo, o aluno explora imagens,
movimentos, cores, despertando áreas sensoriais e cognitivas.

99
Educação Integral e Novas Tecnologias

São muitas as opções de recursos que podem ser utilizados pelo professor
durante as aulas, como retroprojetores, filmes, vídeo, TV, DVD, câmera fotográfica,
CDs, computador, jogos de computador, data-show etc. Essa combinação de
recursos, com diversas linguagens (visual, auditiva, escrita), pode significar um
elo importante para a aprendizagem.

O computador é uma das ferramentas que possibilita uma diversidade de


informações e aplicações. Contudo, é importante o professor dar ênfase em
atividades que incentivem a interação entre os alunos, a busca pela pesquisa,
o desenvolvimento de projetos, o trabalho em equipe, o diálogo, a troca de
experiências, etc. Para Kenski (2007), o uso do computador tem sentido para
a educação se os professores o adotarem como uma ferramenta de auxílio às
práticas pedagógicas e como instrumento de planejamento e realização de
projetos interdisciplinares. Com o computador, o professor pode desenvolver as
habilidades para a formação de indivíduos.

Simplesmente colocar os alunos na frente do computador pode não


apresentar muita diferença, pois o grande diferencial para a construção do
conhecimento está na capacidade de contextualização dos conteúdos. Nesse
sentido, ele se transforma num poderoso recurso, desde que se privilegiem novos
modelos metodológicos e didáticos.

As possibilidades do uso do computador como ferramenta ed-


ucacional estão crescendo e os limites dessa expansão são
desconhecidos. Cada dia surgem novas maneiras de usar o
computador como recurso para enriquecer e favorecer o pro-
cesso de aprendizagem (VALENTE, 1998, p. 18).

O computador, quando utilizado como objeto “máquina”, mesmo


proporcionando o uso de suas mais variadas funções, não é suficiente para
determiná-lo como valor pedagógico. O computador pode ser considerado uma
ferramenta educacional quando se tem por objetivo ensinar ou aprender, numa
dinâmica que envolve a relação professor/aluno. No entanto, não é considerado
uma tecnologia educacional quando não está relacionado com o ensino-
aprendizagem (VALENTE, 1998). O autor defende duas possibilidades do uso do
computador: como máquina de ensinar e como ferramenta. Segundo ele, quando
o computador é utilizado como máquina para ensinar, ele repassa ao aluno os
conteúdos, por meio de programas criados com este objetivo. O aluno assume
um papel passivo, visto que o computador lhe fornece as respostas.

A segunda possibilidade apresentada por Valente (1998) é a utilização do


computador como uma ferramenta educacional. Nesta modalidade, o aluno
constrói textos, realiza pesquisas, resolve situações-problema, faz experimentos
de laboratório e outras ações.

100
Capítulo 3 Novas Competências Didáticas x Tecnologia
Digital Interativa

Diante disso, a educação precisa pensar em práticas pedagógicas que


oportunizem aprendizagens transformadoras, com um olhar para a formação
integral do aluno. Visto que a questão de educação integral não pode ser
entendida apenas como ampliação da jornada na escola, mas uma educação
que tenha uma concepção mais ampla, que contemple as diversas habilidades
e competências dos alunos. Uma educação onde o professor possa oferecer
possibilidades de novas aprendizagens.

A ampliação do tempo de permanência de crianças e jovens na escola deve


levar em conta a elaboração de atividades significativas. Manter suas práticas
tradicionais é não permitir uma reflexão sobre as possibilidades de aproveitamento
do alargamento do tempo para uma formação integral. De acordo com Paro
(2009, p. 13), a escola precisa diferenciar a educação integral com a educação de
tempo integral: "[...] é preciso que este ponto fique muito claro, para separarmos
de vez uma tendência que entende que a extensão do tempo de escolaridade
seja apenas isso: fazer em mais tempo aquilo que já se faz hoje". Para que a
escola ofereça de fato um ensino contextualizado, a proposta de educação
integral deverá oferecer aprendizagens criativas e articuladas com a realidade do
aluno, para que ele estabeleça relações com este mundo em transformação. É
imprescindível também investir nos professores, oportunizando e possibilitando a
formação continuada, tanto em palestras e cursos, como no dia a dia da atividade
pedagógica, oferecendo melhores salários e condições de trabalho adequadas
para que possam contribuir com o desenvolvimento da sociedade.

A internet proporciona um diversificado arsenal de recursos tecnológicos.


Essas ferramentas visam implementar a tecnologia educacional e promover
também a interação entre professor-aluno-conhecimento. Algumas instituições de
ensino desenvolvem plataformas, utilizando ferramentas comuns na internet, para
incentivar a participação e a interação dos alunos, como softwares educativos,
portfólios digitais, blogs, Web Quest e outros exemplos de ambientes virtuais.

Vamos conhecer uma ferramenta que vem sendo integrada ao processo


educativo como um recurso interessante a serviço da aprendizagem, podendo ser
criada pelo professor ou pelos alunos em espaços on-line – o portfólio digital.

Além de ser considerado um instrumento de avaliação das aprendizagens


realizadas, ele tem sido visto como um componente importante para o aluno
refletir sobre a sua trajetória escolar.

a) Portfólio digital

Os projetos e as atividades elaborados pelos alunos e professores


normalmente foram registrados e armazenados em papéis ou pastas. Hoje, com

101
Educação Integral e Novas Tecnologias

as novas ferramentas tecnológicas, eles podem ser armazenados em arquivos de


computador.

Os portfólios digitais resultaram da união dos portfólios tradicionais,


arquivados em pastas físicas, passando a ser desenvolvidos de uma forma mais
clássica, com a ajuda das ferramentas tecnológicas, mantendo os seus elementos
comuns, modificando a forma de armazená-los.

O portfólio digital é um instrumento que pode ser criado tanto pelo professor
quanto pelo aluno, para registrar as atividades elaboradas, como produções
textuais, projetos, fotos, vídeos, resumos de textos, relatórios de pesquisa,
experiências e outras atividades que forem realizadas durante o ano.

Portfólio é um instrumento que compreende a compilação de


todos os trabalhos realizados pelos alunos, durante um cur-
so, um módulo ou uma unidade curricular. Inclui entre outros
elementos: registros de visitas, resumos de textos, projetos e
relatórios de pesquisa, anotações de experiências etc. Inclui
também ensaios autorreflexivos, que permitem aos alunos a
discussão de como a experiência mudou sua vida (SENAI,
2009, p. 86).

A elaboração de um portfólio abre espaços para o aluno organizar de


diferentes formas o seu material, possibilitando fazer escolhas e selecionar as
informações que deseja. No decorrer da construção dos portfólios, o professor
deve orientar e mediar os caminhos a serem trilhados. É importante destacar
que as orientações do professor não devem ser impostas, nem padronizadas,
visto que o portfólio é uma metodologia que proporciona ao aluno a reflexão e
a criatividade. Ele pode ser criado numa plataforma inserida num ambiente da
web, onde o material fica disponível num site, podendo ser acessado pelos seus
utilizadores em qualquer lugar e em qualquer momento.

Figura 34 - Portfólio digital: um prático instrumento pedagógico

Fonte: Disponível em: <https://criarsitess.wordpress.com/tag/vetores/>. Acesso em: 21 jun


2017.

102
Capítulo 3 Novas Competências Didáticas x Tecnologia
Digital Interativa

Quais são os objetivos de um portfólio?

• Avaliar as atividades e o desempenho do aluno;


• Permitir a reflexão;
• Incentivar a participação da equipe;
• Possibilitar o registro sistemático das produções;
• Possibilitar o diálogo entre alunos, professores e pais.

O portfólio é uma ferramenta que possibilita a toda comunidade escolar e


demais usuários acompanharem as atividades realizadas na escola. O professor
pode avaliar as práticas escolares de seus alunos, incentivando a divulgação de
seus trabalhos. À medida que os alunos realizam as postagens das atividades,
podem acompanhar a evolução da pesquisa ou da produção didático/pedagógica,
numa sequência cronológica. O portfólio digital não pode ser comparado a um
arquivo, apenas, mas deve ser entendido como um registro da escola e do aluno
que contém os conhecimentos por eles construídos. Shores e Grace (2001, p.
43) definem portfólio como “uma coleção de itens que revela, conforme o tempo
passa, os diferentes aspectos do crescimento e do desenvolvimento de cada
educando”.

Para Vilas Boas (2004, p.38), [...] “o portfólio apresenta várias possibilidades,
uma delas é a sua construção pelo aluno. Uma coleção de atividades, realizada
em certo período de tempo e com um propósito determinado”. Já para Behrens
(2006, p.105), o portfólio é conceituado como “procedimento metodológico que
permite envolver atividades didáticas de autoavaliação que documentam aspectos
multidimensionais do que os alunos aprenderam”.

É importante destacar que o registro de todas as atividades realizadas


pelo aluno pode ser feito tanto no papel, como com o auxílio das ferramentas
digitais. Contudo, hoje, são muitas as possibilidades de utilizar a internet para
inserir textos, imagens, áudios e vídeos, deixando as atividades dos alunos mais
dinâmicas e fáceis de serem divulgadas.

A construção de portfólios motiva e chama para uma aprendizagem mais


ativa, pois fomenta a criatividade e a proatividade. Eles dão oportunidade de
reflexão, autocrítica e a análise das construções do aluno.

Mesmo diante de tantas vantagens, a construção de portfólios como


ferramenta metodológica não é uma tarefa tão simples, requer de todos os
envolvidos tempo, dedicação e esforço.

O portfólio é uma ferramenta que auxilia a prática docente, possibilitando


conhecer as potencialidades e as dificuldades do aluno. Diante disso, ele por si só

103
Educação Integral e Novas Tecnologias

não garante a aprendizagem. É necessária a participação do aluno, bem como a


capacitação de professores e o acompanhamento nas aplicações.

Vamos ver algumas etapas que podem conter o portfólio da escola:

• Página inicial

Na página inicial poderá ser apresentada a escola, com seu endereço, foto,
localização, telefone, endereço do blog e o e-mail. Além da identificação da
escola, esta página poderá conter todos os links de acesso e as informações de
tudo o que será desenvolvido ao logo do ano. Por exemplo:

− O calendário escolar;
− As datas em que serão realizadas as reuniões com pais e professores;
− As atividades dos alunos;
− As avaliações;
− Ações desenvolvidas pela escola;
− Banco de projetos que serão realizados ao longo do ano, com seus respec-
tivos temas;
− A equipe escolar;
− As turmas;
− Galeria de fotos;
− O PPP da escola;
− Datas dos simulados;
− Sugestão de projetos;
− Vídeos de acordo com a faixa etária das crianças;
− Web Quest Interdisciplinar;
− E outras atividades.

Eis algumas sugestões de sites nos quais você poderá criar um


portfólio digital, veja alguns exemplos:

• Weebly – <www.weebly.com>.
• Google Sites – <site. googles.com>.
• Carbonmade – <carbonmade.com>.

104
Capítulo 3 Novas Competências Didáticas x Tecnologia
Digital Interativa

O portfólio digital surge como uma proposta inovadora para a escola, pois
ao utilizar os recursos tecnológicos, permite a participação do aluno na sua
construção. Uma aprendizagem que possibilita ao professor conhecer em que
contexto está inserido este aprendiz, e como ocorreu o seu desenvolvimento
ao logo do processo. A escola precisa entender os interesses dos alunos e
proporcionar a inclusão digital. Para isso, é necessário permitir outras formas de
ensinar e aprender, buscar novos espaços de aprendizagem além dos muros da
escola. A concepção de educação integral deve valorizar novos locais no cenário
educativo e novos conteúdos de aprendizagem.

Vamos apresentar outro recurso que compõe as Tecnologias da Informação


e Comunicação (TICs) na internet, que pode ser uma das atividades postadas
no portfólio digital. Este recurso possibilita trabalhar de uma forma dinâmica
a interação dos conteúdos educacionais em ambientes virtuais. Com esta
metodologia, o professor elabora um projeto e o publica na internet. Os alunos
terão acesso a um endereço de e-mail, podendo, na escola ou em outros locais,
pesquisar e realizar as atividades propostas pelo professor. Estamos nos referindo
à Web Quest.

• Web Quest

Figura 35 - Web Quest

Fonte: Disponível em: <http://professorandrios.blogspot.com.br/2013/06/o-que-e-um-


webquest_26.html>. Acesso em: 24 jun. 2017.

Vamos ver o que é a Web Quest, quais são as suas etapas e como publicá-la
na internet.

− Primeiramente, vamos conhecer um pouco da história!

105
Educação Integral e Novas Tecnologias

O nome Web Quest foi criado por Bernie Dodge em 1995. Dodge, professor
da Universidade Estadual da Califórnia (EUA), desenvolveu esta metodologia para
que os professores pudessem ensinar os conteúdos utilizando a internet de forma
dinâmica e criativa. De acordo com Dodge (1995), a Web Quest (que significa
Busca ou Aventura na Web) é uma atividade orientada pelo professor, onde os
alunos buscam as fontes de informação na internet e constroem o conhecimento
por meio da pesquisa.

− Qual é a importância de se trabalhar com uma Web Quest?

Ela é uma metodologia que proporciona a navegação na internet,


possibilitando envolver professores e alunos. Esta ferramenta pedagógica
incentiva a pesquisa, a criatividade e possibilita a construção de um projeto em
ambientes on-line, criando um ambiente interativo e motivador da aprendizagem.
Ensinar os conteúdos por meio da metodologia Web Quest é uma forma de
otimizar a relação entre professor/aluno.

Uma Web Quest pode ser elaborada para qualquer fase da formação
escolar, seja educação infantil, séries iniciais, Ensino Fundamental, Médio e até
para o Ensino Superior. Quanto mais recursos o aluno tiver disponíveis, maior
a probabilidade de engajamento ao elaborar as atividades (DODGE, 1995). É
importante destacar que o professor precisa adequar a linguagem e o nível de
dificuldade da pesquisa de acordo com a faixa etária em que a turma se encontra.

A construção de uma Web Quest sempre parte de um tema, sugerido pelo


professor, em que ele indica as fontes de informações confiáveis. Os alunos
desenvolvem a pesquisa em grupo, apresentando a solução para o tema proposto
pelo professor. A pesquisa do tema propõe que os alunos consultem fontes de
informações geralmente selecionadas, como sites, vídeos, livros, revistas, blogs
e outras fontes.

Para a construção de uma Web Quest o professor deverá apresentar para os


alunos as seguintes etapas que nortearão a sua construção:

106
Capítulo 3 Novas Competências Didáticas x Tecnologia
Digital Interativa

Figura 36 - Etapas de uma Web Quest

Fonte: Adaptado de Dodge (1995).

O quadro a seguir apresenta as explicações das etapas da Web Quest,


para que o professor possa orientar seus alunos na construção do projeto.

Quadro 4 - Etapas para a construção da Web Quest

Nesta etapa, o professor apresenta o tema a ser estudado,


INTRODUÇÃO numa linguagem clara e compreensível. A introdução deve
ser motivadora e desafiadora para despertar no aluno o in-
teresse em explorar o tema proposto.

É a etapa mais importante da Web Quest, pois é a qualidade da


tarefa que irá motivar os alunos a exercitar suas capacidades
de pensar, analisar, criar, tomar decisões e concluir. Nesta eta-
TAREFA pa, os alunos recebem o desafio a ser realizado. O desafio
poderá ser responder a uma pergunta, resolver um problema,
defender uma opinião, elaborar um informativo, construir um
gráfico por meio de dados obtidos, fazer um resumo etc.

Esta etapa deve conter todas as informações. O passo a


passo de como os alunos devem realizar a tarefa. O profes-
sor deve incentivar para que esta atividade seja realizada
em grupo, para desenvolver o espírito cooperativo entre os
PROCESSO alunos. Também nesta etapa o professor deverá apresentar
os recursos, que são as fontes de informações escolhidas
por ele, que são geralmente sites, mas não exclusivamente.
As fontes serão utilizadas para a pesquisa do tema (sites,
páginas da web, links etc).

107
Educação Integral e Novas Tecnologias

Nesta etapa, o professor deve deixar claro como será avalia-


AVALIAÇÃO do o desempenho dos alunos, tanto em grupo como também
individual, e quais os critérios adotados para esta avaliação.

Nesta etapa final, o professor deverá resumir num pequeno


texto os assuntos que poderão ser abordados com esta ativ-
idade, juntamente com os objetivos a serem alcançados.
CONCLUSÃO Poderá também relatar a importância de se trabalhar com a
Web Quest, salientando as vantagens de realizar este tra-
balho e incentivando os alunos a continuarem a investigação
sobre o tema em pesquisas futuras.

Fonte: Dodge (1995).

− Vamos ver como o professor poderá publicar a sua Web Quest.

É necessário que tenha uma conta de e-mail no Google, ou em outros


endereços de e-mail. Se não tiver, é só criar uma conta e seguir as etapas
determinadas pelo site. É muito fácil e bem simples.

Veja um exemplo:

Figura 37 - Como criar uma conta na internet?

Fonte: Disponível em: <https://sites.google.com/site/sites/system/app/pages/meta/dash-


board/create-new-site>. Acesso em: 26 jun. 2017.

108
Capítulo 3 Novas Competências Didáticas x Tecnologia
Digital Interativa

Após criar a conta, você irá atribuir um nome para a sua Web Quest, que esteja
relacionado com o tema a ser pesquisado. Em seguida, você será direcionado
para a página inicial de seu site. Nesta página, você escreve as informações
dentro de cada etapa (Introdução, tarefa, processo, avaliação e conclusão) para
que os alunos possam conhecer. Em seguida, você irá divulgar para os alunos o
endereço do site, para que eles possam acessar e seguir as orientações contidas
em cada etapa e construir o projeto.

Figura 38 - Exemplo de uma Web Quest

Fonte: A autora.

A Web Quest se torna interessante porque dá condições ao aluno de


articular o saber científico com os saberes do cotidiano. Um fazer interdisciplinar
e contextualizado que possibilita trabalhar os conteúdos factuais, conceituais,
procedimentais e atitudinais.

Com esta metodologia, o professor poderá proporcionar aos seus alunos


uma atividade mais dinâmica e interativa. Este deve ser o grande diferencial da
escola, levar o aluno além da sala de aula, possibilitando outros ambientes de
aprendizagem.

109
Educação Integral e Novas Tecnologias

Atividades de Estudos:

1) A democratização do conhecimento permite a igualdade de acesso


às informações. Neste sentido, a escola, por meio de sua função
social, deve possibilitar espaços que proporcionem a reconstrução do
conhecimento, uma nova concepção de ambientes de aprendizagem.
As TICs se apresentam como um recurso facilitador no processo de
ensino. Diante disso, como os ambientes virtuais de aprendizagem
(AVA) podem ser utilizados como instrumentos auxiliares da prática
do professor?

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2) Uma aprendizagem mais dinâmica e interativa pode acontecer


na escola com a utilização de diferentes ambientes virtuais de
aprendizagem. Para isso, os recursos interativos são essenciais
para mediar e ampliar as discussões dos conceitos. Diante desta
realidade, de que forma o professor poderá abordar os conteúdos das
disciplinas, favorecendo uma prática colaborativa de aprendizagem?
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Software Educativo Como Recurso


Pedagógico
Muito já se tem ouvido falar sobre a aplicação de softwares para a educação.
Eles foram produzidos como meios tecnológicos para atender a esta sociedade

110
Capítulo 3 Novas Competências Didáticas x Tecnologia
Digital Interativa

digital. Os softwares educativos são ferramentas que podem ser utilizadas para fins
educacionais, com capacidade de dinamizar a prática pedagógica, proporcionando
aos alunos diferentes maneiras de aprender. Eles vão além da internet, contudo ela
“[...] é a mídia mais importante e a que resume todo o potencial de mudança que
está acontecendo” (MORAN; MASETTO; BEHRENS, 2001, p. 54).

Para ser utilizado como ferramenta pedagógica, um software deve conter


uma metodologia educacional que contribua para uma situação de ensino-
aprendizagem e oriente todo esse processo. Os softwares educativos contribuem
para dinamizar a didática, podendo ser utilizados em várias disciplinas, por
exemplo, auxiliar no ensino da biologia, proporcionar jogos on-line para ensinar a
matemática e em outros contextos educativos. “A utilização de um software está
diretamente relacionada à capacidade de percepção do professor em relacionar a
tecnologia à sua proposta educacional” (TARJA, 2001, p. 74).

Os softwares educacionais proporcionam interação entre o aluno e o


computador. São recursos tecnológicos avançados quanto às imagens, animações,
cores, sons, entre outros. Ao escolher um software, o professor deverá estar atento
quanto aos seus objetivos, pois para o seu êxito depende também de como professor
o aplica. A potencialidade de um software deve estar relacionada com os objetivos
que o professor tem em relação ao conteúdo a ser ensinado, pois esta é a função do
professor, criar condições de aprendizagem. De acordo com Fonseca (2001, p. 2):

É preciso lembrar que os computadores são ferramentas como


quaisquer outras. Uma ferramenta, sozinha, não faz o trabalho.
É preciso um profissional, um mestre no ofício, que a manu-
seie, que a faça fazer o que ele acha que é preciso fazer. É
preciso, antes da escolha da ferramenta, um desejo, uma in-
tenção, uma opção. Havendo isto, até a mais humilde sucata
pode transformar-se em poderosa ferramenta didática. Assim
como o mais moderno dos computadores ligado à Internet.
Não havendo, é este que vira sucata.

No entanto, é necessário que o professor conheça quais podem ser utilizados


para contribuir na aprendizagem, visto que seu conceito é amplo e vai depender
de como o professor irá desenvolver o seu trabalho. A falta de capacitação dos
profissionais da educação com a área tecnológica faz com que eles apresentem
dificuldades em selecionar quais ferramentas possuem uma boa aplicação
didática. Contudo, as instituições de ensino não podem simplesmente impor ao
professor o uso dessas tecnologias, para estar em sintonia com a sociedade.
Essa novidade na educação requer mudanças desde a estrutura física das
escolas, quanto a preparação dos professores. É necessário que os educadores
tenham conhecimento e que estejam preparados para avaliar a sua finalidade no
ambiente escolar. Fino (2006, p. 3) destaca que um grande número de

111
Educação Integral e Novas Tecnologias

[...] professores em serviço nas escolas não superiores fez a sua


formação inicial sem ter tido qualquer espécie de formação rel-
acionada com o uso de software, independentemente do rótulo
com que se apresente, e tem anos a fio em escolas onde essas
matérias têm ficado a cargo de um pequeno grupo de docentes
mais pioneiros. Essa realidade demonstra que o uso de soft-
ware na área educacional exige dos docentes um conhecimento
aprofundado na área da informática. Através do conhecimento
de como funciona o ambiente informatizado, o docente deve se-
lecionar e avaliar antes de adquirir esse material.

Vimos que a Informática Educativa está baseada no uso do computador como


ferramenta pedagógica. Diante disso, pressupõe-se que os softwares educativos
podem ser considerados recursos psicopedagógicos que contribuem para a
melhoria da qualidade do ensino, pois eles, quando utilizados de forma adequada,
promovem a interação entre o aluno e o computador. Este recurso traz a
possibilidade de apontar os erros para que o aluno reorganize a ação, e ao refletir
sobre sua ação, ele pode realizar a correção da atividade.

O aprendizado acontece quando damos oportunidade ao aluno de executar


as tarefas. O papel do professor deve ser de mediador, e o computador, o objeto
utilizado para proporcionar esta ação. Os softwares educacionais, quando
escolhidos de forma adequada, permitem ao aluno buscar soluções, produzir
respostas, estimular a criatividade e realizar pesquisas. Esse movimento traz um
novo significado para a aprendizagem.

A seguir, apresentaremos as classificações dos softwares que podem


contribuir no processo de construção do conhecimento. No entanto, é necessário
observar como utilizar essas ferramentas, para que não sejam apenas com a
finalidade de fixar os conceitos, sem conteúdo pedagógico, mas que permitam ao
aluno decidir e refletir sobre a ação. Valente (1993, p. 34) apresenta as seguintes
classificações de softwares educativos:

• INVESTIGAÇÃO;
• SIMULAÇÃO;
• TUTORIAIS;
• EXERCÍCIO E PRÁTICA OU EXERCITAÇÃO;
• JOGOS ABERTOS.

Vamos conhecer cada uma dessas classificações e seus softwares? Então,


vamos lá!

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Capítulo 3 Novas Competências Didáticas x Tecnologia
Digital Interativa

• INVESTIGAÇÃO

Softwares utilizados para fins de pesquisa, com o objetivo de agregar


conhecimentos, cabe ao professor instruir seus alunos nesse processo para um
melhor aproveitamento.

Body Mapa: É um software com interação on-line, que possibilita ao aluno


pesquisar todas as informações sobre as partes do corpo humano.

Figura 39 - Softwares educativos

Fonte: Disponível em: <http://www.healthline.com/human-body-maps/leg>. Acesso em: 22


jun. 2017.

• SIMULAÇÃO 

São softwares que estimulam o aluno a encontrar soluções para situações


do cotidiano, por meio de simulações. As situações são semelhantes à realidade
e a exploração é autodirigida. Este tipo de software oferece um ambiente
exploratório, em que o aluno, por meio da situação apresentada, analisa, observa,
toma decisões e reflete sobre os resultados, podendo simular na prática novas
situações. Exemplo:

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Educação Integral e Novas Tecnologias

IrYdium Chemistry Lab: é um simulador que permite realizar experiências


em um laboratório virtual. Ele se assemelha a situações reais, no entanto, com
mais segurança. Nele, o aluno consegue manusear as substâncias, criar fórmulas
e testar as reações químicas, comprovando os resultados.

Figura 40 - Softwares educativos – simulação

Fonte: Disponível em: <http://www.educational-freeware.com/online/chemistry-lab.aspx>.


Acesso em: 20 jun. 2017.

• TUTORIAIS

São softwares em que a interação ocorre por meio da leitura, escrita ou pela
audição. Neles, o aluno seleciona as opções e tem o passo a passo de como obter
a informação. Este tipo de software possui uma sequência pedagógica organizada
para o aluno obter a informação que deseja, isto é, organizada de acordo com os
fins que o professor determinou. Exemplo: A Tabela Periódica.

Numa interação on-line, o aluno tem acesso aos elementos químicos, com
todas as suas características e propriedades.

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Capítulo 3 Novas Competências Didáticas x Tecnologia
Digital Interativa

Figura 41 – Tabela periódica

Fonte: Disponível em: <http://www.cienciamao.usp.br/dados/stpe/_tabelaperiodicavirtual.


zoom.jpg>. Acesso em: 20 jun. 2017.

• EXERCÍCIO E PRÁTICA OU EXERCITAÇÃO

São softwares que reforçam o conteúdo já estudado pelo aluno. São


atividades centradas no fazer, na memorização das lições ou exercícios. Têm
como proposta o treinamento de habilidades. Exemplo:

Tuxpaint:  é um programa de desenho para crianças, que pode contribuir


durante o processo de alfabetização. No exemplo citado, as crianças são
estimuladas a ligar as figuras iguais. Também se pode trabalhar os conceitos de
maior, menor, em cima, embaixo, igual, diferente e outros.

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Educação Integral e Novas Tecnologias

Figura 42 - Matemática para criança


EMEIF São Raimundo - LIE - Atividade de Matemática
Ligue as figuras iguais:

Fonte: Disponível em: < http://www.tuxpaint.org/>. Acesso em: 20 jun. 2017.

Neste próximo exemplo de softwares, os alunos são desafiados as descobrir


os sete erros das figuras. Esta atividade trabalha a atenção, a concentração,
memória visual e habilidades.

Figura 43 - o jogo dos sete erros

Fonte: Disponível em: <http://essaseoutras.xpg.uol.com.br/jogos-dos-sete-7-erros-online-e-


para-imprimir-melhores-jogos-gratis/>. Acesso em: 20 jun. 2017.

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Capítulo 3 Novas Competências Didáticas x Tecnologia
Digital Interativa

• JOGOS ABERTOS

São softwares que proporcionam entretenimento. São ferramentas que


auxiliam a aprendizagem, devido aos seus recursos interativos, pois levam o aluno
a aprender de forma lúdica. O objetivo destes softwares é permitir que o aluno
coloque em prática seus conhecimentos e estratégias. Exemplo:

Vrum aprendendo sobre o trânsito: É um jogo on-line que permite ao


aluno adquirir informações sobre as principais regras de trânsito. É uma maneira
divertida de jogar, simulando um ambiente tridimensional, onde o aluno pode
vivenciar situações da vida real.

Figura 44 - Softwares educativos – regras de trânsito

Fonte: Disponível em: <http://www.jogovrum.com.br/?q=sobre>. Acesso em: 20 jun. 2017.

Figura 45 – Jogo simula ambiente tridimensional

Fonte: Disponível em: <http://www.jogovrum.com.br/?q=galeria-de-imagens/5605>. Acesso


em: 20 jun. 2017.

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Educação Integral e Novas Tecnologias

Sabemos que o computador não é a alavanca para a transformação do


ensino. Ele pode ser visto como uma ferramenta motivadora da aprendizagem.
No entanto, cabe ao professor o papel de decidir qual software é mais adequado
para ser utilizado. Para isso, é preciso o conhecimento de suas potencialidades.
Alguns softwares educativos são denominados fechados e estes não contribuem
para desenvolvimento das capacidades cognitivas dos alunos.

[...] O computador pode ser um importante recurso para pro-


mover a passagem da informação ao usuário ou facilitar o
processo de construção de conhecimento. No entanto, por in-
termédio da análise dos softwares é possível entender que o
aprender (memorização ou construção de conhecimento) não
deve estar restrito ao software, mas à interação do aluno-soft-
ware. Como foi mostrado por Piaget, o nível de compreensão
está relacionado com o nível de interação que o aprendiz tem
com o objeto e não com o objeto em si. Alguns softwares apre-
sentam características que favorecem a compreensão, como
no caso da programação; outros, onde certas características
não estão presentes, requerem um maior envolvimento do
professor, criando situações complementares ao software,
de modo a favorecer a compreensão, como no caso do tu-
torial. Assim, a análise do software educacional, em termos
da construção do conhecimento e do papel que o professor
deve desempenhar para que esse processo ocorra, permite
classificá-los em posições intermediárias entre os tutoriais e
a programação. No entanto, cada um dos diferentes softwares
usados na educação, como os tutoriais, a programação, o pro-
cessador de texto, o software multimídia (mesmo a Internet),
o software para construção de multimídia, as simulações e
modelagens e os jogos, apresenta características que podem
favorecer, de maneira mais ou menos explícita, o processo de
construção do conhecimento (VALENTE et al.,1999, p. 69).

Espera-se que estes recursos explorem a criatividade, curiosidade e a


interatividade. Diante disso, a capacitação do professor para a sua utilização
é algo indispensável. As atividades mediadas pelo computador devem ser
planejadas para que esta ferramenta se torne um recurso pedagógico. A utilização
dos softwares requer atenção do professor para que sua escolha contemple
as habilidades que melhor condizem com os conteúdos ensinados, para que o
computador e o software sejam recursos que possam contribuir efetivamente para
a aprendizagem.

Sugerimos que você acesse este site: <https://www.youtube.com/


watch?v=IT2-6UbHzpg>. Nele você encontra dicas de como baixar
alguns softwares educativos para serem adotados em sala de aula.

118
Capítulo 3 Novas Competências Didáticas x Tecnologia
Digital Interativa

Prezado pós-graduando! Chegamos ao final do nosso Capítulo 3. Vimos que


a escola, como local de construção do saber, desempenha um importante papel
para as mudanças sociais. Numa perspectiva de Educação Integral, é importante
destacar que o aumento do tempo escolar não deve ser entendido como solução
para os problemas de aprendizagem, mas para que os professores repensem as
suas práticas e procedimentos e possam, assim, construir novas concepções de
aprendizagens inter-relacionadas e contextualizadas.

Ouvimos muito falar sobre cidadania. Os alunos aprendem na escola


o que devem fazer para serem “cidadãos”. Entretanto, será que a escola está
despertando e oportunizando o desejo de ser cidadão?

A cidadania implica atitudes ativas. A participação do aluno na construção das


atividades cria novas maneiras de atuar na comunidade, marcando o processo de
construção do cidadão. Melo et al. (2005, p. 2542) afirmam que:

O cenário atual convida para o estabelecimento de relações


mais dialógicas entre os atores do processo educacional, em
que os alunos, ao invés de serem mantidos na posição de re-
ceptores passivos do “falar/ditar” do professor, participariam
como coautores do processo, em todas as suas fases.

Assim, para o desenvolvimento integral dos alunos, a formação do docente


tem um papel significativo e imprescindível. É necessário também que se priorize
a organização do currículo escolar, de forma mais flexível. Diante disso, um novo
paradigma para a educação deve estar voltado para uma educação integral,
que viabilize o uso de ambientes midiatizados, possibilitando ao aluno novas
experiências, por meio das ferramentas digitais. A escola é o ambiente adequado
para a participação cidadã e para a descoberta de novas atuações.

Atividades de Estudos:

1) Pesquisas realizadas com diversos professores apontaram que os


usos dos softwares têm proporcionado melhorias na qualidade
do ensino. Segundo os professores, esses aplicativos funcionam
como fontes motivadoras para o trabalho em sala de aula, e o aluno,
quando aprende utilizando diferentes recursos e metodologias
inovadoras, apresenta-se mais feliz, motivado e interessado nos
estudos. Com relação à elaboração e à utilização destes softwares,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

119
Educação Integral e Novas Tecnologias

(   ) Esses aplicativos podem ser considerados a única fonte para


adquirir novos conhecimentos, pois são criados por especialistas
e, por isso, dispensam qualquer tipo de seleção por parte dos
educadores.

(  ) O software  é considerado  um recurso  que traz benefícios


para a aprendizagem  quando  utilizado de forma adequada.
Por isso,  deveriam ser construídos pelos próprios professores,
que conhecem os alunos e entendem de educação.

(    ) Estes aplicativos são ferramentas didáticas que possibilitam ao


aluno a memorização dos conteúdos e, de certa forma,  auxiliam os
professores em sala de aula a cumprir o planejamento anual.

(  ) Para a utilização destes programas, os professores


não podem elaborar seu planejamento em conjunto com
os outros professores, pois são instrumentos instrutivos,
de fácil manuseio e aplicação, sem objetivos pedagógicos. 

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – V – F – F.
b) ( ) V – F – V – V.
c) ( ) F – V – F – F.
d) ( ) V – V – V – F.

2) A Web Quest é uma metodologia que utiliza os recursos da internet


para a construção da aprendizagem. Esta metodologia está baseada
na investigação orientada pelo professor, onde os alunos buscam
as informações na web. Diante disso, características que a definem
como uma opção de apoio ao ensino.
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Capítulo 3 Novas Competências Didáticas x Tecnologia
Digital Interativa

Acreditamos que a educação sozinha não transforma a


sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Se a nossa opção é
progressiva, se estamos a favor da vida e não da morte, da equidade
e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com
o diferente e não de sua negação, não temos outro caminho se não
viver a nossa opção. Encarná-la, diminuindo, assim, a distância
entre o que dizemos e o que fazemos. (Paulo Freire).

Algumas Considerações
A chegada da internet abriu novos espaços de comunicação e interação. As
inserções das novas tecnologias digitais trouxeram grandes impactos para as
instituições de ensino, possibilitando inúmeras vantagens, como a possibilidade
de uma aprendizagem mais dinâmica e interativa.

As escolas tiveram que mudar suas estruturas, sua metodologia e sua forma
de ensinar, para atender a uma nova geração que já chega conectada e bem
familiarizada com os novos ambientes virtuais.

Muitos são os recursos digitais disponíveis para dar apoio ao professor, como
criar páginas na web, blogs, metodologias interativas, incentivando a participação
dos alunos para um fazer pedagógico, por meio da internet.

A questão atual do ensino não está em utilizar os recursos tecnológicos


na sala de aula, mas como utilizá-los de forma produtiva para oferecer uma
educação integral que desenvolva as habilidades intelectuais dos alunos. Os
professores precisam gerenciar os novos espaços e oferecer uma aprendizagem
voltada para a pesquisa, para a experimentação e para a construção de novos
saberes. Visto que a aprendizagem não se constitui apenas tendo domínio técnico
do computador, mas se amplia com o uso de novos ambientes de aprendizagem,
possibilitando um saber fazer com significado pedagógico.

Para isso é necessário que o professor promova atividades que instiguem a


criatividade do aluno. Uma didática voltada para o pensar, o construir, o pesquisar,
contextualizando os conhecimentos.

Os ambientes virtuais foram desenvolvidos para proporcionar a interação no


espaço escolar e possibilitar ao aluno a construção de conceitos próprios, numa

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Educação Integral e Novas Tecnologias

abordagem participativa e dinâmica. Diante disso, a mediação pedagógica e as


atividades elaboradas precisam valorizar a interatividade disponibilizada pelas
novas ferramentas tecnológicas, e a figura do professor é fundamental neste
processo.

A educação integral modifica a forma de ver o ensino, pois demanda uma


constante reflexão da prática pedagógica, visto que uma educação de qualidade
deve efetivamente estar voltada para a construção da aprendizagem.

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