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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 1ª VARA DO

TRABALHO DA COMARCA DE PIRACICABA - SP.

DINDIN LOST SERVIÇOS DE RECUPERAÇÃO DE CRÉDITO


LTDA., pessoa jurídica de direito privado, com inscrição no CPNJ xxx, com
endereço eletrônico xxxx, com sede em xxxxx, vem respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência, através de seu advogado que a esta subscreve, apresentar

CONTESTAÇÃO,

com fulcro no art. 847 a reclamação trabalhista ajuizada por ANDRÉ MARQUES,
já qualificado nos autos pelos fatos e fundamentos de direito que a seguir passa a
expor:
I. DOS FATOS

O reclamante entrou com reclamação trabalhista requerendo o pagamento


de 10 horas extras semanais pela suposta extrapolação de sua jornada de trabalho que
ocorria, segundo o reclamante, das 14h às 23h sem intervalo regular para alimentação,
de segunda a sexta-feira. Requer também a equiparação salarial com o ex-colega de
trabalho chamado Kassiano Mendonça, pois desde que André iniciou esse trabalho, em
08.11.2015, recebeu remuneração menor do que Kassiano, que trabalhava no
mesmo local e função desde 18.05.2012, embora os dois fossem registrados como
auxiliares administrativos.

O ora reclamante requereu, ainda, pagamento de plano de saúde, e adicional


de insalubridade, por se sentir em risco nas cobranças de devedores hostis, com quem
ele entrava em contato por telefone, em nome dos clientes que sevaliam dos serviços
de seu empregador para recuperação de crédito.

No estabelecimento, que funciona apenas em horário comercial,


trabalham, como empregados, 2 pessoas, além das sócias Carminha Weberiana e
Roseli Lucena. Nos últimos 7 (sete) anos não foram firmados quaisquer acordos ou
convenções coletivas da categoria sindical representante das partes. O reclamante
sustentou que Kassiano recebia mensalmente R$ 5.000,00 enquanto ele, André,
apenas R$ 3.000,00, desde o início do contrato até a sua rescisão, ocorrida em
27.12.2019. O valor dado à presente causa, distribuída em 10.01.2022, foi de R$ 300
mil de forma total, sem qualquer detalhamento de sua composição.
II. PRELIMINAR

A. INÉPCIA A INICIAL

O reclamante que ingressa com ação trabalhista deve indicar já na petição


inicial o valor dos seus pedidos, mas não está obrigado a detalhar como eles foram
calculados.

A exigência de que a ação trabalhista tenha um valor específico foi uma


das principais alterações da Lei 13.467/17, conhecida como reforma trabalhista.

Com a mudança da redação do artigo 840 da CLT, as reclamações à


Justiça do Trabalho passaram a ter de trazer um pedido “certo, determinado e com
indicação de seu valor”, sob pena de serem extintas sem análise de mérito.

Concluímos diante da exordial trazida aos autos, a mesma não atende as


determinações legais acima descritas, devendo o processo ser extinto sem analise do
mérito por esse Nobre Julgador.
III. DO DIREITO

A. DAS HORAS EXTRAS

O reclamante requer o pagamento de 10 horas extras semanais pela


suposta extrapolação de sua jornada de trabalho que ocorria, segundo o reclamante,
das 14h às 23h sem intervalo regular para alimentação, de segunda a sexta-feira.

A alegação do reclamante não pode prosperar, eis que o estabelecimento


funciona em horário comercial, sendo inviável alegar que algum funcionário teria
trabalhado até as 23h00, ficando demonstrado que o a Reclamada atende os preceitos
legais elencados no artigo 58 da CLT.

Diante disso, fica nítido que o reclamante não está tratando com a verdade
e está requerendo algo que não lhe tem direito, e podemos até com essa atitude
apontar enriquecimento ilícito.

Posto isto, fica claro que a presente ação para requerer horas extras não
merece prosperar, tendo em vista que o reclamante não esta agindo com a verdade,
pois o estabelecimento apenas funciona em horário comercial, bem distante do
relatado na exordial, diante disso, deve-se ser julgado improcedente o pedido.

B. DA EQUIPARAÇÃO SALARIAL

O reclamante requer equiparação salarial com o ex-colega de trabalho


chamado Kassiano Mendonça, pois desde que André iniciou esse trabalho, em
08.11.2015, recebeu remuneração menor do que Kassiano, que trabalhava no mesmo
local e função desde 18.05.2012, embora os dois fossem registrados como auxiliares
administrativos.
O pleito do reclamante não deve prosperar tendo em vista que a
equiparação salarial somente deve ser pleiteada quando dois funcionários são
contratados no mesmo período e exercem funções muito semelhantes.

Contudo, não é a realidade dos fatos, o reclamante adentrou na empresa


3 (três) anos depois do Kassiano, isso mesmo Excelência, tempo demais e oportuno
para que o Kassiano tivesse um aumento em seu salário e que o André adentrasse nas
dependências da empresa com um salário base inicial menor, conforme disciplina o art.
461, §1º da CLT, in verbis:

Art. 461. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de


igual valor, prestado ao mesmo empregador, no
mesmo estabelecimento empresarial,
corresponderá igual salário, sem distinção de sexo,
etnia, nacionalidade ou idade. (Redação
dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

§ 1o Trabalho de igual valor, para os fins deste


Capítulo, será o que for feito com igual
produtividade e com a mesma perfeição técnica,
entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço
para o mesmo empregador não seja superior a
quatro anos e a diferença de tempo na função não
seja superior a dois anos.

Fica claro que o pleito do reclamante não merece prosperar, tendo que
ser julgada improcedente o pedido de equiparação salarial.
C. DO PAGAMENTO DO PLANO DE SAÚDE

O reclamante requer que seja pago o plano de saúde pela empresa, sem
fundamentação alguma.

Não existe qualquer obrigatoriedade da empresa em conceder aos seus


empregados planos de saúde custeados integralmente ou parcialmente por ela.

Isso apenas pode se configurar quando alguns funcionários o recebem,


de forma que deve ser estendido para todos para que se evite lesão ao princípio da
isonomia.

A CLT fala brevemente sobre a possibilidade de concessão de plano de


saúde para funcionários pelas empresas:

Art. 458 – Além do pagamento em dinheiro,


compreende-se no salário, para todos os efeitos
legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras
prestações “in natura” que a empresa, por força do
contrato ou do costume, fornece habitualmente ao
empregado. Em caso algum será permitido o
pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas
nocivas.

§ 1º Os valores atribuídos às prestações “in natura”


deverão ser justos e razoáveis, não podendo
exceder, em cada caso, os dos percentuais das
parcelas componentes do salário-mínimo (arts. 81
e 82).
§ 2o Para os efeitos previstos neste artigo, não serão
consideradas como salário as seguintes utilidades

concedidas pelo empregador: I – vestuários,


equipamentos e outros acessórios fornecidos aos
empregados e utilizados no local de trabalho, para
a prestação do serviço;

(…)

§ 5o O valor relativo à assistência prestada por


serviço médico ou odontológico, próprio ou não,
inclusive o reembolso de despesas com
medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos,
próteses, órteses, despesas médico-hospitalares e
outras similares, mesmo quando concedido em
diferentes modalidades de planos e coberturas, não
integram o salário do empregado para qualquer
efeito nem o salário de contribuição, para efeitos do
previsto na alínea q do § 9o do art. 28 da Lei no
8.212, de 24 de julho de 1991.

A CLT tão somente se manifesta em relação à impossibilidade de


consideração do plano de saúde para funcionário como salário.

Diante disso, o reclamante não tem o direito do pleito do plano de saúdo,


pois, a empresa não tem a obrigação legal de fornecer tal benefício e nem o fornece a
nenhum funcionário para que isso se torne regra para todos, posto isso, deve-se julgar
improcedente o pedido.
D. DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE

O reclamante requer o adicional de insalubridade, por se sentir em risco


nas cobranças de devedores hostis, com quem ele entrava em contato por telefone,
em nome dos clientes que se valiam dos serviços de seu empregador para
recuperação de crédito.

Atividades e Operações Insalubres são aquelas atividades laborativas que,


por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, espoe os trabalhadores a agentes
nocivos à sua saúde, acima dos limites de tolerância fixados nas Normas
Regulamentadoras (NR) em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo
de exposição aos seus efeitos.

Podem a ser consideras atividades ou operações insalubres, as atividades


laborais que exponham os trabalhadores aos riscos ambientais abaixo listados, acima
dos limites de tolerância previstos:

Ruído continuo ou intermitente; Ruído de Impacto; Exposição ao Calor;


Radiações Ionizantes e Não-Ionizantes; Trabalho Sob Condições Hiperbáricas;
Vibração; Frio; Umidade; Agentes Químicos; Poeiras Minerais; Agentes Biológicos.

Art. 190 - O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das


atividades e operações insalubres e adotará normas sobre os
critérios de caracterização da insalubridade, os limites de
tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e o tempo
máximo de exposição do empregado a esses agentes.

Parágrafo único - As normas referidas neste artigo incluirão


medidas de proteção do organismo do trabalhador nas
operações que produzem aerodispersóides tóxicos, irritantes,
alérgicos ou incômodos.
O exercício de trabalho em condições de insalubridade assegura ao
trabalhador o pagamento de adicional, incidente sobre o salário mínimo da região,
equivalente a: 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau máximo; 20%
(vinte por cento), para insalubridade de grau médio; 10% (dez por cento), para
insalubridade de grau mínimo.

No caso de incidência de mais de um fator de insalubridade, será apenas


considerado o de grau mais elevado, para efeito de acréscimo salarial, sendo vedada a
percepção cumulativa.

Cabe à autoridade regional competente em matéria de segurança e saúde do


trabalhador, comprovada a insalubridade por laudo técnico de engenheiro de
segurança do trabalho ou médico do trabalho, devidamente habilitado, fixar adicional
devido aos empregados expostos à insalubridade quando impraticável sua eliminação
ou neutralização.

Diante toda a explanação acima, fica evidente que a situação que o


reclamante narra ser insalubre não passa de nenhuma tentativa de enganar o D.
Juizo, pois não passa de um mero dissabor e que não chega perto que esta elencado
no quadro da NR-15.

Concluímos que o pleito pelo adicional de insalubridade ficou


prejudicado e deve ser julgado improcedente.
IV. DOS PEDIDOS

Posto isso, a reclamada pugna pela integral improcedência da presente-


reclamatória, face aos fatos e fundamentos acima expendidos.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em Direito


admitidos.

Termos em que,

Pede deferimento.

Estado, dia, mês e ano.

Advogado

OAB/Estado.

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