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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO

Processo nº: XXXXXXXXX

MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO/SP, com qualificação nos autos em epígrafe, nos autos da
Reclamação Trabalhista movida pelo Reclamante XXXXX, por seu advogado adiante firmado,
inconformado com o V. Acórdão Regional, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com
fulcro no art. 896, alínea A da CLT, interpor RECURSO DE REVISTA, consoante as razões em anexo,
requerendo seu recebimento e processamento na forma da lei.

O Recorrente informa que deixa de recolher o preparo e de efetuar o depósito recursal, pois o Recorrente
é ente público, isento por lei desta obrigação.

Termos em que se pede deferimento;


Estado x, dia x, ano xxxx.

Advogado XXX
OAB XXX.XXX
RAZÕES DE RECURSO DE REVISTA

RECORRENTE: MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO/SP

RECORRIDO: XXXXXX

ORIGEM: TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO

PROCESSO Nº.: XXXXXXXXX

Egrégio Tribunal Superior do Trabalho

Colenda Turma

Nobres Julgadores

Ínclito Relator

I. DA SÍNTESE DA DEMANDA E DO ACÓRDÃO RECORRIDO

O Recorrente apresentou Recurso Ordinário pretendendo a exclusão de sua responsabilidade


subsidiária pelo inadimplemento dos encargos trabalhistas do empregado reclamante da empresa
contratada, que lhe fora estendida com base em interpretação equivocada do art. 71, § 1º, da Lei nº
8.666/93, na Sentença.

Ocorre que, o Acórdão proferido pelo Tribunal Regional da 15ª Região, negou-lhe provimento.
Firmou-se no presente acordão a culpa in vigilando do ora Recorrente, no seguinte sentido: “No presente
caso, não se vislumbram quaisquer das violações mencionadas pelo litisconsorte, seja porque não houve,
em audiência, manifestação do Município quanto à necessidade de dilação probatória ou alegação de
prejuízo, visto que deixou de comparecer à audiência designada, razão por que lhe foi declarada a
confissão quanto à matéria de fato, seja porque não houve redistribuição do ônus da prova na sentença,
mas, tão somente, apreciação fundamentada das provas produzidas nos autos. Por fim, como exposto a
seguir, o entendimento uniforme deste Regional é de que o ônus de comprovar a fiscalização cabe ao ente
público, de forma direta, de acordo com a maior aptidão para a prova e por ser a fiscalização fato
impeditivo do direito autoral. (...)”

Portanto, diante da clara violação a dispositivos legais, apresenta-se o Recurso de Revista, buscando
a reforma da decisão.

II. PRELIMINARMENTE:

A. DAS RAZÕES RECURSAIS

O Acórdão recorrido efetuou interpretação equivocada ao art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93, estendendo
indevidamente ao Recorrente a responsabilidade subsidiária pelo inadimplemento dos encargos
trabalhistas do empregado reclamante da empresa contratada, claramente violando dispositivos legais,
como por exemplo o entendimento do próprio Supremo Tribunal Federal no Tema 246, conforme será
detalhadamente demostrado adiante.

Então, o Recorrente é parte legítima e está recorrendo de uma decisão que lhe foi desfavorável e
completamente prejudicial, logo, tem interesse recursal e preenche o requisito de representação.

Dessa forma, o presente Recurso de Revista há de ser admitido, com base no artigo 896 da CLT,
alínea A e C, tendo em vista que, há contrariedade a entendimento do STF e a Súmula de jurisprudência
do Tribunal Superior do Trabalho.

B. DOS PRESSUPOSTOS DE CABIMENTO DO RECURSO DE REVISTA

O presente recurso merece ser acolhido por estarem presentes todos os seus pressupostos
recursais extrínsecos, conforme será demostrado abaixo:
a) O presente recurso é tempestivo, uma vez que a publicação do acórdão ocorreu no dia 11/05/2022,
conforme folhas nº xxxx, e o prazo finda-se somente em xx/xx/xxxx, conforme certidão em anexo, haja
vista que, o Recorrente é ente público e goza de prazo em dobro, conforme dispõe o art. 183 do CPC.

b) Custas processuais: o Recorrente informa que deixa de recolher o preparo e de efetuar o depósito
recursal, pois o Recorrente é ente público, isento por lei desta obrigação;

c) Procuração encontra-se nas fls. xxxx.

Portanto, Excelências, evidente que o presente recurso preenche todos os requisitos extrinsecos e
intrinsecos necessários, devendo este ser admitido e processado.

C. DO PREQUESTIONAMENTO

Insta salientar que o objeto discutido neste recurso não é novo, isto é, já fora devidamente
prequestionado anteriormente no Recurso Ordinário, onde o Recorrente questionou sobre a da Súmula 331,
sobre o art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93 e sobre o ônus da prova.

Como podemos perceber, o Acórdão recorrido dispõe expressamente sobre a matéria prequestionada.
Vejamos:

“No presente caso, não se vislumbram quaisquer das violações mencionadas pelo
litisconsorte, seja porque não houve, em audiência, manifestação do Município
quanto à necessidade de dilação probatória ou alegação de prejuízo, visto que
deixou de comparecer à audiência designada, razão por que lhe foi declarada a
confissão quanto à matéria de fato, seja porque não houve redistribuição do ônus
da prova na sentença, mas, tão somente, apreciação fundamentada das provas
produzidas nos autos. Por fim, como exposto a seguir, o entendimento uniforme
deste Regional é de que o ônus de comprovar a fiscalização cabe ao ente público,
de forma direta, de acordo com a maior aptidão para a prova e por ser a
fiscalização fato impeditivo do direito autoral. (...)”

Portanto, resta demostrado que o requisito de prequestionamento resta devidamente preenchido.


D. DA TRANSCÊNDENCIA POLÍTICA

Entende-se por transcendência política, nos termos do artigo 896-A, §1o, item II da CLT, aquela em
que se mostra o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência sumulada do Tribunal Superior do
Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal:

“Art.896-A O Tribunal Superior do Trabalho, no recurso de revista, examinará


previamente se a causa oferece transcendência com relação aos reflexos gerais de
natureza econômica, política, social ou jurídica.

§ 1º São indicadores de transcendência, entre outros:

II - política, o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência sumulada do


Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal;”

No presente caso, houve clara violação a entendimento já firmado pelo Supremo Tribunal Federal
que, através do Tema 246 entendeu que a responsabilização subsidiária do poder público não é automática,
dependendo de comprovação de culpa in eligendo ou culpa in vigilando, o que decorre da inarredável
obrigação da administração pública de fiscalizar os contratos administrativos firmados sob os efeitos da
estrita legalidade:

“RECURSO EXTRAORDINÁRIO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA


COM REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO DO
TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA. SÚMULA 331, IV E V, DO TST. CONSTITUCIONALIDADE DO
ART. 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93. TERCEIRIZAÇÃO COMO MECANISMO
ESSENCIAL PARA A PRESERVAÇÃO DE POSTOS DE TRABALHO E
ATENDIMENTO DAS DEMANDAS DOS CIDADÃOS. HISTÓRICO
CIENTÍFICO. LITERATURA: ECONOMIA E ADMINISTRAÇÃO.
INEXISTÊNCIA DE PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO HUMANO.
RESPEITO ÀS ESCOLHAS LEGÍTIMAS DO LEGISLADOR. PRECEDENTE:
ADC 16. EFEITOS VINCULANTES. RECURSO PARCIALMENTE
CONHECIDO E PROVIDO. FIXAÇÃO DE TESE PARA APLICAÇÃO EM
CASOS SEMELHANTES. 1. A dicotomia entre “atividade-fim” e “atividade-
meio” é imprecisa, artificial e ignora a dinâmica da economia moderna,
caracterizada pela especialização e divisão de tarefas com vistas à maior
eficiência possível, de modo que frequentemente o produto ou serviço final
comercializado por uma entidade comercial é fabricado ou prestado por agente
distinto, sendo também comum a mutação constante do objeto social das empresas
para atender a necessidades da sociedade, como revelam as mais valiosas
empresas do mundo. É que a doutrina no campo econômico é uníssona no sentido
de que as “Firmas mudaram o escopo de suas atividades, tipicamente
reconcentrando em seus negócios principais e terceirizando muitas das atividades
que previamente consideravam como centrais” (ROBERTS, John. The Modern
Firm: Organizational Design for Performance and Growth. Oxford: Oxford
University Press, 2007). 2. A cisão de atividades entre pessoas jurídicas distintas
não revela qualquer intuito fraudulento, consubstanciando estratégia, garantida
pelos artigos 1º, IV, e 170 da Constituição brasileira, de configuração das
empresas, incorporada à Administração Pública por imperativo de eficiência (art.
37, caput, CRFB), para fazer frente às exigências dos consumidores e cidadãos em
geral, justamente porque a perda de eficiência representa ameaça à sobrevivência
da empresa e ao emprego dos trabalhadores. 3. Histórico científico: Ronald H.
Coase, “The Nature of The Firm”, Economica (new series)(...). 4. A Teoria da
Administração qualifica a terceirização (outsourcing) como modelo
organizacional de desintegração vertical, destinado ao alcance de ganhos de
performance por meio da transferência para outros do fornecimento de bens e
serviços anteriormente providos pela própria firma, a fim de que esta se concentre
somente naquelas atividades em que pode gerar o maior valor, adotando a função
de “arquiteto vertical” ou “organizador da cadeia de valor”. (...) A Administração
Pública, pautada pelo dever de eficiência (art. 37, caput, da Constituição), deve
empregar as soluções de mercado adequadas à prestação de serviços de excelência
à população com os recursos disponíveis, mormente quando demonstrado, pela
teoria e pela prática internacional, que a terceirização não importa precarização
às condições dos trabalhadores. 7. O art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93, ao definir
que a inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, não
transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento,
representa legítima escolha do legislador, máxime porque a Lei nº 9.032/95 incluiu
no dispositivo exceção à regra de não responsabilização com referência a encargos
trabalhistas. 8. Constitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93 já
reconhecida por esta Corte em caráter erga omnes e vinculante: ADC 16,
Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em 24/11/2010. 9.
Recurso Extraordinário parcialmente conhecido e, na parte admitida, julgado
procedente para fixar a seguinte tese para casos semelhantes: “O
inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não
transfere automaticamente ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo
seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, §
1º, da Lei nº 8.666/93”. (RE 760931, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Relator(a)
p/ Acórdão: Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 26/04/2017, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-206 DIVULG 11-09-2017 PUBLIC 12-09-2017)

Além disso, também há violação ao entendimento contido na Súmula 331 do TST, abaixo destacada:

“Súmula nº 331 do TST


CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova
redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) - Res. 174/2011, DEJT
divulgado em 27, 30 e 31.05.2011

IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador,


implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas
obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do
título executivo judicial.

V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem


subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua
conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993,
especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais
da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não
decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela
empresa regularmente contratada.”

Assim, considerando a nítida existência de transcendência política na presente demanda, há razões


plausíveis para o seguimento do presente Recurso de Revista

E. DA TRANSCÊNDENCIA JURIDICA

O art. 896, alínea A da CLT, também aduz que cabe o Recurso de Revista quando derem ao mesmo
dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado outro Tribunal Regional do
Trabalho.

Conforme será demostrado a seguir, o Acórdão recorrido apresenta clara divergência interpretativa
dos demais Tribunais Regionais, quando estes julgam situações similares. Vejamos:

“RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE. RESPONSABILIDADE


SUBSIDIÁRIA. ENTE PÚBLICO. NÃO CONFIGURAÇÃO. Para que seja
autorizada a responsabilidade subsidiária da Administração Pública pelo
inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte da empresa contratada
conforme o disposto na Lei n.º 8.666/93, deve ser demonstrada a sua conduta
omissiva no que se refere à fiscalização do cumprimento das obrigações relativas
aos encargos trabalhistas. Esse, aliás, foi o entendimento esposado pelo Supremo
Tribunal Federal, que em recente decisão (ADC 16 - 24/11/2010), ao declarar a
constitucionalidade do art. 71, § 1.º, da Lei n.º 8.666/93, asseverou que, constatada
a culpa "in vigilando", gera-se a responsabilidade subsidiária da Administração
Pública. Esse posicionamento foi recentemente confirmado pela Suprema Corte, ao
julgar o Tema 246 da Repercussão Geral ( RE 760.931/DF). Não estando
comprovada a omissão culposa do ente público em relação à fiscalização quanto ao
cumprimento das obrigações trabalhistas, não há de se falar em responsabilidade
subsidiária. Verificado nos autos que a decisão do Regional está de acordo com a
atual e iterativa jurisprudência desta Corte, não se conhece do Recurso de Revista
da Reclamante, nos termos do disposto no artigo 896, § 7.º, da CLT. Recurso de
Revista não conhecido.” (TST - RR: 10465220155050028, Relator: Maria de Assis
Calsing, Data de Julgamento: 14/03/2018, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT
16/03/2018)

RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. RESPONSABILIDADE


SUBSIDIÁRIA. ENTE PÚBLICO. NÃO CONFIGURAÇÃO. NÃO
CONHECIMENTO . Para que seja autorizada a responsabilidade subsidiária da
Administração Pública pelo inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte
da empresa contratada conforme o disposto na Lei n.º 8.666/93, deve ser
demonstrada a sua conduta omissiva no que se refere à fiscalização do cumprimento
das obrigações relativas aos encargos trabalhistas. Esse, aliás, foi o entendimento
esposado pelo Supremo Tribunal Federal, que, em recente decisão (ADC 16 -
24/11/2010), ao declarar a constitucionalidade do art. 71, § 1.º, da Lei n.º 8.666/93,
asseverou que, constatada a culpa in vigilando, gera-se a responsabilidade
subsidiária do ente público. Não estando comprovada a omissão culposa do ente em
relação à fiscalização quanto ao cumprimento das obrigações trabalhistas, não há
de se falar em responsabilidade subsidiária. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. APELO
DESFUNDAMENTADO . NÃO CONHECIMENTO . O conhecimento da Revista, no
particular, esbarra no óbice da Súmula 422 do TST. Recurso de Revista não
conhecido. RECURSO DE REVISTA DA UNIÃO. CONTRIBUIÇÃO
PREVIDENCIÁRIA. FATO GERADOR . JUROS DE MORA . O caput do art. 276 do
Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n.º 3.048/91, estipula
que o prazo para o recolhimento das contribuições previdenciárias resultantes de
decisão judicial é o dia dois do mês seguinte ao da liquidação da sentença. Na
espécie, o Regional deu a correta solução ao caso, adotando posicionamento que se
encontra em perfeita consonância com o entendimento deste TST quanto à matéria,
não havendo de se falar em violação dos dispositivos invocados, tampouco em
divergência jurisprudencial apta a impulsionar o conhecimento do Apelo. Recurso
de Revista não conhecido.

(TST - RR: 1413007920095060021, Relator: Maria De Assis Calsing, Data de


Julgamento: 18/04/2012, 4ª Turma, Data de Publicação: 20/04/2012)
Sendo assim, evidente a clara divergencia de entendimento existente entre os Tribunais Regionais,
devendo o Recurso de Revista ser acolhido.

F. DA VIOLAÇÃO DE LEI FEDERAL- ALÍNEA ‘C’ DO ART. 896 DA CLT

O Art. 896, alínea C da CLT, define que: “cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior
do Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário quando ´proferidas com violação literal
de disposição de lei federal”

No presente caso, o Acórdão recorrido violou expressamente o art. 373, I do NCPC e 818 da CLT, I,
ao transferir o onus da prova ao Recorrente, então, violando lei federal.

III. DO MÉRITO

A. DO ÔNUS DA PROVA

O art. 373, inciso I do CPC é claro ao dizer que O ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato
constitutivo de seu direito:

“Art. 373. O ônus da prova incumbe:

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;”

Na sequencia, o art. 818, inciso I, da CLT também dispoe que:

“Art. 818. O ônus da prova incumbe:


I - ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito;”

Todavia, o juízo a quo aplicara de forma direta Súmula do TST, imputando à Administração o ônus
probatório que não detém, ensejando violação a artigos 818, inciso I da CLT e do 373, inciso I CPC, acima
mencionados, fora afirmado que, além de ser legalmente previsto o ônus probatório da parte reclamante, os
atos administrativos supostamente falhos possuem presunção de legalidade e legitimidade, havendo
presunção juris tantum de que a fiscalização contratual da terceirização se deu de forma regular. No entanto,
firmou-se no presente acordão a culpa in vigilando do Recorrente tomador do serviço.

Ora, é do empregado o ônus de provar a conduta culposa da Administração Pública na fiscalização das
empresas contratadas na forma da Lei nº 8.666/93, esse ônus de prova não deveria de forma alguma ser
estidido ao Recorrente.

Sendo assim, diante da clara violação ao disposto pelo Código de Processo Civil e pela CLT, requer a
a exclusão da responsabilidade subsidiária do Recorrente pelo inadimplemento dos encargos trabalhistas do
empregado reclamante da empresa contratada, que lhe fora estendida com base em interpretação claramente
equivocada do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93.

B. DA TERCEIRIZAÇÃO

Ademais, imperioso se faz destacar que o ente publico é pautado pelo dever de eficiência, com base no
art. 37, caput, da Constituição, deve empregar as soluções de mercado adequadas à prestação de serviços de
excelência à população com os recursos disponíveis. Por isso, A terceirização não importa precarização às
condições dos trabalhadores.

O art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93, ao definir a inadimplência do contratado, com referência aos
encargos trabalhistas, não transfere ao ente público a responsabilidade por seu pagamento.
Dessa forma, no caso de terceirização, o onus da prova de demostrar os fatos de seu direito é do
Reclamante e não deve recair sobre o Reclamado. Não estando comprovada a omissão culposa
do ente público em relação à fiscalização quanto ao cumprimento das obrigações trabalhistas, não há de se
falar em responsabilidade subsidiária.

IV. DOS PEDIDOS.

Diante do exposto, requer o conhecimento e o provimento do presente Recurso de Revista, posto


que preenchidos os pressupostos de admissibilidade, com a vulneração dos preceitos legais invocados,
e demonstrada a afronta aos artigos 373, I do CPC e 818, inciso I da CLT , bem como as divergências
específicas das jurisprudências em relação ao tema suscitados e ao entendimento fixado pelo Supremo
Tribunal Federal no Tema 246 e na Súmula nº 331 do TST.

Sendo assim, requer o total provimento do presente recurso para que ocorra a exclusão da
responsabilidade subsidiária do Recorrente pelo inadimplemento dos encargos trabalhistas do empregado
reclamante da empresa contratada, que lhe fora estendida com base em interpretação claramente equivocada
do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93.

Subsidiariamente, requer a notificação do recorrido, para se manifestar, querendo.

Termos em que se pede deferimento;

Dia X, mês X, ano XXXX.

Advogado XXX

OAB XXX.XXX

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