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Introdução
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bilhões por ano, respondendo por 15% do faturamento do varejo nacional (excluído o setor
automotivo), com geração de 400 mil empregos diretos. Este tipo de comércio surgiu, no
Brasil, nos anos 60 e explodiu nos anos 80. No final do século XX, manteve o ritmo de
crescimento, traçando caminhos diversificados, por meio da exploração de novos mercados
e da introdução de novos formatos de varejo.
Vários segmentos do mercado se associaram a esta nova forma organizativa,
atraídos de áreas completamente diferenciadas em seus objetivos constitutivos. Até mesmo
o poder público, foi “forçado” a colocar postos de atendimento e informações no seu
ambiente. Hoje, muitos outros tipos de pequenos serviços estão sendo incluídos no grande
elenco que é oferecido por esses “mega” centros comerciais (Amorim et al, 2001).
A criação de um Shopping Center constitui um desafio estratégico para os
empresários responsáveis pelo empreendimento. Mas, também para cada um daqueles
pequenos empresários que decidem iniciar seus negócios nesse tipo de espaço ou para
aqueles que decidem ampliar seus negócios, abrindo uma filial de sua empresa.
A problemática da criação de um Shopping Center envolve o desafio de reunir
empresários dispostos a participar, alugando ou comprando lojas. Para tal, são feitos
estudos prévios de localização e identificada a demanda pelo possível mix de produtos, de
posse que o fator essencial, referente à geografia do varejo e de serviços é o agrupamento
em market centers, pelos consumidores do entorno. A demanda agregada dos consumidores
da região, pertencentes ao market centers, determinará o tamanho e a composição do
agrupamento (Cunha e Saliby, 2000).
Os Shoppings Centers exigem uma experiência administrativa e resultados de suas
organizações, sob a forma de rateio dos custos operacionais e principalmente promocionais,
mas, parte dos lucros, obrigatoriamente irá para a Administradora do shopping, que investiu
para construí-lo e se empenhará para mantê-lo valorizado. Os espaços ociosos são
rapidamente substituídos por novos negócios, analisados pelos administradores do
shopping, quanto ao seu potencial e expectativas de sucesso (Amorim et al, 2001).
Na atualidade, se discute o risco tanto para empresários ingressarem em Shopping
Center, como o risco do próprio negócio: “o lojista que deseja se instalar em um Shopping
Center deve analisar adequadamente uma série de aspectos, alguns de extrema relevância,
que podem ser determinantes para o sucesso ou fracasso do negócio. Ao tomar a decisão de
entrar em um shopping é de fundamental importância que o lojista conheça o
empreendimento e quem está por trás dele – empreendedores e administradores -, avalie a
concorrência e constate a adequação de seu produto ao público freqüentador(..) o negócio é
de risco e naturalmente nem todos serão bem sucedido. Não há espaço para amadores: no
varejo só sobreviverão aqueles que forem competentes e profissionais. E isso vale tanto
para os lojistas como para os empreendedores e administradores” (Stewart, 2000).
Cabe avaliar até que ponto esses aspectos estão sendo considerados pelos lojistas
que ingressam na “aventura” de abrirem filial em shoppings. A pesquisa proposta visa
investigar esses aspectos envolvidos nesse fato social, procurando captar esses elementos
de visão dos empresários lojistas que abriram filiais de suas lojas.
2. Referencial Teórico
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No estudo do empreendedorismo pode-se identificar concepções diferenciadas,
associadas a escola dos economistas, a escola dos behavioristas (comportamentalistas) e a
escola dos precursores da teoria dos traços de personalidade.
As definições de empreendedorismo defendidas por autores da corrente econômica
envolve a conceituação de prática de empreender como o ato de criação de uma
organização econômica inovadora (ou redes de organizações) para o propósito de obter
lucratividade ou crescimento sob condições de risco e incerteza.
Contudo, os economistas conseguiram identificar qual era a atividade do
empreendedor e o que ele significava para o desempenho econômico, mas não conseguiram
criar uma ciência baseada no comportamento dos empreendedores, ou seja, não
conseguiram explorar as características que faziam do indivíduo um ser empreendedor
(Paiva Jr, 2001).
Os behavioristas (comportamentalistas) foram, assim, incentivados a traçar um
perfil da personalidade do empreendedor (Filion, 1999). O trabalho desenvolvido por
McClelland (1971) focalizava os gerentes de grandes empresas, mas não interligava
claramente a necessidade de auto-realização com a decisão de iniciar um empreendimento e
o sucesso desta possível ligação (Filion, 1999). Essas concepções derivam da noção de
empreendedorismo na visão dos Behavioristas, de acordo com Paiva Jr. (2001).
Na linha de pensamento da escola dos traços de personalidade, ainda que pesquisas
não tenham sido capazes de delimitar o conjunto de empreendedores e atribuir
características certas a este, tem-se propiciado uma série de linhas mestras para futuros
empreendedores, auxiliando-os na busca por aperfeiçoar aspectos específicos para obterem
sucesso. Dado o sucesso limitado e as dificuldades metodológicas inerentes à abordagem
dos traços de personalidade, constata-se maior ênfase na orientação comportamental ou de
processos.
A palavra Empreendedorismo é derivada da palavra francesa entrepreneur, que
significa aquele que assume riscos e começa algo novo (Dornelas, 2001). O tema acerca
desse fenômeno que modifica as condições correntes do mercado através da introdução de
algo novo e diferente em resposta a necessidades percebidas, tem despertado um crescente
e significativo interesse no campo de estudos organizacionais. (Dornelas, 2001; Paiva Jr. et
al 2002).
Para Salazar et al ( 2003), o empreendedorismo se configura quando a idéia de
inovação é concebida, é viável e se constitui em uma competência essencial. Isso significa
que o novo negócio não poderá ser copiado facilmente e, ainda, se a idéia inovadora
oferece condições ou pode ser utilizada para novos negócios. A alma do
empreendedorismo, baseado nesses conceitos, está na criação de uma inovação que
permaneça sendo exclusiva da empresa por um período de tempo significativo e, portanto,
uma competência essencial que se constitui em seu diferencial.
Estudos apontam para o papel do empreendedorismo e a sua importância para o
desenvolvimento econômico, demonstrando que crescente interesse pelo tema é fruto de
sua importante prática para o desenvolvimento de muitos países, principalmente numa
sociedade em que os empregos tradicionais estão cada vez mais escassos e, os indivíduos
precisam encontrar e desenvolver novas alternativas para se manterem ativamente
econômicos (Sérgio e Sachuk, 2000).
Dentro dessa discussão, se para os economistas o empreendedorismo é entendido
como uma função, parece nos que ele vem cumprindo com esse seu papel, no âmbito da
economia mundial. O interesse dado ao tema é sinalizador de que ser empreendedor, ou
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seja, dono do negócio, está sendo entendido como o caminho para a criação de seu próprio
posto de trabalho no século XXI (Paulino et al, 2003 ).
Nesse sentido, constata-se que a pesquisa acadêmica sobre empreendedorismo esta
ligada à grande importância que a pequena empresa exerce no quadro econômico do mundo
atual. O tema empreendedorismo é um campo de pesquisa emergente, onde não existe uma
teoria estabelecida, esta ainda em uma fase pré-paradigmática, já que não existem padrões
definitivos, princípios gerais ou fundamentos que possam garantir de maneira cabal o
conhecimento na área (Cramer, 2002).
Estas evidências indicam como o empreendedorismo tem sido entendido como um
processo complexo e multifacetado, reconhecendo as variáveis sociais (mobilidade social,
cultura, sociedade), econômicas (incentivos de mercado, políticas públicas, capital de risco)
e psicológicas como influenciadoras no ato de empreender (Santos et al, 2003).
Nesse sentido, na concepção de Dolabela (1999), o empreendedorismo é um
fenômeno cultural, ou seja, é fruto dos hábitos, práticas e valores das pessoas. Para o autor
existiriam famílias mais empreendedoras do que outras, assim como cidades, regiões,
países.
A discussão do empreendedorismo envolve , evidentemente, aspectos gerais de
uma concepção envolvendo o agente, um indivíduo empreendedor. Conforme Filion
(1999), há no campo de estudos sobre empreendedorismo uma ausência de consenso a
respeito do empreendedor e das fronteiras do paradigma. Os economistas tendem a
concordar que os empreendedores estão associados à inovação e são vistos como forças
direcionadoras de desenvolvimento. Os comportamentalistas atribuem aos empreendedores
as características de criatividade, persistência, internalidade e liderança. Para os indivíduos
interessados no estudo da criação de novos empreendimentos, os melhores elementos para
prever o sucesso de um empreendedor são o valor, a diversidade e a profundidade da
experiência e das qualificações adquiridas por ele no setor em que pretende atuar.
A noção de empreendedorismo enquanto um processo social tem sido desenvolvida
associada à menções ao empreendedor. Assim, as formulações de escolas de
empreendedorismo representam formulações diferenciadas de ênfases sobre o papel do
empreendedor na sociedade, privilegiando-se suas características pessoais ou
comportamentais, mas trazendo também seu papel social. Nesse sentido, pode-se
mencionar a formulação de Déry e Toulouse (1996) sobre as alternativas de formulação do
empreendedorismo sob uma perspectiva micro ou macro, ressaltando-se um certo
voluntarismo ou um determinismo social do processo empreendedor.
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desenvolvimento econômico, os processos de empreendimentos de empreendedores
passando a contribuir para o crescimento da economia.
Para Filion (1999) empreendedor é aquele que possui criatividade, possui
capacidade de estabelecer objetivos e os persegue, mantém alto nível de consciência do
ambiente em que vive, usando-a para detectar oportunidades de negócios, um
empreendedor continua a aprender a respeito de possíveis oportunidades de negócios, toma
decisões moderadamente arriscadas, objetiva a inovação e continua a desempenhar um
papel empreendedor, é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões. Segundo o
autor, de alguma forma, os empreendedores são detectores de espaços de mercado e
criadores de contextos. Primeiramente se detecta a oportunidade, e assim a visão
empreendedora fornece diretrizes para a implantação do plano mestre a ser executado. Mas
para detectar oportunidades de negócios: “é preciso ter intuição, intuição requer
entendimento, e entendimento requer um nível mínimo de conhecimento”.
Já para Degen (1989), ”Ser empreendedor significa ter, acima de tudo, a
necessidade de realizar coisas novas, por em prática idéias próprias, características de
personalidade e comportamento que nem sempre são fáceis de encontrar”.
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algo que passa por uma construção que a partir do momento em que se cria uma empresa
abre-se o espaço para a reflexão sobre a gestão, incluindo a busca de capacitação para
compreender a problemática de um dado setor empresarial em que se opera.
Nestes estudos, acerca da dicotomia empresários ou empreendedores, considera-se
suas diferenças, discutindo-se as possíveis características dos indivíduos, para o
empreendedor deve-se ressaltar as características de inovador estrategista e de criador de
métodos revolucionários (Cramer, 2002).
O aspecto que melhor distingue o empreendedor do gerente e do pequeno
empresário parece recair no desenvolvimento e na implantação do processo visionário
(Fillion, 1999). Assim gerentes e pequenos empresários buscam atingir metas e objetivos a
partir dos recursos disponíveis dentro de uma estrutura predefinida ou copiada. Os
empreendedores, por outro lado, despedem boa parte de seu tempo imaginando aonde
querem chegar e elaborando como farão para chegar lá.
Collins e Moore (1970) citados por Filion (1999), foram uns dos primeiros a
identificarem que empreendedores a características de aprendizagem dos empreendedores,
considerando-a como a mais marcante dos empreendedores bem sucedidos. Desse modo,
enquanto os empreendedores continuam a aprender, conseqüentemente, continuam a ter
sucesso.
No esforço de procurar destacar as particularidades do processo gerencial de
empreendedores, para confrontá-las com aquelas de outra categoria de empresários não
inovadores, denominando-os de operadores de negócios, Fillion (1999) desenvolvve um
modelo atividades gerenciais de empreendedores. ( Figura 1 )
Esse modelo enfoca uma integração sistêmica entre os cinco elementos, que ainda
descrevem diferentes elementos particulares componentes de cada aspecto, ou ações
constantes do modelo conforme ilustrado no quadro 1.
Quadro 1: Atividades do processo gerencial dos empreendedores.
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Principais elementos Elementos componentes
Envolve identificar um interesse num setor de negócios,
entender esse setor, detectar uma oportunidade de
Visualizar
negócios, imaginar e definir um contexto organizacional
e planejar.
3. Metodologia
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em sua cidade, visando levantar as características do processo de gestão por eles
praticados.
Buscou-se caracterizá-los como empreendedores, mas não exclusivamente
captando-se evidências do processo gerencial de empreendedores. Assim sendo, foram
realizadas entrevistas, concebidas com base nos componentes do modelo do processo
gerencial de empreendedores proposto por Fillion (1999). Mas sua leitura incluiu operar o
modelo gerencial segmentando suas categorias, para apreensão de aspectos ex-ante e ex-
post à ação de instalação de filiais no Shopping Center. Considerou-se, assim, que a
categoria Visão envolveria aspectos anteriores ao processo de implantação e gerência das
filiais ; a categoria Aprendizagem, foi apreendida como uma resultante da implantação da
filial, ensejando a reavaliação feita pelos empresários; as categorias Criar uma arquitetura
de negócios, Animar/Dar vida e Monitorar foram apreendidads como categorias
gerenciais propriamente ditas.
A pesquisa envolve um estudo multicasos, desenvolvido num processo de natureza
qualitativa. As entrevistas foram gravadas, permitindo reconstruir elementos doprocesso
gerencial e da decisão dos empresários em abrir filiais em um Shopping Center. Trata-se
de um estudo multicasos, considerados por Bogdan e Bikklen (1994), como estudos que
permitem o recolhimento adicional de dados na perspectiva de demonstrar a possibilidade
de generalização.
Godoy (1995) defende o emprego da pesquisa qualitativa como uma proposta sem
rigores estruturais, prezando pela flexibilidade e servindo bem à exploração de novos
enfoques pelas mãos da criatividade e imaginação. Neste tipo de estudo, o pesquisador
procura apreender e interpretar a realidade sem nela interferir para modificá-la.
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o empreendimento após constatarem a presença de uma única loja desse setor na cidade e
por vontade de trabalharem por conta própria. A empresa passou por grande expansão e no
decorrer desses anos foram abertas duas filiais em pontos estratégicos da cidade, houve
ainda incorporação do serviço de disk entrega, inovador nesse ramo de atividade.
5.1.Processo de visualização
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decidir, dentre eles pode-se mencionar expectativa de margem de competitividade
movendo-os para o shopping center. Os seguintes depoimentos clarificam essa idéia:
“...eu pensei comigo se eu não for para o Shopping eu vou ficar arrependido demais
porque o meu concorrente pode ta lá...fui somando e achei por bem ir.”
“...já tínhamos uma vontade anterior de trabalhar com shopping...minha esposa queria
porque ela sempre achou interessante o shopping por causa do ambiente que é diferente da
rua...é mais atrativo...”
“...eu achava que aqui no Shopping, e acho ainda, nós temos a possibilidade de conquistar
um público diferente daquele que compra no centro.”
“...em termos de mercado, na minha visão, é um bom negócio só que você tem que se
especializar demais...aqui na cidade temos hoje um mercado bom ...em termos de mercado
brasileiro ainda esta em ascensão ele ainda não atingiu o ápice.”
“...eu acho que a cidade tem um potencial de crescimento para esse setor, tem ai uma
parcela grande da população que nem consome ainda do meu produto,...existe ainda um
público a ser atingido .”
No contexto micro do setor comercial, no qual se insere os empresários
pesquisados, percebe-se uma visão projetada a respeito da necessidade de investirem para
obterem sucesso, buscando sempre algo novo para oferecer aos clientes. Trata-se de mais
uma evidência da visão enquanto uma instância de reflexão, não havendo uma associação
imediata com a ação inovadora. Nesse sentido, constata-se aspectos tais como um
reconhecimento da capacidade individual para atuação no mercado. Os depoimentos
abaixo ilustram essa característica:
“... estou atuando no mercado com loja, varejo, studio e laboratório, mais é lógico agente
precisa crescer e ir para o outro mercado que é o digital ... ainda vou crescer nesse tipo de
negócio.”
“...a gente quer montar uma loja de auto-atendimento tipo um supermercado, a nossa meta
é esse tipo de loja que vem se destacando no setor...temos projeções para mudar e
acompanhar essa tendência....”
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baseia-se no espaço e mercado que desejam ocupar. Eles identificam um nicho e imaginam
o tipo de estrutura necessária para ocupá-lo. Nessa etapa do processo visionário, ocorre a
definição de tarefas a serem desempenhadas e a combinação delas com os recursos
humanos necessários.
O empreendedor busca estruturar sua empresa, pois tem consciência que no meio de
toda confusão e da alta competição, a sua capacidade de estruturar e organizar, de criar um
sistema compacto e bem definido é a “fórmula” para avançar em seus negócios.
Ainda no contexto de arquitetura, a experiência do empreendedor no setor torna-se
muito valiosa, especialmente na criação inicial. Essa experiência poderá facilitar a
construção da arquitetura para organizar seus negócios no sentido de disponibilizar tempo
para o empreendedor tratar de assuntos mais essenciais como estratégia e gerenciamento.
No caso pesquisado, verificou-se alguns lojistas atravessando processos de descentralização
no sentido de se concentrarem nas atividades principais e delegarem atividades triviais,
recompondo sua arquitetura.
“...eu era muito controlador concentrava tudo, hoje eu já não sou mais, antes era eu que
tinha que saber de tudo..quando nós abrimos a filial eu vi que isso era loucura e o que eu
tava fazendo não era vida...tive que reestruturar pra da conta.. ”
Na perspectiva da criação de uma arquitetura de negócios, o empreendedor pode se
caracterizar ainda, como aquele que busca a inovação constantemente, apresenta foco nas
oportunidades, sabe correr riscos e usar a imaginação e a criatividade para resolver seus
problemas ou para aproveitar as oportunidades.
Assim, a inovação é um das características chave do empreendedor. No caso dos
empresários pesquisados apresentam certas atividades mantidas em suas empresas que
reconhecem como atividades inovadoras. Eles adquiriram a consciência, e adotam a atitude
de sempre inovar, focando e orientando a empresa para o mercado, identificando e
atendendo as expectativas e necessidades dos clientes melhor que os concorrentes. Para isso
buscam oferecer diferencial dentro do mercado, em relação aos demais. As frases abaixo
ilustram tais atitudes:
“Direcionamos para serviço porque venda tá complicado...no meu caso eu busco
diferencial e inovação então se eu estou com um preço maior mais estou tendo serviço é
porque tem mercado e porque tem gente que busca esse diferencial sem questionar
preço...o cliente procura por inovações aqui ...”
“...a própria questão de você ser especializado num tipo de produto já é uma coisa
diferente e inovadora no mercado da cidade, eu acho que isso é um diferencial exclusivo
da nossa empresa.”
“Criamos aqui na loja o disk entrega, na tentativa de dar uma comodidade ao nosso
cliente porque produto todo mundo tem, minha mercadoria é igual a do meu
concorrente...”
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ser mais refinado com animar ou dar vida do que com o gerenciar. Nesta perspectiva,
constata-se que empreendedores de sucesso investem mais tempo, energia e recursos que os
demais em recrutamento, seleção e treinamento de recursos humanos adequados.
A partir desse comportamento, o empreendedor se revela um agregado de
personalidades variáveis em seu grau, podendo ser ela de um líder responsável pelo
desenvolvimento e motivação de sua equipe. Assim, o treinamento profissional é algo que
deve estar presente num ambiente empresarial, o empreendedor deve estimular essa pratica,
bem como o prazer por fazer algo e o seu significado. Nessa perspectiva, os empresários
estudados revelam um papel ativo no treinamento dos funcionários, enfatizando em seus
discursos a relevância que os recursos humanos tem para o sucesso do seu
empreendimento. Essa atividade de animação pode ser evidenciada nos seguintes
comentários:
“Eu estou tentando formar meu pessoal para a loja ter a cara do dono, então eu estou
tentando colocar na cabeça deles como vai ser e como tudo deve funcionar, pra isso agente
dá treinamento, faz reuniões...tem ate um consultor de empresas me ajudando nesse
sentido...”
“...não exijo segundo grau, nem experiência anterior, mais tem que gostar do setor...se a
pessoa tiver uma base que permita que ela participe de treinamento e absorva as
informações já tá bom porque o resto agente ensina..agora eu mesmo desenvolvo o
processo de treinamento.”
“...eu acho fundamental é o treinamento, porque não adianta nada você ter uma mão-de-
obra de pessoas aparentemente bem, mais não ter um curso...”
5.2.3.Monitorar
“...o cliente chegar aqui as 6 da tarde e encontrar a porta baixada pela metade não era
bom pra nós...ampliamos nosso horário de funcionamento, melhoramos nosso atendimento
com isso...o pessoal já sabe que aqui eu trabalho até mais tarde...eu vi que esse horário
definido é muito limitado ai ampliei...”
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“ Um ajuste que tive que fazer aqui na loja e não vender mais na tal da ficha, tava dando
muito problema, estruturar cobrança e uma serie de outros processos, daí cortei isso
tudo.”
5.3.Processo de aprendizagem
“...mais é isso ai eu tentei arrisquei e sai satisfeito também, porque na realidade o que
aconteceu comigo foi uma experiência muito boa, eu aprendi com tudo que aconteceu...um
dia quem sabe eu possa voltar para aquele empreendimento mais agora eu sei que a minha
hora passou... ”
“Na minha avaliação meu seguimento não funcionou lá porque ele precisa de volume de
venda, de muita gente...eu errei por não ter consultado quem tava lá dentro antes, mais
aprendi a lição..”
Há indicação de incertezas no discurso dos entrevistados, mas constata-se,
igualmente, a capacidade de aprendizagem, questionamento das realizações, considerando
as possibilidades e buscando aperfeiçoamento e consistência de atuações. Em relação ao
discurso dos empresários que abriram filiais no shopping center podem ser evidenciadas
afirmações que envolvem esses aspectos:
“...em termos de tecnologia eu podia estar muito mais avançado se não tivesse ido por
outros caminhos que eu fui, mais por acreditar no negócio, que ia dar certo e melhorar,
tive muitas decepções.”
“Eu aluguei uma loja de 100m quadrados, esse foi um dos meus erros porque meu
condomínio dobrou então foi tudo subindo, meu custo subiu também...foi um passo errado,
eu tomei consciência disso... ”
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Ao promover a segmentação de elementos do Modelo de Fillion (1999) foi
possível diferenciar as práticas em relação à possíveis verificações em momentos
distintos. Ao mesmo tempo, mesmo reconhecendo que houve um ponto de partida de um
modelo fayolista (POCC), a segmentação permitiu associar a leitura de conjunto como
elementos que indica práticas de ação empreendedora. Aspectos abrigados sob a noção de
visão trazem um caráter imponderável, não imediatamente vinculado à práticas gerenciais.
Os empresários procuram encontrar justificativas e associam suas decisões com elementos
de sua vida pessoal ou valorativos.
A categoria aprendizagem, igualmente, indicada pelo autor como elemento externo
ao processo gerencial propriamente dito, também implica na consideração de avaliações,
inlcuem outras experiências, podendo incluir o potencial da memória do empreendedor.
Visão e aprendizagem assumem um caráter polarizado em relação às atividades
estritamente gerenciais, potencializando a ação de abertura de filiais por parte dos
empresários como ação empreendedora. Assim ,antes de caracterizá-las como ações de
empresários empreendedores, cabe identificar a ação ,o fato analisado, como uma ação
empreendedora. Como pode-se perceber, essa ação empreendedora não se encerra no ato
gerencial, mas envolve elementos que se conjugam em diferentes situações anteriores e
posteriores à ação em si. Operando-se essa releitura do modelo de Fillion (1999) permite-
se, segundo a síntese de Cramer (2002:70), “ deslocar o foco da figura do empresário
visto como empreendedor para situar-se no campo de possibilidades de ação por parte de
um grupo de empresários.”
5. Conclusão
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empreendedorismo sob a ótica dos empreendedores vistos como um conjunto,
evidenciando neles o foco do estudo antes de buscar restringir-se a um processo gerencial
associado a uma figura idealizada de um empreendedor. Nesse sentido, procurou-se
demonstrar o potencial da noção de ação empreendedora para estudos sobre
empreendedorismo.
Literatura citada
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SALAZAR, J. N. A. et al A idéia empreendedora no Pensamento Estratégico. In: EGEPE –
ENCONTRO DE ESTUDOS SOBRE EMPREENDEDORISMO E GESTÃO DE
PEQUENAS EMPRESAS. 3., 2003, Brasília. Anais... Brasília: UEM/UEL/UnB, 2003.
SANTOS, H. B. dos et al. Empreendedorismo e liderança criativa: um estudo com as
pequenas empresas prestadoras de serviço de Maringá. In: EGEPE – ENCONTRO DE
ESTUDOS SOBRE EMPREENDEDORISMO E GESTÃO DE PEQUENAS EMPRESAS.
3, 2003, Brasília. Anais... Brasília: UEM/UEL/UnB, 2003. .
SERGIO, A. SACHUK, M. I. Análise das características empreendedoras dos empresários
beneficiados com credito disponibilizado pelo programa Brasil Empreendedor. Anais do I
EGEPE, Outubro de 2000.
STEWART, P. B. Discutindo os Shoppings. O Globo, 28 julho 2000.
16