Você está na página 1de 4

Estudo de

Caso

Atendimento Educacional
Especializado para pessoa com
deficiência física
Professora: Dra. Vânia de Fátima Matias de Souza
Me. Fernanda Regina Cinque de Brito
Unicesumar
2

estudo de
caso

Inclusão: conquistas e desafios


O ano era o de 2014, Cristina e Paulo estavam na expectativa do nascimento da primeira
filha que já tinha o nome escolhido, Lívia. Tudo corria bem, pelo menos no entendimento
dos futuros pais que moravam no interior do estado do Paraná, uma cidade com menos de
5.000 habitantes. Por ser uma cidade de pequeno porte, não havia uma infraestrutura ade-
quada para que Cristina pudesse receber o acompanhamento médico necessário para este
período. As poucas vezes que Cristina esteve ao médico, três vezes ao total, não recebeu
todas as orientações apropriadas. Cristina, durante o período gestacional, teve uma infecção
viral (Rubéola), fator que preocupou a família, todavia nada foi feito. Os dias passaram até
o momento de Cristina ter seu bebê, que nasceu aparentemente bem. Teve alta e a família
voltou para a casa.
Os dias foram se passando e os pais de Lívia perceberam que havia algo que não estava
certo com o desenvolvimento da filha, pois a mesma começou a apresentar alguns sintomas,
como, por exemplo, rigidez muscular. Pela precariedade da saúde pública no local em que a
família residia, as visitas ao pediatra não eram periódicas, mesmo sabendo de sua importância.
Quando Lívia tinha 3 meses, seu pai conseguiu um novo emprego em uma cidade próxima
da localidade em que estavam, mas que era maior e, com isso, apresentava melhor infraes-
trutura, inclusive na área médica. Percebendo as dificuldades da filha, sobretudo, em relação
aos aspectos motores, o casal logo buscou ajuda médica na cidade na qual passaram residir.
A partir de várias conversas e observação, exames clínicos e, posteriormente, exames labo-
ratoriais e de imagem, o médico concluiu que Lívia tinha Paralisia Cerebral, consequência de
uma lesão no cérebro que pode ser apresentada em diferentes níveis, ou seja, dependendo
do nível o comprometimento pode ser maior ou menor. O médico ainda confirmou que a
lesão ocorreu no momento do parto.
O primeiro momento da família foi de grande susto e apreensão, pois não sabia o que iria
acontecer com Lívia, já que as informações que tinham sobre este problema eram apenas
de senso comum, não tendo conhecimento científico das causas, características e possí-
vel tratamento. Foi, então, que a família passou a buscar as informações juntamente com o
médico que confirmou a Paralisia Cerebral. Muitas perguntas foram feitas para entender o
que iria acontecer com Lívia. Carlos, o médico, com muita competência, explicou detalha-
damente a situação e passou a acompanhar a criança.
Unicesumar
3

estudo de
caso

Os meses se passaram e os sintomas da Paralisia Cerebral eram cada vez mais visíveis.
Lívia teve uma lesão cerebral grave, devido à falta de oxigenação no cérebro, ocasionando
uma paralisia nos membros inferiores. Carlos explicou que a Paralisia poderia ter causado
a debilidade dos membros superiores também, mas não era o caso de Lívia, pois a parali-
sia causou a intensa fraqueza das pernas. Os pés da menina mantinham-se quase o tempo
todo contraídos, visivelmente pareciam como se os pés estivessem torcidos, causando cons-
trangimento em algumas situações, sobretudo quando iniciou o Ensino Fundamental, fator
este que envolveu grande luta por parte da família, ou seja, adquirir o direito ao atendimen-
to educacional especializado na rede regular de ensino.
Na escola em que Lívia foi matriculada, ensino regular, não havia a infraestrutura adequa-
da. Faltavam rampas de acesso e, por isso, a turma do primeiro ano do ensino Fundamental
teve de mudar de bloco, pois por conta dos degraus que davam acesso a sala de aula não
possibilitarem a locomoção de Lívia até a aula, uma vez que utilizava cadeira de rodas. A
solução da direção escolar foi trocar os alunos de sala e permitir que Lívia tivesse melho-
res condições de acesso. Porém os desafios não ficaram apenas na ausência de rampas de
acesso, outras dificuldades estavam presentes em seu cotidiano escolar, como, por exemplo,
a falta de corredores largos em todos os blocos do prédio escolar.
O primeiro ano do Ensino Fundamental para Lívia foi muito difícil. Além dos problemas
na estrutura física da escola, a professora (Karina) responsável por acompanhá-la neste ano
não contribuiu de forma satisfatória. Karina entendida que a participação da família preju-
dicava seu trabalho, pois além do tempo para preparar as atividades, precisava dispor de
tempo extra para atender a família. Ao longo do ano letivo, a interação com a família não
teve bons resultados pela resistência estabelecida pela professora, interferindo no processo
de desenvolvimento de Lívia. As atividades eram reproduzidas sem levar em conta as parti-
cularidades da aluna, por consequência a avaliação não considerava as especificidades do
caso, a mesma foi realizada para classificar o que Lívia sabia e o que ela não sabia. Lívia ficava
isolada na sala sem interação com os demais alunos.
O final do ano se aproximou e a família de Lívia foi informada de que a professora Karina
não daria continuidade no seu acompanhamento, pois havia passado em um concurso em
outra cidade. Tal notícia gerou a expectativa de quem seria a professora de Lívia no segundo
ano. A menina ficou bastante ansiosa, mas acabou se distraindo, já que estava de férias.
Período que foi bem tranquilo.
Unicesumar
4

estudo de
caso

Chegou o momento de Lívia retornar à escola e a expectativa para conhecer a professora


era grande. Lívia foi bem recebida pelos colegas e pela nova professora, Juliana. A professora
da sala (Marta) também recepcionou muito bem Lívia e os demais alunos. Logo na primeira
semana de aula, a professora Juliana buscou se inteirar do caso de Lívia, juntamente com a
equipe pedagógica e, posteriormente com a família, pois considerava fundamental etabe-
lecer essa relação de diálogo com a família.
A professora responsável por acompanhar Lívia no segundo ano lecionava há mais de
10 anos e sua formação inicial foi complementada com cursos, pós-graduações e capacita-
ções, pois entendia a importância da formação continuada. Isso foi fundamental para rever
sua prática, metodologia e estratégia ao iniciar o trabalho de atendimento educacional espe-
cializado com Lívia. Juntamente com a professora da sala, Juliana tinha clareza em repensar
as estratégias de ensino para promover a aprendizagem da aluna. Nos primeiros meses, a
ênfase do trabalho de Juliana foi conhecer as potencialidades e dificuldades da aluna. Para
isso, o papel da família foi imprescindível, e pais de Lívia estavam sempre dispostos a cola-
borar com o desenvolvimento da filha.
A partir dessa sondagem inicial, a professora Juliana traçou um plano de trabalho, de-
finindo objetivos e metodologias, mas sabendo que diante de possíveis intercorrências
deveria repensar o planejamento. No segundo semestre do ano letivo, Juliana percebia que
Lívia ainda precisava ser incentivada em relação à socialização e autonomia. Para isso, tinha
o cuidado de, nas atividades em grupo, virar a cadeira de rodas de frente para a atividade,
possibilitando Lívia participar observando os demais colegas. Porém não apenas a dispo-
sição da cadeira de rodas, a professora mediava situações, incentivando sua participação e
aproveitava para problematizar situações, envolvendo a participação dos demais colegas,
promovendo o respeito entre todos e a interação.
Ao final do segundo ano, Lívia estava muito bem. Tinha facilidade nos conteúdos, so-
bretudo em matemática, área de maior interesse dela. A família estava satisfeita com o
desenvolvido das habilidades da filha e sabia que os bons resultados eram decorrentes da
parceria entre escola, professor e família.

Você também pode gostar