Entrevista de desligamento: por que e como

fazê-la?
Um dos momentos mais delicados nas empresas, seja para gestores, RH e
funcionários, é o processo de demissão, em especial a entrevista de
desligamento. Principalmente quando a jornada do colaborador se encerra de
forma negativa para uma das partes.
Porém, é durante a entrevista de desligamento que o profissional de recursos
humanos tem a oportunidade de coletar informações relevantes sobre o negócio,
desde os processos, cultura organizacional da empresa e até sobre a liderança.
Além disso, por se tratar da última conversa entre colaborador e RH, a entrevista
de desligamento tende a ser mais transparente, uma vez que o funcionário está
deixando a empresa e se sente mais seguro para falar da sua experiência.

Por isso, o RH deve se preparar para entender os motivos do desligamento e

extrair informações estratégicas, a fim de melhorar as práticas da empresa.

E nesse artigo vamos abordar a importância dessa conversa e como fazê-la!

O que é uma entrevista de

desligamento?
No conceito básico, a entrevista de desligamento pode ser definida como uma
conversa ou reunião que o profissional de RH realiza com o colaborador que está
saindo da empresa.
Indo mais a fundo, essa prática é vista como uma ferramenta de gestão de
pessoas fundamental para avaliar a marca empregadora e a experiência dos
funcionários. Por isso é necessário estruturar uma boa entrevista de
desligamento.
O objetivo da conversa é entender o que levou o colaborador a deixar a
instituição, bem como receber um feedback sincero sobre o clima organizacional,
a fim de estabelecer ações para melhorá-la.

Esse último contato entre candidato e RH ainda é o momento ideal para encerrar
o vínculo de trabalho de forma amigável, reforçando uma percepção positiva da
empresa diante do profissional.
Por que realizar a entrevista de
desligamento?
O processo de offboarding, ou seja, saída do colaborador, contempla as questões
burocráticas, estratégicas e emocionais da demissão. Portanto, a entrevista de
desligamento é fundamental para que os últimos dois pontos tenham a devida
atenção do RH.

Como sabemos, o setor de recursos humanos lida com pessoas e experiências. Por
isso essa entrevista final é fundamental para que o funcionário se sinta acolhido e
respeitado, mesmo no momento em que decida deixar a empresa,
principalmente, caso tenha sido demitido.

Além disso, a entrevista de desligamento também tem impacto no Employer

Branding da empresa, isso porque um funcionário que passa por uma experiência
ruim ao ser desligado pode propagar uma imagem desfavorável para empresa no
mercado de trabalho.

E quando o contrário acontece, ou seja, com uma entrevista de desligamento

empática, o RH demonstra a preocupação com o colaborador nesse momento
delicado, impulsionando uma percepção positiva da empresa.

Além do fator de cuidado com o capital humano, a entrevista de desligamento é

estratégica para o RH:
 Analisar a cultura da empresa;

 Alinhar os valores da organização;

 Afunilar o perfil do funcionário ideal;

 Pensar em práticas de retenção de talentos;

 Reduzir custos com turnover;

 Trabalhar a marca empregadora;

 Entender o que atrai os profissionais na concorrência.

Afinal, esse é um momento de coletar opiniões sinceras, pois o colaborador de

saída costuma se sentir mais livre para se expressar, uma vez que não deve se
preocupar com julgamentos ou reações negativas.
Como fazer uma boa entrevista de
desligamento
Não existe uma única maneira correta para se fazer uma entrevista de
desligamento, porém algumas etapas devem ser consideradas, e são elas que
vamos apresentar neste tópico.

Além do lado estratégico, esse momento conta também com o viés emocional,
por isso seguir essas dicas vão ajudar a concluir o processo com mais empatia.

Escolha o formato
Com o distanciamento social todos os processos do RH foram adaptados e a
entrevista de desligamento passou a adquirir novas possibilidades, por isso podem
ser realizadas: pessoalmente, via chamada de vídeo, por telefone ou até mesmo
em um formulário online, dependendo também da disponibilidade e orçamento
dos recrutadores.

Naturalmente, as entrevistas pessoais carregam um nível maior de proximidade e

podem ser mais proveitosas, pois o RH pode ser mais detalhista e se aprofundar
na conversa. Porém, o formato online também não fica atrás dentro das
possibilidades.

Respeite o espaço do colaborador

Embora a entrevista de desligamento seja estratégica para as empresas avaliarem
os motivos do turnover, essa conversa não deve ser imposta ao colaborador. Ou
seja, o RH deve perguntar se o funcionário de saída deseja participar e quando se
sente mais confortável.
Caso a resposta seja positiva, ainda é necessário ser discreto e imparcial,
mantendo uma postura amigável a fim de deixar o colaborador confortável, sendo
um momento de escuta ativa.

Vale destacar que quando um colaborador se recusa a participar da entrevista de

desligamento, pode ser um indicador de uma cultura de marca frágil e até mesmo
um clima ruim no ambiente de trabalho.
Pense no momento ideal
Muitas empresas realizam a entrevista de desligamento nos últimos dias do
colaborador ainda na empresa, o que pode carregar um viés negativo. Isso porque
uma demissão, por exemplo, pode abalar a visão do funcionário pela marca
empregadora.

Por isso, marque essa conversa para alguns dias após o desligamento, como no
momento em que o profissional leva sua documentação na empresa. Com esse
tempo para o funcionário refletir, o feedback tende a ser mais racional e
proveitoso.

Planeje a entrevista
No momento pré-entrevista é fundamental que o RH planeje a conversa,
pensando em perguntas que vão contribuir para a análise da marca e
desenvolvimento da empresa. Ou seja, a opinião sobre processos, práticas,
posicionamento, liderança, clima organizacional, e outras.

Além de realizar um estudo prévio sobre o perfil e jornada do colaborador que

está sendo desligado. Dessa forma, a entrevista tende a ser mais pessoal,
mostrando que o recrutador olhou para a jornada e particularidades do
profissional.

Pontos de atenção:
Desligamento feito pela empresa: quando é a empresa quem demite, lembre-se
de deixar claro o motivo que levou a essa decisão. Deixando o funcionário livre
para apontar o que acha importante ser mudado com base nessa insatisfação da
organização.
Desligamento solicitado pelo colaborador: quando o desligamento é espontâneo,
o RH deve se aprofundar nos motivos que deixaram o funcionário descontente,
bem como, quando for o caso, o que o atraiu na concorrência.

Perguntas para a entrevista de

desligamento
Deixar o funcionário confortável é fundamental, mas manter um questionário
padrão ajudará a fazer análises mais coerentes e observar pontos que podem ser
recorrentes. Além disso, pense também nos resultados que deseja obter. Para
facilitar, separamos algumas perguntas:
 Em pedidos de desligamento, o que te levou a deixar a empresa?

 O que você esperava da sua jornada? Atendemos as suas expectativas?

 Quais foram os pontos positivos e negativos?

 Você recomendaria a organização para outras pessoas?

 Você considera o clima organizacional bom? Como descreveria?

 A liderança está capacitada para o desenvolvimento?

 Algum fator dificultou o seu crescimento profissional?

 As suas atividades estavam bem definidas?

 Você acredita que os salários são compatíveis com o mercado de trabalho?

 O que você acha que falta para a retenção de colaboradores?

Para concluir, mesmo que o feedback seja negativo, a entrevista de desligamento

fechará da melhor forma a jornada do colaborador. E para que o RH tenha tempo
para analisar esses processos e focar em melhorias, é importante que outras
atividades sejam otimizadas, como o recrutamento.