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CENTRO UNIVERSITÁRIO FILADÉLFIA

RELAÇÕES INTERPESSOAIS NO TRABALHO:


reflexo na vida do trabalhador e da organização

SILVA, Valdecir Gomes da 1


DIAS, Silas Barbosa 2

Resumo

Este artigo traz considerações sobre o ambiente profissional, visando refletir o comportamento
emocional das pessoas dentro do trabalho. Com base em pesquisa bibliográfica, de autores na
área da psicologia e da administração, a abordagem feita busca relacionar o tema com os conflitos
enfrentados diariamente por todo indivíduo, como a dificuldade de manter uma relação
interpessoal; expressar seus sentimentos, anseios, frustrações; dar ou receber crítica; perceber no
colega de trabalho gestos e reações muitas vezes não verbalizadas; dificuldades na conclusão do
trabalho devido ao desgaste emocional causado pela exigência da vida moderna e ao mercado de
trabalho cada vez mais competitivo. Demonstrando assim que é possível chegar a um ambiente
mais harmonioso e encontrar o equilíbrio emocional na vida profissional e pessoal.
Palavras-chave: Trabalho; Comunicação; Equilíbrio; Relação interpessoal.

Abstract

This article presents considerations about the professional environment, to reflect the emotional
behavior of people within the work. Based on literature, the authors in the field of psychology and
management, the approach taken seeks to relate the topic with the conflicts faced daily by every
individual, as the difficulty of maintaining an interpersonal relationship, express their feelings,
anxieties, frustrations, give or receiving criticism; realize the co-worker gestures and reactions often
unspoken, difficulties in completing the work due to emotional distress caused by the requirement
of modern life and the labor market increasingly competitive. Thus demonstrating that it is possible
to reach a more harmonious environment and find emotional balance in professional and personal
life.
Key words: Labor; Communication; Balance; Interpersonal relationships.

INTRODUÇÃO
A vida moderna traz muitos benefícios para a humanidade através de
todos os avanços tecnológicos, novas descobertas em todas as áreas, porém
também acarreta muitos problemas e desafios que cada vez mais se busca
formas de superá-los, no que diz respeito às relações humanas.

1
Graduado em Gestão Pública (UFPR/IFPR). Pós-graduando em Recursos Humanos: Gestão de Pessoas e
Competências (UNIFIL). E-mail: valdecirg@uel.br
2
Mestre pela Universidade de Genebra (Suíça), licenciado em Filosofia pela UMC (Universidade de Mogi da
Cruzes), docente da Unifil (Centro de Estudos Superiores de Londrina), Coordenador do curso de
Especialização em Gestão de Pessoas e Competências desde 2004.
2

A tecnologia oferece melhorias que sem dúvida são revertidas nos


resultados finais do processo de trabalho na parte material, porém parece que há
uma contradição, pois na medida em que se reduz o tempo necessário para o
desenvolvimento das tarefas no trabalho, em função dos recursos que se tem,
diminui a dedicação à convivência, ao diálogo, ao lazer, ao autoconhecimento,
quando deveria ter aumentado.
Mas o que se vê são relações cada vez mais superficiais, principalmente
no ambiente de trabalho, o envolvimento se limita apenas nas questões
relacionadas ao serviço, às relações hierárquicas são muitas vezes ainda mais
distantes, dificuldades estas que tem gerado falta de estímulo na realização do
trabalho, baixa auto-estima, estresse emocional, doenças psicossomáticas como
dores de cabeça, gastrite, entre outras, que prejudica o trabalhador ampliando-se
para as relações pessoais.
Por isso, os estudos e discussões acerca deste assunto devem ser
contínuos, pois o ser humano está em constante evolução, sendo essencial o
investimento na melhoria destas relações. Desenvolver o equilíbrio emocional no
setor de trabalho requer das pessoas participante dedicação e esforço para
superar todos os conflitos, a também de se propor a valorização de cada
indivíduo, apontar suas qualidades, gerando profissionais capacitados
tecnicamente e emocionalmente.

MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa realizada tem foco bibliográfico através da revisão da literatura
na área de psicologia e administração, sendo utilizada a busca manual em livros e
artigos, e também on-line através de sites, sendo a questão norteadora as
relações interpessoais no trabalho e o reflexo na vida do trabalhador e da
organização. Para a busca foram utilizadas as seguintes palavras-chave: trabalho,
comunicação, equilíbrio, relação interpessoal.
Foram utilizados como critério de inclusão os estudos da língua
portuguesa publicados no período de 1995 – 2010, sendo utilizados autores como
Goleman (1995), Steiner (2001), Casado (2002), Chiavenato (2009) e Moscovici
(2010). O período de coleta de dados foi entre os meses de outubro de 2011 e
janeiro de 2012.
3

Para Marconi e Lakatos, (2003 apud BIAZIN; SCALCO, 2008, p.76) “a


pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi escrito sobre certo
assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem,
chegando a conclusões inovadoras”.
Todo material obtido foi submetido à leitura cuidadosa e a análise
apresentada de forma descritiva.

Relação Interpessoal no Trabalho


As relações interpessoais se desenvolvem através da interação de cada
indivíduo no ambiente de trabalho, através da comunicação que envolve a
transferência de significado de uma pessoa para outra, quando existe uma
alternância nesta ação, pode-se atingir o respeito, amizade e colaboração. Para
Moscovici (2010, p.69) “[...] sentimentos negativos de antipatia e rejeição tenderão
à diminuição das interações, ao afastamento, à menor comunicação, repercutindo
desfavoravelmente nas atividades, com provável queda de produtividade”. Na
medida em que as relações aumentam, os sentimentos são influenciados na
realização do trabalho, quando são positivos podem gerar mais amizade e
melhorar a produção da execução das tarefas, ao contrário, o sentimento negativo
afasta as pessoas, o indivíduo torna-se áspero e sem possibilidade de
aproximação.
Dentro deste contexto, Chiavenato (2009, p.156) afirma:
a comunicação constitui a primeira área a ser focalizada no estudo das
interações humanas e métodos de mudança do comportamento humano.
[...] É também o ponto de maiores desentendimentos e conflitos entre
duas ou mais pessoas, entre membros de um grupo, entre grupos e
dentro da organização como um sistema.

Relacionar com pessoas significa aproximar e trocar informações, quando


surge o diálogo, aparece também as diferenças que tem forte influência no
contato interpessoal e no comportamento profissional. Para Casado (2002, p.272)
“distúrbios na comunicação são encontrados em todos os segmentos e níveis
hierárquicos das empresas. Não há quem não apresente um exemplo de
problema ocasionado por falha do processo de comunicação”.
Ainda sobre as dificuldades na comunicação, Moscovici (2010, p. 70)
expõe:
4

se as diferenças são aceitas e tratadas em aberto, a comunicação flui


fácil, em dupla direção, as pessoas ouvem as outras, falam o que
pensam e sentem, [...]. Se as diferenças são negadas e suprimidas, a
comunicação torna-se falha, incompleta, insuficiente, com bloqueios e
barreiras, distorções e “fofocas”. As pessoas não falam o que gostariam
de falar nem ouvem as outras, só captam o que reforça sua imagem das
outras e da situação.

Quando no ambiente de trabalho torna-se claro o desejo de cada pessoa


e compreendem-se as diferentes formas do outro ver a mesma situação, ambos
podem planejar a maneira de atingirem os seus objetivos, facilitando assim, a
harmonia no relacionamento e no desenvolvimento das atividades, que é
essencial para atingir a competência na comunicação interpessoal de uma
organização.
Hoje vive-se muitas dificuldades neste tipo de comunicação, devido ao
isolamento das pessoas, onde o indivíduo tem facilidade em buscar informações
ou se acomodar através dos meios de comunicação, como: televisão, rádio,
jornais e revistas. Este tipo de comunicação é algo fácil e cômodo, porque
somente recebe-se a informação, não há um diálogo, e neste contexto as
pessoas já não têm mais habilidades na comunicação interpessoal. Segundo
Casado (2002, p. 272) “comunicar significa também repartir, compartilhar, é ação
entendida como um processo de socialização e de evolução humana tanto em
forma como em conteúdo”. Atualmente se vive em um ambiente onde o indivíduo
acostuma-se a comunicar através de e-mail, MSN, celular..., e até prefere que
existam estas formas de comunicação, para não ter que enfrentar uma conversa
pessoal. Dentro deste contexto, Steiner e Perry (2001, p.47) afirmam: “atualmente
está cada dia mais difícil aprender a falar das próprias emoções, pois muitos
consomem seus dias de trabalho em contato íntimo com máquinas, como os
computadores, e não com pessoas”.
Esta dificuldade na comunicação interpessoal gera um desconforto nas
pessoas, que são inseguras e ansiosas em seus ambientes de trabalho, a falta de
honestidade e responsabilidade nas conversas tem causado sérios problemas
nestes locais, como relata Waschowicz (2010, p. 383) “não há como caracterizar
a personalidade das pessoas em boas ou ruins, fortes ou fracas”;
Dentro deste mesmo contexto Kanaane (1999, p. 85) afirma:

para que haja a contribuição total dos indivíduos no ambiente de


trabalho, é imprescindível compreendê-los, detectar seus motivos e
5

acionar meios para envolvê-los e comprometê-los nas situações de


trabalho. Isto é possível através do diálogo franco e da predisposição
para reconhecer que os indivíduos são diferentes.
Para que o indivíduo encontre o equilíbrio na relação interpessoal, faz-se
necessário ser um bom ouvinte, que não se deixa influenciar pelas idéias
preconcebidas do outro, não se pode e nem se tem o direito de caracterizar as
pessoas, por uma primeira impressão ou até por um momento de irritação ou
desequilíbrio.
Quando a pessoa tem a docilidade de saber ouvir e de se colocar no lugar
do outro, este relacionamento tem muito a progredir, o fato é que nem todos têm
esta facilidade. Para Waschowicz (2010, p. 442) “o uso da empatia não é uma
técnica fácil, requer que as pessoas, gestores ou funcionários, busquem a
melhoria nos relacionamentos através do respeito mútuo, expresso na
consideração pela forma de ser e pensar dos demais”.
Procurar desenvolver o equilíbrio no trabalho, não é fácil devido ao
momento atual, cada vez mais competitivo, porque é necessário esforçar-se para
conseguir um espaço favorável tanto profissional quanto de satisfação pessoal.
Assim, as possibilidades de entender o lado emocional do outro fica cada vez
mais distante, devido à falta de estudos e assuntos que tratam da psicologia, isto
tudo mostra que é de responsabilidade de cada indivíduo aperfeiçoar seus
conhecimentos para que o ambiente de trabalho produza seres humanos capazes
de lidar com as suas próprias emoções e as dos outros.
Como relata Waschowicz (2010, p. 377):
as pessoas que apresentam dificuldades de estabelecer equilíbrio sobre
sua vida emocional acabam apresentando dificuldades na capacidade de
concentração e atenção no trabalho. Há redução no raciocínio lógico, na
percepção do todo, dificuldade de comunicação clara e objetiva porque o
foco está direcionado para o emocional.

Pode-se constatar que a empresa está preocupada com as tarefas, no


desempenho lucrativo, na agilidade e na rapidez da execução das mesmas
atividades, diante desta velocidade, surge o questionamento de que o ser humano
não deve ser visto como máquina e sim como pessoa que tem emoções, e

quando não estão equilibradas, podem afetar todo o gerenciamento e bom

funcionamento de uma organização. Pois, como afirma Chiavenato (2009, p.1)


“basicamente, as organizações são constituídas de pessoas”.
6

Diante deste fato, as organizações precisam trabalhar e gerenciar da


melhor forma o controle das emoções de seus funcionários, porque alcançará um
excelente resultado no comportamento dos mesmos dentro do ambiente de
trabalho. É um investimento que no futuro pode gerar muito lucro tanto financeiro
como em qualidade de vida para os profissionais.

O Feedback nas Relações Interpessoais


O feedback nas relações humanas é um assunto de grande importância,
sobretudo, nas relações interpessoais no local de trabalho, porém na prática,na
maioria das vezes é necessário um longo caminho para que o mesmo seja eficaz,
pois de certa forma a sociedade brasileira foi educada a não receber críticas e
quando a mesma ocorre tende a ser recebida de forma dolorosa, gerando até
mesmo mágoa e comentários inoportunos. Por outro lado, a crítica é realizada em
alguns momentos com demasiado cuidado, justamente para não gerar
desconforto, em outros momentos é realmente de alguma forma agressiva e em
outros ainda o indivíduo evita dar a crítica para não ser criticado.
Sobre estas dificuldades, Chiavenato (2009, p.153) relata que:

além de tudo isso, o processo de comunicação humana está sujeito a


chuvas e tempestades. É que existem barreiras que servem como
obstáculos ou resistências à comunicação entre as pessoas. São
variáveis que intervêm no processo de comunicação e que o afetam
profundamente, fazendo com que a mensagem tal como é enviada se
torne diferente da mensagem tal como é recebida.
Geralmente os momentos de feedback acabam acontecendo para apontar
os erros e defeitos, deixando-se de lado de ressaltar as ações que foram bem
executadas, que tiveram êxito, portanto tem que se haver um preparo tanto de
quem dá o feedback como de quem recebe. Para Lima e Teixeira, (2000, p.109)
“esse tipo de conduta - que evita a crítica e que, quando a faz, superestima os
defeitos e subestima as qualidades - tem sua origem na própria história social”.
Segundo Moscovici (2010, p.94)

no processo de desenvolvimento da competência interpessoal, feedback


é um processo de ajuda para mudanças de comportamento; é
comunicação a uma pessoa, ou grupo, no sentido de fornecer-lhe
informações sobre como sua atuação está afetando outras pessoas.
Feedback eficaz ajuda o indivíduo (o grupo) a melhorar seu desempenho
e, assim, alcançar seus objetivos.
7

Para que estas informações sejam boas é preciso ter abertura em dar e
receber feedback, quando as pessoas estão abertas para trocar experiências,
sem a necessidade de mostrar-se melhor que as outras, o contato torna-se
possível, devido ao espaço que é dado.
De acordo com Lima e Teixeira (2000, p.110)

toda ação (comportamento) precisa de uma avaliação para, se mal-


sucedida, verificar onde se localiza o problema e poder corrigi-lo,
recolocando a ação no rumo planejado e, se bem-sucedida, ser repetida,
facilitando a caminhada aos resultados desejados.
Nota-se que a busca de alternativas para solucionar ações que se deseja
não acontecer novamente, é um trabalho duro, que requer das pessoas
participantes a vontade de olhar além. Só pensar no momento presente, nos
próprios interesses e não no interesse da organização, torna-se muito difícil
alcançar um feedback eficaz, é preciso planejamento, construir cada passo no
momento oportuno, aprendendo com os erros e acertos que as relações
interpessoais oferecem, conquistando assim a cada dia a melhoria destas
relações, acrescentando aprendizados em todas as áreas da vida e incentivando
o indivíduo a buscar o desenvolvimento do outro.
Os mesmos autores citam:

feedback é a verificação de resultados realizada periodicamente (sempre


que necessária) que tem como finalidade reconhecer os acertos,
estimulando a manutenção do rumo planejado, ou constatar as
dificuldades, realizando as correções necessárias (LIMA; TEIXEIRA,
2000, p.111).
É preciso dar direção correta para que o feedback atinja o seu objetivo,
quando o outro não está preparado para receber, não adianta insistir pois acabará
por ocasionar uma situação desagradável, por isso a importância de se perceber
o momento exato de se realizar a crítica necessária, não exigindo assim a
aceitação do outro, pois isto será uma conquista gradual.
Dentro deste contexto Moscovici (2010, p.98) afirma “quando recebemos
feedback de uma pessoa, precisamos confrontá-lo com reações de outras
pessoas para verificar se devemos mudar nosso comportamento de maneira geral
ou somente em relação àquela pessoa”.
Para desenvolver esta habilidade de conhecer o comportamento das
pessoas, busca-se a necessidade de ter uma observação daquilo que o outro está
sentindo, quando o indivíduo tem esta capacidade pode-se compreender melhor
8

as pessoas, pois, as comunicações podem ser através de vários gestos e reações


que transmitem muito mais do que expressões de palavras. Para Moscovici
(2010, p.84) “busca de feedback: consiste em solicitar e receber reações dos
outros, em termos verbais ou não-verbais, para saber como o seu comportamento
está afetando os outros, isto é, ver-se com os olhos dos outros”.

Comunicação Verbal e Não Verbal no Trabalho


A comunicação não verbal no ambiente de trabalho retrata uma das
atitudes mais importantes da linguagem, onde não há emissão de palavras, mas é
o próprio corpo que fala, a expressão facial é a mais comunicativa, ou até
interativa, como relata Weil e Tompakow (2010, p. 47) “sobrancelhas levantadas
significam: surpresa, espanto, alegria; ou até lábios para baixo: desprazer,
tristeza, insatisfação”.
Diante da colocação destes autores, pode-se analisar como é válido ser
cauteloso com relação aos gestos faciais nas comunicações interpessoais, um
fato importante de ser analisado porque qualquer pessoa tem a capacidade de
notar estes tipos de expressões nas comunicações entre as pessoas.
Para Steiner e Perry (2001, p. 88), “[...] as pessoas podem ser levadas a
sentir medo, raiva, vergonha e outras emoções negativas, certamente podem ser
estimuladas a desfrutar as emoções de alegria, amor, orgulho e esperança”. Nota-
se certa ligação entre gestos e sentimentos que cada indivíduo pode influenciar
na vida do outro, conforme os seus atos, negativos ou positivos.
Sobre este tipo de comunicação a autora Moscovici (2010, p. 67) afirma:

assim, um olhar, um sorriso, um gesto, uma postura corporal, um


deslocamento físico de aproximação ou afastamento constituem formas
não-verbais de interação. Mesmo quando alguém vira as costas ou fica
em silêncio, isto também é interação – e tem um significado, pois
comunica algo aos outros. O fato de ‘sentir’ a presença dos outros já é
interação.
Quando se chega ao local de trabalho, o que se espera é ser bem
recebido, e no olhar ou no tom de voz, deduz o estado emocional daquele
indivíduo, muitas vezes até se julga mal, pois não se sabe o que a pessoa
vivenciou durante aquele dia, mas o ditado diz: “o problema é meu, mas a cara é
dos outros”, diante desta colocação é preciso valorizar este tipo de linguagem no
trato com as diversas pessoas em um ambiente profissional.
9

“O processo de interação humana é complexo e ocorre permanentemente


entre pessoas, sob forma de comportamentos manifestos e não-manifestos,
verbais e não-verbais, pensamentos, sentimentos, reações mentais e/ou físico-
corporais” (MOSCOVICI, 2010, p.67).
A dificuldade das pessoas de expressar as próprias emoções tornou-se
um grande problema na comunicação, é como se os indivíduos tivessem perdido
a maior referência que é o diálogo, as pessoas se entendem na medida em que
conversam e trocam experiências e até no contato, pode até ser físico, pois, em
um determinado momento a pessoa necessita de um abraço ou aperto de mão,
este contato faz a diferença e colabora muito na comunicação, auxiliando para
que a conversa seja prazerosa.
Como relata Moscovici (2010, p. 70) “[...] se a idéia de cada um é ouvida,
e discutida, estabelece-se uma modalidade de relacionamento diferente daquela
em que não há respeito pela opinião do outro, quando idéias e sentimentos não
são ouvidos [...]”. Cada indivíduo deve pensar o que realmente a pessoa está
querendo dizer, e até em outra oportunidade questionar sobre o assunto, se ficou
bem entendido ou não, porque na maioria das vezes está agindo com o
emocional, talvez esteja trazendo algo familiar ou pessoal para dentro do contexto
profissional.
De acordo com Oliveira (1997 apud WACHOWICZ, 2010, p. 448):
a comunicação humana sem dificuldades é absolutamente impossível,
pois transmitimos mensagens de acordo com a nossa maneira de ser e
de ver o nosso mundo. Os outros captam a partir de suas maneiras de
ser e interpretam os mesmo fatos sob óticas diferentes.

Sem dúvida a comunicação tem suas limitações, por isto tem que se estar
atento aos gestos e expressões da outra pessoa, devendo ter atitudes de
reconhecer suas emoções e reações, pois estas muitas vezes não são
verbalizadas e através desta convivência, um ajuda o outro a esclarecer os seus
sentimentos e idéias, sendo assim, mais eficiente à comunicação.

EDUCAÇÃO EMOCIONAL NO TRABALHO


Para que o indivíduo seja educado emocionalmente é preciso ser íntegro,
nos diversos ambientes em que se vive, às vezes situações em que não se
desejaria estar presente naquele local ou momento, mas, tudo o que acontece
10

tem um porque ou para que, deve-se analisar as emoções no determinado


instante em que ocorrem conforme o que Goleman (1995, p. 284) cita:

compreender os sentimentos dos outros e adotar a perspectiva deles, e


respeitar diferenças no modo de as pessoas encararem as coisas. [...]
distinguir entre o que alguém diz ou faz e nossas reações e julgamentos;
ser mais assertivo que raivoso ou passivo.
Neste contexto é preciso discernir o que fazer, falar ou agir, é preciso
cautela, organizar-se interiormente, pois, este é um campo onde nem mesmo as
pessoas conhecem-se. O ditado popular diz: “A educação vem de berço”, e a
educação emocional, vem de onde? Este seria um questionamento para cada
pessoa. Ter-se a preocupação com os estudos da ciência e da psicologia e
outros, várias são as possibilidades de obter explicações a respeito da questão,
mas levando para vida pessoal de cada profissional em saber o que fazer nas
situações que causam um descontrole emocional, e até frustrações. Este seria o
campo de batalha, para sair vitorioso de uma guerra é preciso conhecer o
adversário, neste caso também é importantíssimo, ter um conhecimento da
psicologia (inconsciente), que Freud (apud MORAES, 2008, p. 17) “deu-lhe a
primeira definição psicológica. Figurou-o semelhante a um iceberg, que mantém
dois terços de seu volume abaixo do nível do mar, exatamente o que
corresponderia ao inconsciente”. Seria um campo desconhecido, um computador
de grande capacidade de armazenamento, onde na maior parte das vivências
estão guardados fatos positivos e negativos, é também um setor onde não se tem
acesso, seria muito difícil chegar ao subconsciente.
Ainda sobre o inconsciente, a autora relata:

[...] E devemos contar também com as inesperadas interferências da


personalidade de nossos antepassados, registradas em nosso
inconsciente, as quais frequentemente nos incutem reações ou
compreensões totalmente desconhecidas de nossa maneira de ser
(MORAES, 2008, p.523).
Hoje já existem alguns métodos, como: ADI-Abordagem Direta do
Inconsciente (MORAES, 2008, p.181) que ajudam as pessoas a trilharem o
caminho para descobrir algo acontecido no passado e que repercute de alguma
maneira em sua vida presente.
Segundo Steiner e Perry (2001, p. 23)

ser emocionalmente educado é ser capaz de lidar com as emoções de


modo a desenvolver seu poder pessoal e a qualidade de vida que o
11

cerca. A Educação Emocional amplia os relacionamentos, cria


possibilidades de afeto entre as pessoas, torna possível o trabalho
cooperativo e facilita o sentido de comunidade.
O autor revela que para obter esta educação é preciso encontrar um
poder pessoal que está dentro de cada pessoa, e nenhuma é igual à outra, cada
pessoa desenvolve suas habilidades, e das diversas vezes no relacionamento
com outras pessoas, ninguém vive sozinho em uma ilha, é preciso ter a coragem
de sair das acomodações, e ir ao encontro do outro, mesmo que este encontro
seja por algo até negativo.
O mesmo autor ainda retrata que:
um grande número de pessoas não consegue definir sentimentos de
amor, vergonha ou orgulho, nem a razão para o surgimento dessas
sensações indefinidas. As mesmas pessoas mostram-se frequentemente
incapazes sequer de informar a intensidade de suas emoções, mesmo
quando lhes pedem para classificá-los com sutis, intensas ou
esmagadoras. Se não for capaz de avaliar a potência de seus
sentimentos, você não poderá definir até que ponto esses sentimentos o
estão influenciando, e àqueles que o cercam (STEINER; PERRY, 2001,
p. 33).

Portanto, quando o indivíduo é capaz de avaliar os seus sentimentos,


aumentam-se as possibilidades e as oportunidades das pessoas conhecerem-se,
e nesse relacionar, é descoberto que um precisa do outro, ninguém é perfeito
cada um tem suas qualidades e defeitos e desta forma, aperfeiçoam-se os
relacionamentos. Pois, como descreve Chiavenato (2009, p.146) “as pessoas não
vivem isoladas e nem são auto-suficientes. Elas se relacionam continuamente
com outras pessoas e seus ambientes pela comunicação”.
Ter a capacidade de ser educado emocionalmente, não é para qualquer
um, mas seria de todos aqueles que tentam construir um ambiente melhor para se
conviver seja profissional ou pessoal.

O Desgaste Humano na Realização do Trabalho


Vivencia-se no mundo atual certo avanço com relação à prevenção das
doenças causadas, do tipo ocupacionais no trabalho, entre elas o estresse. Seus
sintomas podem gerar doenças físicas tanto quanto psíquicas, há uma busca para
solucionar os problemas físicos como a fadiga, dores no corpo, aceleração
cardiovascular, alterações intestinais e outras; que podem causar um desconforto
na vida profissional.
12

As pessoas saudáveis, segundo Maslow (apud CASADO, 2002, p. 252)


têm o desejo de uma avaliação positiva e estável de si mesmas, de auto-
respeito e auto-estima, além de apreciação dos demais. A satisfação
dessas necessidades leva a sentimentos de autoconfiança, valor, força e
percepção de ser útil no mundo, enquanto sua frustração gera
sentimentos de inferioridade e impotência que podem originar reações
não só negativas como também neuróticas.

Devido à instabilidade que o funcionário vive em seu ambiente de


trabalho, estas situações geram desconforto no indivíduo que vive em um estado
de tédio, onde não tem capacidade de resolver as situações sozinhas e nem
desenvolver o seu trabalho, um problema no qual a pessoa se torna incapaz.
Dentro deste contexto, Limongi-França e Arellano (2002, p.300)
descrevem que
a saúde não é apenas ausência de doença, mas o completo bem-estar
biológico, psicológico e social. [...] e abre um campo significativo para a
compreensão dos fatores psicossociais na vida moderna e,
especificamente, no desempenho e na cultura organizacional da saúde
no trabalho.

Quando o profissional está doente, existe a probabilidade da não


aceitação que necessita de ajuda, esta resistência por parte da pessoa é a
situação mais complicada de se resolver. Observando um setor de trabalho onde
vive uma pessoa doente, pode-se imaginar como é difícil a comunicação e a
convivência, e dizer que isto é algo desgastante, um incômodo para todos os que
convivem neste lugar.
De acordo com Malasch e Leiter (1999, p. 34):

o desgaste físico e emocional é o índice de deslocamento entre o que as


pessoas são e o que elas têm de fazer. Ele representa uma erosão de
valores, da dignidade, do espírito e da vontade, uma erosão da alma
humana. É um mal que se espalha gradual e continuamente, através do
tempo, jogando pessoas numa espiral descendente da qual é difícil sair.
Dentro deste contexto, observando o trabalho hoje como um meio de
sobrevivência, em que as empresas exigem que o profissional esteja sempre
presente, porque os objetivos da empresa nas diversas vezes estão visando o
lucro e não se preocupa com a vida pessoal do indivíduo, e sim, o quanto àquele
profissional pode beneficiar em questões lucrativas, diante disso, a sobrecarga
excessiva de trabalhos e cobranças, não dando espaço para o lado humano e a
pessoa é comparada a uma máquina.
13

Isto também pode ser evidenciado através da colocação de Kanaane


(1999, p. 103)

o trabalhador representa-se como parte do objeto material da empresa,


sendo raros os casos em que tal percepção não se confirma. Essa
“coisificação” aliena ainda mais o trabalhador, tornando-o um objeto em
face de si mesmo e do contexto social mais amplo. Dessa forma, o
“homem contemporâneo” corre o risco de transformar-se num “homem
revoltado”, pois frequentemente se vê exposto às condições de
frustração e de angústia.
Outro fato é a exigência de qualificação profissional. Os profissionais
precisam estar bem preparados para o mercado de trabalho. É preciso saber mais
do que o cargo no qual a pessoa ocupa o exige, pois, muitas pessoas hoje em
dia, são formadas, então há uma grande concorrência. O indivíduo que procura
uma melhor formação, que tem um diferencial, que sabe outros idiomas, um bom
currículo e tem mais experiência, este profissional tem a capacidade de competir
e mesmo assim, ele precisa se destacar entre os outros, porque o grau de
conhecimento das diversas vezes é o mesmo. Diante do exposto, as pessoas
precisam ir ao encontro de novas técnicas e novos conhecimentos, e nesta
corrida que ficam desgastadas, já não tem tempo para vida familiar, vida pessoal
e descanso, esta exigência da vida profissional gera cada vez mais pessoas que
não dialogam e nem tem tempo para diversão, fato que é essencial para
realização pessoal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Verificou-se que a comunicação interpessoal é importantíssima para o
bom desempenho de profissionais no ambiente de trabalho, quando no setor as
pessoas se olham e se comunicam contribuem para o desenvolvimento das
tarefas com rapidez e eficiência.
Compreendeu-se também que a dificuldade neste tipo de comunicação
tem certa ligação com o isolamento das pessoas e o não saber lidar com as
diferenças, pois ao melhorar as relações humanas se adquire o equilíbrio entre os
envolvidos e a organização.
Reconheceu-se a dificuldade na realização de feedback nas relações
interpessoais no trabalho, pois os indivíduos não estão preparados para receber
ou dar críticas, porém o investimento neste tipo de avaliação deve ser contínuo
14

para se alcançar êxito nas relações humanas e nos resultados finais do processo
de trabalho, pois se alcançando um feedback eficaz pode-se observar os acertos,
estimulando a manutenção das ações ou descobrir as dificuldades, realizando
assim as correções necessárias.
Entendeu-se também que na comunicação verbal e não-verbal é preciso
um esforço de cada indivíduo, em se colocar no lugar da outra pessoa, querer
tratar bem, saber ouvir, poder discutir as idéias e sentimentos. Agindo assim,
alcança-se um ambiente harmonioso. Quanto aos gestos, pode-se notar que o
mesmo tem grande eficácia na comunicação, mesmo sem a emissão de palavras,
pois, pode concluir-se o estado emocional da pessoa no relacionamento com o
outro.
Constatou-se que no campo das emoções pouco se conhece, as pessoas
precisam adquirir o equilíbrio no trato com o outro no setor de trabalho, algumas
das dificuldades se relacionam com situações não resolvidas no passado, que no
momento atual refletem de forma negativa ou positiva. É preciso que o indivíduo
procure desenvolver da melhor maneira aptidões no expressar os seus
sentimentos, pois, tem a oportunidade de surgir novas amizades e de ampliar a
sua área de conhecimentos tanto profissional como pessoal. Deduziu-se que o
indivíduo precisa controlar as suas necessidades interiores e procurar ajuda
através da psicologia de conhecimentos que possam colaborar na saúde física e
emocional.
Nota-se hoje, muitos profissionais que desenvolvem doenças
ocupacionais, devido ao desgaste no trabalho, as pessoas têm que mostrar
resultados, não podendo dar pausas devido à produtividade, onde o indivíduo não
se sente valorizado enquanto ser humano. Diante desta situação inicia-se um
desgaste tanto emocional quanto físico, pois, se o indivíduo não está bem em sua
área emocional seu corpo também reage. O mesmo acaba retirando do
trabalhador a motivação necessária na realização das tarefas, pois o ser humano
tem o desejo de ser incentivado e respeitado.
Portanto, encontrar o equilíbrio nas relações interpessoais no local de
trabalho, é o caminho para possibilitar um ambiente harmonioso e propicio no
desenvolvimento das tarefas, alcançando assim, os resultados esperados, pois, o
recurso humano é o bem mais valioso de uma organização.
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Pelos conteúdos aqui abordados, aponta-se que a melhoria na relação


interpessoal dentro do ambiente de trabalho favorece no desenvolvimento das
atividades de uma organização, pois, quando os indivíduos conseguem superar
as diferenças que são naturais entre as pessoas, e estas são discutidas e aceitas
pelo outro, consegue-se chegar ao equilíbrio emocional e os objetivos da empresa
são atingidos com maior rapidez e eficácia.
Sabendo-se das dificuldades que se tem nas comunicações, se faz
necessária a busca constante de melhorá-las, devendo estar atento às reações
do outro através dos seus gestos e expressões, percebendo-se assim o que o
indivíduo muitas vezes quer dizer. A dificuldade de lidar com as próprias emoções
e anseios é um dos fatores que mais prejudica o sucesso desta relação.
Após a breve colocação sobre o desgaste físico e emocional que o
trabalho muitas vezes causa ao indivíduo, devido às exigências da vida moderna,
percebeu-se que esta cobrança tem gerado no trabalhador insatisfação e
insegurança na execução das tarefas.
É necessário que as organizações se envolvam no aperfeiçoamento das
relações de seus colaboradores, sempre visando à valorização da pessoa
humana, pois ao ser tratado com respeito e dignidade, o indivíduo se sente útil e
consegue desempenhar com muito mais motivação e comprometimento as suas
atividades profissionais. Deve-se sempre acreditar na melhoria das relações
humanas e buscar a integração entre as pessoas.

REFERÊNCIAS

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