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Cirurgia minor e de acesso


Fase de controlo sistémico,
SEQUÊNCIA DE TRATAMENTO PERIODONTAL de fatores gerais. Estas fases intervenção):
FASE 1.  sistémica e de controlo de placa supragengival; são obrigatórias em todos os Se INR ≤ 2, não suspender, mas
doentes.
FASE 2.  instrumentação subgengival. A maioria das depende da intervenção;
pessoas ficam controladas nesta fase. Se INR > 2, heparinizar (lovenox
FASE 3.  corretiva. A fase corretiva não é obrigatória em todos os 1mg/kg), suspende 3-6 dias antes da
doentes! A fase 3 facilita a remoção de depósitos intervenção + heparina injetável, no
subgengivais, controlo de placa pelo doente e, dia seguinte à cirurgia varfin +
concomitantemente, promove a saúde do periodonto em lovenox.
longo prazo.
FASE 4.  TPS. Os anticoagulantes podem ser a
varfin, pradaxa ou xarelto. Nos
O verdadeiro tratamento da periodontite é o tratamento não novos anticoagulantes pode-se
cirúrgico! Nesta 2ª fase, conseguimos controlar uma série suspender 24h antes da intervenção
de fatores de risco do paciente, fatores de inflamação da e retomar no dia seguinte, em
boca e dos dentes e conseguimos baixar a inflamação doentes com necessidade de baixo
drasticamente (e é o que nos interessa nesta fase). nível de anticoagulação.

Contudo, em algumas pessoas, existem locais onde esta fase Por norma, não suspendemos os
não é suficiente e o tratamento é refratário. Nestes casos, a anti-agregantes como o AAS,
fase 3 é fundamental e necessária. Para passarmos para a ticlopidina e clopidogrel, mas pode
fase 3 tem de haver condições para isso  controlo ser importante para melhorar
sistémico, doente empenhado e colaborante, ... condições de visualização
operatória.
O paciente valoriza mais o que fizemos até a fase 2 (dentes
reduziram a mobilidade, deixou de sangrar, aspeto de gengiva mais
saudável, ...). A partir daqui (fase 3), temos um controlo mais
As tetraciclinas são contraindicadas
particular da doença e então os doentes não valorizam tanto devido à interferência com a
(a não ser que seja cirurgia plástica gengival como em casos de recessões) .
formação de protrombina.
Endocardite e Profilaxia antibiótica (statement ADA
FATORES QUE INFLUENCIAM O RESULTADO DO transplantados 2003).
2 gr amoxicilina ou 600 mg
TRATAMENTO PERIODONTAL
clindamicina 1h antes.
 Higiene oral; Tetraciclinas e eritromicina não
 Motivação do paciente; são recomendáveis para profilaxia
 Condições sistémicas; Ab.
 Suscetibilidade genética; Bochechos prévios com CHX
 Fatores ambientais; 0,2%.
 Idade e sexo; Ciclosporina A, é o fármaco
 Experiência do clínico; imunosupressor mais utilizado.
 Microbiologia; Discrasia Doentes com leucemias agudas,
 Tipo de tratamento; sanguínea agranulocitose, linfogranulomatose
 Potencial de cicatrização; NÃO devem ser sujeitos a
 Características locais; cirurgia periodontal.
 Instrumental. Anemias leves ou moderadas não
excluem procedimentos cirúrgicos.
CONTRA INDICAÇÕES SISTÉMICAS Abordagens a anemias mais severas
Praticamente não existem contraindicações absolutas para a e pouco compensadas devem ser
cirurgia periodontal, exceto algumas situações restritas. articuladas com médico especialista.
Abordagens com patologias pouco compensadas devem ser Patologia Doentes diabéticos controlados
articuladas com o médico especialista. hormonal podem ser sujeitos a cirurgia
periodontal.
Hipertensão Normalmente não é impeditivo para Tratamentos crónicos com
Angina de peito a cirurgia periodontal corticosteroides podem levar a
Uso de anestésicos sem ou com alterações da função adrenal com
baixa concentração de adrenalina resistência reduzida a stress físico e
Seringa com aspiração previne psíquico. As doses terapêuticas
injeção intravascular podem ter de ser alteradas durante o
Pré-medicação com sedativos período da cirurgia periodontal.
Enfarte do Não deve ser sujeito a cirurgia
miocárdio periodontal nos 6 meses após ALGORITMO DE SELEÇÃO
hospitalização
Coordenação com o cardiologista
Anticoagulantes Monitorização do tempo de
protrombina (se necessário ajustar
tratamento anticoagulante 2-3 dias antes da

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O acúmulo de placa leva à inflamação gengival e ao aprofundamento da


bolsa periodontal que, por sua vez, aumentam a área de acúmulo de placa .

CIRURGIA PERIODONTAL MINOR 


GENGIVECTOMIA E FRENECTOMIA
Gengivectomia
Cirurgia para eliminação de bolsas profundas patologicas
supraósseas por excisão de tecido gengival (mole) e para
remodelar um contorno gengival anómalo, como crateras
gengivais ou hiperplasias (nestes últimos casos a técnica é
frequentemente designada de gengivoplastia).
Robicsek 1884; Zentler 1918; Goldman 1951

A Gengivoplastia  melhoramos o contorno gengival.


A Gengivectomia  eliminamos tecido mole da parede da
O doente tem de ser colaborante, vir sempre às consultas,
bolsa. Levantamos retalhos para aceder aos locais afetados.
higienizar corretamente, fazer um bom controlo de PB
supragengival.
Limites clínicos:
 Eliminação parcial de tecido queratinizado;
O doente SÓ pode fumar  10 cigarros por dia. Por
exemplo, se tivermos um doente que fume 20 cigarros por  Extremidade apical da bolsa coronal à LMG;
dia, não vamos avançar para a fase cirúrgica, mas vamos ter  Sem envolvimento ósseo (incisão supraóssea);
de controlar e evitar que a doença progrida.  Sem levantamento de retalho;
 Aumento da exposição da coroa clínica.
Um doente que seja muito ansioso e stressado, podemos ter
de esperar para avançar para a fase cirúrgica. Gengivectomia a bisel externo:
Na Gengivectomia a bisel externo, cortamos a gengiva em
PRINCÍPIOS DE TRATAMENTO excesso a 45º.
1. Abordagem conservadora:
Ênfase numa adequada instrumentação da superfície Neste caso temos 2 grandes riscos  posso expor osso com
Cirurgia
estedecorte,
reduçãocriando
da bolsa
fenestrações ósseas, e também estou a
radicular (curetagens ou raspagens abertas)
2. Abordagem ressetiva: eliminar gengiva aderente.
Ênfase no restabelecimento cirúrgico de uma estrutura Este tipo de Gengivectomia a bisel externo só pode ser feito
dento-gengival conceptualmente ideal. se eu tiver uma banda de gengiva aderente grande!
Eliminar tecido mole ou duro, de propósito, para restaurar a anatomia
(próxima do original). 0- Coágulo sobre a superfície local cirúrgica
3. Abordagem regenerativa: 24h Células epiteliais da margem
Regeneração dos tecidos de suporte danificados e perdidos. do tecido migram até ao tecido
de granulação, tendo origem
A terapia cirúrgica da bolsa periodontal pode ser no estrato basal
direcionada para:
1. Acesso cirúrgico para assegurar a remoção de todos
os irritantes da superfície do dente;
2. Eliminar ou reduzir a profundidade da bolsa
periodontal. 24-  angioblastos sob a camada de tecido inflamado
72h
A eficiência da terapia periodontal é afirmada no sucesso >  fibroblastos sob a camada
da completa eliminação de cálculo, placa e cemento alterado 72h de tecido inflamado
da superfície dentária. Numerosos estudos mostraram que a O tecido de granulação
dificuldade desta tarefa aumenta quando as bolsas são mais (muito vascularizado) cresce
profundas. A presença de irregularidades na superfície coronalmente.
radicular também aumenta a dificuldade do procedimento. Os capilares, derivados dos
Quanto mais profunda a bolsa periodontal, maior a vasos sanguíneos do
superfície a ser raspada, mais irregularidades aparecem ligamento periodontal,
sobre a superfície radicular e o acesso é dificultado. A migram até ao tecido de granulação e unem-se
presença de furca criará também problemas insuperáveis com os vasos gengivais (até às 2 semanas).
para a raspagem da superfície radicular. Às 3 semanas vascularização praticamente
normal.
A presença de uma
bolsa periodontal
produz áreas que são
impossíveis para o
paciente manter A cicatrização, neste caso, é feita por 2ª intenção.
limpas, o que Indicações da Aumento do volume gengival e
estabelece o círculo Gengivectomia pseudobolsas (por exemplo, doente
que tome ciclosporinas  AVG);
vicioso.
Aumento da coroa clínica (sorriso
gengival e reabilitação com DO/PF);

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Bolsas supraósseas áreas acesso


limitado;
Fibromatose gengival idiopática
Contraindicações Gengiva aderente fina ou residual
 na qual a incisão irá promover a
remoção integral da zona gengival;
Bolsas infraósseas; (ao nível, ou
abaixo, da junção mugogengival)
Exostoses
Desvantagens Ferida aberta extensa
Cicatrização por 2ª intenção Frenectomia – Freio labial
(0,5mm/dia);
Mais frequente em freios labiais superiores do que
Perda de gengiva aderente;
inferiores. Este freio labial superior possui uma inserção alta
Exposição das margens cervicais,
na base da papila e pode passar até para palatino.
podendo originar sensibilidade e
Estes freios não possuem inserções musculares. Têm apenas
cárie;
a ação feita pelas fibras elásticas envolvidas e inserções
Sequelas estéticas.
supracrestais.

Definição: Banda de tecido, geralmente, de forma triangular


que se estende desde a linha média maxilar da gengiva até
ao vestíbulo e porção média do lábio.

Vantagens Redução da tensão anteriormente


Frenectomia produzida pelo freio;
clássica, Edwards
Aumento da zona da gengiva
1977
aderente;
Ausência de recessão gengival na
zona da papila;
Desconforto mínimo após cirurgia.
Consequências Complicações ortodônticas (recidiva
abertura de diastema);
Problemas protéticos (interferência,
adaptação PPR);
Implicações periodontais
(desenvolvimento, recessões gengivais).
Fazer SEMPRE a frenectomia APÓS tratamento
ortodôntico e APÓS a erupção dos 6ºs (porque estes podem ser
suficientes para o encerramento dos diastemas). Não há freio nenhum
que resista a um encerramento de diastemas com aparelho
ortodôntico.
Incisão triangular de base apical e vértice coronal 

dissecção em espessura parcial  periósteo exposto  no


sentido apical curtamos o freio  se o freio tiver inserção
palatino, antigamente cortávamos a papila a meio, MAS
vamos perder a papila incisal  o que fazemos agora é não
mexer na papila e na base colocamos uma cureta ou foice e
Atualmente, fazemos bisel interno  quando pretendemos eliminamos, por baixo da papila, as fibras supracrestais
levantar retalho, onde eliminamos um pouco de gengiva (desorganizar as fibras).
aderente.
CIRURGIA PERIODONTAL DE ACESSO
Abordagem conservadora do tratamento periodontal.

Objetivo Desbridamento radicular com visão


direta;
Redução ou eliminação de áreas
retentoras de placa  morfologia

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radicular e bolsas;
Eliminação da inflamação periodontal;
Eliminação de tecidos periodontais
doentes;
Melhorar o controlo de PB.
Usada em... Setor anterior  porque não
removemos gengiva  < recessões
pós-operatórias (podemos fazer de 0,5 mm ou 2. Retalho mucoperiósteo:
1 mm); A gengiva é retraída vestibular e lingualmente para expor as
Periodontites avançadas  porque já temos superfícies radiculares acometidas, que são cuidadosamente
pouco tecido, não podemos remover mais  desbridadas. Os defeitos ósseos angulares são curetados.
conservação do periodonto;
Casos de perio-orto  porque já temos O retalho é de espessura total  inclui o periósteo (camada de
pouco tecido, não podemos remover mais  1mm de espessura que reveste o osso), desnudando o osso.
conservação do periodonto. A ponta da lâmina tem de tocar mesmo no osso se não, não vamos
Técnicas Retalho modificado de Kirkland; promover um retalho de espessura total! O descolador depois
Retalho modificado de Widman; descola osso-periósteo e levanta o retalho.
Retalho de preservação da papila.
3. Desbridamento:
Remoção do tecido de granulação (1º) e instrumentação das
Técnica de Kirkland ou retalho modificado superfícies radiculares (2º) com curetas e brocas cirúrgicas.
Procedimento designado de “operação com retalho
modificado”. Consiste em, basicamente, um acesso por Perioset.
Vermelha  alisamento
meio de retalho para o adequado desbridamento da raiz. das raízes.
Azul  restaurações
Técnica: Curetas. transbordantes;
Amarela  instrumentar
1. Incisão intra-sulcular: diretamente o osso e
Cabos de bisturi redondos e lâmina de bisturi 15C e 12D. remover tecido
Notas: A 15C é a mais fina. A 15 é muito grossa. A 11 tem um bordo muito granulação que exista em
afilado que pode fenestrar. O 12D tem um corte por dentro e por fora, é apical.
usado em setores posteriores porque com a reta temos mais dificuldades. Os
cabos de bisturi devem ser redondos para termos mais sensibilidade tátil. Brocas Curetas  removem
cirúrgicas. tecido de granulação
4. Sutura: mais extenso.
Pontos simples interrompidos.

OU
Pontos em colchão vertical/horizontal (mailtress sutures).
Até ao fundo da bolsa nas faces vestibulares e lingual da região
interdentária.
Devemos desenhar o contorno cervical e da papila.
As incisões estendem-se tanto no sentido mesial como distal
Devemos evitar fazer incisões verticais nestes
casos (contudo, às vezes é difícil porque os
defeitos são muito profundos e precisamos
destas incisões verticais para ter melhor
acesso).

1.1 – Incisão de descarga:


No caso de ser feita uma incisão de descarga/vertical, é importante Depois da eliminação do epitélio da bolsa e do tecido de
que esta seja feita no ângulo de granulação das superfícies internas dos retalhos, estes são levados
transição das faces dentárias de de volta aos seus posicionamentos originais e assim mantidos por
modo a incluir a papila na íntegra ou meio de suturas interproximais. Desta maneira, não era feita
evitá-la completamente!
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qualquer tentativa para reduzir a profundidade pré-operatória das


bolsas. 2. Retalho:
Mucoperiósteo.
Apesar de ser uma cirurgia conservadora, não é, na verdade, a Exposição de 2-3mm do osso alveolar marginal.
100%. Esta técnica implica uma incisão por vestibular e por O anel de tecido inflamado ao redor da região cervical dos dentes
palatino e há sempre uma perda de tecido interproximal. Nós não era removido com curetas.
conseguimos fazer coincidir a incisão por baixo do ponto de A superfície radicular exposta era raspada cautelosamente.
contacto por vestibular e por palatino porque, por baixo do PC, Recomendava-se uma reanatomização do osso com a finalidade de
vamos ter sempre tecido gengival que acaba por ser perdido propiciar um formato anatómico ideal ao osso alveolar subjacente.
levando a retração gengival e perda da papila. Por isso é que
também usamos a técnica de preservação da papila.
Ao contrário de outras técnicas, a cirurgia de retalho
modificada não incluía:
 Uma grande perda dos tecidos não inflamados;
 O deslocamento apical da margem gengival. Uma
vez que este método não expunha nitidamente as
superfícies radiculares.
3. Sutura:
 Depois de um desbridamento
Por isso, este método é útil nas regiões anteriores, por cuidadoso dos dentes na
razões estéticas. região da cirurgia, os retalhos
vestibular e lingual eram
reposicionados e assim
mantidos por meio de suturas
interproximais.

Widman chamou a atenção para a importância do


posicionamento da margem do tecido mole no nível da crista
óssea alveolar para que nenhuma bolsa pudesse
permanencer.
O procedimento cirúrgico resultava na exposição das
superfícies radiculares. Frequentemente, as regiões
interproximais do osso alveolar eram deixadas sem o
revestimento de tecido mole.

Vantagens desta técnica relativamente à gengivectomia


Vantagens desta técnica  Maior conforto para o paciente, pois a cicatrização
 Remoção limitada dos tecidos (epitélio da bolsa e ocorria por 1ª intenção;
conjuntivo sub epitelial inflamado);  Restabelecimento de um contorno adequado do
 Reduzida exposição radicular (reposicionamento da osso alveolar nas regiões que apresentavam
margem gengival ao nível original); defeitos ósseos angulares.
 Reduzido trauma cirúrgico e desconforto pós- Não está no PP

operatório; Técnica de Widman modificada  retalho modificado


(supostamente
não demos)

 Potencial regenerativo e reabsorção óssea residual. de widman


Não está no PP Também conhecida como técnica da raspagem a retalho
(supostamente
não demos) Técnica de Widman aberto.
Widman descreveu o desenho de um retalho mucoperiósteo Enquanto a técnica do retalho original de Widman incluía
com a finalidade de remover o epitélio da bolsa e o tecido tanto o deslocamento apical dos retalhos como a restauração
conjuntivo inflamado, facilitando a correta higienização do contorno ósseo (eliminação dos defeitos ósseos) para a
das superfícies radiculares. eliminação adequada das bolsas, a técnica do retalho de
Widman modificado não pretendia atender a estes objetivos.
Técnica:
Técnica:
1. Incisões relaxantes verticais:
Eram executadas 1. Incisão inicial:
inicialmente para Deve ser paralela ao eixo longitudinal do dente e posicionada
delimitar a região a ser acerca de 1mm da margem gengival vestibular, a fim de separar
operada. adequadamente o epitélio da bolsa do retalho.
Estas incisões tinham
início na região mediana Se a bolsa apresenta < de 2mm de profundidade, ou quando
da margem gengival considerações estéticas estiverem envolvidas, deve-se realizar a
vestibular dos 2 dentes incisão intrasulcular.
vizinhos à região a ser
tratada e eram contínuas Não há necessidade de incisões relaxantes verticais.
por vários milímetros na mucosa alveolar.
As duas incisões relaxantes eram unidas por meio de uma incisão 2. Retalho:
gengival que acompanhava o contorno da margem gengival e Mucoperiósteo.
separava o epitélio da bolsa e o tecido conjuntivo inflamado da Vestibular e palatino.
gengiva não inflamada.

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O afastamento do retalho deve ser limitado para permitir a Estas técnicas são uma regeneração por reparação  o
exposição de apenas alguns milímetros da crista óssea alveolar. epitélio juncional, apesar de tudo, clinicamente é compatível
com saúde periodontal  não há ali um > risco de criação
3. 2ª incisão: de bolsa se conseguirmos controlar a placa clinicamente.
Para facilitar a separação suave do colar do epitélio da bolsa e do
tecido de granulação das superfícies radicular, é feita uma incisão
intrasulcular ao redor do dente até a crista alveolar.
A evidência histológica indica que não é previsível a
formação de uma nova inserção após a curetagem radicular
4. 3ª incisão: ou tratamento cirúrgico.
Horizontal e próxima à superfície da crista óssea alveolar, separa o
colar de tecido mole das superfícies radiculares do osso.

5. Desbridamento:
O epitélio da bolsa e o tecido de granulação são removidos com o
auxílio de curetas.
As raízes expostas são cuidadosamente raspadas e alisadas, exceto
uma área estreita, perto da crista óssea alveolar, na qual
remanescentes das fibras de inserção podem ser preservados.
Os defeitos ósseos angulares são cautelosamente curetados.

6. Sutura:
Após a curetagem, os retalhos são aparados e adaptados ao osso
alveolar para se obter uma proteção completa do osso
TRATAMENTO DE PERIODONTITE ESTADIO I-III
interproximal. – momentos de evidência:
Os retalhos são suturados com pontos interproximais.

TÉCNICA DE CORREÇÃO DA BOLSA


PERIODONTAL – BIOLOGIA:
A interface biológica ligada ao dente, após esta intervenção
é de um epitélio juncional longo  como mantemos a
gengiva no mesmo nível e temos o osso lá em baixo a
profundidade do epitélio é grande!
Estas técnicas não são técnicas regenerativas.

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Temos uma < profundidade de sondagem na cirurgia de


acesso, mas temos maior ganho de inserção clínica na
instrumentação subgengival, porquê? Porque há recessão
gengival  a cirurgia de retalho induz mais recessão
gengival e, como o ganho de profundidade de sondagem é
mais reduzido, a soma de PS + CAL = melhor
instrumentação subgengival.
Até 5mm  repetir instrumentação subgengival.
A partir de 6mm  há um favorecimento da profundidade
Em termos de ganho de inserção clínica, nas bolsas mais de sondagem e no ganho de inserção clínica com a cirurgia
reduzidas e médias, há um favorecimento na instrumentação de retalho (compensa a recessão cirúrgica).
subgengival:
Cirurgia ressetiva e óssea
TÉCNICAS CIRÚRGICAS RESSETIVAS Originalmente descrita por Nabers em 1954 
O que se pretende? “Repositioning the attached gengiva”.
 Reconstituição apical da morfologia do periodonto;
Temos um osso e uma anatomia gengival que, em vez de estar na JAC, Friedman em 1962, propôs uma designação mais
estão num nível mais abaixo. apropriada  retalho de reposicionamento apical.
 Eliminação de bolsas periodontais;
 Acesso amplo aos processos alveolares; Indicações clínicas Periodontites moderadas ou
 Preservação dos tecidos moles queratinizados; avançadas;
 Otimizar higiene oral do doente, pelo doente: Zonas de perda óssea acentuada
Permite abrir mais espaços e ameias entre os dentes para que o doente sem relevância estética (setores
consiga higienizar melhor. Claro que isto nem sempre é real. Podemos abrir posteriores. PD > 6mm, fundo da bolsa
bem os espaços, mas não é sinónimo que o doente vá escovar melhor. apical a LMG). Em setores anteriores,
onde a estética pesa, usamos as técnicas
cirúrgicas dadas na aula anterior. Mas
Fatores a corrigir na cirurgia ressetiva claro que isto depende de caso para caso,
 Espessura do periodonto: pois se o doente tiver ausência de papilas,
Podemos transformar um periodonto espesso, com papilas altas, com sorriso baixo, e com uma grande
com um contorno pouco festoneado e tecnicamente mais difícil de suscetibilidade à doença, aí podemos
fazer este tipo de cirurgia;
escovar em um periodonto menos espesso, com um contorno
festoneado e mais fácil de higienizar. Necessidade de regularização do
 Profundidade da bolsa: rebordo ósseo (defeitos infraósseos
não profundos até 3mm, exostoses);
Removendo tecido mole podemos diminuir a profundidade da
bolsa. Doentes com elevada
suscetibilidade;
Fatores a respeitar na cirurgia ressetiva Alongamento coronário
(imperativos estéticos e/ou
 Estética: restauradores).
No setor anterior estamos limitados. Não podemos intervir da Vantagens Profundidade de sondagem
mesma maneira como no setor posterior. Muito menos se o doente
mínima pós-operatória
tiver sorriso alto.
comparativamente com a cirurgia de acesso
 Gengiva queratinizada; (onde perdemos sempre tecido gengival
 Discrepância dentes adjacentes. entre dentes), onde existe uma ligeira
Um dente com uma grande discrepância de osso relativamente ao recessão gengival, mas a margem gengival
adjacente, não conseguimos nivelar o osso pois, para isso, teríamos irá continuar a ter uma discrepância
relativamente à crista óssea;
de remover osso são do dente saudável.
Controlo da posição da margem
Técnicas da cirurgia ressetiva, quais são? gengival (mantemos a gengiva aderente);
Manutenção do complexo muco-
 Gengivectomia: gengival;
Usada apenas em casos de aumento de volume gengival ou como
um passo para estas técnicas ressetivas. Facilita o controlo de placa.
 Retalho reposicionamento apical: Desvantagens Comprometimento estético (aumenta
a coroa clínica);
Técnica principal.
Maior exposição radicular (aumenta
 Retalho com cunha distal: a sensibilidade, risco de cáries);
É uma derivação do retalho de reposicionamento apical, mas Perda de inserção periodontal
aplicado ao último dente adjacente do arco quando temos selas (devido à remoção de tecidos duros);
distais livres. Sensibilidade técnica (como há
 Cirurgia óssea: alteração da microflora, passamos a ter
Associada ao retalho de reposicionamento apical. mais Gram + e uma flora mais cariogénica
É a abordagem mais ressetiva de todas.  cuidado com as cáries radiculares.
Aqui mexemos em tecidos moles e duros! Caso o osso já esteja Devemos fazer um reforço com flúor nestes
nivelado, não temos de o manipular tanto e aí só teremos de mexer pacientes).
em tecidos moles. Contraindicações Zonas com importância estética;
Não existe cirurgia óssea sem retalho de reposicionamento apical, Defeitos verticais infraósseos
mas existe RA sem cirurgia óssea! profundos (nestes casos fazemos
regeneração);
Retalho de reposicionamento apical Perda de inserção assimétrica em
dentes adjacentes (compromisso entre

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uma técnica conservadora e ressetiva. Não


pode ser ressetiva pura);
Dentes com mobilidade e perda de
inserção severa (dentes com reabsorção
óssea > 50%  técnicas + limitadas. Não
podemos induzir uma > perda de suporte).

3. Remoção do colar gengival:


Técnica: O anel marginal de tecido, incluindo o epitélio da bolsa e o tecido
1. Incisão paramarginal: de granulação, é removido com curetas, após a incisão
Incisão festoneada vestibular, paramarginal, à crista óssea (bisel intrasulcular, e as superfícies radiculares expostas são
interno). cuidadosamente raspadas e alisadas.
O ângulo e a distância da
margem gengival 4. Desbridamento:
vestibular/lingual em que a Remoção do tecido de granulação, e descontaminação do rebordo
incisão deve ser feita depende alveolar e das suas superfícies radiculares.
da profundidade da bolsa bem
como da espessura e da 5. Osteotomia ou osteoplastia:
largura da gengiva e da Reconstituição de um contorno morfológico do rebordo ósseo,
quantidade da gengiva aderente. embora mais apicalmente.
 Se a gengiva, antes da cirurgia, for delgada e se apenas
uma faixa estreita de tecido queratinizado estiver
presente, a incisão deve ser feita perto do dente (pode ser
uma incisão intrasulcular);
 Quanto > a espessura da gengiva  > o ângulo 
removo mais tecido gengival.

Incisões verticais relaxantes que se estendam até a


mucosa alveolar (ou seja, ultrapassam a junção 6. Retalho de espessura parcial:
mucogengival) são feitas em cada um dos pontos Corte do periósteo e dissecção do retalho em espessura parcial na
terminais da incisão em bisel invertido, o que torna porção remanescente, permitindo o deslocamento apical e a sua
possível o reposicionamento apical do retalho  posterior fixação.
esta incisão é facultativa!

Incisão paramarginal até à crista óssea  levanto o retalho em


espessura total a partir da linha mucogengival  como levanto o
retalho para apical? Só se fizer a incisão no periósteo, ou seja, do
tracejado (da 2ª imagem) para baixo  incisão de espessura parcial.

7. Sutura:
Suturas em colchão externo para
fixação do retalho numa posição mais
Onde é que eu faço a minha incisão? apical.
Olhemos para o exemplo acima.
A diferença entre a margem gengival e a crista óssea é de 4mm no
molar, 5mm no 2PM e de 3mm no 1PM.
Para calcularmos onde vamos fazer a nossa incisão devemos
sempre descontar o espaço biológico, que é cerca de 3mm  é
esta altura que eu preciso para repor o retalho em cima do osso
para ficar com o espaço biológico normal.
Se eu já tenho 3mm no 1PM vou fazer apenas uma Podemos fixar o retalho ao periósteo.
incisão intrasulcular, porque não preciso de remover tecido, para já.
No molar faço uma incisão de 1mm.
No 2PM faço uma incisão de 2mm.

2. Retalho:
Possibilita a exposição adequada dos defeitos ósseos e
proporcionar mobilidade ao retalho.
Um retalho mucoperiósteo de espessura total, abrangendo a
gengiva e a mucosa alveolar vestibular/lingual, é afastado
utilizando-se um descolador de mucoperiósteo. O retalho deve ser
estendido além da linha mucogengival, a fim de possibilitar,
posteriormente, o reposicionamento apical do tecido mole.

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MAS, como podemos fazer sem ficar curto? Ok, ele não fica curto,
mas irá ficar mais fino/menos espesso:

Ex. da crista óssea à JAC temos 7mm. Vamos tirar 3mm do EB e


ficamos com 4mm. Se eu fizer uma incisão direta, até ao osso, eu
Na imagem da esquerda, trancamos o retalho na transição da não consigo mexer o retalho porque ele está trancado. Então o que
gengiva aderente ao periósteo e depois fechamos em cima. tenho de fazer é uma incisão para marginal, em superfície, e depois
Na imagem da direita, temos o colchão externo  fecho no entro em apical. Vou ficar com um retalho com menor espessura,
periósteo nos 2 sentidos. mas vou conseguir esticá-lo até à sua posição original.

Retalho com incisão em bisel interno – abordagem Cunha distal


palatina Usamos esta técnica quando temos um 6º, ou um 7º, sem
Para lidar com bolsas periodontais pela face palatina dos dente adjacente para distal, e com uma bolsa profunda em
dentes, Friedman descreveu uma modificação do retalho distal.
reposicionado apicalmente  que ele denominou de retalho
em bisel. Variações desta Clássica triangular (Robisson,
técnica 1966);
Como não existe mucosa alveolar móvel na face palatina Técnica modificada (incisões
paralelas);
dos dentes, e devido à falta de elasticidade não é possível a
Outras variações;
reposição do retalho em sentido apical.
Gengivectomia.
Técnica: Indicações clínicas Tuberosidade (maxilar) ou almofada
retromolar (mandibular) proeminente
1. Incisão intrasulcular: (pseudobolsa);
A primeira incisão é feita no interior do sulco, através do fundo da Bolsas periodontais em distal do
bolsa periodontal.
último dente da arcada ou em
dente isolado;
2. Retalho:
Um retalho mucoperiósteo convencional é delocado. Acesso ósseo (defeito infraósseo,
exodontia siso);
Cirurgia pré protética;
Alongamento coronário (imperativos
restauradores).
Vantagens Acesso ao defeito ósseo;
Preserva gengiva aderente;
Redução PPD por reposição apical
do retalho;
Cicatrização por primeira intenção.
Contraindicações Retromolar do 2º molar inferior
3. Desbridamento: devido a alta taxa de recidiva, ao
As superfícies dentárias são facto de estar ausente/ser mínima a
desbridadas e o recontorno ósseo é gengiva aderente, devido ao nervo
realizado. lingual ter uma posição alta.

Técnica cunha distal clássica:


1. Incisão primária:
4. Reposicionamento e Distais em triângulo, bisel interno, à crista óssea, convergentes na
suturas: base da bolsa periodontal.
Em seguida, o retalho palatino é reposicionado e a margem
gengival é preparada e adaptada à crista do osso alveolar por meio Incisão intrasulculares ou paramarginais,
de uma incisão secundária contornada e biselada. O retalho é vestibular e palatina/lingual, até à face mesial
mantido nesta posição com suturas interproximais. do dente (permite reflexão do retalho). O triângulo possui vértice
em distal e base junto ao dente.

2. Retalho de espessura total:


Mobilização de 2 retalhos, vestibular e palatino, mucoperiósticos.

3. Excisão do tecido gengival:


Mobilização e excisão do triângulo de tecido gengival retromolar
(com bisturi ou cinzeis de osso).

4. Desbridamento:
Remover tecido de granulação no defeito infraósseo e na furca dos
Neste caso, o retalho ficou curto. molares superiores e RAR.

Beatriz Ornelas | 4º Ano 2º Semestre 2022/2023


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Criação de uma arquitetura óssea


5. Osteoplastia e osteotomia: “fisiológica” através da eliminação de
Quando necessário. osso não envolvido no suporte periodontal
Não removemos osso tão aderido como um
6. Incisão secundária: Osteoplastia
ligamento periodontal aderido ao dente
Interna. Em cada retalho, em bisel.
Diminui a espessura dos retalhos e permite Usada para 
um bom posicionamento.
diminuição da espessura
óssea V-P/L

7. Sutura:
Recobrimento total da crista óssea e sutura
simples descontínua.
Cicatrização por primeira intenção.

Cirurgia óssea periodontal


História:
A justificação original para a cirurgia óssea baseava-se no
entendimento que a superfície óssea estaria infetada ou
necrótica e teria de ser removida:
Pierre Fauchard (1776) indicava a remoção de osso cariado.
Robicsek, Black, Crane, Kaplan (finais de 1800 e início de 1900)
advogavam o uso de gengivectomia para acesso à crista óssea e
subsequente eliminação.

Outro exemplo onde a osteoplastia é usada


Konfeld (1935) prova que o osso não está infetado nem
 obter acesso a defeitos infraósseos em
necrosado e, consequentemente, não necessita de ser
zonas estéticas (“Ramping”). Em casos onde
removido. temos estas crateras, mantemos o pico vestibular e
eliminamos o palatino  ficamos com uma rampa
Schluger em 1949 define os princípios da cirurgia óssea, Eliminação de osso de suporte  tem
justificando que o recontorno do processo ósseo permitia inserção de fibras do ligamento
uma eliminação das bolsas periodontais mais prevísivel e periodontal.
duradoura: “Osseous resection – a basic principle in periodontal Usado para  eliminar paredes ósseas de
surgery.”. defeitos infraósseos para passarem a
defeitos supraósseos
O contorno gengival está diretamente dependente do
contorno ósseo subjacente, assim como da proximidade e
anatomia das superfícies dentárias adjacentes. Osteotomia
Objetivos Recriar arquitetura óssea fisiológica
apical (positiva  crista óssea interproximal
mais elevada e parábola nas superfícies Outro exemplo onde a osteotomia é usada
radiculares);  procedimento de aumento da coroa
Eliminação de bolsas periodontais  clínica, não associada a perda de suporte
sulcos com PD  3mm; por periodontite
Melhorar as condições para higienização
eficaz.
Indicações Eliminar crateras e defeitos infraósseos
devido a reabsorções atípicas;
Corrigir margens ósseas grossas e
irregulares;
Corrigir exostoses.
Definições Cirurgia periodontal que envolve a
modificação do suporte ósseo dentário
A osteoplastia é  da osteotomia

Indicações Técnica Contraindicações


Recontorno Osteoplastia ---
ósseo
Eliminação de Osteoplastia Mobilidade grau 
pequenos Osteotomia 2
defeitos ósseos Envolvimento de
furca

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Criação de um Osteoplastia Reabsorção óssea >


perfil Osteotomia 50% TÉCNICA DE ELIMINAÇÃO DA BOLSA
fisiológico Mobilidade grau  PERIODONTAL – BIOLOGIA:
2 A interface biológica ligada ao dente, após esta intervenção
Furca é de um epitélio juncional curto  curto porque o epitélio
“cola” ao osso.
Instrumental rotativo:
 Brocas esféricas;
 Diamantadas/carbide/tungsténio;
 Turbina/contra ângulo/peça de mão.

Cuidado!  Irrigação abundante (osteócitos necrosam > 45ºC).


Não lesar superfícies radiculares.

Instrumental manual:
 Cinzeis de ochsenbein;
 Limas de surgaman. Profundidade da bolsa:
“If the pocket depth is more than 5 mm, the chances of failure are so great
Técnica para a cirurgia óssea periodontal: that there is an obvious indication for surgical pocket elimination”.
1. Preparação de sulcos verticais:
Nos espaços interproximais, diminuição da espessura V-L.
Quanto maior a profundidade de sondagem menor o
Com broca esférica de coronal para apical. controlo de placa, pelo profissional e pelo doente, e maior a
dificuldade de instituir um protocolo de manutenção
previsível.

 aos 5 anos, bolsas iniciais 4 mm recidivaram 3x


mais com curetagem aberta (CA) do que cirurgia
óssea;
 bolsas iniciais 5 mm recidivaram 3.6x mais com
2. Preparação da zona festoneada: CA do que cirurgia óssea;
Unindo os sulcos  bolsas iniciais 6-8 mm recidivaram 6x mais com
verticais, diminui a CA do que cirurgia óssea;
espessura óssea nas  bolsas iniciais ≥ 4 mm BOP era 2.3x mais
margens dos sulcos. frequente em locais submetidos a CA do que
Com broca esférica
cirurgia óssea.
ou cinzeis 
movimentos horizontais. As bolsas reduzidas promoveram uma adesão biológica mais
robusta e resistente, com uma adesão curta de tecido
3. Parabolização: conjuntivo e um epitélio juncional curto, após cirurgia óssea,
Definição da nova margem óssea desenhando um sulco pouco do que por uma adesão curta de tecido conjuntivo e um
profundo, festoneado, parabólico, nas superfícies radiculares. epitélio juncional longo, produzidos por RAR e RMW.
Com broca esférica de pequeno diâmetro, movimentos horizontais.
Morfologia da papila:
O tecido da papila que toca o ponto de contacto é composto
por epitélio não queratinizado.

Um colo gengival côncavo e não queratinizado é condutor


Sempre que possível, a cirurgia deve acabar com uma arquitetura
de acumulação de placa bacteriana e mais facilmente
positiva (margem óssea interproximal mais coronal do que a
margem óssea radicular). deteriorado pelos seus produtos metabólicos.

Todas as dimensões do espaço interproximal (apico-oclusal, V-


L e M-D) devem ser consideradas na avaliação dos efeitos do
contorno ósseo existente na morfologia dos tecidos moles de
recobrimento.

Recontorno de uma arquitetura invertida para uma forma


convexa do septo interproximal (coronal ao pico V-P da crista
óssea).

TRATAMENTO DE PERIODONTITE ESTADIO I-III


– momentos de evidência:

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Aos 6 meses temos uma diferença favorável à cirurgia


ressetiva, cerca de 0,59mm. Aos 12 meses baixa um pouco
para 0,47. Aos 3 anos 0,05 e aos 5 anos 0,1.

Com o passar do tempo, a diferença entre as técnicas


ressetivas e as conservadoras, relativamente à PS, vai se
atenuando. A diferença é maior no início.

Fatores de prognóstico em periodontologia


ESTUDO: “Staging and grading of periodontitis:
Framework and proposal of a new classification and case
definition”:
Definição do caso de periodontite, 2017
Perda de inserção clínica (CAL) interdentária detetável
em  2 dentes não adjacentes;
OU
CAL vestibular/palatino  3mm, com bolsa > 3mm
detetável em  2 dentes.
O CAL observado não pode ser atribuída a causas não
periodontais
 Recessão gengival de origem traumática;
 Lesões de cárie dentária que se estendem à região
cervical do dente;
 Presença de CAL na face distal do 2º molar e
associada a má posição ou extração do siso; Os graus podem sofrer alterações devido aos fatores de risco
 tabaco e diabetes.
 Lesão endodôntica com drenagem pelo periodonto
marginal;
ESTUDOS: “Treatment of stage I-III periodontitis – The
 Ocorrência de fratura radicular vertical.
EFP S3 level clinical practice guideline” E “treatment of
stage IV periodontitis: The EFP S3 level clinical practice
guideline”:
A abordagem a uma periodontite de estádio I, II e III e a
uma periodontite de estádio IV é diferente!

A avaliação clínica da periodontite estádio IV deve


incluir:
 Avaliação periodontal, funcional e estética do
paciente:
Devemos fazer o periodontograma, status radiográficos, fotografias
(intra e extras orais)  para estabelecermos um diagnóstico e plano de
tratamento.
 Determinação do nº de dentes perdidos por
periodontite;
 Determinação do prognóstico individual de cada
dente;

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 Avaliação restauradora; atual, fatores sistémicos, tabagismo, presença de PB,


 Estabelecimento do prognóstico geral do caso. cálculos e outros fatores locais, adesão do paciente,
possibilidades protéticas, ...
Avaliação estética e funcional:
 Hipermobilidade, com 2 No prognóstico dentário individual avaliamos dente a
instrumentos (cabo) ou com dente, após o prognóstico geral, e vamos estabelecer o
1 instrumento (cabo) + dedo; futuro daquelas peças dentárias.
 Vitalidade dos dentes;
 Presença de trauma oclusal O prognóstico geral pode interferir com o prognóstico dentário individual.
secundário (> frequente em
doentes periodontais); Fatores a considerar na determinação do prognóstico:
 Presença de frémitos em oclusão cêntrica, e nos Fatores Idade;
movimentos excursivos (os frêmitos é quando o dente clínicos gerais Severidade das doenças;
“move” e “sai do lugar” quando o doente trinca em PIM  para Controlo de PB;
avaliar colocamos o nosso dedo na face vestibular do dente e Adesão do paciente.
pedimos ao doente para trincar); Fatores Tabaco;
 Verificar se há interferências; sistémicos e Doenças sistémicas;
 Avaliação subjetiva e objetiva da função ambientais Fatores genéticos;
mastigatória, estética e fonética. Stresse.
Fatores locais Placa e cálculos;
Restaurações subgengivais.
Fatores Raízes pequenas e cónicas;
anatómicos Projeções cervicais; de esmalte
Pérolas de esmalte;
Concavidades radiculares;
PROGNÓSTICO Sulcos de desenvolvimento;
Previsão do percurso provável, da duração e desfecho Proximidade radicular;
(outcome) de uma doença baseada no conhecimento geral da Envolvimento de furca;
patologia e na presença de fatores de risco. Mobilidade dentária;
Cristas de bifurcação.
Ele é determinado depois do prognóstico e antes do plano de Fatores Cáries;
tratamento. restauradores Dentes não vitais;
e protéticos Reabsorções radiculares;
O prognóstico: Seleção dos pilares
 Pode ser influenciado pela experiência do operador;
 É um processo dinâmico (pode melhorar, piorar ou
manter-se);
 É reavaliado ao longo do tempo (prognóstico definido
inicialmente deveria ser reavaliado após a finalização de todas
as fases do tratamento, incluindo a manutenção periodontal).

Fatores de prognóstico  Fatores de risco


Fatores de prognóstico Fatores de risco

Características que Característica de um


predizem o desfecho de indivíduo que aumentam a
uma doença após o seu probabilidade de desenvolver Prognóstico dentário individual
estabelecimento a doença Importância do prognóstico dentário individual:
A doença já existe!
Em alguns casos, os fatores de risco e os de prognóstico são  Auxílio na previsibilidade do planeamento e da
os mesmos. Por exemplo, pacientes com diabetes ou pacientes que gestão a longo prazo do paciente periodontal;
fumam possuem risco maior de contrair doença periodontal e, caso a  Determinação de dentes com baixo e elevado risco
contraiam, geralmente possuem um prognóstico pior. de virem a ser perdidos no decurso da periodontite;
 Permite a individualização do tratamento para cada
dente, apesar do diagnóstico e prognóstico geral do
paciente;
 Permite discutir como paciente a sobrevida dentária
a longo prazo;
 Pode potencialmente melhorar a motivação do
paciente em relação ao tratamento periodontal.

Prognóstico dentário individual:


No prognóstico geral avaliamos a boca e a dentição como Que dente/raiz Dente que requer um tratamento
um todo. Os fatores quem podem influenciar este tem um “bom” relativamente simples;
prognóstico são  idade do paciente, gravidade da doença prognóstico? Pode funcionar como um pilar
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funcional seguro.
Que dente/raiz Características periodontais 
tem um lesões de furca (grau II e III), defeitos
prognóstico ósseos verticais, perda óssea
“questionável”? horizontal > 2/3 da raiz;
Características endodônticas 
tratamento canalar incompleto,
patologia periapical, presença de
espigões volumosos;
Características dentárias  cáries
radiculares extensas.
Que dente/raiz Características Periodontais 
tem um Abcessos periodontais recorrentes, Pior Divergência radicular pouco
prognóstico lesões endo-perio, perda de inserção prognóstico acentuada (proximidade radicular  perda
“impossível”? até ao ápex dentário de inserção mais facilmente);
Características Endodônticas  individual Tronco radicular curto (<4mm. A furca
fica logo exposta após mínima perda de
Perfuração radicular na metade inserção);
apical da raiz, lesões apicais extensas Tronco radicular longo;
Características Dentárias  fratura Nível ósseo interproximal não mantido;
radicular vertical, lesões de cáries Lesões de furca  as do tipo II e III
intracanalar têm pior prognóstico, especialmente
Características Funcionais  3s em molares superiores. As furcas M/D
molares sem antagonista e com palatinas superiores são piores do que
periodontite/cárie. as vestibulares;
Mobilidade dentária  grau 2 e 3 são
Fatores ANATÓMICOS na determinação do os piores.
prognóstico:
Pior Raízes curtas, estreitas e cónicas
prognóstico (perdem o suporte mais facilmente, a mobilidade
dentário é >);
individual Raízes fusionadas (zona de fusão é difícil de
descontaminar);
Projeções cervicais de esmalte e pérolas
de esmalte;
Concavidades radiculares;
Sulcos de desenvolvimento (podem
originar bolsas profundas);
Continuação aí ao lado 

Fatores PROTÉTICOS E RESTAURADORES na


determinação do prognóstico:
Seleção dos dentes pilares:
 Raízes longas e/ou largas;
 Perda de suporte < 50%;
 Proporção coroa/raiz até 1:1;
 Profundidade de sondagem normal;
 Mobilidade fisiológica ou reduzida (máximo grau 1).

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 Alguns parâmetros clínicos deveriam ter um


peso distinto no estabelecimento do prognóstico
dentário individual.

SISTEMAS DE PROGNÓSTICO DENTÁRIO 2.

SISTEMAS DE PROGNÓSTICO DENTÁRIO 1.

 Desenvolveram algoritmos de sobrevivência


dentária separados para dentes molares e não-
molares;
 Tentativa de obter um sistema de prognóstico com
maior sensibilidade e especificidade;
 Fator mais preditivo para a falência de dentes
molares: relação coroa/raiz insatisfatória;
 Fator mais preditivo para a falência de dentes não-
molares: Profundidade de sondagem >5mm.

Algoritmo para dentes NÃO MOLARES:

Observa-se uma associação entre o risco de perda


dentária e:
 Profundidade de sondagem inicial aumentada;
 Maior grau de lesão de furca inicial;
 Maior mobilidade dentária inicial;
 Proporção coroa/raiz insatisfatória; Associação significativa entre a falência de dentes não
 Forma de raízes insatisfatória; molares e:
 Tabaco;  Perda óssea > 25%;
 Perda óssea inicial aumentada.  Má higiene oral;
 Mobilidade dentária >1;
 Bruxismo não tratado;
 Pilar de prótese removível.

Algoritmo para dentes MOLARES:

Este modelo sugere um risco de perda dentária 2x


superior em pacientes com:
 Mobilidade dentária aumentada;
 Hábitos parafuncionais sem uso de goteira oclusal;
 Tabagismo.

Este é um:
 Sistema de prognóstico mais assertivo para
dentes com bom prognóstico inicial em relação às
outras categorias; Associação significativa entre a falência de dentes
 Mais eficaz em dentes anteriores do que molares e:
posteriores;  Profundidade de sondagem aumentada;
 Mobilidade dentária > 1;
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 Elevado grau de lesão de furca;


 Sem história familiar de doença periodontal;
 Má higiene oral;
 Forma radicular insatisfatória.
Fator inconsistente  bruxismo não tratado (viés de seleção e
amostra <).

SISTEMAS DE PROGNÓSTICO DENTÁRIO 3.

SISTEMAS DE PROGNÓSTICO DENTÁRIO 4.

 Os sistemas de prognóstico devem focar-se na


estabilidade dos tecidos periodontais e não na
perda dentária;
 O prognóstico periodontal deve ser dinâmico, Algoritmo orientado para o prognóstico dentário
sendo reavaliado periodicamente ao longo do individual com código colorimétrico:
tratamento ativo e no tratamento periodontal de ✓ Verde: Prognóstico a longo prazo favorável se o dente for
suporte; mantido;
 O prognóstico deve considerar tanto fatores locais ✓ Amarelo: Poderá tentar-se a manutenção do dente.
(dentários) como fatores gerais/sistémicos (inerentes Contudo, deve proceder-se com cuidado devido à presença
ao paciente). de algum fator que pode ou não ser adequadamente
Fatores gerais Fatores locais controlado ou eliminado;
Compliance do paciente Profundidade de sondagem ✓ Vermelho: Prognóstico a longo prazo desfavorável se for
no TPS; > 5mm e perda de inserção tentada a manutenção do dente.
Tabaco; clínica; ✓ Se uma categoria vermelha for acompanhada de um
Diabetes mellitus; Outros fatores anatómicos asterisco (*), a extração dentária está fortemente
Outros fatores sistémicos retentores de PB: lesões de recomendada.
(alterações imunitárias, furca, pérolas de esmalte,
síndromes genéticas, projeções cervicais de
medicações, ...)
esmalte, sulco palato Fatores e variáveis de decisão divididos por 6 níveis:
gengival e outros sulcos
radiculares, posição
dentário (apinhamento dentário,
proximidade radicular,
diastemas), restaurações
transbordantes;
Trauma oclusal e hábitos
parafuncionais;
Mobilidade dentária.

 Prognóstico favorável: Fatores locais e sistémicos


podem ser controlados. Estabilidade periodontal
alcançada com tratamento periodontal e de
manutenção.
 Prognóstico questionável: Fatores locais e
sistémicos podem ou não ser controlados.
Estabilidade periodontal pode ser alcançada com
tratamento periodontal e de manutenção, mediante
controlo dos fatores. Risco de ocorrência de uma
futura perda de inserção periodontal.
 Prognóstico desfavorável: Fatores locais e
sistémicos não podem ser controlados. Provável
futuro colapso do suporte periodontal mesmo
mediante tratamento periodontal e de manutenção.
 Prognóstico impossível: Extração indicada.
SISTEMAS DE PROGNÓSTICO DENTÁRIO 5.

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 Especificidade: Capacidade de identificar um


dente recuperável – Bom/questionável (que será
certamente mantido).
 Valor preditivo positivo (PPV): Identifica a
probabilidade de um dente irrecuperável ser
perdido.
 Valor preditivo negativo (NPV): Identifica a
probabilidade de um dente recuperável (bom
/questionável) não ser perdido.
Variáveis para o prognóstico dentário individual:
 Profundidade de sondagem (≤ 6 ou > 6mm);
 Envolvimento de furca (Grau I, II ou III) (Hamp et al.
1975);
 Mobilidade (Grau 1, 2 ou 3) (Laster et al. 1975);
Os 4 sistemas demonstraram uma boa reprodutibilidade e
 Perda óssea (% da perda osso alveolar/comprimento da raiz);
conseguiram identificar os dentes com maior risco de
 Patologia periapical (Periapical Index, PAI) (Ørstavik et al. serem perdidos durante os 5 anos de TPS.
1986);
 Restaurabilidade (Esteves et al. 2011). O risco de perda dentária aumentou com o agravamento
da categoria de prognóstico.

Todos os sistemas revelaram elevados valores de


especificidade (>99%) e de valor preditivo negativo (>98%)
para o outcome “perda dentária a 5 anos em TPS”.

Confirma a identificação dos dentes com bom prognóstico


e dos com maior risco de serem perdidos.

A sensibilidade (3.2% a 12.99%) foi baixa, assim como o


valor preditivo positivo (13.6% a 33.3%) para o outcome
“perda dentária a 5 anos em TPS”.

Todos os sistemas não conseguiram prever que dentes


irrecuperáveis seriam verdadeiramente perdidos ao fim
de 5 anos.

Manutenção de vários dentes com a pior categoria de


prognóstico aos 5 anos de TPS.

CONCLUSÕES
A determinação do prognóstico dentário é essencial no plano
de tratamento do paciente com periodontite.

É crucial a distinção entre dentes com prognóstico


questionável e com prognóstico impossível, pois a extração
SISTEMAS DE PROGNÓSTICO DENTÁRIO 6. precoce de dentes questionáveis deve ser desencorajada.
Apenas dentes de prognóstico impossível devem ser
extraídos no início do tratamento periodontal (Sanz et al. 2020).

Apesar de imperfeitos, os sistemas de prognóstico podem


ser uma ferramenta útil de demonstração ao paciente da
importância e da influência dos dados clínicos e
radiográficos recolhidos nas futuras condições periodontais,
e da forma como as decisões terapêuticas são racionalizadas.

Tantos os sistemas de prognóstico dentário como as


guidelines de tratamento da periodontite não são regras
absolutas e sim, directrizes que devem ser aplicadas com
 Sensibilidade: Capacidade de identificar um dente bom senso clínico e tendo em consideração as
irrecuperável (que será certamente perdido). especificidades de cada caso.

Fatores de prognóstico em periodontologia

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