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INSTITUTO INDUSTRIAL E COMERCIAL DA BEIRA

CV5/CC

ESTABELECER RELAÇÕES PROFISSIONAIS

ADOPTAR UM COMPORTAMENTO PROFISSIONAL

1. Introdução
O ambiente de trabalho ideal gera qualidade de vida aos profissionais, o que
impacta na produtividade, na atração de talentos e em diversas outras vantagens
associadas à empresa. Para isso, é fundamenta que se tenha a capacidade de
estabelecer relações profissionais com os vários intervenientes do âmbito profissional,
respeitando rigorosamente a estrutura hierárquica, a qualidade da comunicação,
atitudes e comportamentos, o código de conduta da empresa e as regras de ética, sem
distinguir o género, raça, religião, idade, origem étnica ou deficiência.

1.1. Estrutura hierárquica

Hierarquia é a ordenada distribuição dos poderes com subordinação sucessiva de uns


aos outros, é uma série contínua de graus ou escalões, em ordem crescente ou
decrescente, podendo-se estabelecer tanto uma hierarquia social, uma hierarquia
urbana, militar, eclesiástica etc.

A hierarquia ou jerarquia (do grego hierarchía) é uma ordenação contínua de


autoridades que estabelece os níveis de poder e importância, de forma que a posição
inferior é sempre subordinada às posições superiores.

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1.1.1.Hierarquia empresarial
A hierarquia empresarial é representada pelos diferentes níveis de comando
encontrados dentro de uma organização. Apesar de possuírem autonomia, estão em
parte, interligados entre si e é geralmente estabelecida obedecendo a três diferentes
áreas: estratégica, tática e operacional.

A área estratégica, ocupada por presidentes, diretores e demais gestores da alta


cúpula, decidem as políticas e as diretrizes da empresa. A área tática, ocupada por
gerentes e chefes de seções, é responsável pelas ações do cotidiano da empresa, como
também pela motivação dentro de cada setor. Por fim a operacional, ocupada por chefes
de equipe e supervisores, responsáveis pela execução e realização das atividades de
produção.

A hierarquia é importante pois ao ser desenhada em forma de organograma, permite


que o grupo tenha uma visão clara da organização a que pertence, seja como integrante
de um setor, seja da empresa como um todo. E também facilita entender quais são os
níveis de autoridade na organização.

1.1.2.Respeito a Hierarquia no ambiente de trabalho

Não acatar as regras da empresa é considerado insubordinação e pode levar a


demissão, além disso, passar por cima da posição pré-estabelecida na instituição não
é visto como proatividade. Em termos de postura, é essencial respeitar a hierarquia
para evitar problemas na vida profissional.

1.1.2.1. Insubordinação e Indisciplina profissional

O ato de indisciplina ocorre quando o trabalhador não segue as normas, circulares,


regulamentos e diretrizes gerais de uma empresa.

Por exemplo:

• O colaborador se recusar a registrar a jornada de trabalho;


• Ignorar a obrigatoriedade de uso de uniformes e equipamentos de proteção
individual (EPIs);

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• Fumar em locais proibidos na empresa, principalmente se houver risco nessa
ação.

Insubordinação, por sua vez, designa o não cumprimento de ordens pessoais do


gerente ou do empregador, verbais ou escritas, ou a não realização de atividades de
sua competência.

• Não cumprimento das atividades estipuladas no contrato de trabalho;


• Agir desrespeitosamente com colegas e gerentes;
• Ausências injustificadas e atrasos.

1.1.3.Organograma

Sabemos que diversos processos atravessam a organização de uma empresa e o bom


funcionamento dela. Para que haja harmonia e lógica nas rotinas realizadas, alguns
métodos são adotados para o alinhamento de toda a equipe. Um deles é o organograma.

O Organograma é uma representação visual da estrutura organizacional de uma


empresa. Ou seja, o organograma serve para descrever como a empresa se organiza
internamente a nível de cargos e departamentos. Também é conhecido como gráficos
hierárquicos.

1.1.3.1. Como Estruturar o Organograma de uma Empresa

Existem alguns requisitos básicos para a criação da estrutura organizacional: a


hierarquia, a divisão horizontal do trabalho, as linhas de comunicação e as
unidades de trabalho.

• Hierarquia: Funciona de cima para baixo, da esquerda para a direita ou de dentro


para fora. Diz respeito à divisão de cargos mais altos e mais baixos de uma equipe;
• Divisão Horizontal: Cargos que ficam na mesma linha e tem o mesmo nível
hierárquico;

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• Linhas de Comunicação: São as linhas que interligam os cargos e as funções
estabelecidas no organograma de uma empresa. Indicam as hierarquias diretas
entre departamentos e cargos;
• Unidades de Trabalho: São as caixinhas que descrevem cada cargo e função
representada na estrutura organizacional. Pode apresentar o nome do funcionário
ou de uma equipe.

Figura 1 - Exemplo de Organograma. (fonte: pontomais.com)

1.1.3.2. Exemplo de um Organograma em uma empresa de Construção Civil

O organograma de uma empresa de construção civil é uma representação gráfica das


funções e da estrutura da organização. Usando um organograma, a equipe e as partes
interessadas podem reconhecer claramente os relacionamentos operacionais, para
saber como esse tipo de negócio funciona. O trabalho realizado por uma empresa de
construção geralmente é concluído com um grupo de pessoas com diferentes funções
e especializações.

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O organograma de uma empresa de construção civil pode ajudar a esclarecer os canais
de comunicação e as áreas de responsabilidade, tanto internamente quanto com os
clientes.

Figura 2 - Exemplo de um organograma em uma empresa de Construção Civil. (Fonte: Google)

Director Geral: responsável por gerenciar de modo geral as áreas da empresa;


administrativo, engenharia e serviço; cuida da parte comercial da empresa, visitando
clientes e oferecendo serviços;

Gerente Administractivo ou Financeiro: Gerenciar o setor financeiro;

Engenheiro de Obra: faz orçamentos e projetos, visita as obras, responsável pela


regulamentação das obras, define a produção e orienta os colaboradores das obras
quanto aos projetos e materiais necessários para a execução, acompanha a execução
dos projetos.

Encarregado de Obras: definir e supervisionar as equipes;

1.2. Comunicação no ambiente de trabalho

Comunicação organizacional, como objeto de pesquisa, é a disciplina que estuda


como se processa o fenômeno comunicacional dentro das organizações no âmbito da
sociedade global. Ela analisa o sistema, o funcionamento e o processo de comunicação
entre a organização e seus diversos públicos. (…) Fenômeno inerente aos
agrupamentos de pessoas que integram uma organização ou a ela se ligam, a

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comunicação organizacional configura as diferentes modalidades comunicacionais que
permeiam sua atividade. (KUNSCH, Planejamento de Relações Públicas na
Comunicação Integrada, 2003, p. 149)

Seguindo os pensamentos sobre a filosofia de Kunsch, podemos afirmar que a


comunicação organizacional é composta por todas as formas de comunicação dentro
de uma organização.

Comunicação no ambiente de trabalho é toda transmissão e compartilhamento de


informações que acontece dentro da empresa. É a chamada comunicação interna, que
tem como público-alvo os colaboradores e abrange ações como comunicados,
campanhas de incentivo, feedbacks e reuniões.

1.2.1. Como implementar uma boa comunicação no ambiente de trabalho

Considerando que o processo de comunicação somente é bem-sucedido quando o


receptor compreende ao interpretar a mensagem, considerar as características do
público-alvo é essencial para o sucesso da mesma. Com isso, o processo de
comunicação deve ter como foco o perfil dos colaboradores da organização em questão.

1.2.1.1. Use o canal mais adequado

Seja por e-mail, telefone, chat interno, ou rede social, você deve sempre pensar qual
meio de comunicação é mais adequado para discutir determinados assuntos. Se você
precisa registrar algum acontecimento, opte pelo e-mail! Se quer combinar uma
“cerveja” convívio informal no final da semana com os colegas de trabalho, o chat pode
ser definitivamente a melhor escolha.

1.2.1.2. Passe feedbacks

Para o sucesso de qualquer empresa, indiferente do seu tamanho ou área de atuação,


o feedback é uma ferramenta fundamental. Saber emitir uma opinião que enriqueça o
trabalho de outra pessoa e saber ouvir opiniões sobre suas ações é muito importante
para o desenvolvimento dos profissionais e da organização.

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Quando a comunicação no ambiente de trabalho é valorizada em uma empresa, o
feedback passa a fazer parte do dia a dia. Através desse diálogo construtivo,
colaborador e empresa sabem o que esperar de cada um e o que oferecer.

Faz parte das atividades do líder oferecer feedbacks assertivos e constantes à equipe.
Esse retorno permite corrigir falhas e melhorar processos, além reconhecer e valorizar
o trabalho bem executado por cada um deles.

1.2.1.3. Seja um bom ouvinte

Uma das premissas da boa comunicação é saber escutar. Saber ouvir e não só falar
também é essencial para uma comunicação no ambiente de trabalho mais clara,
valorizando a opinião de colaboradores e, com isso, ganhando mais respeito e atenção
deles.

1.2.1.4. Conheça o seu público

Para que haja eficiência na comunicação no ambiente de trabalho, é de fundamental


importância conhecer em profundidade o público interno da empresa. É necessário um
contato pessoal em que se estabeleça uma relação de confiança, que possa transmitir
as suas expectativas, ansiedades e interesses entre a organização e o seu público
interno.

É importante que o emissor tenha acesso aos conhecimentos do receptor sobre o


assunto a ser abordado. O seu nível de linguagem e o seu grau de interesse são itens
extremamente relevantes para que ocorra a sintonia entre ambos.

1.2.1.5. Escolha o discurso e o momento certo

A comunicação no ambiente de trabalho tem por sua vez a linguagem formal como
predominância. Para que os seus argumentos tenham a credibilidade necessária, evite
usar palavras informais como gírias, por exemplo.

1.2.1.6. Seja direto

É preciso ser assertivo na hora de praticar a comunicação, passando suas opiniões e


as informações necessárias de forma segura, clara e objetiva. Se você deseja ter uma

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comunicação no ambiente de trabalho eficaz, é fundamental ser objetivo e ir direto ao
ponto. Isso é válido para qualquer meio de comunicação a ser utilizado.

Sempre seja objetivo na hora de informar sobre mudanças, novos procedimentos,


contratações e desligamento de profissionais da equipe. Não deixe seus profissionais à
deriva.

1.3. Comportamentos apropriados e não apropriados à profissão

Postura profissional é o conjunto de comportamentos e atitudes que são considerados


como o ideal para o exercício de uma profissão. Ela tem relação com as competências,
responsabilidades e ética do colaborador.

De acordo com a Ordem dos Engenheiros de Moçambique (OrdEM) a engenharia é


uma profissão que coloca o conhecimento científico ao serviço da sua utilização prática.
No exercício da sua profissão, os Engenheiros criam impactos na qualidade de vida das
pessoas, no ambiente e em todos os sectores da Economia. Por isso, exige-se aos
Engenheiros um comportamento ético impecável para garantir o sucesso da profissão
e impedir situações de corrupção.

Nestes termos, ao abrigo do artigo 64, nº2 dos Estatutos da Ordem dos Engenheiros
de Moçambique, a Assembleia Geral determina para todos os seus membros:

I - Deveres do engenheiro para com a comunidade:

• O Engenheiro deve procurar as melhores soluções técnicas, ponderando a


economia e a qualidade do produto sob sua responsabilidade.
• O Engenheiro deve defender a saúde pública, o ambiente e a utilização racional
dos recursos naturais.
• O Engenheiro deve garantir a segurança do pessoal executante das obras, dos
utentes das mesmas e do público em geral.
• O Engenheiro deve opor-se à utilização fraudulenta, ou contrária ao bem
comum, do seu trabalho.

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II - Deveres do engenheiro para com a entidade empregadora e para com o cliente:

• O Engenheiro deve contribuir para a realização dos objectivos económicos e


sociais das organizações em que se integra, promovendo o aumento da
produtividade, a melhoria da qualidade dos produtos e das condições de
trabalho.
• O Engenheiro deve respeitar o segredo profissional e de informações
confidenciais obtidas no exercício das funções, salvo se, em consciência,
considerar poderem estar em sério risco exigências de bem comum e interesse
público, e nunca em benefício próprio.
• O Engenheiro só deve responsabilizar-se e ser pago pelos serviços que tenha
efectivamente prestado e tendo em atenção o seu justo valor.
• O Engenheiro deve recusar a sua colaboração em trabalhos que impliquem
situações ambíguas ou de conflitos de interesse.

III - Deveres do engenheiro no exercício da profissão:

• O Engenheiro deve executar o seu trabalho com competência, honestidade,


empenho, objectividade e isenção.
• O Engenheiro só deve aceitar trabalhos para os quais seja competente e tenha
disponibilidade.
• O Engenheiro deve pugnar pelo prestígio da profissão e impor-se pelo valor da
sua colaboração e por uma conduta irrepreensível, usando sempre de boa-fé,
lealdade e isenção, quer actuando em associação quer individualmente.
• O Engenheiro deve opor-se a qualquer concorrência desleal.
• O Engenheiro deve usar da maior sobriedade nos anúncios profissionais que
fizer ou autorizar.
• O Engenheiro deve desenvolver o seu conhecimento profissional, procurando
manter-se permanentemente actualizado.

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IV - Dos deveres recíprocos dos engenheiros:

• O Engenheiro não deve prejudicar a reputação profissional ou as actividades


profissionais de colegas, devendo, quando chamado a apreciá-los, fazê-lo com
elevação e salvaguardando a dignidade da classe.
• O Engenheiro deve recusar substituir outro engenheiro, numa posição
contratual ou em negociação, só o fazendo quando as razões dessa substituição
forem correctas e dando ao colega a necessária satisfação.
• O Engenheiro deve apoiar na medida das suas possibilidades a formação, treino
e desenvolvimento profissionais de outros engenheiros.
• O Engenheiro deve contribuir para a boa reputação da Ordem dos Engenheiros
de Moçambique e para o alargamento da sua influência.
• O Engenheiro deve informar a OrdEM de qualquer ofensa criminal ou acto de
corrupção ou desvio das regras definidas neste Código Deontológico e nos
Estatutos levados a cabo por outro Engenheiro e de que tenha conhecimento.

1.4. Código de conduta de uma empresa

Código de conduta é um documento que elenca todas as regras que devem ser
seguidas por todos os membros de uma empresa – incluindo, em muitos casos,
terceirizados -, independentemente do nível hierárquico.

O código de conduta estabelece padrões de comportamento e formas de agir com base


na missão, nos valores e nos objetivos da organização. Assim, o documento serve como
material de apoio para as ações de colaboradores, gestores e outros líderes, de modo a
nortear o que é aceito ou não nas relações com clientes, parceiros, fornecedores, poder
públicos e outros stakeholders.

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Portanto, em resumo, alguns dos principais benefícios do código de conduta de uma
empresa são:

• É o código de conduta que deve dirimir quaisquer dúvidas em relação à ética,


evitando qualquer mal-entendido ou desvios de conduta causados por
desconhecimento que podem levar a situações prejudiciais à empresa, como
casos de corrupção.
• O código de conduta também orienta os gestores a definir as situações que são
passíveis de punição e quais seriam as medidas adequadas para cada caso.
• Dar mais transparência a negociações e processos;
• Disseminar práticas éticas e uma atuação de acordo com a Lei;
• Fortalecer a imagem e consolidar a marca junto ao mercado;
• Melhorar a comunicação interna e o entendimento entre setores;
• Melhorar a produtividade;
• Servir como guia para as ações das pessoas.

O código de conduta é um documento vital para uma organização. É ele que vai
estabelecer as normas e regras que vão nortear a atuação de todos os membros da
empresa, da alta cúpula aos novos talentos, bem como de todas as relações envolvendo
os stakeholders – parceiros, fornecedores, poder público, consumidores, entre outros.
Para que isso aconteça, é preciso manter uma comunicação direta, que promova a
cultura organizacional e faça com que o código de conduta seja difundido, recebido e
compreendido por todos. Só assim será possível colher os frutos de uma atuação
pautada na ética e no respeito à legislação.

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2. Referencias
• Telma Costa Cordeiro, Deontologia profissional, 2019.
• KUNSCH, Planejamento de Relações Públicas na Comunicação Integrada, 2003.
• https://ordeng.org.mz
• https://blog.neoway.com.br/codigo-de-conduta/
• https://sonodaponto.com.br/2021/08/23/atos-de-indisciplina-e-
insubordinacao/
• https://www.contadores.cnt.br/projetos/46/noticias/empresariais/2013/04/17/
confira-10-comportamentos-inadequados-no-local-de-trabalho.html
• https://blog.solides.com.br/tipos-de-avaliacao-de-desempenho/
• https://www.edools.com/comunicacao-no-ambiente-de-trabalho/
• https://blog.convenia.com.br/comportamento-no-mercado-de-
trabalho/#Medidas_para_melhorar_o_comportamento_da_equipe
• https://pedreirao.com.br/hierarquia-de-uma-obra-de-construcao-civil-ii-passo-a-
passo/

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