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Texto argumentativo
Texto argumentativo: aquele que apresenta a defesa de um raciocínio ou de uma
opinião tendo em vista um destinatário bem definido – eleitores, leitores, jurados,
auditório de um julgamento etc.; parte normalmente da opinião pessoal do autor e
tem como finalidade uma alteração dos valores e das opiniões de outrem.
Argumentar consiste em apresentar razoes e fundamentos que permitam defender
ou refutar uma determinada tese, através de raciocínios ou argumentos válidos.
Objectivos do texto argumentativo:
1.- Intencionalidade intelectual:
a)- Objectivo instrutivo: informar sobre determinado estado de coisas sem fazer
apelo à emoção.
b)- Objectivo argumentativo: tornar plausível o objecto do discurso, recorrendo à
razão.
c)- Objectivo ético: edificação do auditor no domínio da moral.
2.- Intencionalidade emocional:
a)- Objectivo da componente deliberada: persuadir o público pelo ethos, (hábito/ costume).
b)- Objectivo da componente não deliberada: visa o prazer estético do público.
3.- Intencionalidade passional: consiste na procura de emoções violentas (ódio, lamentações, medo) que subjugam
o público.
Condições para uma boa argumentação:
. ter um conhecimento claro e preciso do assunto que se vai defender;
. considerar o público ao qual o discurso se destina;
. elaborar um guião com os principais dados a utilizar;
. organizar os argumentos por ordem de importância;
. evitar ataques pessoais;
. antecipar possíveis réplicas;
. evitar falácias;
. utilizar uma linguagem objectiva, específica e concreta.
Marcas predominantes do texto argumentativo
. modo indicativo;
. modo imperativo;
. paralelismo de construção e outros mecanismos de repetição;
. conectores consoantes com a intencionalidade comunicativa;
. actos de fala que visam provar, demonstrar, convencer, persuadir;
. etc.
Estrutura do texto argumentativo:
. introdução: contém a tese inicial;
. desenvolvimento ou corpo da argumentação: apresenta os argumentos que apoiam ou contrariam a tese
inicial;
. conclusão: reafirma a tese inicial através de uma breve síntese.
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Estes “Apontamentos Mínimos de Língua Portuguesa” não substituem o Manual/Sebenta oficial da disciplina intitulado
“Caderno de Língua Portuguesa”. Os Apontamentos Mínimos são apenas um guia básico que pode facilitar durante as aulas na
sala de aula, evitando o desperdício de tempo com ditados e tornando a aula mais prática que teórica. Todavia, após a aula o aluno
pode aprofundar o tema estudado através de sua Sebenta, em casa, que possui mais detalhes sobre cada conteúdo apresentado
incluindo exemplos práticos. Dependendo das condições da turma e da disponibilidade do professor, pode-se coordenar a criação
de uma turma virtual, pelo WhatsApp ou equivalente, através do qual os alunos entre si e o professor, e vice-versa, podem interagir
de forma efectiva e produtiva. A Sebenta “Caderno de Língua Portuguesa” foi feita pensando somente nas suas aulas. Contacte
seu professor para a adquirir ou baixe-a através do link
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Tipos de argumentos:
. argumentos de autoridade: incluem as opiniões emitidas por pessoas de prestígio na matéria a tratar e os
textos de normativos legais, entre outros;
. argumentos universais: reportam-se a saberes universalmente aceites;
. argumentos proverbiais ou de saberes popular: assentes em valores de verdade aceites por todos;
. argumentos por analogia: argumenta-se a partir de um caso ou exemplo específico, em muitos aspectos
semelhante ao que está em causa;
. argumentos de experiência: assentes em experiências já vividas pelo próprio ou por outros;
. argumentos históricos: baseiam-se em exemplos da tradição e da experiência histórica.
Subgéneros da argumentação:
- O género judicial/ argumentação judicial
. domínio temático: justiça ou injustiça;
. função textual: acusação ou defesa;
. emoções: severidade ou clemência;
. referência temporal primária: passado;
. modelos: discurso de tribunal, drama sociocrítico, sátira, apologia.
Artigo de opinião: texto argumentativo no qual o autor apresenta o seu ponto de vista sobre um tema polémico da
actualidade, uma decisão política, um filme, um livro, uma peça de teatro, uma exposição, um jogo de futebol etc. A
publicação de artigos de opinião visa incentivar a expressão livre do pensamento dos cidadãos, o debate crítico, a troca
e confronto de ideias e a assunção pública de posições de uma forma civicamente responsável.
Discurso político: proposta ideológica produzida por um indivíduo que se dirige a sectores específicos da população.
Num discurso político deve-se distinguir aquilo que é objectivamente dito daquilo que pode ser subentendido.
Carta de reclamação: reclamação/ protesto por um facto que se considera injusto ou devido. A reclamação deve
basear-se em factos objectivos e pode fazer-se pessoalmente, por telefone ou por escrito. Deve ser clara, precisa e
formulada com cortesia.
No texto de reclamação, devem indicar-se dados precisos:
. quem reclama: o reclamante deve indicar os seus dados pessoais (nome, morada, telefone) e assinar a
reclamação, colocando a respectiva data;
. por que reclama: indicar o motivo da reclamação;
O reclamante deve explicar com clareza o motivo da reclamação (o que ocorreu, onde, que prejuízo foi
causado etc.).
. o que reclama: indicar a solução que se espera obter.
Editorial: texto de opinião assinado por um elemento da direcção editorial do jornal ou revista e, consequentemente,
implica a sua credibilidade e responsabilidade. O seu objecto é um facto/ ideia/ assunto relevante da actualidade que
o editorialista analisa e acerca do qual se pronuncia, marcando as opções editoriais da própria publicação e, desta
forma, contribuindo para formar a opinião do leitor.
Publicidade:
Publicidade comercial: acto de divulgar um produto com o objectivo de persuadir o destinatário a adquiri-lo.
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Publicidade institucional: acto de divulgar um produto com o intuito de modificar um comportamento de que
resultem benefícios para o indivíduo e para a sociedade.
Elementos constitutivos de um anúncio publicitário:
. título: procura atrair a atenção para o produto e para o texto que o acompanha;
. texto: explica e completa a informação contida no título;
. slogan: contém o essencial da mensagem, quer do título quer do texto;
. ilustração/ foto: complementa e, por vezes, até substitui o próprio texto, uma vez que a imagem consegue,
com grande eficácia, transmitir a mensagem pretendida.
A linguagem da publicidade
a) Recursos para envolver o receptor:
. diferentes tipos de frases: imperativas, interrogativas;
. marcas da segunda pessoa: pronomes pessoais; pronomes e determinantes possessivos; verbos;
. marcas da primeira pessoa do plural;
. locuções verbais com valor de obrigação.
b) Recursos para elogiar a qualidade dos produtos:
. gradação de adjectivos e advérbios;
. outras formas de exprimir o superlativo: prefixos, repetição da mesma palavra.
c) Recursos expressivos:
. jogos de sons, aliterações e rimas;
. expressões correntes e provérbios transformados;
. antíteses;
. paralelismos e repetições;
. hipérboles.
Sermão: discurso de natureza religiosa feito num púlpito, principalmente em igrejas cristãs; qualquer discurso longo
e enfadonho.
Curriculum vitae: documento que tem como objectivo apresentar o seu autor a um possível empregador, pelo que
deve despertar o interesse do seu destinatário de forma que este queira saber mais acerca do aspirante ao emprego ou
à bolsa de estudo e o chame para uma entrevista. Por isso, um bom currículo é aquele em que o candidato apresenta
de forma convincente as suas competências, a sua experiência e os seus objectivos.
Partes essenciais de um curriculum vitae:
. dados pessoais: nome, estado civil, lugar, data de nascimento, bilhete de identidade, residência permanente,
telefone, telemóvel, endereço electrónico;
. formação académica: básica, média e superior, referindo-se os diplomas e as respectivas classificações,
estabelecimentos de ensino onde foram obtidos, os locais e as datas;
. formação profissional: inicial e complementar, ao longo da actividade profissional;
. outros conhecimentos relevantes – idiomas, conhecimentos de informática etc.;
. experiência profissional: locais de trabalho e respectivas empresas, indicando datas e referindo trabalhos ou
projectos da iniciativa própria ou em que tenha colaborado;
. experiência actual: local de trabalho e serviço em que se encontra;
. outras actividades: para candidatos sem experiência de trabalho, as actividades extra-escolares podem ser
determinantes na selecção entre candidatos com iguais habilitações académicas;
. outros dados de interesse: carta de condução, veículo próprio, disponibilidade para viajar etc.;
. projectos de vida/ expectativas: podem ser integrados no currículo ou incluídos na carta de
acompanhamento.
Cuidado a ter na apresentação do curriculum vitae:
. não deve ser longo: se possível, não deve exceder uma ou duas páginas e nunca deve ser utilizado o verso
da página;
. não deve ser pretensioso: deve referir-se somente a factos que possam ser provados;
. deve apresentar uma imagem cuidada: papel branco, de qualidade, formato A4, caracteres apropriados,
apresentação airosa que facilite a leitura (frases curtas, parágrafos bem definidos, sem repetições);
. deve apresentar um estilo cuidado: sem erros de qualquer tipo (ortografia, sintaxe, acentuação, pontuação…)
Fonética
Fonética: estuda a natureza física da produção, propagação e percepção dos sons da fala. Subdivide-se em fonética
articulatória, acústica e perceptiva.
Fonética articulatória: estuda os movimentos do aparelho fonador, aquando da produção dos sons, ou seja, da
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emissão da mensagem.
Para que haja produção dos sons característicos da fala humana é necessário estarem reunidas três condições: corrente
de ar, obstáculo à corrente de ar e caixa de ressonância. Estas condição são reunida pelo aparelho fonador humano,
constituído pelas seguintes partes: pulmões, brônquios, traqueia; laringe; cavidades supralaríngeas (faringe, boca
e fossas nasais).
Fonética acústica: estuda a transmissão da mensagem, a sua natureza física, sendo o som estudado como um
fenómeno vibratório que possui certas características: amplitude, duração, frequência.
Fonética perceptiva: estuda a percepção dos sons, desde o aparelho auditivo à recepção da fala.
Fonologia
Fonologia: estuda o papel de cada som e o seu valor distintivo no interior de uma língua específica.
Sons linguísticos
Para a classificação dos sons é importante ter em consideração três aspectos:
1º, como são produzidos;
2º, como são transmitidos;
3º, como são entendidos.
Os sons linguísticos classificam-se em vogais, consoantes, semivogais e glides.
Vogal: som produzido pela vibração das cordas vocais e transformado pela forma das estruturas supralaríngeas, que
estão abertas ou entreabertas à passagem do ar na cavidade bucal.
Consoante: som produzido pela vibração das cordas vocais e transformado por um obstáculo à passagem do ar pelas
cavidades supralaríngeas.
Em relação à função silábica, especialmente para a Língua Portuguesa, as vogais são sempre centro de sílaba, enquanto
as consoantes são fonemas que só figuram na sílaba junto a uma vogal.
Semivogal: situa-se entre um som vocálico e um consonântico; trata-se do fonema /i/ e /u/ que quando junto a uma
vogal, forma uma sílaba.
Glide: (som) semivogal de transição ouvido durante a articulação que liga dois sons fonéticos vocálicos contíguos.
Ex: caiaque.
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Transcrição fonética
Transcrição fonética: representação gráfica dos sons produzidos por um falante usando os símbolos e convenções
de um alfabeto fonético.
Numa transcrição fonética, os símbolos do alfabeto (fonético) são colocados entre colchetes ou parênteses rectos
[ ]; assim, a transcrição da palavra mata, usando os símbolos do IPA (International Phonetic Association, Alfabeto Fonético
Internacional, em português), será: [’matɐ].
Alfabeto fonético: sistema de representação gráfica dos sons constituído de modo a que cada som seja representado
por um e um só símbolo e que cada símbolo do alfabeto represente um único som da língua (por exemplo, o símbolo
[z] usa-se para representar os casos de <zumbir, exame, peso˃);
. um som único pode ser representado por uma combinação de grafemas (dígrafos): <ch˃, <nh˃ e <lh˃;
. o valor de um grafema pode depender do contexto em que ocorre, como em <casa˃, <saco˃, <mosca˃ ou em
<acto˃, <pera˃;
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CONSOANTES
p papa l lado
b bola ɬ mal
t lata ʎ malha
d dar ɾ aro, ir
ð dedo ʀ carro, ré
CONSOANTES
k oco i fila
g gato e fazer
m mola ɛ anel
VOGAIS
n nada a mala
ɲ ninho ɔ mola
f foca o oco
v vento u gato, muro
s caça, saco, fossa ɨ medir
z asa, exame, zumbir ɐ bala
ʃ acha, xícara, mastro GLIDES j pai
ʒ já, Lisboa w mau
Diacríticos
ACENTO PRINCIPAL DESVOZEAMENTO FRONTEIRA DE SÍLABA NASALIZAÇÃO
’ [’malɐ] [’pɛlɨ] • [’ma•lɐ] ~ [’mãtɐ]
Sílaba
Sílaba: som ou conjunto de sons de uma palavra, cujo núcleo é formado por uma vogal ou um ditongo (ou tritongo)
e que se pronunciam numa só emissão de voz.
ad mi ra vel men te
S. ÁTONA S. ÁTON. SÍLABA SUBTÓNICA S. ÁTONA SÍL. TÓNICA S. ÁTONA
De acordo com a posição em relação à sílaba tónica, a sílaba átona pode ser…
Pretónica: antes da sílaba tónica. Ex.: telhado.
Postónica: depois da sílaba tónica. Ex.: telhado.
Contagem silábica
As palavras podem classificar-se quanto ao número de sílabas.
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A palavra
Palavra: unidade gráfica e fonológica, com significado ou função gramatical, que pertence a uma determinada classe.
Palavra simples: formada por um único radical, admite afixos derivacionais, sendo uma unidade de sentido
indivisível. Ex. dou / damos; lindo / linda; bomba / bombas; tempo / tempos.
Palavra complexa: divisível em unidades menores de sentido, sendo formada através dos processos de derivação ou
composição. Ex: dádiva, lindamente, bomba-relógio, contratempo.
Base: constituinte a partir do qual se formam novas palavras, podendo corresponder a um radical, a uma palavra
simples ou a uma palavra complexa. Ex: sol > solar, solar > solarengo.
Palavra variável: pode ser flexionada, por exemplo, em número ou género. Ex: bonit- > bonito, bonita, bonitos,
bonitas.
Palavra invariável: não admite qualquer especificação de flexão. São palavras invariáveis as preposições e conjunções.
Significado: característica da palavra em possuir um significado, ou seja, referenciar um aspecto do domínio da
experiência da realidade. Ex: gato > O significado da palavra remete para o referente da realidade: animal doméstico,
mamífero da família dos felídeos.
Significante: estrutura fonológica (pronúncia) e gráfica (escrita) da palavra. Ex: gato > A estrutura fonológica desta
palavra compreende quatro sons [g-a-t-u]; a estrutura gráfica compreende quatro letras, g-a-t-o.
Denotação: valor constante associado ao significado de uma palavra, remetendo para o aspecto da realidade imediata
que referencia. Ex: pé > A palavra apresentada corresponde, na realidade, à parte inferior do corpo que se articula
com a perna.
Conotação: corresponde aos sentidos que uma palavra pode assumir em contextos ou situações distintas entre si. Ex:
Preciso de usar pé de cabra para arrancar este prego [pé > ferramenta de carpintaria].
Monossemia: verifica-se quando uma palavra admite um único significado. Ex: ornitologia > estudo das aves.
Polissemia: verifica-se quando uma palavra adquiri vários significados, existindo entre eles traços de sentido comuns,
diz-se polissémica, ou seja, pode assumir vários significados. Ex: O meu leitor de CD’s está avariado [leitor >
electrodoméstico capas de identificar a informação digital de um Compact Disk]. / O Pedro é o leitor mais assíduo
desta biblioteca [leitor > pessoa que se dedica à acção de ler].
Composição
Composição: processo morfológico que consiste em formar uma nova palavra pela união de duas ou mais bases.
Podem ocorrer dois processos de composição: composição morfológica ou composição morfossintáctica.
Composição morfológica ou aglutinação: verifica-se quando existe a junção de um radical a outro radical ou a
uma ou mais palavras, passando a existir apenas uma sílaba predominante e modificando a forma gráfica. Ex:
aguardente > Junção das palavras água e ardente.
Composição morfossintáctica ou justaposição: reúne duas ou mais palavras com hífen ou sem hífen, mantendo a
sua forma fonética e gráfica. As palavras formadas por composição possuem um sentido único e autónomo. Ex:
abelha-mestra / trabalhador-estudante > Junção de palavras das classes nome+nome. // guarda-chuva / beija-
flor > verbo+nome.
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Frase
Frase: unidade gramatical organizada em volta de um verbo ou de verbos.
Frase simples: tem como elemento central um único verbo principal ou copulativo. Ex: As crianças dormem.
A frase simples, quase sempre, corresponde a uma oração.
Frase complexa: combina mais do que um verbo principal ou copulativo. Ex: As crianças dormem enquanto os
pais jantam.
A frase complexa, quase sempre, corresponde a duas ou mais orações.
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Aposto ou continuado: nome ou expressão nominal que se junta a outro nome ou a um pronome, a título de
explicação ou de apreciação. Coloca-se separado por vírgulas. Ex.: Carata, a minha vizinha, partiu uma perna.
Vocativo: palavra ou expressão que, numa frase, indica a pessoa, a quem nos dirigimos directamente. O vocativo
pode ser precedido da interjeição ó, e separa-se sempre por vírgula(s) dos outros elementos da frase. Ex.: Marta, chega-
me esse livro. / Ouve lá, Rita, por acaso viste o meu irmão?
Orações coordenadas
As orações coordenadas são autónomas, não dependem umas das outras, isto é, cada uma tem sentido próprio; são
sintacticamente independentes, uma não exerce função sintáctica em relação à outra.
De acordo com o sentido das conjunções ou locuções coordenativas que as unem, as orações coordenadas recebem
nomes diferentes:
Orações coordenadas assindéticas: a ligação das orações é feita através de uma pausa. Ex: Encontrei a Ana, encontrei
a Sofia, mas a ti não te vi.
Orações coordenadas sindéticas: a ligação das orações é feita com recurso a conjunções coordenativas. Estas
podem ser copulativas, disjuntivas, adversativas, conclusivas, explicativas.
Oração coordenada copulativa: coordenada através de uma conjunção coordenativa copulativa que apresenta o
valor de adição. Ex: O Manuel vai às aulas e o Eduardo vai com ele.
Oração coordenada disjuntiva: coordenada através de uma conjunção coordenativa disjuntiva que estabelece
um sentido de escolha ou alternativa entre as duas orações coordenadas. Ex: Vou a um concerto ou vou ao teatro.
Oração coordenada adversativa: coordenada através de uma conjunção coordenativa adversativa que apresenta
um contraste entre as orações coordenadas. Ex: O Manuel foi às aulas, mas o professor faltou.
Oração coordenada conclusiva: coordenada através de uma conjunção coordenativa conclusiva que confere à
oração precedida pela conjunção o valor de efeito ou consequência relativamente ao apresentado na oração anterior.
Ex: O professor faltou, logo não houve aula.
Oração coordenada explicativa: coordenada através de uma conjunção coordenativa explicativa que confere à
oração precedida pela conjunção o valor de causa relativamente ao efeito apresentado na oração anterior. Ex: Vamos
para a praia que o sol está a abrir.
Orações subordinadas
Orações subordinadas: estão dependentes de uma outra oração (a oração subordinante ou principal), com a qual
estabelecem uma determinada relação.
A ligação entre a oração subordinada e a oração subordinante pode ser estabelecida por uma conjunção ou locução
subordinativa, por um pronome relativo ou por um pronome ou advérbio interrogativo (por um verbo no infinitivo,
no gerúndio ou particípio passado).
É subordinante a oração de que depende a oração subordinada. Ex: Está calor, embora seja verão.
As orações subordinadas podem assumir diferentes funções sintácticas na frase que as assemelham a expressões
nominais, adjectivais ou adverbiais. Como tal, constituem-se as seguintes tipologias de orações subordinadas:
subordinadas substantivas, subordinadas adjectivas e subordinadas adverbiais.
Orações subordinadas substantivas
Oração subordinada substantiva: desempenha a função sintáctica de sujeito ou complemento de um verbo, um
nome ou um adjectivo. Pode ser complectiva ou relativa.
Oração subordinada substantiva complectiva: pode constituir um sujeito ou um complemento do verbo, do nome
ou do adjectivo. Esta oração, por sua vez, pode ser integrante, infinitiva e interrogativa indirecta.
Oração subordinada substantiva complectiva integrante: caracteriza-se por substituir grupos nominais que
desempenham a função de complemento directo. Ex: Eles garantiram-me que estavam disponíveis.
Oração subordinada substantiva complectiva infinitiva: possui o verbo na forma infinitiva e caracteriza-se por
substituir grupos nominais que desempenham as funções de sujeito, de complemento directo, de modificador
ou outro. Ex: Viver é um processo difícil.
Oração subordinada substantiva complectiva interrogativa indirecta: caracteriza-se por substituir grupos
nominais que desempenham a função de complemento directo. Ex: Eles perguntaram se vinham. / Eles perguntaram
quem vinha.
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Oração subordinada substantiva relativa: introduzida por pronome relativo quem, o que, onde, quanto,
desempenhando funções sintácticas próprias de um nome. Ex: Quem tudo quer tudo perde. / Eu quero o que tu
quiseres.
Orações subordinadas adjectivas
Oração subordinada adjectiva: estabelece a sua relação estrutural de encaixe com a oração subordinante, ocupando
uma posição típica de adjectivo. Estas são as orações relativas com antecedente expresso.
Oração subordinada adjectiva relativa: surge depois do nome e é introduzida por pronomes, advérbios ou
adjectivos relativos. Subdivide-se em explicativa e restritiva.
Oração subordinada adjectiva relativa explicativa: acrescenta ao antecedente uma informação acessória, podendo,
portanto, ser suprimida. Separa-se obrigatoriamente por vírgula. Ex: Encontrei a Anabela, que é bastante simpática,
no centro comercial.
Oração subordinada adjectiva relativa restritiva: restringe, isto é, limita o sentido do nome (ou do pronome)
antecedente, sendo, por isso, indispensável ao sentido da frase. Não se separa, na escrita, por vírgula.
As orações subordinadas adjectivas relativas restritivas podem ser finitas, quando recorrem do modo indicativo (Ex:
A ideia que me deste foi espectacular.); não finitas, quando são usados o infinitivo, gerúndio ou particípio (Ex: Ouvia-
se um pássaro a cantar. / Ouvia-se um pássaro catando. / O livro policial comprado no Natal é empolgante).
Orações subordinadas adverbiais
Oração subordinada adverbial: estabelece a sua relação estrutural de encaixe com a oração subordinante ocupando
uma posição típica de advérbio.
As orações subordinadas adverbiais podem ocorrer à esquerda, à direita ou no interior da oração subordinante,
desempenhando a função sintáctica de modificador da frase ou do grupo verbal (de complemento circunstancial e
afins).
As orações subordinadas adverbiais subdividem-se em temporais, causais, finais, condicionais, comparativas,
consecutivas e concessivas.
Orações subordinadas adverbiais temporais: acrescentam uma circunstância de tempo ao predicado da oração
subordinante. Podem ser finitas, quando recorrem ao modo indicativo (Ex: Quando tu chegaste, eu estava a ver
televisão.), ou não finitas, quando são usados o infinitivo, gerúndio ou particípio (Ex: Depois de chegares, fizemos o
jantar. / Em tu chegando, fazemos o jantar. / Uma vez chegado tu, fazemos o jantar).
Orações subordinadas adverbiais causais: indicam o motivo ou a causa por que acontece o que se afirma na oração
subordinante. Podem ser finitas, quando recorrem ao modo indicativo (Ex: O João chumbou o ano, porque se
desleixou.) ou não finitas, quando são usados o infinitivo, gerúndio ou particípio (Ex: Devido ao facto de fazeres
anos, comprei-te uma prenda. / Deixando-se, o João chumbou o ano. / Desleixado, o João chumbou o ano).
Orações subordinadas adverbiais finais: exprimem um fim ou propósito. Podem ser finitas, quando recorrem
ao modo indicativo (Ex: Cheguei mais cedo, para que tivesse tempo de ir à Internet.) ou não finitas, quando são
usados o infinitivo impessoal ou pessoal (Ex: Cheguei mais cedo, para ir à Internet.).
Orações subordinadas adverbiais condicionais: apresentam os conteúdos das orações relacionadas dependentes
de uma condição, verificando-se a negação da oração condicional do mundo real. Podem ser finitas, quando recorrem
ao modo conjuntivo ou equivalente (Ex: Se não chovesse, iríamos à praia.) ou não finitas infinitivas (Ex: A verificar-
se o concurso, vou candidatar-me.), não finitas gerundivas (Faltando mais uma vez, chumbo o ano.), não finitas
participiais (Ex: Visto desse modo, concordo contigo).
Orações subordinadas adverbiais comparativas: exprimem uma comparação ou gradação relativamente ao
termo da oração subordinante. Geralmente, as orações subordinadas comparativas são constituídas com base na
elipse da forma verbal ou do grupo verbal, que surge apenas na subordinante. Ex: O Brasil é mais distante do que a
Itália [-]. / As praias do Ramiros são menos bonitas do que [-] as do Tômbwa. / Nós trabalhamos menos que ela estuda).
Orações subordinadas adverbiais consecutivas: exprimem um efeito de consequência sobre o grau da
propriedade expressa na oração subordinante. Pode ser finitas, quando recorre ao modo indicativo (Ex: A polícia foi
tao rápida que surpreendeu os ladrões na loja.) ou não finitas, quando é usado o infinitivo (Ex: O nervosismo foi tal,
a ponto de uma vítima insultar o agente policial).
Orações subordinadas adverbiais concessivas: apresentam um contraste face ao que se esperaria ou seria
previsível perante o exposto na oração subordinante. Podem ter um carácter factual, quando apresentam uma ideia
contrastiva, ou condicional, quando a ideia expressa é simultaneamente contrastiva e condicional, com recurso a
formas verbais finitas (conjuntivo) ou não finitas (infinitivo, gerúndio e particípio).
Ex:
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1º Embora a Joana esteja cansada, está a ver um filme no cinema [a oração sublinhada é subordinada adverbial
concessiva finita de carácter factual]. / Mesmo que a Joana esteja cansada, ela irá ver um filme ao cinema [finita de
carácter condicional].
2º Apesar de estar frio, passeio na praia [não finita infinitiva de carácter factual]. / Mesmo se estiver frio, irei passear
na praia [não finita infinitiva de carácter condicional].
3º Embora estando frio, estou a passear na praia [não finita gerundiva de carácter factual]. / Mesmo estando frio, irei
passear na praia [não finita gerundiva de carácter condicional].
4º Mesmo apressado, fui à livraria [não finita participial de carácter factual]. / Mesmo se apressado, irei à livraria
[não finita participial de carácter condicional].
As orações subordinadas adverbiais comparativas e as orações subordinadas adverbiais consecutivas
pertencem à subclassificação adverbial, no entanto estas comportam-se na frase como substantivas.
Entoação da frase: curva melódica efectuada pela voz humana ao pronunciar as palavras e as frases.
Tipos de frase
Quanto aos tipos, a frase pode ser declarativa, interrogativa, imperativa ou exclamativa.
Frase de tipo declarativo: contém a intenção de informar sobre um acontecimento, descrever uma situação... e tem
as marcas do código oral (entoação descendente), código escrito (ponto final). Ex.: Ontem fui ao cinema.
Frase de tipo interrogativo: contém a intenção de formular uma pergunta, apresentar uma dúvida... e tem as marcas
do código oral (entoação ascendente), código escrito (ponto de interrogação). Ex.: Que filme foste ver?
Frase de tipo exclamativo: contém a intenção de exprimir sentimentos (satisfação, alegria, surpresa, indignação...) e
tem as marcas do código oral (entoação descendente e prolongada), código escrito (ponto de exclamação). Ex.: Um
filme magnífico!
Frase de tipo imperativo: contém a intenção de aconselhar, fazer pedidos ou chamadas de atenção, ordenar... e tem
as marcas do código oral (entoação descendente), código escrito (modo imperativo do verbo, ponto final ou ponto
de exclamação). Ex.: Fala-me desse filme!
Formas de frase
É possível associar aos tipos de frase uma ou várias formas de frase, seguintes: afirmativa / negativa, activa /
passiva, enfática.
Frase de forma afirmativa: não é marcada por nenhuma realização lexical específica, pelo que se identifica pela
ausência de marcação de frase de forma negativa. Ex: Este homem puxa o burro.
Frase de forma negativa: a inexistência de uma situação ou propriedade que seria originalmente apresentada. Ex: O
dia hoje não está quente. / Ninguém foi à praia.
Frase de forma activa / passiva. Na construção da frase activa, os lugares de predicação são os opostos daqueles
que ocorrem na frase passiva, a frase apresenta a perspectiva centrada a partir do sujeito que estabelece uma relação
com outra(s) entidade(s), que, na frase passiva, se torna o agente da passiva. Ex: Os rapazes compraram flores. / As flores
foram compradas pelos rapazes.
Frase de forma enfática: acentua mais vivamente uma ideia, dando maior expressividade à frase. Ex: O Tiago é que
arrumou o quarto.
Construção frásica
Tipos de estrutura
A língua portuguesa obedece a um padrão de combinação entre as palavras. Nas frases declarativas, a construção mais
usual é aquela em que o sujeito precede o verbo, sucedendo-lhes os complementos. Diz-se, então, que a ordem
sintáctica regular em português é SVO (sujeito-verbo-objectos ou complementos).
A ordem básica da frase declarativa ou ordem não marcada é a seguinte: SVO (Ex: As crianças partiram a jarra.)
O padrão básico da frase pode ser alterado, verificando-se alterações de natureza discursiva. Os tópicos marcados
não correspondem ao caso típico da ordem de palavras em português: Ex: OVS (A jarra, partiram-na as crianças.),
VSO (Partiram as crianças a jarra.), VOS (Partiram a jarra as crianças.) etc.
Processos sintácticos
Concordância: processo sintáctico que se verifica entre duas ou mais palavras que partilham elementos ao nível da
flexão de pessoa, género ou número, em função do lugar que ocupam na frase.
É obrigatório haver concordância entre sujeito e verbo flexionado no predicado, entre determinantes e nome, entre
quantificador e nome, entre nome e adjectivo, entre sujeito e predicativo do sujeito, entre complemento directo e
predicativo do complemento directo e entre sujeito e particípio passado em construções passivas. Ex: O Luís é bom
rapaz.
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Elipse: processo sintáctico que consiste na omissão de expressões que são recuperáveis através do contexto
linguístico ou da situação.
Observando…
1º As expressões elípticas podem ocorrer com um antecedente na estrutura frásica que permite inferir o valor da
expressão omitida. Ex: O Manuel contou-me que chumbou o ano, mas a Ana não [-]. > [me contou que chumbou o ano] /
As zonas antigas das cidades estão mais degradadas que as [-] recentes [-]. > [zonas] [das cidades]
2º Este processo permite evitar repetições redundantes. A elipse é um processo sintáctico muito recorrente e
importante para a eficácia do processo comunicativo.
3º Num determinado contexto situacional, é possível interpretar as expressões elípticas. Ex: Levo aquele. […]
Frase parentética
Frase parentética: surge intercalada numa oração ou no final da frase como comentário ou explicação acerca da
entidade referida no grupo nominal quando intercalada, ou em toda a frase quando final. O carácter parentético das
orações intercaladas é fornecido pelas pausas, na oralidade, ou por vírgulas ou traços, na escrita. Ex: A situação, acredito,
está prestes a ser resolvida. / Tudo isto se deu bem cedo – disse um popular – ainda estava deitado e ouvi barulhos.
Adjectivos
Adjectivos: palavras que servem para precisar o significado dos nomes ao juntar-lhes características que os delimitam.
O adjectivo é um modificador do nome. Ser adjectivo ou ser nome não decorre, portanto, de características
morfológicas da palavra, mas de sua actuação efectiva numa frase da língua; decorre no contexto da morfossintaxe.
Ex.: O jovem angolano tornou-se participativo.
O angolano jovem enfrenta dificuldades para ingressar no mercado de trabalho.
Os adjectivos variam em género, número e grau.
Género de adjectivos
Adjectivos biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino. Ex: homem alto / mulher
alta.
Adjectivos uniformes: têm a mesma forma tanto para o masculino como para o feminino. Ex: homem inteligente/
mulher inteligente.
Número de adjectivos
O adjectivo concorda em número com o nome que caracteriza.
Grau de adjectivos
O grau dos adjectivos varia entre normal, comparativo e superlativo.
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GRAU EXEMPLO
Grau normal forte
Grau comparativo de superioridade mais forte do que
Grau comparativo de igualdade tão forte como
Grau comparativo de inferioridade menos forte do que
Grau superlativo absoluto sintético fortíssimo
Grau superlativo absoluto analítico muito forte
Grau superlativo relativo de superioridade o mais forte
Grau superlativo relativo de inferioridade o menos forte
Classes de adjectivos
Adjectivo qualificativo: exprime qualidades, estados ou modos de ser expressos pelo nome. Ex: menino lindo /
casa grande.
Adjectivo relacional: combina-se com nomes, atribuindo um valor temático ou referencial. Normalmente, derivam
de uma base nominal. Ex: conselho estudantil / população americana.
Adjectivo numeral: expressa ordem ou sucessão e precede o nome, antecedidos por artigos, demonstrativos ou
possessivos. Tradicionalmente, pertencem à subclasse dos numerais ordinais. Ex: O vigésimo quinto ano de casamento
foi festejado com toda a pompa. O meu primeiro nome é Augusto.
Numerais
Numerais: palavras variáveis que indicam a quantidade exacta de seres ou a posição que o ser ocupa.
Numerais cardinais: indicam o número de pessoas, animais ou coisas. Ex: Sete atletas cortaram a meta.
Numerais ordinais: indicam a ordem que as pessoas, animais ou coisas ocupam numa série. Ex: Este atleta foi o
sétimo a cortar a meta.
Numerais multiplicativos: indicam o aumento proporcional, a sua multiplicação. Ex: A mãe deu-lhe o triplo dos
encargos que me deu a mim.
Numerais fraccionários: indicam a diminuição proporcional, a sua divisão. Ex: Comi um terço de maçã.
Numerais colectivos: indicam um grupo de seres. Ex: Eles formam um trio notável.
Numeração árabe: 1, 2, 3…
Numeração romana: I, II, III…
Determinantes
Determinante: palavra variável que determina o nome, precedendo-o.
Classes de determinantes
Os determinantes subclassificam-se em artigos, determinantes possessivos, determinantes demostrativos,
determinantes indefinidos, determinantes interrogativos e determinantes relativos. Há referências incontestáveis
sobre determinantes numerais, adjectivos, entre outras.
Determinante artigo: distingue o grau de especificidade do nome, com o qual estabelece concordância de número
e de género.
Determinante possessivo: influencia a construção referencial do nome que precede, atribuindo-lhe valor de posse.
Determinante demonstrativo: influencia a construção referencial do nome que precede, atribuindo-lhe valor de
proximidade ou distância no tempo ou no espaço.
Determinante indefinido: influencia a construção referencial do nome que precede de modo indefinido, não sendo
identificado o referente do nome que determina.
Determinante relativo: precede o nome na oração relativa, determinando uma relação entre o referente do nome e
o referente da oração principal.
Determinante interrogativo: precede o nome na oração interrogativa, identificando o constituinte interrogado.
Preposições
Preposição: palavra invariável que liga dois elementos da oração, subordinando o segundo ao primeiro. Ex: Vou para
casa. / Jantai com ele! / Comprei uma pulseira de prata.
As locuções prepositivas terminam sempre em preposição.
A preposição a, além de poder estabelecer uma relação de tempo, lugar, matéria etc.,
O Augusto não chegou a hora.
A Fernanda foi a Roma.
serve também para introduzir o complemento indirecto:
O cão obedece ao Pedro.
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A preposição por serve também para introduzir o agente da passiva e a sua forma primitiva per só se encontra
em contracção com o artigo definido:
pela(per+a), pelo(per+o), pelas(per+as), pelos(per+os)
A preposição de além de poder introduzir o agente da passiva (Ex.: A operação foi coroada de êxito.) e
estabelecer a relação no complemento determinativo (Ex.: um livro de receitas; uma camisola de lã) aparece em casos
especiais com uma ideia de:
. realce, reforço
O diabo do homem não se calava.
Ai dos vencidos!
. sentido partitivo
Deu-lhe um bocado de pão.
Contracção de preposições
As preposições a, de, em e por podem aparecer contraídas com o artigo definido e com alguns determinantes
e pronomes
a+a>à; a+o>ao; de+a>da; de+o>do; em+a>na; em+o>no; per+a>pela; per+o>pelo; a+aquela>àquela;
a+aquele>àquele; de+ela>dela; de+ele>dele; em+esta>nesta; em+este>neste…
Conjunções
Conjunção: palavra invariável que serve para relacionar orações ou elementos semelhantes da mesma oração.
Classes de conjunções
Conjunções coordenativas
Conjunções coordenativas: ligam orações da mesma natureza ou palavras que, na oração, desempenham iguais
funções.
Conjunção coordenativa copulativa: liga dois termos ou duas orações com função equivalente. Ex: Eu e a Maria
fomos à praia. / Eu não vou à viagem, nem me importo com isso.
Conjunção coordenativa disjuntiva: liga dois termos ou duas orações de sentido diferente, indicando uma ideia de
alternativa. Ex: O Pedro ou o João vão ajudar-te. / Ou faço jantar ou vou comer uma piza.
Conjunção coordenativa conclusiva: serve para exprimir uma ideia de conclusão na oração que se liga à anterior.
Não encontrei a chave, portanto não posso entrar em casa. / Vieste ajudar-me, logo despachamo-nos rapidamente.
Conjunção coordenativa adversativa: liga dois termos ou duas orações em que um dos elementos transporta uma
ideia de contraste. Ex: Bati à porta, mas ninguém abriu. / Não saí de casa, no entanto não te ouvi.
Conjunção coordenativa explicativa: liga duas orações, em que a segunda justifica a ideia da primeira. Ex: Fico em
casa, pois estou cansado. / Vamos almoçar que estou cheio de fome.
Conjunção subordinativa
Conjunções subordinativas: estabelecem uma relação de dependência entre orações.
Conjunção subordinativa complectiva integrante: inicia a oração que é sujeito ou complemento de um nome,
verbo ou adjectivo. Ex: Peço que faças o trabalho.
Conjunção subordinativa causal: inicia a oração subordinada com valor de causa. Ex: O prédio ruiu, porque não era
conservado.
Conjunção subordinativa final: inicia oração subordinada que indica a ideia de finalidade da oração principal. Ex:
Tenho trabalhado para que tudo volte ao normal.
Conjunção subordinativa temporal: inicia uma oração subordinada indicadora da circunstância de tempo. Ex:
Nunca apareces quando te peço.
Conjunção subordinativa concessiva: inicia uma oração subordinada que admite um valor contrário à acção da
oração principal, não a impedindo. Ex: Ainda que quisesse, não conseguiria ir agora de férias.
Conjunção subordinativa condicional: inicia uma oração subordinada que indica uma condição para a realização
da acção principal. Ex: Gostaria de ir ao Namibe, se tivesse dinheiro.
Conjunção subordinativa comparativa: inicia a oração que apresenta o segundo termo da comparação iniciada na
oração principal. Ex: O João comporta-se como se tivesse 5 anos.
Conjunção subordinativa consecutiva: inicia a oração que indica a consequência da acção da oração principal. A
conjunção coordenativa consecutiva surge combinada com as palavras tal, tanto, tao, presentes na oração anterior. Ex:
Está de tal forma frio, que nem vou sair da cama. / Foi uma situação tão engraçada que ninguém ficou indiferente.
Interjeições
Interjeição: palavra invariável que exprime emoções, sensações, estados de espírito, ou que procura agir sobre o
interlocutor, levando-o a adoptar determinados comportamentos sem que se faça uso de estruturas linguísticas mais
elaboradas.
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A interjeição é frequente nas frases exclamativas e, na escrita, costuma ser acompanhada de ponto de exclamação:
SURPRESA: ah! oh! ih! olá! ole! ena!
APLAUSO: ah! oh! eia! upa! viva! bis! apoiado! força! muito bem!
ALEGRIA: ah! oh!
CHAMAMENTO: ó! eh! pst! pchiu! olá! olé! socorro! ó da guarda!
DOR: ai! ui! ah! ai de mim! pobre de mim!
DESEJO: oxalá! salve! bem haja! Deus queira! quem me dera!
CÓLERA: apre! irra! toma!
INDIGNAÇÃO: oh! ui! uh! credo! abrenúncio! Jesus!
DÚVIDA: hum! ora! credo!
CANSAÇO: uf! ah!
REPULSA: ui! safa! fora! morra! abaixo! chiça! abrenúncio! tarrenego!
ORDEM: caluda! silêncio! fora! arredo! basta! alto! alto já!
SILÊNCIO: chiu! pchiu! caluda! silêncio!
Chama-se também à interjeição, palavra-frase, por constituir, só por si, uma frase.
TEXTO DE LEITURA – 1
RIOSECO
Kwanza largou o balde com a isca e apetrechos. Correu no primeiro coqueiro e começou a marinhar
no pau com leveza tal que dava a ilusão, quase, de ser o coqueiro quem se escorregava pelo corpo da criança.
O carpinteiro coçava a barba, boquiaberto com a ligeireza do garoto, “sangue do avô dele que veio das
bandas do rio. Rio misturado com mar é ele próprio. Que bonito. Eu não hei-de morrer sem ficar um dia
inteiro a olhar o sítio onde esse grande rio que lhe deu o nome. O rio que o mar não aguenta a força dele.”
– disse para a mulher.
“Mentira. Não tem nenhum rio com essa força toda. No mar é preciso respeitar. Todos. Até um rio
grande deve respeito no mar.”
“Mentira, qual nada! Não é o rio que entra no mar? Nenhum dia nem noite o mar entrou pelos rios
dentro deles a molhar as tuas nacas de milho com água salgada. Nenhuma noite nem nenhum dia.”
“Mas o mar é muito mais grande que todos os rios. Na contra-costa, já me explicaram, a gente fica
só a olhar e não tem outro lado da água, é tudo azul até no fim que não se vê. O mar é muito grande e as
ondas dele têm muito mais força que os rios todos juntos. Xé!”
“O mar é só assim por causa dos rios que lhe trazem a água. Os rios é que enchem o mar. Nenhum
dia viste um mar encher um rio, já falei. Isto é tudo água que vem da nossa terra. Sem a nossa terra, sem os
rios que atravessam muito tempo, devagar e depressa, depressa e devagar, a secar e a encher na chuva, onde
é que estava o mar? Sem a nossa terra, onde nascem os rios, o povo daqui não tinha mar para pescar. Não
há mar sem rio, eu já falei.”
“E também não tinhas peixe sem mar. E não tinhas feito uma cacimba sem o mar” – pilheriou Noíto
com risadas mas a meditar. O marido tinha cabeça. A ela nunca lhe havia passado na ideia. Afinal era mesmo
isso. Os rios nascendo assim de um fiozinho de água, serpenteando e engrossando por entre as colinas
debruadas de floresta, os rios é que eram a mãe da vida.
“Mas, Zacaria. Tira daí esse teu feitiço de fazer uma cacimba sozinho, arrancar a areia com uma
corda e um balde e encontrares na água, na pá e na enxada. Tira isso!”
“Porquê?”
“Para não abusares de Deus e do diabo.”
“Mas não devíamos perder isso.”
“Guarda na cabeça. Tu é que ensinaste. Se guardas assim, a mostrar, roubam-te. Na cabeça nunca
nos roubam. Ou então ainda te prendem. Ou não ouviste já estórias de pessoa que prenderam por estar só
a pensar uma coisa que nem era?”
E Zacaria, mão na barba (…), foi desmontando e mostrando, para a mulher, uma certa tristeza de
recordação sem despedida. Kwanza descascara os cocos com a faca de Kakuarta. Dois furos em cada um.
E a água boa na boca de Noíto e Zacaria. Depois começaram a comer a noz que o miúdo tirara de sapiência,
quase inteira no arredondamento. Zacaria, de vez em quando, levava a mão esquerda à omoplata direita,
apalpava e fazia um esgar de dor.
(…)
Kwanza artilhou as linhas ante a curiosidade de Zacaria, lembrando-se das canas de bambu, da sua
infância, a bóia, bocado de cabaça por onde passava a linha, tudo tão diferente.
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O miúdo iscou a linha de Noíto, lançou ele, recolheu um pouco e entregou para as mãos dela. Depois,
artilhou a outra linha, afastou-se cinco passos e atirou-a, chumbada a badalar no mar.
“Vó! Vó! Puxa! Puxa!”
A linha começara a fugir das mãos de Noíto.
“Puxa! Tem peixe com ele!”
Uma mão à frente da outra, Noíto a recolher a linha com energia.
Era um parguete mulato de dois palmos.
Manuel Rui, Rioseco, Livros Cotovia, 1997 (texto com supressão)
In MAGALHÃES et alii, Língua Portuguesa 12ª Classe. Portugal: Porto, 2008, págs.102-103
TEXTO DE LEITURA – 2
A ÁFRICA E A EUROPA
O fracasso da recente cimeira Europa-África não tem sido objecto de qualquer análise séria nos media
europeus. No contexto global em que vivemos, esta ausência é preocupante, pois revela que a Europa ou
nunca entendeu a África ou deixou de a entender.
O silêncio diz tudo: “Isto é África. O que se espera?” Há um ditado africano que diz: “Enquanto a
história da caça ao leão for contada pelos caçadores, os leões serão sempre predadores.” O pouco de história
de África que os europeus conhecem é a história do caçador, a história europeia de África, e enquanto isto
não mudar a África só confirmará aos europeus o que já “sabem” dela. Ou seja, nada que sirva para fundar
outro tipo de relações que não as coloniais e as neocoloniais.
Para começar, seria importante ter em mente que a recente cimeira ocorreu no seguimento de várias
outras – a Cimeira África-EUA, em 2005, a Cimeira África-América Latina, em 2006, e a Cimeira África-
China, em 2007 – e que todas elas, sobretudo as duas últimas, tiveram resultados palpáveis, apesar de terem
ocorrido com parceiros para quem a África, até há pouco, era algo estranho e remoto. Ou seja, ao contrário
da Europa, os novos parceiros não tiveram dificuldades em entender a nova África.
E O QUE É A NOVA ÁFRICA? É uma África que procura aprender as lições da globalização
neoliberal, para receber dela não apenas os custos, como até aqui, mas também pulso de pan-africanismo,
mais pragmático do que o anterior, centrado em instituições novas ou renovadas, quer de âmbito continental
(a União Africana) quer de âmbito regional (por exemplo, a Comunidade de Desenvolvimento da África
Austral, SADC), apostado em resolver com recursos internos as crises que ocorrem (do Darfur ao Quénia)
e alimentando-se das vitórias que nascem da união. Em suma, a África sente que é preferível caminhar com
os seus próprios pés, mesmo que sangrem, do que com muletas, mesmo que de ouro.
Por outro lado, a nova África interroga-se hoje intensamente sobre donde vem. Está em curso uma
revisão profunda da história do colonialismo, que envolve uma reflexão sobre a África pré-colonial. O debate
é intenso, mas emerge dele um sentimento de que a África não pode desperdiçar nenhuma experiência
histórica africana, mesmo que ela tenha sido desvirtuada e manipulada pelo colonialismo. Daí uma
reavaliação dos sistemas de governo tradicionais (as autoridades tradicionais) e o modo como podem ser
postos ao serviço de uma democracia que não seja apenas uma imitação ou imposição ocidental.
A QUESTÃO DA RELAÇÃO entre cidadania e etnicidade torna-se premente. Mas os africanos
sabem que por detrás do “tribalismo” de que a África é acusada pelo Norte desenvolvido está o verdadeiro
tribalismo, o tribalismo que divide a África em duas tribos: a dos que têm tudo e a dos que não têm nada, a
imensa maioria. É neste tribalismo profundo que assenta o tribalismo que interessa aos media ocidentais.
Violência no Quénia? “Isto é África. O que se espera?”
(…)
A imaginação catastrófica do Ocidente não sabe ler África senão através de metáforas apocalípticas,
como genocídio e limpeza étnica. Se procurasse entender, veria que por detrás da violência estão conflitos
de terra e pelo controlo de recursos naturais. E também em relação a eles a Europa não se pode considerar
inocente. A politização da etnicidade começou com o colonialismo e se, depois das independências, as
potências colonizadoras tivessem cumprido os compromissos assumidos de facilitar a reforma agrária, a
tribo dos camponeses pobres não existiria hoje. De África, a Europa só vê as realidades que confirmam a
sua nostalgia do colonialismo.
Boaventura de Sousa Santos, in Visão, 17 de Janeiro de 2008 (adaptado e com supressões)
In MAGALHÃES et alii, Língua Portuguesa 12ª Classe. Portugal: Porto, 2008, pág. 62
TEXTO DE LEITURA – 3
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O INVESTIGADOR
Nós não vemos com os sentidos: vemos, misturadamente, com a inteligência também. Elimino,
agora, a hipótese já anormal da alucinação. Refiro-me apenas à experiência normal. Um exemplo: passo por
uma rua e vejo um homem caído no passeio. Instintivamente me pergunto: por que é que este homem caiu
aqui? Já aqui vai um erro de raciocínio e, portanto, uma possibilidade de erro de facto. Eu não vi o homem
cair ali. Vi-o já caído. Não é, por tanto, um facto, para mim, que o homem caísse ali. O que é um facto, para
mim, é que ele está caído ali. Pode ser que tenha caído noutro lugar e que o tenham transportado para ali;
muita coisa mais pode ser. Creio ter-lhes demonstrado bem como é complicado o que parece tão singelo. É
preciso, em qualquer problema, separarem-se cuidadosamente, logo no princípio, os dados e as conclusões.
Maria Rosa R. V. S. Monteiro, in Revista da Lusofonia, n.os 35-40, pág. 48, Pontevedra
In MESQUITA, Helena / PEDRO, Gonçalves. Língua Portuguesa 9ª Classe. Luanda: Plural, 2006, págs. 198
TEXTO DE LEITURA – 4
RAPAZINHOS
São tão engraçadinhos. Os rapazinhos. O mérito não é só deles, meninos e meninas fizeram-se nesses
últimos anos uma delícia, gerações novíssimas de gente garrida, sem dúvida o mais encantador e talvez o
mais indisputável sinal de que realmente os tempos mudaram. Como podíamos nós ter sido assim se eram
as nossas mães que nos escolhiam a roupa, e a norteá-las só admitiam os critérios sisudos da durabilidade,
resistência e eficácia da camuflagem das nódoas? Passavam-se os anos e não havia maneira de aqueles monos
se estragarem, para podermos por fim comprar uns novos.
Franjas e botas, caracóis e pernas, cor-de-rosa e amarelo, com todos os adereços à mão andar na rua
é uma festa. Meninos e meninas crescem em beleza como numa história colorida em que estivesse sempre
sol. Mas, apesar de tudo, as meninas sempre tiveram a herança civilizacional do seu lado, para instruírem
sem que ninguém lhes diga essa arte subterrânea de ser um apetite. Por isso os rapazes são agora tao
comoventes na descoberta do código que esteve por séculos excluído do quarto de brinquedos deles, uma
certa forma de abrir muito os olhos, um certo sorriso que tem muito no fundo qualquer coisa de medo,
qualquer coisa de deslumbre, uma aragem de promessa, assim. Como quem nem sequer dá por nada. E
aquela maneira de imperceptivelmente rasgarem mais os gestos, acentuarem mais as palavras, se pelo viés
do subconsciente percebem que estão a ser observados. Vaidosos, tontos, quase delicados, cabelos para a
testa, um brinco pequeno que de vez em quando cintila de passagem por um raio de luz. É bonito. É muito
melhor.
Clara Pinto Correia, in Sinais (extracto)
In MESQUITA, Helena / PEDRO, Gonçalves. Língua Portuguesa 9ª Classe. Luanda: Plural, 2006, pág. 193
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