Você está na página 1de 4

LARISSA LOYOLA

BLOCO SÍNDROMES NEURO PSIQUIÁTRICAS


GT 1
Transtorno de Humor

Transtornos depressivos Transtornos afetivos


unipolares bipolares (TAB):

Transtornos depressivos Episódios de mania (TAB


maiores tipo I)

Transtornos distímicos:
Episódios de hipomania
 Tristeza: resposta humana universal às situações de frustações, perda, derrota etc. É de valor adaptativo, porém, demonstra alerta (solidão) sintomas mais brandos e
mais crônicos
(TAB tipo II)

 Luto: resposta à perda de um ente querido. Geralmente, não há alterações de psicomotricidade. Há exacerbação da atividade simpática e agitação (dura de 1 a 2 anos)
 Depressão:
 Síndrome: alteração de humor, cognição, sono, apetite, psicomotricidade Estado misto (sintomas de
mania e depressão
 Doença: transtorno depressivo maior, TB I e TB II, melancolia, distimia, depressão ciclotimia apresentam-se
simultaneamente).
 Transtorno de humor: Quadros psiquiátricos caracterizados por alterações acentuadas e razoavelmente bem delimitadas do humor, da cognição, da atenção, dos ritmos biológicos e da psicomotricidade.
Depressão Maior (CID F33)
Conceito Alterações no humor, na cognição, no afeto e em funções neurovegetativas (fome, sono) do indivíduo.
Episódio depressivo (CID-10): alteração no estado basal do paciente em um período de no mínimo, 2 semanas, preenchendo pelo menos 5 dos critérios de depressão (vide diagnóstico); presentes quase todos os dias, na maior
parte do tempo.
Epidemiologia - Atinge cerca de 121 milhões de pessoas no mundo
- Maior prevalência em ♀ (3:1)
- Se instala geralmente dos 20 aos 50 anos de idade, com idade média de 24 anos.
Fatores de - História prévia e familiar para transtornos do humor - Sexo ♀
Risco - Idade: incidência aumenta com a idade - Exposição solar: maior a incidência em locais de menor exposição solar → alteração do circo circadiano hipotalâmico
- Desemprego - Obesidade e síndrome metabólica
- Demência - Menopausa e pós-parto: diminuição do estrogênio (alteração do eixo hipotalâmico hipofisário)
- Uso de substâncias psicoativas: álcool, drogas, inibidores do apetite, antidepressivos
- Alteração dos ritmos biológicos: privação de sono (insônia) - Baixo suporte social
- Eventos adversos precoces: perda parental, falta de carinho dos pais, abuso sexual na infância.
Classificação - Sintomatologia: melancólica ou somática, psicótica, atípica.
- Polaridade: bipolar ou unipolar → não é identificável sintomatologicamente
- Curso: breve (episódio), recorrente, crônico (distimia)
- Fatores desencadeantes: sazonal (mês de inverno/outono) → ciclo circadiano; puerperal
Critérios de funcionalidade (gravidade):
- Leve: não incapacita, mas causa sofrimento importante → 2 sintomas fundamentais + 2 sintomas acessórios
- Moderada: afeta parcialmente as funções do indivíduo → 2 sintomas fundamentais + 3 a 4 sintomas acessórios
- Grave: incapacita social e/ou profissionalmente → 3 sintomas fundamentais + 4 ou mais sintomas acessórios
Fisiopatologia Complexa interação de processos biológicos (resposta ao estresse, fatores neurotróficos), psicológicos (personalidade e relacionamentos pessoais), ambientais (dieta, álcool, ritmos biológicos) e genéticos.
Fatores biológicos: Fatores genéticos: Fatores ambientais:
- Disponibilidade ↓ de norepinefrina ou serotonina ou dopamina em sinapses - Herdabilidade da depressão estimada em 40 a 50%, fatores ambientais modulam - Uso de substâncias psicoativas (álcool, drogas, antidepressivos)
específicas desses neurotransmissores no cérebro. a atividade de genes (epigenética). - Alteração dos ritmos biológicos (privação de sono)
- ↑ dos níveis de cortisol → Hiperatividade do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal Alterações endócrinas: - Eventos adversos precoces (perda parental, abuso físico e/ou sexual na infância)
(estresse crônico reduz a inibição do eixo) → desajuste de ritmos circadianos - Hipoestrogenismo (pós-parto, menopausa) → alteração do eixo hipotálamo-
- Processos inflamatórios e interações imunoneuronais (hipótese das citocinas): ↑ hipófise-ovário
dos níveis de diversas citocinas pró-inflamatórias (interleucinas, IFN-Y, TNF-a), - Desregulação dos eixos tireoidiano e ligado ao hormônio de crescimento
ativação das células T, ↑ peroxidação lipídica e dano oxidativo ao DNA através do - Desajuste hipotalâmico de ritmos circadianos
↑da produção de radicais livres, indicando um acometimento sistêmico celular
Quadro Clínico Sintomas psíquicos essenciais: Sintomas afetivos negativos: Alterações cognitivas:
- Humor depressivo: sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimento de culpa → - Tristeza - Melancolia - Pensamento lentificado
hipobulição - Crises de choro e choro fácil - Apatia ou irritabilidade
- Queda na capacidade de concentração
- Falta de interesse e motivação com redução da capacidade de sentir prazer nas atividades. - Baixa autoestima - Tédio
- Comprometimento da memória
LARISSA LOYOLA
BLOCO SÍNDROMES NEURO PSIQUIÁTRICAS
GT 1

- Queda do ânimo ou cansaço - Lentificação psicomotora. - Culpa - Desesperança - Dificuldade para tomar decisões.
- Solidão - Ansiedade
- Anedonia (incapacidade de sentir prazer e alegria)
Alterações físicas: Alterações comportamentais: Sintomas psicóticos: (grave)
- Diminuição da energia física (fadiga, cansaço fácil e constante, sono, preguiça). - Retraimento social - Ideias delirantes de conteúdo negativo.
- Comportamentos suicidas - Alucinações geralmente auditivas.
- Insônia (inicial - dificuldade de iniciar o sono -, intermitente ou terminal - despertar precoce).
- Perda ou aumento do apetite/peso.
- Distúrbios sexuais (queda ou perda do desejo sexual, disfunção erétil ou ejaculação rápida).
- Alterações na menstruação.
- Cefaleia.
Critérios Fundamentais: Critérios Acessórios:
Diagnóstico 1. Humor deprimido 1. Concentração e atenção reduzidas
(critérios) 2. Perda de interesse 2. Autoestima e auto confiança reduzidas
3. Fatigabilidade 3. Ideias de culpa e inutilidade
CID 10 4. Visões desoladas e pessimistas do futuro
5. Sono perturbado
6. Apetite ↓

Subtipos: - Episódio depressivo: ocorre de forma isolada e autolimitada.


- Transtorno depressivo maior recorrente: ocorrência repetida de episódios depressivos, sintomas de forma ininterrupta, por pelo menos 2 semanas e < 2 anos (transtorno depressivo recorrente, com episódio atual leve, moderado ou grave).
- Depressão atípica: episódios depressivos, em transtorno unipolar ou bipolar (hipersonolência, aumento de apetite, dor e sensação de corpo pesado ). Subtipo comum em idosos.
(8) - Depressão tipo melancólica ou endógena: predominam os sintomas classicamente endógenos (anedonia, falta de reatividade a estímulos em geral prazerosos, perda de peso, insônia terminal, culpa).
- Depressão psicótica: depressão grave associada a um ou mais sintomas psicóticos (delírio, alucinação) → mania
- Depressão ansiosa: transtorno misto de depressão e ansiedade.
- Depressão bipolar: episódios de mania ou hipomania.
- Depressão mista: na maioria dos dias da depressão, ocorrem também sintomas maníacos (pelo menos 3, como humor elevado ou expansivo, grandiosid ade e autoestima elevada, inflada).
Diagnóstico - Transtorno afetivo bipolar (TAB) I e II
- Distimia: transtorno depressivo crônico → 2 anos ou + de humor deprimido não grave o suficiente para receber o diagnóstico de episódio depressivo maior. Distingue-se de transtorno depressivo maior pelo paciente queixar que sempre esteve deprimido (Cronicidade de baixo grau por pelo menos
Diferencial dois anos. Curso persistente ou intermitente)
- Luto: Tristeza muito relacionada à experiência da perda. Tende a diminuir com semanas ou meses. Padrão temporal: tristeza ocorre “em ondas” (“dores do luto”), associada a lembranças da pessoa. Conteúdo do pensamento: tristeza e angústia mais centradas em pensamentos relacionados à pessoa.
- Transtornos ansiosos: Aceleração do discurso e agitação ocorrem de forma isolada, sem melhora do humor ou redução da necessidade de sono. Pode have r insônia.
- Doenças orgânicas ou tóxicas: Hipotireoidismo, doenças metabólicas, Anemia (hemograma), demência, neoplasias, déficit de vitamina B12; abuso de substâncias
Tratamento Não Farmacológico Tratamento Farmacológico:
Tratamento - Mudanças no estilo de vida: atividade física, alimentação saudável. Fases do tratamento antidepressivo:
- Psicoterapia de curto prazo (TCC e interpessoal) ou psicanalítica: - Fase aguda: 2-3 primeiros meses. Objetiva a ↓ ou remissão dos sintomas depressivos
* Terapia cognitivo-comportamental: modificar pensamentos e comportamentos. - Fase de continuação: 4-6 meses seguintes. Objetiva evitar recaídas. Mesma dose do tratamento agudo.
* Terapia interpessoal: melhora de fatores interpessoais, como falta de habilidades sociais. - Fase de manutenção: objetiva evitar que novos episódios ocorram (recorrência).
- Eletroconvulsoterapia (ECT): depressão resistente ou uso de antidepressivos contraindicado.
- Estimulação magnética transcraniana: depressão resistente ao tratamento. Ausência de resposta ao tratamento: Encaminhamento ao psiquiatra:
ESQUEMA DE TRATAMENTO - ↑ de dose - Ausência de resposta ao tratamento-padrão
Depressão leve: MEV + conduta expectante (psicoterapia ou antidepressivos se - Associação de antidepressivos - Risco de suicídio
falha terapêutica).
Depressão moderada: antidepressivos em monoterapia ou associado à - Troca de antidepressivo - Sintomas psicóticos
psicoterapia. - História de transtorno afetivo bipolar
Depressão grave: antidepressivo + psicoterapia ou antipsicótico ou Classes:
eletroconvulsoterapia. - Inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS): fluoxetina, paroxetina, citalopram, escitalopram, sertralina, fluvoxamina
bloqueiam a recaptação de serotonina nas membranas pré-sinápticas. São seletivos, produzindo menos efeitos colaterais que tricíclicos.
- Inibidores de recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN): venlafaxina, duoloxetina
- Antidepressivos triciclícos (2ª linha) → inibem recaptação sináptica de norepinefrina, serotonina e dopamina → xerostomia, constipação
intestinal, retenção urinaria → amitriptilina, clomipramina, doxepina, imipramina, maprotilina, nortriptilina

Transtorno Afetivo Bipolar (CID F31)


Conceito Condição psiquiátrica caracterizada por alterações grave de humor, que envolvem períodos de humor elevado e depressão, intercalados por período de remissão, e estão associados
a sintomas cognitivos, físicos e comportamentais específicos.
Epidemiologia - Atinge 30 milhões de pessoas no mundo
- Uma das principais causas de incapacidade
- TB I é maior nos ♂, enquanto as ♀ apresentam maior taxa de TB II
Classificação Transtorno Bipolar Tipo I: Transtorno Bipolar Tipo II: Transtorno ciclotímico
Paciente apresenta no mínimo, um quadro de mania na Distúrbio recorrente em que o paciente tem um ou + Distúrbio de humor flutuante, com períodos de sintomas
vida (psicose presente) episódios de depressão maior e 1 episódio hipomaníaco hipomaníacos que não preenche critérios e períodos de
sintomas depressivos que não preenchem critérios
Fisiopatologia - Interação de fatores genéticos + ambientais
LARISSA LOYOLA
BLOCO SÍNDROMES NEURO PSIQUIÁTRICAS
GT 1

- FR: traumas precoces, eventos aversivos significativos da vida e pelo uso indevido de álcool e drogas; estresse na infância; (> risco de desenvolvimento entre familiares de pessoas
com a doença)

Diagnóstico Critérios da Mania Critérios da Hipomania:


1. Autoestima inflada ou grandiosidade 1. Período distinto de humor anormal e persistentemente ↑, expansivo ou irritável e aumento anormal e persistente da atividade ou energia
com duração mínima de 4 dias consecutivos e presente na maior parte do dia, quase todos os dias.
2. ↓ da necessidade de sono
2. 3 ou + dos sintomas do critério B para episódio Maníaco (quatro se o humor é apenas irritável)
3. Mais loquaz
3. O episódio está associado a uma mudança clara no funcionamento que não é característica do indivíduo quando assintomático
4. Fuga de ideias 4. A perturbação do humor e a mudança no funcionamento são observáveis por outras pessoas
5. Distrabilidade 5. O episódio não é suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional ou para
6. ↑ da atividade dirigida a objetos necessitar de hospitalização
7. Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências dolorosas (ex: consumismo)
Tratamento Episódio de Mania Episódios Depressivos:
- Estabilizador de Humor: Ácido Volproico e Lítio - Em monoterapia: lamotrigina, lítio e quetiapina
- Antipsicóticos atípicos: olanzapina, risperidona, quetiapina, aripripazol, ziprasidona Ou
- Carbamazepina e Haloperidol (2ª linha) - Combinação: SSRI + antipsicóticos atípicos (olanzapina)/lítio/ácido volproico
2ª linha
* Ácido volproico – se, em monoterapia
* Quetiapina + SSRI/
*Modafinil + lítio
* Ácido volproico + lamotrigina ou lurasidona
LARISSA LOYOLA
BLOCO SÍNDROMES NEURO PSIQUIÁTRICAS
GT 1

Suicídio
Conceito: - Ato deliberado executado pelo próprio indivíduo, cuja intenção seja a morte, de forma consciente e intencional.
- Também faz parte do comportamento suicida: pensamentos, planos e a tentativa de suicídio.
Fatores de - Tentativa prévia: fator preditivo isolado mais importante. - Desesperança, desespero, desamparo, impulsividade
Risco - Doença mental: depressão, transtorno bipolar, alcoolismo e abuso/dependência de outras drogas e transtornos de personalidade e esquizofrenia.
- Idade: entre 15 e 30 anos e acima de 65 anos - Gênero: (♂ maior óbito → ♀ maior tentativa)
- Doenças clínicas não psiquiátricas: câncer; HIV; doenças neurológicas, como esclerose múltipla, doença de Parkinson, doença d e Huntington e epilepsia; doenças cardiovasculares, como IAM e AVE;
DPOC;
- Eventos adversos na infância ou adolescência: maus tratos, abuso físico e sexual, pais divorciados, transtorno psiquiátrico familiar.
- História familiar e genética.
- Fatores sociais: quanto menos laços sociais tem um indivíduo, maior o risco de suicídio.
* Desempregados com problemas financeiros. * Isolamento social: solteiros, divorciados, viúvos, sem filhos.
*Aposentados
Avaliação Ambivalência: desejo de viver e de morrer se confundem no sujeito. Há urgência em sair da dor e do sofrimento com a morte, entretanto há o desejo de sobreviver a esta tormenta.
Impulsividade: suicídio, por mais planejado que seja, parte de um ato motivado por eventos negativos → impulso para cometer suicídio é transitório. Desencadeado por eventos psicossociais negativos
como: rejeição; recriminação; fracasso; falência; morte de ente querido; entre outros.
Rigidez: quando uma pessoa decide terminar com a sua vida, os seus pensamentos, sentimentos e ações apresentam-se muito restritivos, ou seja, ela pensa constantemente sobre o suicídio e é incapaz
de perceber outras maneiras de enfrentar ou de sair do problema.
Abordagem Perguntas fundamentais em cada consulta, para todos os pacientes: Perguntas adicionais, caso o paciente respondeu como foi referido acima:
1. Você tem planos para o futuro? A resposta do paciente com risco de suicídio é não. 4. Você está pensando em se machucar/se ferir/fazer mal a você/em morrer?
2. A vida vale a pena ser vivida? A resposta do paciente com risco de suicídio novamente é não. 5. Você tem algum plano específico para morrer/se matar/tirar sua vida?
3. Se a morte viesse, ela seria bem-vinda? A resposta do paciente com risco de suicídio é sim. 6. Você fez alguma tentativa de suicídio recentemente?
Avaliação de Risco baixo: Risco Médio: Risco alto:
Risco Pessoa teve alguns pensamentos suicidas, mas não têm plano. Pessoa têm pensamento e planos, mas não pretende cometer Pessoa com plano definido e meios para fazer o suicídio e planeja
- Escuta acolhedora para compreensão e amenização do suicídio imediatamente. ele prontamente/Pessoa que tentou suicídio recente e apresenta
sofrimento. - Cuidados com os possíveis meio de cometer suicídio. rigidez para nova tentativa. /Pessoa que tentou várias vezes em
- Facilitar a vinculação do sujeito ao suporte e ajuda possível ao - Escuta terapêutica que possibilite falar e clarificar para si a um curto espaço de tempo.
seu redor. situação de crise e sofrimento. - Nunca deixar a pessoa sozinha.
- Tratamento de possível transtorno psiquiátrico. - Realização de contrato terapêutico de “não suicídio”. - Cuidado com os meios de suicídio.
- Encaminhar para serviço de psiquiatria, caso não melhore e -Apoio de familiares e amigos. - Realização de contrato terapêutico de “não suicídio”.
esclarecer motivos. - Encaminhar para serviço de psiquiatria para avaliação e - Peça autorização para entrar em contato com família, amigos.
conduta. - Encaminhar para o serviço de psiquiatria para avaliação e
- Peça autorização para entrar em contato com família, amigos. conduta, e se necessário internação.
Explicar a situação sem alarmar, informando o necessário e
preservando o sigilo.
- Orientar medidas de prevenção como esconder armas, facas,
cordas, medicamentos.

Você também pode gostar