Você está na página 1de 130

GUIA METODOLÓGICO

Formação Pessoal Social e


Deontológica
REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Guia Metodológico

Formação Pessoal Social e Deontológica

FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMÁRIO

2010
Equipa da ESE de Setúbal (Portugal)
Ana Francisca Moura
Carla Cibele

Equipa do MP Benguela (Angola)


Dália Afonso
outros professores da disciplina

Criação e Design
JL Andrade
www.jlandrade.com

ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO


INSTITUTO POLITÉCNICO DE SETÚBAL

MAGISTÉRIO PRIMÁRIO DE BENGUELA


Índice

1. Apresentação, 9
2. Objectivos e estrutura do Guia Metodológico, 13
3. Sugestões para a gestão do Programa, 15
4. Orientações Metodológicas, 25
5. Roteiros de Trabalho e Materiais Pedagógicos, 35
EIXO TEMÁTICO - ESTRATÉGIAS DE FORMAÇÃO PESSOAL E SOCIAL
Roteiros de actividades
Auto-retrato
Quais as vossas expectativas?
Jogo para nos conhecermos melhor
O trabalho de grupo
Tipos e formas de violência - Trabalho de projecto
Educação para a Paz - Tema em Debate
Educação Ambiental - Organizar um jornal de parede
EIXO TEMÁTICO - A EDUCAÇÃO NA ESCOLA
Roteiros de Actividades
Finalidades e funções da escola
Educação e conflito de gerações
Heroínas e Heróis
Diferenças Individuais – Todos diferentes, todos iguais
História da minha vida
Direitos da Criança e Educação
EIXO TEMÁTICO - EDUCAÇÃO PARA OS VALORES NA ESCOLA
Roteiros de Actividades
Os valores na escola
Os valores hoje
Kizomba e a Globalização
O que eu gosto em mim
Mala das delícias
EIXO TEMÁTICO - PARTICIPAÇÃO RESPONSÁVEL E INTERVENÇÃO SOCIAL
Roteiros de Actividades
Participação e Democracia
Direitos e Deveres
Violação dos Direitos do Homem
Conhecer as instituições políticas de Angola
Educação Ambiental
Educação para a Paz – Salvem a Terra!
6. Recursos, 111
6.1. Bibliografia e documentação básica
6.2. Sítios na Internet
7. Anexos, 119
Declaração Universal dos Direitos Humanos - Convenção dos Direitos da Criança
Convenção dos Direitos da Criança
A ética não pode ser ensinada por lições de moral. Deve formar-
se nos espíritos a partir da consciência de que o ser humano é ao
mesmo tempo indivíduo, parte de uma sociedade, parte de uma
espécie. Trazemos em cada um de nós esta tripla realidade. De
igual modo, todo o desenvolvimento verdadeiramente humano
deve compreender o desenvolvimento conjunto das autonomias
individuais das participações comunitárias e a consciência de
pertencer à espécie humana.”

Edgar Morin, 2002:201

1 Os sete saberes para a educação do futuro. Horizontes pedagógicos. Instituto Piaget.


1

Apresentação

A organização e elaboração deste Guia Metodológico têm por base


o programa oficial da disciplina de Formação Pessoal Social e Deontológica dos
cursos de formação inicial de professores para o Ensino Primário, no âmbito da
actual Reforma Educativa.

Este Guia é um dos produtos do processo de formação de formadores desen-


volvido no âmbito do projecto “PREPA” e, enquanto produto colectivo de uma
metodologia de formação-acção, resulta do trabalho realizado pelos forma-
dores do Magistério Primário de Benguela e da ESE de Setúbal (Portugal)1 e pro-
cura articular a formação científica e a formação pedagógica realizada no âmbito
das várias sessões de trabalho realizadas em Benguela entre 2007 e 2009.

A análise do programa da disciplina, a discussão científica das temáticas nele


previstas, a identificação e selecção de estratégias pedagógicas adequadas à sua
leccionação, a preparação e a leccionação de aulas, a produção de materiais para
uso dos formadores e dos seus alunos - em situação de aula ou de estudo / apro-
fundamento das matérias – a elaboração de instrumentos de avaliação peda-
gógica, etc., constituíram os processos de trabalho que, ao longo de três anos,

1 Deverá ser aqui também referida a colaboração (esperada) de formadores de outros


Magistérios Primários de Angola, bem com a colaboração já prevista dos técnicos do INIDE
responsáveis por esta área disciplinar.
10 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

permitiram a produção deste Guia Metodológica e a experimentação e validação


dos seus conteúdos.1

Um conjunto de produtos articulados

Sem prejuízo de se pretender cobrir todo o programa da disciplina, deste pro-


cesso de trabalho resultaram alguns produtos-exemplo2 que são sugestões para a
organização do ensino-aprendizagem dos temas seleccionados. Esses produtos
são um recurso para o formador pois apresentam-se como uma sugestão de pl-
anificação de aulas e de orientação bibliográfica (selecção de textos de apoio),
suportada por materiais para utilização na sala de aula. E são também um re-
curso para os estudantes para quem foram seleccionados pequenos textos de
síntese que ajudam a consolidar e aprofundar os conteúdos temáticos e que são
acompanhados por guiões de reflexão e/ou análise dos textos, exercícios práti-
cos, “fichas de avaliação”, etc.

Este Guia Metodológico é, portanto, parte integrante de um “Pacote” de Re-


cursos Pedagógicos, na medida em que se articula com recursos documentais
básicos que estão disponíveis no Centro de Recursos do Magistério Primário de
Benguela (livros e revistas, recursos disponíveis na Internet, antologias de tex-
tos e dossier de acetatos para o professor, dossiers temáticos de textos para o
estudante, etc., alguns dos quais apresentados em suporte digital / CD-ROM).
Mas é, e será sempre, um produto inacabado, que pode ser melhorado e que só
se completa quando é apropriado e efectivamente utilizado por formadores e
estudantes e, através destes, chega à prática pedagógica, às escolas do ensino
primário, transformando-se em instrumentos de ensino e práticas de gestão.

Uma proposta de gestão do Programa da Disciplina

No âmbito da formação-acção foi realizada uma análise prévia - mas também


continuada - do programa da disciplina. Dessa análise e da reflexão sistemática
desenvolvida ao longo dos processos de trabalho a propósito dos objectivos, das
competências, dos conteúdos e das estratégias de ensino resultou uma sugestão
de gestão do programa que aqui é apresentada e que constitui igualmente um

1 Deverá aqui ser referida a contribuição dos processos de experimentação e validação dos
conteúdos deste Guia que resultarão da colaboração referida na nota anterior.
2 A partir destes poderão ser realizados outros que possam ser considerados mais adequados a
um dado contexto escolar e/ou às características específicas de formadores e/ou de estudantes,
em concreto.
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 11

dos produtos deste trabalho.1

Deste modo, este Guia Metodológico apresenta uma proposta de gestão do


programa, seleccionando e sequenciando os respectivos conteúdos, e desen-
volve-se como proposta de organização e gestão pedagógica do trabalho do
professor de Formação Pessoal Social e Deontológica.

Recorde-se que esta disciplina do curso de Formação de Professores do En-


sino Primário, desenvolvido nas Escolas do Magistério Primário de Angola já de
acordo com a Reforma introduzida com a Lei de Bases de 2001, está presente em
2 semestres do respectivo plano de estudos, na 12ª classe. Este Guia Metodológi-
co pretende ser, para este contexto, simultaneamente um instrumento de gestão
e planificação das actividades docentes e um banco de recursos, de apoio cientí-
fico e pedagógico ao trabalho do professor e dos seus alunos.

1 Para a sua validação foi fundamental a contribuição prestada pelo INIDE e pelos formadores
dos vários magistérios primários que colaboraram connosco.
De qualquer forma, apesar das alterações que são sugeridas, continua a seguir-se de muito perto o
programa actualmente existente.
12 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
2

Objectivos e estrutura do
Guia Metodológico

A estrutura base do guia metodológico foi construída na 1ª Missão do


projecto PREPA a 9 de Novembro de 2006

ESTRUTURA DO GUIA METODOLÓGICO

O Guia Metodológico deve apoiar o formador na organização e direcção de


situações de aprendizagem para além dos tradicionais procedimentos em que
os alunos se limitam a ouvir lições, situações de aprendizagem que devem ser
encaradas como amplas, carregadas de sentido, que proporcionem aprendiza-
gens significativas que têm em conta diversidades e necessidades específicas e
ou locais. Estas aprendizagens requerem métodos de pesquisa, de identificação
e resolução de problemas.

Espera-se que contribua para que o professor seja capaz de desenvolver di-
versas competências tais como, conhecer, com segurança, para determinada
disciplina os conteúdos a serem abordados e a sua tradução em situações de
aprendizagem; trabalhar a partir das representações e experiências dos alunos;
construir e planear sequências didácticas; envolver os alunos em actividades de
pesquisa e projecto.
14 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

INTRODUÇÃO
Objectivos do guia
Objectivos da disciplina (1)
Fundamentação em função das competências previstas no Perfil do Professor
Primário em Angola (2)

UNIDADE TEMÁTICA OU EIXO (1) Conteúdos nucleares organizadores

RECURSOS
COMPETÊNCIAS (3)
1. Para o professor:
Bibliografia anotada
2. Para os alunos:
ACTIVIDADES DE
Colectânea de textos
APRENDIZAGEM
CONCEITOS-CHAVE de apoio
3. Bibliografia geral
Sites internet

SUGESTÕES DE METODOLOGIAS DE DESENVOLVIMENTO DE SESSÕES

AVALIAÇÃO

(1) Remete para o programa da disciplina.

(2) Remete para o documento “Currículo de Formação de Professores do En-


sino Primário” INIDE, Ministério da Educação de Angola.

(3) A noção de competência designará uma capacidade de mobilizar recur-


sos cognitivos para enfrentar um tipo de situação. Descrever uma competência
equivale essencialmente a evocar três elementos complementares:

- os tipos de situação dos quais dá um certo domínio;

- os recursos que mobiliza, os conhecimentos teóricos, os metodológicos, as


atitudes e competências mais especificas;

- a natureza dos esquemas de pensamento que permitem a solicitação, a mo-


bilização e a coordenação dos recursos pertinentes numa situação complexa e
real, como os esquemas de pensamento não são directamente observáveis e só
podem ser inferidos a partir das práticas e dos propósitos dos autores. (Por ex-
emplo, estabelecer laços com as teorias subjacentes às actividades de aprendiza-
gem).
3

SUGESTÕES PARA A GESTÃO


DO PROGRAMA

Considerações sobre a gestão dos Programas das Disciplinas

O Guia Metodológico deve alicerçar-se nos programas oficiais das disciplinas.


Para a elaboração do Guia tornou-se necessário definir, em primeiro lugar, quais
seriam os principais pontos do programa e como estes iriam surgir no Guia. A
construção progressiva de uma proposta de gestão do programa contribuiu
nesse sentido.

Por outro lado entre o programa ou currículo oficial e o chamado currículo


real há frequentemente discrepâncias, como se tem verificado na maioria dos
sistemas de ensino, e que se relacionam com necessidades de adaptação, seja
às realidades locais, culturais, seja dos alunos e do próprio professor. Muitos in-
vestigadores defendem que os programas devem ter essa flexibilidade. Alguns
programas estão mais sujeitos a estas dificuldades de implementação, de fazer
sentido no local, do que outros por várias razões, que não temos como objectivo
discutir.

O interesse em relação a esta questão prende-se com o facto de que o Guia


Metodológico “assenta” nos programas das disciplinas, que não são um fim em
si, mas o meio indicativo das competências a desenvolver.

Phillipe Perrenoud, investigador na área das competências na formação de


professores, no livro “As competência para ensinar no século XXI”, refere:
16 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

Actualmente define-se competência como uma aptidão para enfrentar


uma família de situações análogas, mobilizando de uma forma correcta, rá-
pida, pertinente e criativa, múltiplos recursos cognitivos: saberes, capacidades,
microcompetências, informações, valores e atitudes, esquemas de percepção,
de avaliação e de raciocínio.

O autor levanta a questão de que todos estes recursos não provêm da for-
mação inicial, nem mesmo da formação contínua. Alguns deles são construídos
ao longo da prática, são “os saberes de experiência”. Esta perspectiva, que deve
enformar também a formação inicial de professores, está expressa no programa
de Formação Pessoal, Social e Deontológica:

(...) a pessoa não é, em momento algum, obra feita ou acabada, mas um


processo. É na interacção humana com o meio social, natural, cultural que a
pessoa, quotidianamente, se realiza e se desenvolve, articulando numa con-
strução pessoal única as diferentes dimensões que expressam a sua humani-
dade: dimensão cognitiva, estética, ética, afectiva, espiritual, etc. A profission-
alidade constrói-se sobre a matriz da pessoa e desenvolve-se integralmente.

Continuando a reflexão sobre a dificuldade em definir um referencial de com-


petências para a formação inicial, voltamos a citar Perrenoud:

“Todo o referencial é discutível, contextualizado, arbitrário”, exemplifica:

Os alunos que querem tornar-se professores conservam a ilusão de que se


deve apenas dominar os saberes para transmiti-los a crianças ávidas de se in-
struir, mas vejamos os seguintes exemplos:

Se os professores se depararem com um grande número de classes agita-


das, apaziguá-las deve ser uma das suas competências.

Se os alunos resistem, não se esforçam, mobilizá-los e suscitar neles o de-


sejo de aprender deve ser outra competência.

Se os alunos ausentam-se e vivem uma vida dupla (alunos na escola e adul-


tos fora dela), esse facto deve ser levado em consideração e essa deve ser mais
uma competência dos professores.

Se a sua relação com o saber e com o mundo impede que, espontanea-


mente, dêem sentido aos saberes e ao trabalho escolar, ajudá-los a construir
esse sentido também deve ser competência dos professores.
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 17

Se os programas estão a anos-luz dos alunos, adaptá-los e aliviar o seu


peso também deve ser competência do professor. 1

Conscientes da complexidade da tarefa e em parceria com os professores


homólogos do Magistério Primário de Benguela, procedeu-se em alguns as-
pectos a uma reorganização dos programas. Como o termo indica tratou-se de
enfatizar temáticas mais significativas para a formação prática dos professores,
agrupar questões menos relevantes, esta foi uma gestão curricular que teve em
conta a realidade e experiência dos professores, não faria sentido importar um
programa ideal de qualquer universidade modelo, não há programas ideais. O
debate centrou-se nas competências a desenvolver em função de um perfil de
professor e da realidade histórica e cultural de um país, o Guia Metodológico
encarado como um amplo conjunto de recursos para o desenvolvimento des-
sas competências. No caso particular da disciplina de Formação Pessoal Social
e Deontológica o programa oficial respondia amplamente a estas expectativas,
como a seguir se evidencia. A única reorganização foi na ordem dos eixos temáti-
cos, enfatizando “Estratégias para o Desenvolvimento Pessoal e Social”, iniciando
o Guia com a unidade temática: Algumas técnicas que facilitam o ensino/
aprendizagem na Sala de Aula.

A DISCIPLINA DE FORMAÇÃO PESSOAL, SOCIAL E DEONTOLÓGICA

“A existência da disciplina de Formação Pessoal, Social e Deontológica no Cur-


rículo de Formação de Professores corresponde, antes de mais, a uma finalidade
formativa central da própria formação, ou seja, é subsidiária da concepção que
defende que a formação profissional é indissociável da reflexão crítica contínua
sobre o que cada um é como pessoa, na sua dimensão individual e social. Com
efeito, a pessoa não é, em momento algum, obra feita ou acabada, mas um pro-
cesso.

(…)
Simultaneamente, a formação pessoal e social, no sentido da automa-
tização, da solidariedade e da cidadania activa, é um fim da educação, clara-
mente expresso na Lei de Bases do Sistema Educativo, merecendo como tal
uma atenção particular enquanto objectivo e conteúdo num projecto de for-
mação de professores.
(...)

1 PERRENOUD, Ph. 2002. As Competências para Ensinar no Século XXI. Porto Alegre: Artmed
editora
18 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

Quanto à estrutura conceptual desta disciplina, importa dizer que é pre-


dominantemente de natureza sociopedagógica: não deriva de uma área episte-
mológica constituída, com um objecto próprio e delimitado, mas antes, visando
directamente as finalidades anteriormente referidas, configura-se como espaço
de mediação e de reflexão de múltiplos saberes, integrados sob o imperativo da
formação”. 1

Os objectivos relacionados com o Desenvolvimento Pessoal e Social sempre


foram, de um modo mais ou menos implícito, finalidades da educação e da for-
mação, não nascem com o aparecimento desta área nos curricula. No entanto, a
resposta a este tipo de preocupações não tem sido satisfatória, este “falhanço”
da Escola em ajudar os jovens na construção dos seus percursos e competências
de vida tem sido referido por investigadores de várias áreas estudos.

Torna-se evidente a preocupação de intencionalizar o papel educativo dos


domínios do desenvolvimento pessoal e social na formação de professores
primários de Angola atribuindo-lhe a forma de um espaço curricular – a discip-
lina de Desenvolvimento Pessoal, Social e Deontológico. Promover a formação
pessoal e social dos alunos é assim uma das linhas de força neste currículo. A
disciplina com este nome pode ser considerada a explicitação, o ordenamento
curricular desta linha de força, que coerentemente assume a forma de transver-
salidade em relação aos três níveis. Nesta perspectiva, e de um modo global, o
objectivo central desta disciplina poderá ser formulado como o desenvolvim-
ento de práticas que intencionalmente e sistematicamente visem a formação e
desenvolvimento pessoal e social e deontológico dos futuros professores.

A ideia central do programa desta disciplina é a de que o Desenvolvimento


Pessoal, Social e Deontológico é uma disciplina diferente das outras, com aulas
diferentes das outras, devido ao facto de ter essencialmente a ver com a relação
com os outros, a relação com o meio e a relação consigo próprio – para a sala de
aula poder ser um espaço e tempo de relação e comunicação, tem que se desen-
volver uma dinâmica de relacionamento pedagógico em que cada um se sinta
aceite e seguro para expressar opiniões. Os objectivos do formador deverão es-
pelhar estas perspectivas, assim sublinha-se:

- o Desenvolvimento Pessoal, Social e Deontológico não é um espaço e tem-


po para aprender conteúdos específicos, pré-determinados e académicos, nesta
área não se ensinam ou transmitem conhecimentos escolares. Assim o formador
não vai ensinar, transmitir conteúdos, mas sim animar debates, lançar questões

1 Introdução ao programa da disciplina de Formação Pessoal, Social e Deontológica.


Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 19

problemáticas, discutir opções, escutar, promover a reflexão pessoal.

- o Desenvolvimento Pessoal, Social e Deontológico não é um espaço e tempo


de desenvolvimento de competências para serem utilizadas no futuro, as ex-
periências e aprendizagens não são feitas agora para utilizar depois – o núcleo
das aprendizagens em o Desenvolvimento Pessoal, Social e Deontológico é o
que se vive na aula, é o modo como a aula funciona que é formativo, ou não...

- o Desenvolvimento Pessoal, Social e Deontológico é uma disciplina essen-


cialmente baseada na interacção e nas trocas comunicativas. Nesta perspectiva
o papel do orientador da disciplina é determinante.

Objectivos da disciplina

O objectivo central desta disciplina é promover a reflexão crítica contínua so-


bre o que cada um é como pessoa, na sua dimensão individual e social.

Nesta perspectiva, o programa proposto procura articular a dimensão cogni-


tiva, a dimensão afectiva e a dimensão operativa, numa dinâmica de question-
amento, construção e reconstrução de conceitos, em torno da pessoa em inter-
acção com o outro (social e profissional), com o meio natural e cultural e, na sua
dimensão individual. São objectivos da disciplina:

assumir o diálogo aberto e questionador como forma principal de interven-


ção;

criar oportunidades de comunicação, privilegiando as intervenções horizon-


tais na sala de aula e a cooperação;

propiciar o debate pondo em evidência as diferentes opiniões em presença;

encorajar a problematização de ideias, o desenvolvimento do espírito crítico


e as tomadas de decisões;

estimular os(as) alunos/as a tomarem consciência de si próprios e a reflectirem


sobre as suas acções, ideias e sentimentos;

exercer uma função essencialmente facilitadora do debate de opiniões sem


contudo deixar de expor as suas próprias razões.
20 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

COMPETÊNCIAS

Fundamentadas no Perfil do Professor Primário em Angola 1

conhecer-se e saber utilizar as suas capacidades e os seus recursos e ter con-


sciência dos efeitos da sua actuação na sala de aula e na escola;

conhecer a natureza fisiológica, psicológica e social da criança em idade es-


colar;

possibilitar a compreensão dos factores de natureza legal, institucional e


organiza­cional que contextualizam as práticas educativas na escola;

conhecer as problemáticas mais relevantes do mundo em que vivemos, cada


vez mais complexo e em rápida mudança;

criar condições para uma aprendizagem:

globalizada, adaptando método, meio de ensino e formas de organização


para que as crianças vejam a realidade como um todo, particularmente nas seis
primeiras classes;

que promova o desenvolvimento integral e harmonioso da criança;

que propicie a integração e colaboração entre alunos e destes com o profes-


sor

que decorra de uma gestão flexível e articulada dos programas, de modo a


que a generalidade dos alunos tenha sucesso nos conteúdos essenciais.

- trabalhar em colaboração com os colegas da mesma classe;

preparar as crianças para um enquadramento auspicioso no ensino subse-


quente e para uma opção vocacional consciente e compatível com a inserção
social harmo­niosa na comunidade;

Do programa da disciplina de Formação Pessoal, Social e Deontológica

desenvolver competências de análise e questionamento dos processos de


construção e de transmissão de valores;

aprofundar conhecimentos nos vários domínios que integram a disciplina de

1 Extractos do documento “Currículo de Formação de Professores do Ensino Primário” INIDE,


Ministério da Educação de Angola.
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 21

Educação Moral e Cívica;

desenvolver competências de análise e problematização enquanto indivídu-


os e agentes de formação da pessoa na sua interacção com o outro;

compreender as características da adolescência (eventuais situações de an-


gústia, de rebeldia e de incoerência próprias desta faixa etária);

adequar métodos e utilizar técnicas diversificadas de trabalho, sobretudo as


que permitam uma progressiva participação dos alunos nas diferentes vertentes
educativas;

assumir a função de animador e de moderador no grupo-turma;

tomar consciência do seu papel de educador, sendo ao mesmo tempo autên-


tico, delicado, sensato no modo de agir dentro e fora da aula, evitando interven-
ções do tipo autoritário;

reflectir sobre a prática pedagógica como meio de assegurar o ensino-apren-


dizagem para a formação integral dos alunos e das alunas;

desenvolver atitudes de observação e de investigação permanentes para di-


versificar e diferenciar situações educativas.

unidades temáticAs – Conteúdos nucleares organizadores

EIXO TEMÁTICO 1. ESTRATÉGIAS DE FORMAÇÃO PESSOAL E SOCIAL

Competências

Pretende-se, sob este domínio, treinar e desenvolver atitudes e competên-


cias no âmbito do ensino e aprendizagem da disciplina. É importante destacar
que este domínio, enquanto entendido em si mesmo como estratégia de ensino,
pode e deve percorrer transversalmente todo o currículo aqui proposto, adquir-
indo um valor instrumental na leccionação dos outros eixos.

1. Algumas técnicas que facilitam o ensino/aprendizagem na Sala de


Aula

1. Noção de grupo

2. Organização e funcionamento de grupos na sala de aula

3. Organização e gestão de actividades na sala de aula e na escola


22 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

4. Trabalho de projecto e a resolução de problemas

5. Condições

6. Fases

7. Avaliação de processo e produto

8. Técnicas e modelos de pesquisa de intervenção

9. Estratégias de animação

10. Resolução de conflitos: negociação e controlo

Temáticas Específicas:

Educação Ambiental

Prevenção de Acidentes

Projecto Intercultural (Temas em aberto)

Tipos e formas de Violência

Direitos Humanos: uma Realidade que se Constrói

EIXO TEMÁTICO 2. A EDUCAÇÃO NA ESCOLA

1. Quem são os Alunos

2. A entrada para a escola

3. A escola como novo contexto

4. Novos papéis, novos dados para a imagem de si próprios

5. Expectativas e angústias

6. Diferenças individuais «o normal é sermos diferentes, mas iguais em Dig-


nidade»

7. Regras e convenções sociais: escola/família/criança/sociedade

Temáticas Específicas:

Educação cultural/intercultural: compreensão, aceitação, respeito mútuo…

Regras de sociabilidade – A Convenção dos Direitos da Criança


Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 23

A escola um lugar de descoberta para a criança e fonte do progresso social

Património cultural: local/nacional/vizinhos/mundo

EIXO TEMÁTICO 3. EDUCAÇÃO PARA OS VALORES NA ESCOLA

1. Os Valores Hoje

2. Noção de Valor/Atitude/Norma

3. Valores como dimensão prescrita das representações cognitivas

4. Auto-Conhecimento

5. Apreço por si próprio; auto-respeito; auto-estima; autoconfiança

6. Valores pessoais, sociais e culturais

7. A Escola na Construção de Valores

8. O papel do professor na clarificação de valores

9. As atitudes aprendem-se e ensinam-se

10. Abordagens integradoras

11. Abordagem inspirada na interiorização

12. Abordagem inspirada nas fases de intervenção

13. Abordagem inspirada nos princípios da metacognição

14. Avaliação no ensino de atitudes: resolução imediata e avaliação de pro-


cesso

15. Relação entre valores e atitudes

16. Normas

17. Normas subjectivas e normas exteriores ou sociais

18. Regras e convenções sociais: escola/ família/ criança/ sociedade

19. Atitudes, Valores e Normas: A dialéctica do seu desenvolvimento e articu-


lação.
24 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

Temáticas Específicas:

Ética Pessoal, deontológica (perfil, liberdade e responsabilidade profissional)

Educação Familiar e a Comunidade (cada família e/ou comunidade tem os


seus valores, hábitos sociais, atitudes-crenças, leis/normas costumeiras, praxes,
cultura…)

Educação para a Saúde (coordenar com a disciplina de Saúde Escolar)

EIXO TEMÁTICO 4. PARTICIPAÇÃO RESPONSÁVEL E INTERVENÇÃO SO-


CIAL

Competências

Pretende-se, sob este domínio, analisar as questões da cidadania, discutindo


o seu sentido educativo e o campo de possibilidades de, em contexto escolar, se
formarem e desenvolverem relações de participação socialmente desejáveis, do
indivíduo com a comunidade, exercendo a cidadania.

1. Participação e Democracia

2. Noção de participação e de democracia

3. Democracia, suas características

4. Formas/estratégias de participação democrática na comunidade

5. Tomadas de decisão na Escola

6. Noção de tomada de decisão- Quadro de referência

7. Autonomia do professor e dos alunos na turma: personalização do pro-


grama

8. Processo de votação sobre temáticas - o preenchimento do boletim de


voto

9. Instituições políticas (Estado e órgãos do poder) e de solidariedade

10. Promoção do bem-comum: solidariedade/colaboração


4

ORIENTAÇÕES
METODOLÓGICAS

O trabalho com os professores homólogos nas orientações metodológicas


tem sido não só o enquadramento do Guia Metodológico como a ponte para
entendimentos sobre a prática pedagógica e a inovação em educação. Nesta
perspectiva este ponto do Guia dá ênfase aos materiais trabalhados durante e
para a sua construção.

A inovação e variedade nas actividades de aprendizagem não invalida o re-


curso a um ensino magistral, situação de aprendizagem muitas vezes pertinente
considerando os conteúdos, os objectivos visados e diversos condicionantes. No
entanto o ensino magistral deveria tornar-se um dispositivo didáctico entre out-
ros, utilizado entre outros, mais do que um emblema da acção pedagógica.

O ponto de partida desta reflexão é a realidade dos recursos económicos e


tecnológicos. Valorizámos então as metodologias que:

Têm a ver com os recursos que são os próprios alunos, trabalho de grupo,
debates, trabalho de projecto, etc... Alguns destes pontos estão referidos no pro-
grama de FPSD: “Técnicas para promover uma Metodologia Activa e Participa-
tiva”

Recorrem a imagens e histórias ligadas à cultura, fábulas, metáforas, que per-


mitem a construção de materiais inovadores.
26 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

REFLECTIR SOBRE OS RECURSOS E A QUALIDADE DA EDUCAÇÃO...

Uma educação de qualidade: Mais do que salas de aula e se-


cretárias 1

(...) A aprendizagem que é necessária no século XXI não se consegue num


edifício, não interessa se é grande ou bem equipado, não interessa quantos
professores emprega, quais os currículos que adoptam, se são muito ou pouco
progressivos.

O principal aspecto que falha nas escolas ou nos sistemas educativos é não
compreenderem a complexidade das vidas e da aprendizagem das crianças.
As crianças, tal como os adultos, aprendem em todas as áreas da vida, em to-
das as idades, formalmente e informalmente, sós e com outros. De facto todos
os ambientes das crianças - famílias e comunidades, com os pares, em locais
de trabalho, através dos media - são essencialmente oportunidades de apre-
ndizagem. É por isso que construir mais escolas com mais professores, novos
currículos e novos textos, embora seja uma tarefa muito importante, não pro-
porciona automaticamente uma melhoria na qualidade da educação.

Algumas Técnicas para promover uma Metodologia Activa e Participa-


tiva: 2

Trabalho de grupo: Consiste em dividir a turma em pequenos grupos, pedin-


do a todos os grupos a execução de uma tarefa ou trabalho ou dividindo várias
tarefas entre eles. Esta técnica é complementada por uma apresentação e dis-
cussão dos resultados de cada grupo, no grupo mais alargado.

‘Role play’ ou jogo de papéis: Os alunos colocam-se na posição de outros,


imitando certos personagens e certos comportamentos. Depois do jogo segue-
se, normalmente, o debate em pequeno ou em grande grupo. É uma forma par-
ticularmente dinâmica de analisar uma situação ou provocar um debate.

1 UNICEF. Education For All. No Excuses. 2000 http://unicef.org/publications/pub_noexcuse_


enpdf
2 Este texto integra o programa da disciplina de “Formação Pessoal Social e Deontológica”.
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 27

Dramatização: É uma técnica para inspirar nos alunos actividades como, a


memorização, o desenvolvimento da imaginação, etc. A dramatização requer
preparação extensiva, memorização e ensaio antes da apresentação.

Caixas de perguntas: Consiste na recolha prévia e anónima de perguntas,


sobre temas de interesse da turma ou para levantamento de necessidades.

Visitantes externos: Pode-se aproveitar para convidar alguém especialista


num determinado assunto para que ajude a responder a determinadas questões
preparadas pela turma. A visita pode ser completada com um trabalho em sub-
grupos, em que são pedidas opiniões, sínteses ou dúvidas que tenham ficado
após a visita.

Diário de valores: Consiste num caderno especial onde o aluno irá anotando
ao longo do ano as ideias que os debates e os acontecimentos na sala de aula, ou
mesmo fora dela, lhe forem suscitando, facilitando assim o seu processo de re-
flexão e auto-conhecimento. O diário de valores permite um recurso importante
a uma série de actividades.

Jogos interpessoais: São aulas onde são propostos jogos que de uma forma
lúdica facilitam a interacção e o conhecimento mútuo, etc. 1

Dilemas hipotéticos: Os dilemas morais e hipotéticos apresentam-se aos


alunos para que eles os resolvam, justificando as suas opções e confrontando-
as com as opções dos seus colegas, o que promoverá o desenvolvimento do
raciocínio moral.

Clarificação de valores: Os jogos de clarificação de valores consistem em


promover o debate entre posições diferentes (podendo ou não chegar-se a
um consenso), através da utilização de pequenas frases que sejam opinativas e
polémicas.

Como fazer? Pedir a um dos participantes para assumir a defesa da opinião


expressa na frase, a um segundo para a atacar (ainda que essas não sejam as
suas posições na realidade) e a um terceiro que observe o debate, para depois o
descrever ao grande grupo.

1 ALLUÉ, M. (2000), “O Grande Livro dos Jogos – 250 jogos para todas as idades”. Âncora Editores
BRANDES, D. e HOWARD, P. (1997), “Manual de jogos educativos – 140 jogos para professores e
animadores de grupo”, Lisboa, Moraes Editores
LEITE, C. RODRIGUES, M.L. (2001) “Jogos e contos numa educação para a cidadania”, Lisboa, IIE,
Porto Editora
28 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

Podem utilizar-se escalas do tipo “concordo totalmente”, “concordo em par-


te”, “é-me indiferente”, “ discordo em parte”, fazendo mover as pessoas na sala
para cada uma das posições (que são fixadas nas paredes) ou utilizando as opin-
iões individuais para o debate em pequenos grupos e, numa fase posterior, em
grande grupo.

‘Brainstorming’ ou tempestade de ideias: Consiste em listar para discussão,


num primeiro momento, todas as sugestões que o grupo ou a turma fazem sobre
determinada questão ou problema. A lista deve ser constituída por palavras ou
frases simples.

Não é aconselhável a sua discussão antes da lista estar completa. Deste modo,
é possível recolher uma grande participação e uma vasta gama de contribuições,
não as limitando, desde o início com valorações ou opiniões contrárias.

‘Criança a criança’:1

Este método tem sido utilizado como uma estratégia eficaz para integrar alu-
nos com deficiências nas turmas regulares.

Esta estratégia tem como objectivo comum tentar que as crianças duma
comunidade tenham a oportunidade de compreender melhor as pessoas que,
por qualquer razão, são diferentes – na cor, na maneira de vestir, na língua, nos
movimentos, nas capacidades. Verifica-se que quando as crianças compreendem
melhor outra criança, deixam de revelar crueldade ou sentir desagrado, para se
tornarem os seus melhores amigos e o seu maior apoio.

Este método baseia-se em três princípios básicos:

a educação torna-se mais eficaz se estiver relacionada com assuntos que in-
teressam às crianças, às suas famílias e às suas comunidades;

a educação na escola e a educação fora da escola devem estar, tanto quanto


possível, interligadas para que a aprendizagem se torne parte da vida;

quando as crianças têm vontade, capacidade e motivação para aprender


umas com as outras, deve confiar-se-lhes esta tarefa.

O objectivo destas actividades relacionadas com a deficiência (que são várias,


a que nos referimos é apenas uma delas) consiste em ajudar as crianças a:

1 CONJUNTO DE MATERIAIS PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES. (1993) Necessidades


Educativas na sala de aula. Unesco. Ed . Instituto de Inovação Educacional. Ministério da
Educação.
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 29

ter consciência das diferentes deficiências e do que pode significar ser deficiente;

imaginar formas de ajudar as crianças deficientes a sentirem-se aceites, a par-


ticiparem nos jogos, nas tarefas da escola e noutras actividades e a serem ca-
pazes de funcionar melhor;

perceber que, embora uma pessoa deficiente possa ter dificuldades de fazer
certas coisas, também pode ser capaz de fazer bem outras coisas;

ser amigos e defensores de todas as crianças que sejam diferentes ou que


tenham necessidades especiais.

Este método integra um Dossier da UNESCO que mereceu muita atenção


devido ao potencial para a formação de professores. Pode ser utilizado integ-
rando a formação inicial de professores ou num programa de aperfeiçoamento
para equipas docentes de uma escola ou num seminário para professores com
experiência em formação contínua.

De um modo geral, o material de trabalho que propõe identifica três grandes


prioridades no desenvolvimento da política educativa:

A aplicação da escolaridade obrigatória a todas as crianças;

A integração nas escolas regular de alunos com deficiências;


30 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

Não há ensino sem imagens…

“Não há ensino, não há aprendizagem, ainda menos formação, sem ilust-


ração, sem recurso às imagens (narrativas analógicas, metáforas, referências
animais inspiradas num bestiário atraente...).

Apesar de não agradar a alguns, nunca foi possível, e será cada vez menos,
que o ensino seja baseado unicamente numa racionalidade rígida, essencial-
mente dedutiva, sem pausa imaginativa. Para aprender os jovens têm neces-
sidade de ter a sua atenção, a sua memorização, a sua lógica atraídas pela
imagem.

O próprio professor, em formação ou em preparação das aulas, tem ne-


cessidade de reflectir de um modo concreto e não simplesmente abstracto na
complexidade da sua prática e na sua difícil missão. Com humor e delicadeza,
mas na maior consideração pela educação e pela formação, estamos conven-
cidos que devemos fazer da profissão de professor, uma profissão agradável
com arte e não de aborrecimento e monotonia”.

André de Peretti 1

Um excelente exemplo do que acima defendemos: A fábula dos animais é


uma metáfora sobre o ensino igual para todos e homogéneo, imposto a animais
com modos de existência muito diferentes e até inconciliáveis. Interroga-nos
sobre a compatibilidade de ensinar todos da mesma maneira, apesar das dife-
renças de cultura e de sabermos que também cada pessoa humana tem traços
originais que a distinguem dos outros.

Coloca-se a questão do currículo comum e da liberdade do professor. Até


onde e como podemos uniformizar as referências, os comportamentos, a cultura

1 André de Peretti.
Contes et fables. Approches analogiques en pédagogie pour l’enseignant moderne. Paris: Hachette.
2006. (www.hachette-education.com)
Sobre o autor. Antigo aluno da Escola politécnica, doutorado em ciências humanas. Antigo director
do departamento de educação do I.N.R.P. Institut Nacional de Recherche Pédagogique . É
autor de numerosas obras científicas, pedagógicas e literárias.
Foi responsável por relatórios ministeriais sobre formação de professores que estiveram na base
de reformas educativas em França.
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 31

e a inserção social?

Tudo isto pode ser discutido, a parábola é divertida, mas questiona-nos... ape-
sar de se apoiar nas diferenças de espécie dos animais, somos levados a pensar
sobre a heterogeneidade da espécie humana.

A fábula da escola dos animais

“Era uma vez uma escola para animais. O programa era: correr, escalar, voar e
nadar. Para facilitar o ensino todas as matérias eram obrigatórias.

O pato era muito bom em natação, melhor até do que o seu professor, era
razoável a voar mas era uma nulidade em corrida. Por isso foi obrigado a deixar
as aulas de natação para ter aulas suplementares de corrida. Este programa ma-
goava de tal modo os seus pés espalmados que se tornou “regular” em natação.

O coelho era o melhor da aula de corrida mas teve uma depressão nervosa
por excesso de aulas de recuperação em natação.

O esquilo era incomparável em escalada, mas nas aulas de voo tinha muitos
problemas, o professor exigia que começasse a voar do chão para cima, enquan-
to ele preferia voar do topo duma árvore para baixo. Começou a ter dores muscu-
lares por excesso de esforço na descolagem e as notas de escalada tornaram-se
“regulares” e insuficientes na corrida.

No fim do ano escolar, uma enguia prodígio - medalha de ouro de natação,


que também sabia escalar, correr e até voar um pouco - obteve a melhor média
de todas as disciplinas, foi designada para discursar na atribuição dos prémios do
fim do ano lectivo”.
32 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

Aprendizagem Cooperativa

A aprendizagem cooperativa é considerada um dos instrumentos mais impor­tantes


no combate à discriminação social e factor de motivação para a apren­dizagem
e para a melhoria do rendimento académico de todos os alunos. É por isso uma
estratégia eficaz quando se pretende promover a igualdade de oportunidades e a
dimensão intercultural da educação. Poderá também funci­onar como modelo de
aprendizagem da cidadania democrática e semente de coesão social, uma vez que
‘elege’ a heterogeneidade e o trabalho entre pares como formas privilegiadas de
reduzir estereótipo e preconceito, ao proporci­onar o conhecimento do outro, nas suas
diferenças e semelhanças, na expe­rimentação de um percurso e na construção de um
propósito comum.

A extensa investigação sobre aprendizagem cooperativa - que se tem de­senvolvido


desde os anos 70 e tem incidido sobre as várias abordagens e metodologias aplicadas
em diversos contextos socioculturais - tem demonstrado largamente as vantagens de
aprender em coope­ração.

Resultados académicos mais elevados, maior compreensão dos conteúdos,


competências sociais mais desenvolvidas, diminuição do estereótipo e
preconceito relativamente à diferença, são algumas das dimensões em que a
aprendizagem cooperativa, usada de forma con­sistente e continuada, se revelou
superior a métodos de ensino e apren­dizagem baseados na competição ou no
trabalho individual.

A estrutura competitivo-individualista tende a acentuar as diferenças pré-existentes


entre os alunos. Além de ser potencialmente provocadora de conflitualidade e de
indisciplina, estabelece as condições óptimas para que um pequeno grupo de alunos
protagonize a maior parte das interacções enquanto que os outros dificilmente
conseguem êxito e reconhecimento académico. A aprendizagem cooperativa
tem-se afirmado como a for­ma mais eficaz de diferenciação pedagógica Parte
da importância da inte­racção humana e não provoca a privação de estímulos que
é, provavelmen­te, e contraditoriamente, uma das causas do desenvolvimento mais
lento da criança que a diferenciação pedagógica se propõe combater mas, em nome
da qual, algumas práticas de exclusão se disseminam. De facto, ao ‘prote­ger’ a criança
da interacção do grupo, ao dar-lhe tarefas diferentes, simpli­ficadas ou menos extensas,
ao sentá-la mais perto de si para ‘poder dar mais apoio’ o professor está a discriminar
a criança, a isolá-la, a retirar-lhe a possibilidade de ver estimulada a sua ‘zona de
desenvolvimento próximo’ de ver a sua contribuição para o produto do grupo. Sem
mencionar o efeito devastador que tal estratégia pode ter a nível afectivo: o que pode
sentir alguém que é publicamente rotulado de inferior por outra.

(texto adaptado de Cochito, S. (2004), Cooperação e Aprendizagem, ACIME)

Documento de trabalho utilizado no MPB de Benguela em Maio de 2007


Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 33

TRABALHO DE PROJECTO

OBJECTIVO PEDAGOGIA DE PROJECTO:

Transformar um problema em projecto e concretizá-lo.

Problema (Schumark):

“Diferença entre uma situação que existe e outra desejada”

Não saber qualquer coisa e querer aprendê-la pode ser


considerado um problema.

Trabalho de Projecto - Metodologia centrada:


- na investigação

- na resolução de problemas

Implica opções educativas:


- Possibilidade de obter várias respostas

- Implicação dos actores

- Procura duma intencionalidade de um sentido das práticas.

Baseia-se:
- no experimentalismo

- no apelo aos interesses dos alunos

- na preocupação de ligar a formação e objectivos

pragmáticos e práticos.

- no reconhecimento de diferenças individuais no ritmo da

aprendizagem

Documento de trabalho utilizado no MPB de Benguela em Maio de 2007


34 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

METODOLOGIA DO TRABALHO DE PROJECTO


Nas sessões em que vamos participar, quando falarmos de trabalho de projecto
referir-nos-emos a um “método que requer a participação de cada membro
de um grupo, segundo as suas capacidades, para a realização de um trabalho
conjunto, decidido, planificado e organizado de comum acordo”.
E sse trabalho a realizar em conjunto com a metodologia de projecto tem
algumas características próprias.
Primeiro, deve contribuir para a resolução de um problema, entendido como
“qualquer discrepância entre o actual estado de coisas (situação) e um estado de
coisas que se deseja atingir (alvo)”
Mas nem todo o problema, mesmo definido nestes termos, é susceptí­vel de ser
tratado pela metodologia do trabalho de projecto. Para isso deve obedecer aos
seguintes requisitos:
. Ser considerado um problema real e importante, por cada um dos que se
1
dedicam a estudá-lo;
2. Ser relevante para o exercício da profissão de cada um dos partici­pantes;
. Ser de natureza tal, que precise de ser estudado tendo em conside­ração as
3
condições gerais da sociedade.
Em segundo lugar, o trabalho de projecto realiza-se em diferentes fases, num
processo através do qual as etapas seguintes se vão sucedendo:
1. Escolha do problema geral a tratar;
2. Identificação e escolha de problemas parcelares;
3. Preparação e planeamento do trabalho; identificação de recursos e obstáculos;
escolha do processo de recolha de informação; divisão de tarefas e gestão do
tempo; preparação do trabalho de campo;
4. Trabalho de campo: recolha de dados através de entrevistas, ques­tionários,
consultas de documentos;
5. Ponto da situação; avaliação do processo;
6. Tratamento dos dados recolhidos e preparação de um breve relató­rio escrito e
da apresentação dos trabalhos ao grande grupo;
7. Apresentação dos trabalhos;
8. Balanço.
Como se pode deduzir do que ficou dito atrás, o processo de desenvolvimento do
trabalho é tão importante como o produto propriamente dito e constitui ocasião e
pretexto para aprendizagens múltiplas.

Documento de trabalho utilizado no MPB de Benguela em Maio de 2007


5

UNIDADES TEMÁTICAS

5.1 ROTEIROS DE TRABALHO E


MATERIAIS PEDAGÓGICOS POR
UNIDADES TEMÁTICAS

Roteiros de actividades - Introdução

A operacionalização do presente Guia Metodológico, é essencialmente con-


stituída por ROTEIROS DE ACTIVIDADES, que se organizam do seguinte modo:

No cabeçalho identifica-se a UNIDADE TEMÁTICA do programa a que se


refere, o tema do roteiro, que pode estar relacionado com o conteúdo ou com
características das actividades propostas, sendo eventualmente também indica-
da a duração prevista. No entanto, muitas das actividades propostas têm grande
flexibilidade e permitem vários percursos pedagógicos, pelo que o tempo da ac-
tividade é muito variável.

Seguidamente, destacam-se os respectivos objectivos, fundamentados no


36 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

perfil do professor primário em Angola e nos contributos da disciplina que esta-


mos a leccionar e, em particular, da unidade temática que irá ser desenvolvida.
Estes objectivos poderão ser definidos e expressos a vários níveis, nomeada-
mente no domínio dos conhecimentos, das capacidades e das atitudes.

Na terceira fase apresentam-se as noções e conceitos a mobilizar que podem


funcionar como recursos para a resolução das tarefas propostas e que podem
decorrer dos textos de apoio e/ou das fichas e situações de trabalho criadas pelo
formador.

Na quarta linha apresentam-se as situações de trabalho, tendencialmente


construídas como se fossem um problema a resolver, as quais podem ser real-
izadas em sequências de actividades, quer individuais, quer de grupo. Será de-
sejável que sejam utilizados ambos os tipos de actividade, individual e de grupo,
no interior da mesma situação ou tarefa.

São ainda indicados os recursos a utilizar pelo formador e pelos estudantes.


Os roteiros de trabalho constituem uma planificação do desenvolvimento das
sessões lectivas e os recursos pretendem identificar os materiais a utilizar na aula
– e que são previamente construídos pelo professor – bem como outros materi-
ais de apoio para o formador e para o estudante.
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 37

EIXO TEMÁTICO 1. ESTRATÉGIAS DE FORMAÇÃO PESSOAL E SOCIAL

ROTEIRO DE ACTIVIDADES 1.1.

Tema: Auto-retrato
objectivos

Conhecimento recíproco dos membros do grupo


Analisar características pessoais
Treino de estratégias Formação Pessoal e Social
Jogos psicológicos em grupo
Dinâmica de grupo

noções e conceitos essenciais

Professor-animador
O papel do animador
Participação activa
Dinâmica de grupo

desenvolvimento das actividades

O animador distribui a cada participante uma folha A5 e um lápis. Convida-os a realizar


um desenho ou a escrever uma frase que sejam representativos da própria pessoa, ou
que descrevam a própria maneira de ser ou de sentir. O texto escrito também pode
ser o título de um filme, de uma poesia, de um romance, o refrão de uma canção ou
outra coisa qualquer que exprima a percepção que cada um tem de si próprio.
Os participantes, mantendo o anonimato dos seus trabalhos, entregam-nos ao
animador que, por sua vez, os faz circular, um de cada vez, por todos os membros do
grupo. Os participantes, após terem observado atentamente os trabalhos, exprimem
o seu parecer e considerações acerca do carácter e da personalidade do autor.
Quando os trabalhos forem comentados, o animador convida o autor a revelar ao
grupo o seu próprio trabalho e a explicar o porquê do desenho ou da frase.
Discussão final livre.

RECURSOS

Lápis e folhas de papel.


Imaginação e experiência de vida dos alunos

AVALIAÇÃO

Reflexão sobre o contributo da actividade para o aumento do conhecimento dos


outros e da coesão do grupo.
38 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 39

EIXO TEMÁTICO 1. ESTRATÉGIAS DE FORMAÇÃO PESSOAL E SOCIAL

ROTEIRO DE ACTIVIDADES 1.2.

Tema: Quais as vossas expectativas?


OBJECTIVOS

Analisar as expectativas de cada aluno em relação à disciplina de Formação Pessoal


Social e Deontológica.
Implicar os alunos na construção do seu projecto de estudo e formação.

NOÇÕES E CONCEITOS ESSENCIAIS

Levantamento de expectativas
Ensino centrado no aluno versus ensino transmissivo
Aluno enquanto co-construtor do seu projecto de estudo

DESENVOLVIMENTO DAS ACTIVIDADES

1. O professor dá a conhecer os objectivos e programa da disciplina


2. A pares os alunos discutem o que gostariam de aproveitar e aprender com
esta disciplina.
3. Juntam-se com outro par de alunos e explicam as expectativas
4. Os alunos em grupos de oito elaboram uma lista geral das expectativas da
disciplina.

RECURSOS

Programa da disciplina

AVALIAÇÃO

1. Quais as vossas prioridades para esta disciplina?


2. Que estratégias vão adoptar para concretizar essas prioridades?
40 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 41

EIXO TEMÁTICO 1. ESTRATÉGIAS DE FORMAÇÃO PESSOAL E SOCIAL

ROTEIRO DE ACTIVIDADES 1.3.

Tema: Jogo para nos conhecermos melhor


OBJECTIVOS

Produzir um clima positivo no grupo no qual a consciência das capacidades de cada


um é fomentada e positiva.
Desenvolver as relações interpessoais

NOÇÕES E CONCEITOS ESSENCIAIS

Treino de estratégias de Formação Pessoal e Social


Relações interpessoais
Jogos psicológicos em grupo
Dinâmica de grupo

DESENVOLVIMENTO DAS ACTIVIDADES

1. A classe dividida em pequenos grupos (5 ou 6) cada grupo tem um conjunto de


cartões ou folhas de papel em que estão escritas frases inacabadas, começadas por
“Eu”
2. O jogo introduzido como uma oportunidade de partilhar ideias, opiniões, esperanças,
gostos, desgostos, etc. Esta partilha evidenciara como cada um de nós é diferente.
Envolve confiança para partilharmos os nossos pontos de vista e experiências e “ouvir”
os dos outros.
3. Os cartões estão voltados para baixo, no centro do grupo e os jogadores, à vez,
voltam-nos e completam a frase inacabada com a sua resposta [N. B. não há respostas
certas ou erradas só a resposta de cada um].
4. O jogador responde completando a questão, se não quer “jogar” aquele cartão,
passa-o a outro jogador. Os jogadores juntam as suas respostas no cartão. No fim de
cada rodada tem-se um cartão preenchido por todos os jogadores – pode haver uma
discussão sobre: “Diferenças e semelhanças neste grupo” ou as “rodadas” continuam.
5. Deve ser sublinhado que não há respostas certas ou erradas. A resposta pode ser
divertida ou séria, verdadeira ou não: aquilo que o jogador escolher. Isto permite
aos jogadores escolher o nível a que falam sobre as suas ideias, sentimentos, etc. O
tempo para discussão no fim de cada rodada é muito importante, nesta altura que
produzem-se trocas muito válidas.

RECURSOS

Conjunto de folhas ou cartões com questões indicadas a seguir


42 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

AVALIAÇÃO

Foi fácil ou difícil exprimir as ideias? O que é que faz com que seja fácil ou difícil?
Como é que cada um pode beneficiar de ouvir as contribuições dos outros?
Como nos podemos tornar mais seguros, confiantes das nossas próprias ideias?

Os cartões têm os seguintes depoimentos:

1 – Eu penso que...

2 - Eu acredito que...

3 - Eu fico contente com...

4 - Eu gostava que...

5 – Diverte – me que...

6 - Eu procuro...

7 - Sou óptimo a...

8 - Sou bom a...

9 - Admiro mais...

10 - A minha actividade favorita...

11 - O meu livro favorito...

12 - A minha música favorita é...

13 - Fico feliz quando...

14 - Não gosto...

15 - Não fico seguro quando...

16 - O melhor que me aconteceu foi...

17 - Não tenho certezas sobre...

18- E óptimo para quando...

19 - O meu lugar favorito é...


Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 43

20 - Quando for mais velho, eu vou...

21 - Sempre quis...

22 - Penso que...

23 - Eu sei...

24 - Costumo preocupar-me com...

25 - Gosto...

26 - A minha comida favorita é...

27 - A minha roupa favorita é...

28 - Penso que o que os meus amigos gostam em mim é...

29 - Sinto-me confiante quando...

30 -Uma competência que tenho é...

31 - Gostava de modificar...

32 - Eu sou...

33 - Eu quero...

34 - Eu penso

35 - Sinto-me importante quando...

36 - Fico zangado quando...

37 - Consegui...

38 - Gostava de conseguir...

39 -Gostava que as pessoas...

40 - Estou a melhorar...

41 -Ensinei alguém a...

42 - Não tenho medo de...

43 - Vejo-me como...
44 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

44 - Trabalho melhor quando...

45 - Relaxo...

46 - Estou a aprender...

47 - Encontro dificuldades em...


Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 45

EIXO TEMÁTICO 1. ESTRATÉGIAS DE FORMAÇÃO PESSOAL E SOCIAL

ROTEIRO DE ACTIVIDADES 1.4.

Tema: O trabalho de grupo, estratégia essencial no processo de ensino/


aprendizagem
OBJECTIVOS

Em situação de trabalho de grupo, com temas diversificados, utilizando a apresentação


e análise das perspectivas e da experiência escolar e social de cada um dos participantes,
ou a pesquisa documental ou ainda a entrevista, vamos identificar e experienciar o
trabalho de grupo como uma estratégia fundamental em relação aos objectivos da
Formação Pessoal Social e essencial na facilitação do processo de ensino/aprendizagem.

NOÇÕES E CONCEITOS ESSENCIAIS

Noção de grupo
Organização do trabalho em grupo
Vantagens do trabalho em grupo

DESENVOLVIMENTO DAS ACTIVIDADES

• Dizer de um modo muito sintético quais serão os dois / três pontos do programa
a desenvolver, o número de aulas que serão utilizadas e a metodologia que irá ser
utilizada (trabalho de grupo).
• Dividir a turma em grupos de oito alunos utilizando um método de constituição
de grupos heterogéneos. Atribuir os temas de trabalho aos grupos, por sorteio,
assegurando-se que cada tema é trabalhado por dois grupos diferentes.
A – Trabalho em grupo (1ª aula)
• Cada grupo organiza-se escolhendo um coordenador, (chefe do grupo) que mais
tarde irá apresentar o trabalho à turma, e um secretário ou redactor que deverá anotar
todas as ideias produzidas no seio do grupo. Sempre que possível, deverão ser de
género diferente (M/F).
• Cada grupo deverá discutir o seu tema e produzir um pequeno texto de uma
página, onde apresenta quer as ideias surgidas, quer as conclusões a que chegou. O
grupo pode recorrer à análise documental (textos do professor, pesquisa no centro
de recursos) ou a entrevistas a pessoas mais velhas ou a professores (de História, por
exemplo).
46 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

Temáticas Específicas
Educação Ambiental
Prevenção de acidentes
Projecto Intercultural (Temas em aberto)
Formas de violência
Direitos Humanos: uma Realidade que se Constrói
B – Trabalho em grande grupo (2ª aula)
• A apresentação dos trabalhos de grupo será feita por temas. Por isso os chefes
dos grupos que têm o mesmo tema fazem a apresentação dos respectivos trabalhos,
um após o outro, e só depois os colegas de grupo e os outros grupos intervêm a
propósito daquele tema.
Tema A – Grupo 1 Grupo 2
• A aula está centrada na exploração dos temas, mais do que na avaliação dos
trabalhos dos grupos. Portanto, o professor deverá interagir sempre com os alunos,
estimulando-os a explicitar ideias e conclusões.
C – Ao PROFESSOR cabe ainda a tarefa de desenvolver, sistematizar e sintetizar.
Os trabalhos realizados podem ser afixados no placar da sala.

RECURSOS

“Gerir o trabalho de Projecto, um manual para professores e formadores”


Lisete Barbosa de Castro, Maria Manuela Calvet Ricardo; Ed. Texto (1994)

“Trabalho e dinâmica dos pequenos grupos”


Lisete de Castro; Ed.Afrontamento (1995)

“Dinâmica de grupos, curso para professores”, Manual do Formador


Lisboa, GEP, Ministério da Educação (1978)

“Psicologia das Relações Interpessoais”, M. Odete Fachada; Ed. Rumo


Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 47

AVALIAÇÃO

• Reflectir sobre os factores que facilitam e dificultam o trabalho de grupo.


Quem influenciou mais o trabalho? Que atitudes? Que palavras?
Comunicar e sintetizar as conclusões em grande grupo.
• Listar: “Aspectos de que gosto e em que sou bom nos grupos”
“Aspectos que acho difíceis e que preciso melhorar no trabalho de grupo”
48 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 49

EIXO TEMÁTICO 1. ESTRATÉGIAS DE FORMAÇÃO PESSOAL E SOCIAL

ROTEIRO DE ACTIVIDADES 1.5.

Tema: Trabalho de projecto -Tipos e formas de violência

(1ª aula - 90 minutos)


OBJECTIVOS

Conhecer e compreender as diferentes expressões de violência e as causas; procurar


soluções criativas para enfrentar a violência.
Promover a cooperação e o trabalho de grupo.
Conhecer e experimentar a metodologia de trabalho de projecto
Conhecer e experimentar a metodologia: Tempestade/Chuva de ideias (Brainstorming)

NOÇÕES E CONCEITOS ESSENCIAIS

Violência directa, física e psicológica


Violência social
Violência cultural
Trabalho de grupo
Trabalho de projecto
Tempestade / Chuva de ideias brainstorming

DESENVOLVIMENTO DAS ACTIVIDADES

O professor apresenta a metodologia de Chuva de Ideias


- Começa-se por realizar uma tempestade ou chuva de ideias acerca das formas de
violência que os formandos conhecem e que são utilizadas no quotidiano (em casa,
na rua, na escola, nos meios de comunicação, na sociedade).
- Cada forma de violência deve tomar a forma de uma palavra ou pequena frase,
escrita numa folha de papel A4 de forma visível. As formas repetidas não devem dar
origem a novas folhas.
- Amarra-se uma corda a dois pontos opostos da sala e prendem-se as folhas.
- Divide-se os participantes em dois grupos. Observadores que registam conclusões.
- Explica-se que aquele espaço representa uma central de energia, que tem muitas
falhas de energia que os alunos devem restabelecer.
50 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

- O professor corta a corda entre dois papéis que contenham formas de violência.
- Dois alunos, um de cada grupo terão que restabelecer a energia, agarrando a corda
com uma mão e com a outra pegar o papel que contém a forma de violência.
- Os dois grupos terão que restabelecer a energia. Assim terão 5 minutos para pensar
numa solução para os dois problemas/forma de violência apresentados.
- Cada grupo lê as suas soluções em voz alta. Os observadores tomam nota das
soluções.
- Repete-se até todas as formas de violência serem substituídas por soluções.

RECURSOS

Uma corda ou fio resistente, tesoura, folhas de papel, molas de roupa

AVALIAÇÃO

Como é que se sentiram durante o exercício? Gostaram? Porquê ou porque não


Quais as principais causas de expressões de violência identificadas?
As soluções encontradas para cada tipo de problema são realistas? A curto ou a longo
prazo?
Que barreiras poderão as pessoas encontrar quando estão a tentar implementar essas
soluções?
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 51

EIXO TEMÁTICO 1. ESTRATÉGIAS DE FORMAÇÃO PESSOAL E SOCIAL

ROTEIRO DE ACTIVIDADES 1.5.

Tema: Trabalho de projecto -Tipos e formas de violência

Direitos Humanos

(2ª aula - 90 minutos)


OBJECTIVOS

Conhecer e compreender as diferentes expressões de violência e as causas; procurar


soluções criativas para enfrentar a violência.
Promover a cooperação e o trabalho de grupo.
Conhecer a metodologia de trabalho de projecto
Conhecer a metodologia: Tempestade / Chuva de ideias (brainstorming)

NOÇÕES E CONCEITOS ESSENCIAIS

Violência directa, física e psicológica


Violência social
Violência cultural
Trabalho de grupo
Trabalho de projecto*
Tempestade / Chuva de ideias (brainstorming)**

DESENVOLVIMENTO DAS ACTIVIDADES

- O professor dá a conhecer aos formandos as condições e fases da metodologia do


trabalho de projecto.
- A turma dividida em grupos de trabalho, 5 elementos.
- Cada grupo escolhe uma forma de violência para trabalhar.
- O professor solicita aos formandos que efectuem um trabalho em casa para ser
apresentado à turma, cada grupo deve procurar responder às questões:

Como é que os jovens como eles poderão lutar contra a violência?

Quais são os Direitos Humanos que estão a ser violados quando de uma situação
de violência?
52 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

RECURSOS

Declaração Universal dos Direitos Humanos


* Guia Metodológico: orientações metodológicas
** Programa da disciplina de FPSD

AVALIAÇÃO

Avaliação da actividade
- Analisar colectivamente o que correu bem e mal e o que poderia ser melhor
trabalhado

Avaliação de competências
- O professor avalia o trabalho que solicitou, colocando em cada um uma classificação
qualitativa (insuficiente, suficiente, bom e muito bom) ou expressa o que poderia ser
melhorado em cada texto sem atribuir classificação.

Roteiro construído e experimentado na sala de aula em Benguela na missão


de Abril 2007
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 53

EIXO TEMÁTICO 1. ESTRATÉGIAS DE FORMAÇÃO PESSOAL E SOCIAL

ROTEIRO DE ACTIVIDADES 1.6.

Tema: Educação para a Paz – Tema em debate


objectivos

• Tomar consciência dos perigos que a guerra, a violência, a opressão representam


para a vida das pessoas e sociedades
• Construir os valores da paz, da liberdade e da justiça social
• Tomar consciência da importância do papel da Educação na construção da Paz
• Compreender a importância do papel do professor na construção da Paz
• Organizar um debate

noções e conceitos essenciais

Paz
Desenvolvimento Humano
Justiça social
Exclusão social

desenvolvimento das actividades


A. Divisão da turma em vários grupos de trabalho
Proposta para cada grupo de trabalho:
A. Identifica alguns focos de conflito em todo o mundo
B. Identifica as razões que estão na base dos conflitos identificados
C. Identifica as possibilidades que os povos envolvidos teriam de resolver os
seus conflitos sem recurso à guerra (quais os pontos que poderiam negociar)
D. Constrói um cenário de negociação, com base nos pontos em que cada um
está disposto a ceder
E. Leiam em grupo as frases seguintes e tentem explicitar o que pode o professor
fazer na escola para construir cenários de resolução positiva dos conflitos e de paz
“Face aos desafios do futuro, a educação surge como um trunfo indispensável à
humanidade na sua construção dos ideais da paz, da liberdade e da justiça social”.
“A educação é uma via que conduz a um desenvolvimento humano mais harmonioso,
mais autêntico, de modo a fazer recuar a pobreza, a exclusão social, as incompreensões,
as opressões, as guerras…”
In: UNESCO, Educação – Um Tesouro a Descobrir, Jaques Delors
54 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

AVALIAÇÃO

Avaliação da actividade

- Participação dos estudantes na actividade e interesse demonstrado pela mesma

O professor propõe no final da actividade uma reflexão sobre a mesma, interrogando


os alunos sobre a pertinência e interesse da mesma.

Avaliação de competências

- Capacidade de pesquisa e organização da informação


- Capacidade de identificar situações de conflito e analisá-las criticamente
- Capacidade de identificar e propor soluções para conflitos existentes
- Compreensão do conceito de Paz e do papel da Educação na sua construção
O professor avalia os trabalhos escritos e a apresentação oral dos alunos, tendo por
base as competências indicadas, e atribuindo uma classificação qualitativa e/ou
quantitativa a cada um deles

Recursos

- um computador ligado à Internet a partir do qual se faça pesquisa sobre os focos de


conflito no mundo
- um dossier de recortes da imprensa nacional que relatem conflitos a ocorrer no
mundo.
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 55

EIXO TEMÁTICO 1. ESTRATÉGIAS DE FORMAÇÃO PESSOAL E SOCIAL

ROTEIRO DE ACTIVIDADES 1.7.

Tema: Educação Ambiental – Organizar um Jornal de Parede


objectivos

• Consciencializar dos perigos que ameaçam a humanidade e o seu património


natural aponto de pôr mesmo em perigo a sua existência.
• Desenvolver atitudes e valores favoráveis ao ambiente.
• Pensar os problemas à escala mundial e agir à escala local.
• Adoptar modos de vida respeitadores do ambiente.
• Treinar competências de trabalho de projecto
• Organizar um jornal de parede

noções e conceitos essenciais

Problemas ambientais
Ecologia ambiental
Recursos naturais
Património natural

desenvolvimento das actividades


1. Constituição de vários grupos de trabalho na turma e apresentação pelo professor
da seguinte proposta de trabalho:
1.1. Partindo do que é possível fazer na tua comunidade para:
Poupar água
Não poluir o ar
Deitar o lixo no local adequado e aproveitar o que se pode usar para fins do-
mésticos (por exemplo, como fertilizante)
Evitar o perigo de incêndios
Evitar o uso de produtos tóxicos para o ambiente (que ao matar uma espécie
dizimam também todas as outras)
Proteger uma espécie vegetal ou animal que esteja em perigo de extinção na
tua comunidade ou no teu país
Procura produzir uma mensagem publicitária apelativa para cada um dos objectivos
em questão, partindo da ideia de que a mesma pode ser afixada num lugar público.
1.2. Constrói uma lista de actividades que podes fazer na tua casa e com a tua família
que possam ajudar a proteger o ambiente
56 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

2. Apresentação dos trabalhos à turma


3. Avaliação colectiva dos mesmos em termos de adequação aos objectivos pretendi-
dos e criatividade utilizada.
AVALIAÇÃO

Avaliação da actividade

Pertinência da actividade para os estudantes e interesse demonstrado na mesma

Avaliação de competências

Capacidade de produzir mensagens adequadas para divulgar a necessidade de


defender o ambiente
Perceber o que cada um pode fazer por si próprio na defesa do ambiente

recursos

Documentação
Lei do Património Cultural, Ministério da Cultura, República de Angola

Constituição de Angola

Textos para o professor:


Educação ambiental. Valores e atitudes para uma nova forma de encarar o ambiente.
Melo Raposo, in: Escola Cultural e os valores, 1992, Patrício, M. (org) Porto editora.
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 57

EIXO TEMÁTICO 2. A EDUCAÇÃO NA ESCOLA

ROTEIRO DE ACTIVIDADES 2.1.

Tema: Finalidades e funções da escola


OBJECTIVOS

Em situação de trabalho de grupo, com temas diversificados, utilizando a apresentação


e análise das perspectivas e da experiência escolar e social de cada um dos participantes,
ou a pesquisa documental ou ainda a entrevista, vamos identificar as finalidades
e funções da escola e reconhecer o sistema escolar angolano como uma construção
social e histórica.
Desenvolver saberes sobre:
1. Finalidade e funções da escola: sentido e significado da acção educativa.
2. Abordagem analítica das políticas educativas: a construção do sistema escolar
angolano.
3. O papel da escola primária no contexto angolano.

NOÇÕES E CONCEITOS ESSENCIAIS

Finalidades e funções da escola


Sistema Educativo / Sistema Escolar
Ensino primário / ensino secundário
Educação extra-escolar
Escola: instituição social
Escola – uma construção social

DESENVOLVIMENTO DAS ACTIVIDADES

• Dizer, de modo muito sintético, quais serão os dois / três pontos do programa
a desenvolver, o número de aulas que serão utilizadas e a metodologia que irá ser
utilizada (trabalho de grupo).
• Dividir a turma em 8 grupos de alunos, utilizando um método de constituição
de grupos heterogéneos. Atribuir os temas de trabalho aos grupos, por sorteio,
assegurando-se que cada tema é trabalhado por 2 grupos diferentes.
A - Trabalho em grupo (20 a 30 min.)
Cada grupo organiza-se escolhendo um coordenador (chefe de grupo), que mais
tarde irá apresentar o trabalho à turma, e um secretário ou redactor que deverá
anotar todas as ideias produzidas no seio do grupo. Sempre que possível, eles
deverão ser de género diferente (M/F).
58 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

Cada grupo deverá discutir o seu tema e produzir um pequeno texto de 1 página
onde apresenta quer as ideias surgidas, quer as conclusões a que chegou. O grupo
poderá recorrer à análise documental ou a entrevistas a pessoas mais velhas ou a
professores (de História, por exemplo).
Temas:
Tema A: O que é que os alunos procuram na escola.
 Porque é que a escola é importante para ti? Que razões levam os alunos à
escola? O que procuram e o que encontram?
Tema B: Para que serve a escola
 O que os pais querem e esperam da escola?
E as empresas o que esperam da escola?
Tema C: Nas sociedades e comunidades …
 Onde é que se aprendem as profissões? Só na escola? Só na comunidade?
 E fora da escola, onde se educam as crianças?
Tema D: Como era a escola no tempo dos nossos pais e dos nossos avós
 Quem ia à escola nesse tempo? Quais eram os objectivos e
finalidades da escola nesse tempo? Como, onde e quando surgiram as primeiras
escolas em Angola?

Reflectir sobre os factores que facilitam e dificultam o trabalho de grupo.


Quem influenciou mais o trabalho? Que atitudes? Que palavras?
Comunicar e sintetizar as conclusões em grande grupo.
Listar: 1.“Aspectos de que gosto e coisas em que sou bom nos grupos”
2. “Aspectos que acho difíciesl e coisas que preciso melhorar no trabalho de grupo”

 Durante a realização do trabalho de grupo o professor deverá circular pela sala


dando ajuda e estimulando a discussão no seio de cada grupo.
B - Trabalho em grande grupo: (45 a 60 min.)
• A apresentação dos trabalhos de grupo (que só irá ocorrer eventualmente na
aula seguinte) será feita por temas. Para isso os chefes dos grupos que têm o mesmo
tema fazem a apresentação dos respectivos trabalhos, um após outro, e só depois os
colegas de grupo e os outros grupos intervêm a propósito daquele tema.
Tema A - Grupo 1 Grupo 2
 A aula está centrada na exploração dos temas, mais do que na avaliação dos
trabalhos dos grupos. Portanto, o professor deverá interagir sempre com os grupos,
estimulando-os a explicitar ideias e a retirar conclusões.
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 59

C - Ao professor cabe ainda a tarefa de desenvolver, sistematizar e sintetizar. Poderá fazê-


lo para os temas A, B e C de uma vez, e para o tema D, depois. Para isso poderá / deverá:
• Desenvolver todos conteúdos que não tenham tido oportunidade de surgir a partir
dos relatos do trabalho de grupo, para o que se exige um bom domínio científico
dos temas a desenvolver.
• Apresentar esquema- síntese das “finalidades e funções da escola” e da “escola
como construção social”, referindo-se especificamente à escola primária no contexto
angolano.
• Promover a afixação, no placar da sala, dos principais produtos do trabalho
realizado.

AVALIAÇÃO

• Reflexões desenvolvidas no Trabalho de Grupo.


• Apresentação do trabalho à classe.
Sugestões adicionais para o orientador:
O desenvolvimento do módulo envolve muitas actividades pensadas para a
produção de registos escritos, se no entanto não houver produtos escritos, sugere-se
que no final de uma sessão, individualmente ou em grupo, os formandos comentem
as seguintes questões:
- o que aprendi nesta unidade
- o que gostei
- sugestões de actividades

RECURSOS

Ficha de Trabalho de Grupo (Poderá ser escrita no quadro)

A – Para o professor

“Gerir o trabalho de Projecto, um manual para professores e formadores”


Lisete Barbosa de Castro, Maria Manuela Calvet Ricardo; Ed. Texto (1994)

“Trabalho e dinâmica dos pequenos grupos”


Lisete de Castro; Ed.Afrontamento (1995)

“Dinâmica de grupos, curso para professores”, Manual do Formador


Lisboa, GEP, Ministério da Educação (1978)

“Psicologia das Relações Interpessoais”, M. Odete Fachada; Ed. Rumo


60 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 61

EIXO TEMÁTICO 2. A EDUCAÇÃO NA ESCOLA

ROTEIRO DE ACTIVIDADES 2.2

Tema: Educação e Conflito de gerações


OBJECTIVOS

Compreender a educação como forma de transmissão de valores


Compreender a educação como forma de evolução de uma sociedade

NOÇÕES E CONCEITOS ESSENCIAIS

Educação e desenvolvimento
Conflito de gerações
Preconceitos

DESENVOLVIMENTO DAS ACTIVIDADES

1. Os alunos lêem o texto para discussão.


2. Discutem com um colega as seguintes questões:

Qual era o objectivo de Sá Domingas para o futuro da filha?


Porquê?
Quais eram os receios de Bento?
Qual a ideia de Bento para a educação da filha?
Qual a tua opinião?
Já viveste alguma situação semelhante?

3. Em grupos de quatro ou cinco participantes comparam as respostas e elaboram um


relatório.
4. Apresentam o relatório do trabalho aos outros grupos.

RECURSOS

Texto extraído do livro “O nosso musseque” de José Luandino Vieira


62 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 63

EIXO TEMÁTICO 2. A EDUCAÇÃO NA ESCOLA

ROTEIRO DE ACTIVIDADES 2.3.

Tema: Heroínas e Heróis


OBJECTIVOS

• Respeitar as diferenças
• Analisar criticamente o significado de heróis e heroínas como modelos e como
estereótipos
• Identificar os diversos tipos e formas de violência
• Reflectir sobre a História e reconhecer diferentes perspectivas e formas na partilha
de eventos históricos e dos heróis e heroínas associados a eles

NOÇÕES E CONCEITOS ESSENCIAIS

Diferenças
Género
Igualdade
Estereótipos
Tipos e formas de violência

DESENVOLVIMENTO DAS ACTIVIDADES

- Começa-se por perguntar: “Quais são os vossos heróis e as vossas heroínas? As


pessoas que vocês admiram?”, de Angola e do Mundo.
- Escrevem-se os nomes dos heróis e das heroínas em duas colunas no quadro.
- Pede-se que digam quais as características pessoais das heroínas e dos heróis que
escolheram e escrevem-se as palavras-chave no fundo da listagem da respectiva
coluna.
- Em grupos de 4 a 5 pessoas, têm de escolher dois homens e duas mulheres
caracterizando-os.
- Volta-se a plenário e cada grupo apresenta as heroínas e os heróis que escolheram,
bem como as características que atribuíram a cada um.
- Discute-se a lista de características e o uso de heroínas e heróis como modelos a
seguir e até que ponto são estereótipos de género.

AVALIAÇÃO

Que vos pareceu mais importante neste debate?

Existem aspectos que pensam vão influenciar o vosso trabalho como futuros
professores?
64 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 65

EIXO TEMÁTICO 2. A EDUCAÇÃO NA ESCOLA

ROTEIRO DE ACTIVIDADES 2.4.

Tema: Diferenças individuais. Todos diferentes, todos iguais


OBJECTIVOS

Entender as diferenças individuais como factor de enriquecimento


Reflectir sobre o que podemos fazer para haver mais igualdade nas escolas

NOÇÕES E CONCEITOS ESSENCIAIS

Educação para a cidadania


Educação para a igualdade
Discriminação
Igualdade
Respeito mútuo
Paz

DESENVOLVIMENTO DAS ACTIVIDADES

1. Comenta as soluções propostas para o desenvolvimento da igualdade nas escolas


2. Que outras soluções propões

RECURSOS

Deixamos aqui algumas soluções.

O que podemos fazer para haver mais igualdade nas escolas é:


• Não julgar os outros pelas aparências;
• Aceitar cada um/uma como é;
• Respeitar as pessoas que não têm capacidades intelectuais;
• Não deixar de parte as pessoas com deficiência;
• Fazer aos outros aquilo que gostávamos que nos fizessem,
• Aceitar a orientação sexual de cada indivíduo
• “não discrimines os outros pois não gostavas que te discriminassem a ti”.

Adaptado de : Andar por outros caminhos, Teresa Cunha e Celina Santos, 2007, AJPaz
66 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 67

EIXO TEMÁTICO 2. EDUCAÇÃO NA ESCOLA

ROTEIRO DE ACTIVIDADES 2.5.

Tema: História da minha vida


objectivos

Mostrar que o auto-conceito vai evoluindo e está particularmente dependente


do sistema de relações que se desenvolvem com os outros, principalmente com as
pessoas com mais significado para nós, nomeadamente na vida escolar.

noções e conceitos essenciais

Auto-conceito
Identidade
História de Vida

desenvolvimento das actividades

A. Faz o seguinte exercício individual, respondendo por escrito a estas questões


colocadas:

1.
a) O que eu era antes:
b) O que eu sou agora:
c) O que eu gostaria de ser:
d) O que eu gostaria de mudar em mim:

2. Em que medida as suas características- o que é agora e o que queria ser- dependem
de situações ou acontecimentos que foram fundamentais na sua vivência?

3. Faça uma pequena análise dessas situações/acontecimentos e diga em que medida


influenciaram a forma como se vê

4. Defina o que é o auto-conceito


B. O professor solicita aos alunos que o queiram a partilha com a turma da resposta
às questões colocadas individualmente e realiza um debate sobre as mesmas e
identificação dos aspectos comuns
C. O professor, tendo em conta as definições de auto-conceito propostas pelos alunos,
dá uma definição a toda a turma.
68 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

AVALIAÇÃO

Avaliação da actividade

Capacidade dos alunos responderem às questões e se envolverem activamente na


tarefa

Avaliação de competências

Compreensão do significado de auto-conceito e da sua importância nas relações


consigo e com os outros.
Compreensão da relação entre auto-conceito e vida escolar

recursos

Para o professor:

A educação para os valores, Maria Odete Valente

www.educationenvalores.org/IMG/pdf/educacao_valores.pdf
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 69

EIXO TEMÁTICO 2. EDUCAÇÃO NA ESCOLA

ROTEIRO DE ACTIVIDADES 2.6.

Tema: Educação e Direitos da criança


objectivos

• Conhecer o conteúdo dos direitos da criança contido na Convenção dos Direitos


da Criança de 1989, aprovada pela ONU
• Desenvolver uma consciência cívica sobre a importância dos direitos da criança
no contexto do respeito pela pessoa humana

noções e conceitos essenciais

Direitos e Deveres
Consciência cívica

desenvolvimento das actividades

1.O professor solicita aos alunos que colectivamente na turma identifiquem os direitos
que consideram que as crianças devem ter, e vai escrevendo no quadro as indicações
por eles ditas

2. Trabalho de grupo

2.1 Cada grupo compara os direitos das crianças feitos pela turma com os que constam
da Convenção dos Direitos da Criança e identifica as diferenças e as semelhanças

2.2. Cada grupo selecciona os direitos cujo cumprimento lhes parece mais difícil ou
possa estar em causa e explicita as razões que o justificam

3. Apresentação dos trabalhos de grupo à turma e debate

4. O professor apresenta três organizações internacionais que trabalham em prol


dos direitos das crianças (UNICEF, OIKOS, ….) e solicita a cada aluno que conceba
individualmente uma entrevista a um responsável dessa organização. Posteriormente
cada aluno entregará ao professor essa entrevista cuja adequação ele analisará.
70 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

AVALIAÇÃO

Avaliação da actividade

Colaboração e interesse dos alunos pela actividade.

Avaliação de competências

- Compreensão do que significam os direitos das crianças e da importância da


Convenção.
- Conhecimento adquirido sobre algumas organizações que trabalham em prol dos
direitos das crianças

recursos

Materiais (aula)

- Convenção dos Direitos da Criança

- Breve caracterização de três organizações que trabalham em prol dos Direitos da


Criança
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 71

EIXO TEMÁTICO 3. EDUCAÇÃO PARA OS VALORES NA ESCOLA

ROTEIRO DE ACTIVIDADES 3.1.

Tema: Os valores na escola


OBJECTIVOS

- Conhecer as principais teorias sobre a abordagem dos valores na escola e analisar as


vantagens e desvantagens de cada uma delas.

- Aprender a trabalhar na escola a construção de valores de acordo com a teoria da


clarificação de valores e as perspectivas mais desenvolvimentistas.

NOÇÕES E CONCEITOS ESSENCIAIS

Inculcação de valores
Clarificação de valores
Perspectivas cognitivo-desenvolvimentistas de trabalho sobre os valores

DESENVOLVIMENTO DAS ACTIVIDADES

1. Introdução – explicação da actividade à turma:


- Explicação dos objectivos da actividade
- Explicação das fases do trabalho

2. Desenvolvimento da actividade
O professor explicita que há vários modos de trabalhar os valores na escola,
perspectivas que devem conhecer para poder futuramente trabalhar com as crianças.
O professor explicita que para que estas teorias/diferentes perspectivas sejam
conhecidas e compreendidas, irá propor um exercício relativo à estratégia que cada
uma destas teorias utiliza para trabalhar os valores na escola.

Clarificação de valores
- O professor propõe a realização de dois jogos de clarificação de valores no grupo/
turma. (Ver pág. do texto referido nos textos para o professor)
- O professor propõe analisar e discutir os resultados do jogo na turma
- O professor explicita a teoria de clarificação de valores que inclui como estratégia do
trabalho a adopção deste tipo de jogos como forma de colocar os alunos a dialogar, a
pensar e a construir os seus próprios valores, dando-se uma importância fundamental
à escolha que cada um faz perante os valores que a sociedade lhes oferece.
72 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

Inculcação de valores
O professor explicita que nesta teoria se utilizam sobretudo os ditados populares,
as histórias tradicionais de vários países, as fábulas e os contos de fadas como forma
de trabalhar os valores com as crianças. Estas histórias contêm sempre uma “moral”
que expressa o que é considerado “bem” e “bom” numa determinada cultura e por
isso constituem uma referência a usar na Educação. Nesta perspectiva, mais do que
ensinar as crianças a pensar sobre os valores, é importante transmitir-lhes os valores
da geração de pais e avós. O professor deve escolher uma história tradicional da sua
cultura, contá-la e trabalhá-la com os alunos sob o ponto de vista moral.
(nos materiais em anexo sugere-se uma história africana)

Perspectivas cognitivo-desenvolvimentistas de trabalho sobre os valores


Nesta perspectiva considera-se que a aprendizagem dos valores se faz através da
resolução de dilemas, de conflitos e de problemas do quotidiano. Há um conjunto de
dilemas propostos por Piaget e kholberg para discussão que podem ser dados como
exemplo para que se perceba a forma como estes se problematizam e discutem
(ver pág. do texto do professor). Contudo, são as pequenas histórias e problemas
que o professor reconhece como de conflito cognitivo-moral as que devem ser mais
colocadas e discutidas e, neste sentido, o professor pode escrever uma que já se
tenha verificado com aquele grupo turma.

Sistematização
- O professor propõe aos alunos a leitura de um pequeno texto sobre as diversas
formas de abordar os valores na escola
- Os alunos realizam a leitura individual e silenciosa do texto e anotam as
características e designações das principais teorias
- O professor propõe uma análise colectiva das vantagens e limitações de cada uma
das perspectivas de trabalho dos valores na escola. O professor solicita aos alunos
que como futuros professores efectuem sugestões relativamente à forma como
poderão trabalhar os valores com as crianças.
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 73

AVALIAÇÃO

Avaliação da actividade

- - Analisar colectivamente o que correu bem e mal e o que poderia ser melhor
trabalhado

Avaliação de competências

O professor avalia a participação dos alunos nas actividades.


O professor efectua um registo qualitativo sobre o modo como os alunos efectuam
a análise do excerto do texto “A educação para os valores na escola”, percebendo até
que ponto estes são capazes de evidenciar conhecimento e compreensão sobre as
diversas formas de trabalhar os valores na escola.

RECURSOS

Para o professor:
Texto: Valente, O. A educação para os valores na escola. Universidade de Lisboa,
Faculdade de Ciências.
A educação para os valores, Maria Odete Valente
www.educationenvalores.org/IMG/pdf/educacao_valores.pdf

Histórias tradicionais

Para os alunos:
Excerto do texto “Valente, O. A educação para os valores na escola. Universidade de
Lisboa, Faculdade de Ciências.
74 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

Material de estudo
A Educação para os Valores
Maria Odete Valente
Departamento de Educação da
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
(captado em http://www.educacionenvalores.org/IMG/pdf/educacao_va-
lores.pdf)
1 A escola e os valores
O professor na sala de aula bem como a escola no seu todo, naquilo que ex-
plicita e não explicita, no que diz permitir e no que proíbe, no que incentiva e
no que faz por desconhecer, ensinam aquilo que valorizam, o que acham, justo
e não justo, em suma, ensinam valores. O ensino dos valores não se pode evi-
tar. Todas as actividades em que se envolve o professor desde os livros ou tex-
tos que sugere ou escolhe, as experiências que selecciona, os trabalhos de casa
que recomenda ou pede, tudo isto implica uma hierarquia de valores. Mas não é
apenas o professor, são também as regras de jogo da própria escola, as relações
entre Conselho Directivo, professores e alunos, as circulares e ordens de serviço,
o que se pode ou não fazer no pátio, as actividades extra-curriculares que se
fomentam, aquilo que é premiado ou considerado indesejável, são todas estas
situações e muitas outras que, explícita ou implicitamente, revelam os valores
que se privilegiam.
A educação para os valores realiza-se em todos os momentos, permeia o
curriculum e também todas as interacções interpessoais na escola e as relações
desta com a família e a sociedade. Manifesta-se nas reuniões, na sala de aula,
na definição dos capazes e dos incapazes, na maneira como são recebidas as
minorias, pobres ou ricos, frágeis ou bem constituídos, cabo-verdianos ou “es-
trangeiros”, vestidos a rigor ou desajustados e sem “estilo”, etc. Manifesta-se na
aula de Ciências, nos métodos utilizados, no maior ou menor uso de argumentos
de autoridade, no maior ou menor rigor com que se colhem os dados, na exigên-
cia de verdade nos relatos, na tolerância e compreensão em relação à aborda-
gem de cada um em busca de sentido para as suas experiências. Manifesta-se na
aula de História ou Estudos Sociais, nos problemas em que o professor mais se
envolve ou detém, nos documentos históricos a que se dá mais ênfase. Manifes-
ta-se nas aulas de Português, nos textos escolhidos, na caracterização das per-
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 75

sonagens, na auto-expressão que é mais premiada, desencorajada ou mesmo


reprimida. Manifesta-se nos regulamentos disciplinares, nos contactos de trab-
alho com o professor, nas desculpas que se invocam. Manifesta-se na gestão da
escola, nos comentários e argumentos adoptados no Conselho Pedagógico, nas
greves que se fazem ou que se desconhecem, nas personalidades que se consid-
eram exemplares e notáveis, nas pessoas da comunidade que se convidam para
entrarem na escola, nos sorrisos laterais que aqui e ali, quase despercebidos, se
lançam sobre esta ou aquela pessoa, este ou aquele comentário, ou posição.
A questão moral surge a todo o momento sempre que alguém selecciona ou
se manifesta a favor ou contra qualquer comportamento, situação, pessoa ou
objecto. Mas, tudo isto acontece mesmo que não se enfrente e discuta a questão
da educação para os valores na escola.
Porquê então a dúvida sobre o benefício da discussão de valores na escola ou
o medo de que, a existir, desse modo se esteja a perder aquela “neutralidade”,
apontada como desejável numa escola pública? Talvez a tradição marcada pela
ideia de se tratar de assuntos privados, o receio de doutrinação ou inculcação
de valores, ou de desvio da atenção do professor do ensino dos factos e capa-
cidades, ou ainda a ideia de que o lugar para essas coisas são a família, a Igreja
ou o partido, e também o receio da falta de preparação dos professores para a
delicadeza destas tarefas.
Não será que os professores podem ajudar a desenvolver o juízo moral dos
jovens, mesmo sem insistirem numa posição particular? E não será que a falta
de diálogo sobre as questões que mais de perto tocam os jovens faz com que a
escola degenere num lugar asséptico, pouco importante e irrelevante para eles?
Não é por outro lado duvidoso que os jovens realizem discussões sistemáticas
em casa ou noutras instituições sobre os valores? Muitos não frequentam esse
tipo de instituições e os pais não estão preparados ou não dispõem de tempo
para uma análise racional de valores. Não será então de admitir que a escola se
ocupe da educação moral dos jovens?
A questão difícil é, pois, a de saber se a sociedade está decidida a envolver-se
nesta tarefa de ajudar explicitamente os alunos no desenvolvimento de valores
e a considerá-la como uma legítima e desejável tarefa dos educadores e, em
caso afirmativo, como fazê-lo. Para ajudar a contribuir para uma resposta a esta
questão apresentam-se duas das abordagens que têm sido consideradas como
alternativas significativas à tradicional inculcação de valores, sistematizadas na
teoria da clarificação dos valores, de Raths, e na teoria cognitivo-desenvolvimen-
tista, de Lawrence Kohlberg.
76 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 77

EIXO TEMÁTICO 3. EDUCAÇÃO PARA OS VALORES NA ESCOLA

ROTEIRO DE ACTIVIDADES 3.2.

Tema: Os valores hoje


OBJECTIVOS

• Identificar, reflectir e avaliar os valores pessoais e os da sociedade onde vive


• Reconhecer que estes valores influenciam a forma de pensar e de agir

NOÇÕES E CONCEITOS ESSENCIAIS

Globalização e novos valores - que valores?

DESENVOLVIMENTO DAS ACTIVIDADES

1.Os alunos lêem o material de estudo: Por uma globalização plural

2.Discutem com um colega as seguintes questões:

 A globalização origina novos valores, uns considerados positivos, outros


negativos, identifica-os.
 Qual a tua opinião sobre o ideal de uma cidadania terrestre?
 Que valores a humanidade teria que desenvolver para tornar realidade este ideal?
 Em que sentido o autor refere a imaturidade da humanidade?
 O que entendeste por civismo planetário?
 Quais são os grandes progressos do espírito humano que seriam necessários para
se desenvolver uma civilização mundial?
3. Em grupos de quatro ou cinco participantes comparam as respostas e elaboram um
relatório.
4. Apresentam o relatório do trabalho aos outros grupos
RECURSOS

Texto para discussão: Por uma globalização plural de Edgar Morin


Texto adaptado de um artigo publicado no jornal francês “Le Monde” por:
Ana Francisca Moura, Dália Afonso, Eugénio Inácio, José Manuel, Mónica Malanga,
professores do Magistério Primário de Benguela.

AVALIAÇÃO

Quais as mensagens mais importantes que emergiram da discussão?


78 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

MATERIAL DE ESTUDO:

Por uma globalização plural

Edgar Morin

A nave espacial Terra é movida por quatro motores associados e, ao mesmo


tempo, descontrolados: ciência, técnica, indústria e capitalismo.

A globalização pode ser vista como a última fase de uma planetarização téc-
nico-económica.

Ao mesmo tempo, pode ser vista como a emergência caótica e desigual de


um embrião de sociedade-mundo. Uma sociedade dispõe de um território que
comporta um sistema de comunicações. O planeta encontra-se, hoje, dotado de
uma quantidade de comunicações (aviões, telefone, fax, Internet) como nenhu-
ma outra sociedade do passado jamais teve.

Uma sociedade inclui uma economia. A economia actual é mundial, de facto,


mas faltam-lhe as restrições de uma sociedade organizada (leis, direito, con-
troles). E as instituições mundiais actuais, o FMI e outras, são incapazes de efec-
tuar as regulamentações necessárias.

A sociedade é inseparável da civilização. Existe uma civilização mundial, saída


da civilização ocidental, que desenvolve o jogo interactivo da ciência, da técnica,
da indústria e do capitalismo e que comporta um certo número de valores pa-
dronizados. Ao mesmo tempo em que comporta múltiplas culturas no seu seio,
uma sociedade também gera uma cultura própria.

Acontece que existem múltiplas correntes transculturais que influenciam as


culturas, ao mesmo tempo que as superam, e que formam algo que quase chega
a ser uma cultura planetária. A mistura de raças, etnias e culturas enriquece essa
via transcultural de maneira incessante.

No decorrer do século 20, as medias produziram e difundiram um folclore


mundial a partir de temas originais saídos de culturas diferentes. É notável o fac-
to de que as máquinas culturais formidáveis do cinema, da canção, do rock e da
televisão, animadas pelo lucro, tenham conseguido produzir algo além de obras
medíocres e conformistas. Existe e existiu criatividade em todas essas áreas.

Constituiu-se um folclore planetário que se enriquece com as integrações e


os encontros. No que diz respeito à arte, à música, à literatura e ao pensamento,
a globalização cultural não é homogeneizadora. Ela é feita de grandes ondas
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 79

transculturais que favorecem a expressão das originalidades nacionais no se seio.

A mistura de raças e etnias recriou a diversidade, ao mesmo tempo favorecen-


do a intercomunicação. O jazz começou como híbrido afro-americano, produto
singular de Nova Orleans, que se expandiu pelos Estados Unidos, passando por
diversas mutações, sem que os novos estilos fizessem desaparecer os estilos an-
teriores. Assim, o jazz tornou-se uma música negra e branca, ouvida e dançada e
depois tocada também por brancos, e, sob todas suas formas, espalhou-se pelo
mundo, tanto assim que o velho estilo de Nova Orleans, aparentemente aban-
donada em seu local de origem, renasceu em Saint-Germain-des-Prés, retornou
aos Estados Unidos e se estabeleceu em Nova Orleans mais uma vez.

Depois do encontro do “rhythm and blues”, é na esfera branca que o rock


surge nos Estados Unidos, para em seguida se espalhar por todo o mundo e em
todas as línguas, a cada vez assumindo uma identidade nacional. Hoje em dia
dança-se, festeja-se e comunica-se rock em Pequim, Cantão, Tóquio, Paris ou
Moscovo, e os jovens de todos os países dançam ao mesmo ritmo, em todo o
planeta.

Por outros motivos, como em toda a sociedade, criou-se um sub mundo -mas,
desta vez, planetário com uma criminalidade própria. Desde os anos 1990, existe
uma máfia intercontinental (que trabalha especialmente com o tráfico de drogas
e a prostituição). E o 11 de Setembro de 2001 mostrou a existência de uma rede
terrorista mundial, que, à sua própria maneira, também contribui para o surgi-
mento da sociedade-mundo.

Podemos, enfim, dizer que a globalização da nação, que se concluiu ao final


do século 20, confere ao planeta uma característica de civilização e cultura co-
muns; ao mesmo tempo, porém, o fragmenta ainda mais, e a soberania absoluta
das nações cria obstáculos, justamente, ao surgimento da sociedade-mundo.
Emancipadora e opressora, a nação torna extremamente difícil a criação de con-
federações que responderiam às necessidades vitais dos continentes e ainda
mais difícil o nascimento de uma confederação planetária.

Assim, se o planeta constitui um território que dispõe de um sistema de co-


municação, de uma economia, uma civilização e uma cultura, também é facto
que lhe falta um certo número de dispositivos essenciais, que são a cidadania, o
controle dos poderes, sem falar na consciência comum de fazer parte da Terra-
Pátria.

O planeta não dispõe de organização, de direito, de instâncias de poder e


de regulamentação económica, política, policial e da biosfera. A ONU não pode
80 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

constituir-se em autoridade supranacional, e seu sistema de veto paralisa-a. Não


existem as instâncias que permitiriam a uma sociedade-mundo controlar sua
economia. A conferência de Kyoto não conseguiu instituir uma instância de sal-
vaguarda da biosfera. Uma sociedade-mundo não poderia emergir se não fosse
dotada de um exército e uma polícia internacionais. Ainda não existe sociedade
civil mundial, e a consciência de que somos cidadãos da Terra-Pátria é dispersa,
embrionária. Ou seja, temos as infra-estruturas, mas não as super estruturas.

Infelizmente as instâncias internacionais que criavam uma solidariedade plan-


etária dos trabalhadores perderam força; as aspirações que as nutriam ressuscita-
ram através dos esboços dispersos, mas significativos, que, em diversos lugares,
se configuram para que surja uma sociedade civil cuja formação seria uma etapa
importante no aparecimento da sociedade-mundo. O que falta para que uma
sociedade-mundo possa se constituir não como acabamento planetário de um
império hegemónico, mas com base numa confederação civilizadora, não é um
programa ou um projecto, mas os princípios que permitiriam que fosse aberto
um caminho. A ideia de desenvolvimento sempre comportou uma base técnico-
económica, mensurável pelos indicadores de crescimento e de receita. Supõe, de
maneira implícita, que o desenvolvimento técnico-económico seja a locomotiva
que puxa, naturalmente, um “desenvolvimento humano” cujo modelo acabado
e bem-sucedido é o dos países ditos desenvolvidos – por outras palavras, ociden-
tais. Essa visão supõe que o estado actual das sociedades ocidentais constitui o
objectivo e a finalidade da história humana.

Também o desenvolvimento, noção aparentemente universal, constitui um


mito típico do sociocentrismo ocidental, um motor de ocidentalização forçada,
um instrumento de colonização dos “subdesenvolvidos” (o Sul) pelo Norte. O
desenvolvimento, do modo como é concebido, ignora aquilo que não é calcu-
lável nem mensurável: a vida, o sofrimento, a alegria, o amor, e o único critério
pelo qual mede a satisfação é o crescimento (da produção, da produtividade, da
receita monetária). Definido unicamente em termos quantitativos, ele ignora as
qualidades, as qualidades de existência, as qualidades de solidariedade, as quali-
dades do meio, a qualidade de vida.

O desenvolvimento engendra um conhecimento especializado que é inca-


paz de apreender os problemas multidimensionais. A educação disciplinar do
mundo desenvolvido traz conhecimentos, sim, mas gera uma incapacidade in-
telectual de reconhecer os problemas fundamentais e globais. A noção de de-
senvolvimento deveria, a meu ver, ser substituída ao mesmo tempo pela ideia
de uma política da humanidade (antropolítica), que já venho sugerindo há muito
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 81

tempo, e pela ideia de uma política da civilização. A política do humano teria por
missão mais urgente solidarizar o planeta.

Assim, uma agência da ONU criada especificamente para esse fim disporia
de fundos próprios para a humanidade carente, sofredora, miserável. Ela com-
portaria um departamento mundial de medicamentos gratuitos para a SIDA e as
doenças infecto-contagiosas, um departamento mundial de alimentação para
atender às populações carentes ou atingidas pela fome, uma ajuda substancial
às ONGs humanitárias.

Os países ricos deveriam proceder à mobilização maciça de seus jovens no


serviço cívico planetário, em toda parte onde fosse sentida necessidade dessa
ajuda (em regiões atingidas por secas, inundações e epidemias). O problema da
pobreza é mal avaliado, pois é sobretudo de injustiça que sofrem os pobres, que
estão desarmados para fazer frente à desnutrição e às doenças, assim como são
carentes de respeito e consideração. O problema dos carenciados é sua impotên-
cia diante do desprezo, da ignorância e dos golpes do destino.

A política da humanidade seria ao mesmo tempo uma política para constituir,


proteger e controlar os bens planetários comuns. Enquanto estes, actualmente,
são limitados e distantes do centro (a Antártida, a Lua), seria preciso incluir tam-
bém o controlo da água e o controlo das jazidas petrolíferas. A política da hu-
manidade seria correlativamente uma política de justiça para todos aqueles que,
não ocidentais, tivessem negados os direitos reconhecidos pelo Ocidente para
ele próprio.

A política da civilização teria por missão desenvolver o melhor da civilização


ocidental, rejeitar o pior dela e operar uma simbiose de civilizações integrando
as contribuições fundamentais do Oriente e do Sul. Essa política de civilização
seria necessária para o próprio Ocidente. Este sofre, cada vez mais, do domínio
do cálculo, da técnica do lucro sobre todos os aspectos da vida humana, do
domínio da quantidade sobre a qualidade, da degradação da qualidade de vida
nas metrópoles e da desertificação da zona rural, utilizada pela agricultura e a
pecuária industriais que já produziram várias catástrofes alimentares.

A nave espacial Terra é movida por quatro motores associados e, ao mesmo


tempo, descontrolados: ciência, técnica, indústria e capitalismo (lucro). O prob-
lema está em estabelecer um controlo sobre esses motores: os poderes da ciên-
cia, da técnica e da indústria devem ser controlados pela ética, que só pode
impor seu controlo por meio da política; a economia não apenas deve ser regu-
lamentada, como deve tornar-se plural, incluindo associações de mutuários, co-
82 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

operativas e trocas de serviços.

Uma sociedade-mundo precisa de governo. Um governo democrático mun-


dial é algo fora de alcance neste momento. Seria desejável que esse governo se
efectuasse a partir das Nações Unidos, que, dessa maneira, tornar-se-iam uma
confederação, criando instâncias planetárias dotadas de poder sobre os prob-
lemas vitais e os perigos extremos (armas nucleares e biológicas, terrorismos,
ecologia, economia, cultura).

Por outras palavras, é preciso trabalhar no sentido de um civismo planetário,


de uma emergência da sociedade civil mundial, de uma ampliação das Nações
Unidas.

Por meio de regressão, deslocamento, caos e desastres, a Terra-Pátria pode-


ria surgir, não assumindo o lugar das diferentes pátrias, mas abrangendo-as.
Obstáculos enormes opõem-se a essa visão. A tendência à unificação da socie-
dade-mundo suscita resistências nacionais, étnicas e religiosas que conduzem
à divisão do planeta, e para eliminar essas resistências seria preciso impor um
domínio implacável. Há, sobretudo, a imaturidade dos Estados nações, dos es-
píritos, das consciências - ou seja, fundamentalmente, a imaturidade da própria
humanidade ainda por se realizar.

Para chegarmos à civilização mundial, seria preciso que fossem conquistados


grandes progressos do espírito humano, não tanto de suas capacidades técnicas
e matemáticas, não apenas no conhecimento das complexidades, mas em sua
interioridade psíquica.

Está claro a nossos olhos (e apenas para os nossos) que uma reforma da civili-
zação ocidental e de todas as civilizações é necessária, que uma reforma radical
de todos os sistemas de educação é necessária, e não está menos claro que o que
existe é a inconsciência total e profunda da necessidade dessa reforma.

Paradoxalmente, o esquema de uma política da humanidade e de uma políti-


ca da civilização, que esboçamos, apesar de corresponder a possibilidades mate-
riais e técnicas, é uma possibilidade real que, neste momento, é impossível. É por
isso que, seja qual for o caminho que se impuser, a humanidade ainda vai passar
muito tempo sofrendo as dores do parto - ou do aborto.

Texto adaptado de um artigo publicado no jornal francês “Le Monde” por:

Ana Francisca Moura, Dália Afonso, Eugénio Inácio, José Manuel, Móni-
ca Malanga, professores do Magistério Primário de Benguela.
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 83

EIXO TEMÁTICO 3. EDUCAÇÃO PARA OS VALORES NA ESCOLA

ROTEIRO DE ACTIVIDADES 3.3.

Tema: Kizomba e a Globalização


OBJECTIVOS

• Identificar, reflectir e avaliar os valores pessoais e os da sociedade onde vive


• Reconhecer que estes valores influenciam a forma de pensar e de agir

NOÇÕES E CONCEITOS ESSENCIAIS

Globalização e novos valores


Cultura
Identidade

DESENVOLVIMENTO DAS ACTIVIDADES

1. Os alunos lêem o texto para discussão: Transnacionalismo: Novas diversidades,


novas identidades.
2. Discutem com um colega as seguintes questões:

 O Kizomba é dado como um exemplo das dinâmicas económicas e culturais


da globalização. Porquê? O que entendes por globalização?
 Qual o conceito de cultura que a autora propõe no texto?
 Qual o desafio para o século XXI identificado pela autora? O que pensas
deste desafio?
 Porque se fala em novas identidades?

3. Em grupos de quatro ou cinco participantes comparam as respostas e elaboram um


relatório.
4. Apresentam o relatório do trabalho aos outros grupos.

RECURSOS

Texto para discussão: Transnacionalismo: Novas diversidades, novas identidades.


Andar por outros caminhos, Teresa Cunha e Celina Santos, 2007, AJPaz
84 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

AVALIAÇÃO

• Quais as mensagens mais importantes que emergiram desta discussão?

TEXTO PARA DISCUSSÃO:

Transnacionalismo: Novas diversidades, novas identidades.


Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 85
86 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 87

EIXO TEMÁTICO 3. EDUCAÇÃO PARA OS VALORES NA ESCOLA

ROTEIRO DE ACTIVIDADES 3.4.

Tema: O que eu gosto em mim*


OBJECTIVOS

 Estabe1ecer a importância de ter uma imagem positiva de si próprio


 Desenvolver competências para conseguir e manter um auto-conceito positivo
 Contrapor a ideia frequente de que ser positivo consigo próprio é ser arrogante
ou egoísta.
 Aumentar a responsabilidade sobre a própria vida
 Reconhecer que os indivíduos que têm um auto-conceito positivo estão aptos
para aprender mais, conseguir mais, divertirem-se mais, relacionarem-se melhor e de
um modo geral viverem uma vida mais responsável e feliz.

NOÇÕES E CONCEITOS ESSENCIAIS

Auto-estima
Auto-conhecimento
Apreço por si próprio
Auto-respeito
Auto-confiança

DESENVOLVIMENTO DAS ACTIVIDADES

1. A introdução pode ser um depoimento do professor iniciado com as palavras:


“Gosto do facto de...
ter organizado um passeio para os alunos com sucesso .”
ter tempo ao fim de semana para andar de bicicleta”
saber conduzir bem o meu carro”, etc.
2. É posta classe A questão “como costumamos reagir quando ouvimos alguém falar
de coisas de que se sente orgulhoso”.
As respostas são do género:
“Soa a presunção, é um peneirento, tem a mania”.
3. Isto introduz o facto de na nossa cultura não ser muito aceite as pessoas falarem
positivamente delas próprias.
88 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

Mas sentirmo-nos bem connosco é muito importante para a nossa auto-imagem e


o sentimento de qualquer coisa “bem feita” é um reconhecimento positivo de nós
próprios que ajuda o nosso desenvolvimento.
4. E então apresentada à classe a oportunidade de fazer uma actividade muito fora
do vulgar; Por um período de tempo concentrar-mo nos nas coisas que temos, que
nos fazem sentir bem.
5. A classe é dividida em pequenos grupos (5 ou 6) e pedido que um elemento de
cada vez faça um depoimento iniciado por: “sinto-me bem comigo próprio porque...”
Se alguém tiver dificuldades outros membros do grupo podem ajudar dizendo: “se
eu fosse tu sentia-me bem porque...”
Cada pessoa tem entre dez minutos para trabalhar na lista de questões

RECURSOS

Lista de questões, a lista de questões pode ser fotocopiada ou introduzida aos alunos
pelo professor ditando ou escrita no quadro.

AVALIAÇÃO

O que aprendi sobre mim com esta actividade?

*Traduzido e Adaptado por Ana Francisca Moura de:

Lifekills Teaching Programmes n°1, Barrie Hopsom and Mike Scally, 1988.
Priory Press, Mirfield, Westyorkshire
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 89

Lista de questões (Preencha as suas respostas à medida que lê as questões)

Questões
As Minhas Respostas
O Que Eu Gosto Em Mim?

1. Alguma coisa relacionada


com o trabalho escolar

2. Alguma coisa na escola mas


fora das aulas

3. Algo que costumo fazer que


ajuda os outros

4. Algo que digo ou faço pelos


maus pais

5. Algo que fiz ou faço pelos


meus amigos
6. Algo que tenha pensado,
dito, escrito ou feito
recentemente
7. Alguma competência que eu
tenho

8. Alguma vez que fui generoso

9. Algo que fiz que custou


bastante esforço
90 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 91

EIXO TEMÁTICO 3. EDUCAÇÃO PARA OS VALORES NA ESCOLA

ROTEIRO DE ACTIVIDADES 3.5.

Tema: A mala das delícias*


OBJECTIVOS
 Produzir um clima positivo no qual a consciência das capacidades é fomentada
 Desenvolver competências para conseguir e manter um auto-conceito positivo
 Aumentar a responsabilidade sobre a própria vida
NOÇÕES E CONCEITOS ESSENCIAIS

Auto-conhecimento
Apreço por si próprio
Auto-respeito
Auto-confiança

DESENVOLVIMENTO DAS ACTIVIDADES

Não são exercícios que preencham sessões mas uma série de sugestões
actividades que podem ser introduzidas em várias alturas:
• “Dar uma mãozinha” — Procura uma situação, todos os dias, em que ajudes
alguém, ex. alunos mais velhos ajudam os mais novos, no recreio, nos trabalhos,
emprestar um livro, um disco, etc. a alguém; deixar passar alguém à frente numa fila…
• Durante 5 minutos, a pares, no fim do dia, reflectir sobre situações de ajuda.
• 5 minutos, a pares, no fim do dia, para falar de:
“O que aprendi hoje”.
ou ‘A melhor coisa que me aconteceu hoje”.
ou “O que quero conseguir amanha”.
ou “Em que é que estou a trabalhar para melhorar, progredir”.
• 5 minutos, todo o grupo, em que se fala de:
“Exemplos de uma pessoa a ajudar outra”
• 5 ou 10 minutos nos quais um membro da classe comunica aos outros qualquer
coisa que seja muito importante para ele/ela ou qualquer conhecimento/saber que
tenha.
(Um jornal de classe pode ser escrito semanalmente registando sucesso e
acontecimentos da semana.
92 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

Os “repórteres” podem entrevistar membros da classe sobre os progressos, ajuda que


deram, iniciativas que mostraram, etc.)
• 10 minutos, a pares, para falar de Eu nos próximos 5 anos — olhando o futuro, o
que cada um fará, pensará e como será diferente de agora. Especial atenção pode ser
dada para o que cada um espera aprender nesses 5 anos.
• Ter uma aula em que todo o grupo fala e pensa:
“O que tornaria esta classe melhor para todos nós...”
• Ter 15 minutos por semana em que os alunos oiçam um disco, leiam um poema,
conversem de um filme, especialmente importante para eles. Têm que explicar ao
grupo a razão dessa importância.
• Organizar a turma em pares e falar sobre:
1) Qualquer coisa boa que tenha acontecido esta semana.
ou 2) Qualquer coisa que foi notícia esta semana.
ou 3) O que me interessa mais nesta altura.
ou 4) Qualquer coisa que procuro fazer, conseguir.
RECURSOS

Os próprios alunos

AVALIAÇÃO

Um jornal de classe pode ser escrito semanalmente registando sucesso e


acontecimentos da semana.

*Traduzido e Adaptado por Ana Francisca Moura de Lifekills Teaching Pro-


grammes n°1, Barrie Hopsom and Mike Scally, 1988 Priory Press, Mirfield, Westy-
orkshire
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 93

EIXO TEMÁTICO 4. PARTICIPAÇÃO RESPONSÁVEL E INTERVENÇÃO SO-


CIAL

ROTEIRO DE ACTIVIDADES 4.1.

Tema: Participação e Democracia


OBJECTIVOS

• Compreender as noções de Participação e Democracia


• Compreender estas noções independentemente das opções partidárias
• Entender que a Democracia cria meios legais e práticos par eliminar os abusos de
poder e as práticas de corrupção.

NOÇÕES E CONCEITOS ESSENCIAIS

Participação
Democracia
Direitos e Deveres

DESENVOLVIMENTO DAS ACTIVIDADES


1. Organização da turma em 6 grupos de 5 alunos.
2. Leitura dos textos de apoio.
3. Resposta às seguintes questões, com base nos textos e conhecimentos dos
alunos:

 O que é a participação política?


 Quais são as condições novas e civilizadas para a participação política?
 Como Machado refere na sua obra (1982:121-122) distingue os conceitos de “ser
parte” e “participante”.
 Fale sobre a relação escola-comunidade face aos desafios da democracia.
 Sendo a democracia “o poder do povo”, como tem sido a tua participação na
escola?
4. Apresentação do trabalho realizado aos outros grupos.
5. Após a exposição o professor deve:
 Fazer um resumo dos textos assinalando os aspectos importantes.
 Falar dos conceitos Participação e Democracia
 Sublinhar a importância da participação democrática
94 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

RECURSOS

Textos de apoio

AVALIAÇÃO

Os alunos devem compreender a importância da participação democrática


Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 95
96 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 97

EIXO TEMÁTICO 4. PARTICIPAÇÃO RESPONSÁVEL E INTERVENÇÃO SO-


CIAL

ROTEIRO DE ACTIVIDADES 4.2.

Tema: Direitos e Deveres


objectivos

Conhecer a Declaração Universal dos Direitos Humanos e compreender o contexto



histórico em que foi produzida bem como outras declarações de tipo semelhante que
a antecederam
Compreender o binómio direitos/deveres e como este se expressa na Declaração

Universal dos Direitos Humanos, bem como o tipo de direitos que nela se incluem.
Analisar problemas e/ou questões vividas no quotidiano próximo que se interligam

com os Direitos Humanos
 Diagnosticar e pensar em soluções face a impossibilidades, dificuldades ou mero
incumprimento dos direitos expressos na Declaração

noções e conceitos essenciais

Direitos e Deveres sociais


Direitos civis, políticos e sociais

desenvolvimento das actividades

- Diálogo em torno da Declaração dos Direitos Humanos, procurando compreender o


tipo de conhecimentos e de experiências que os alunos têm acerca desta temática
- Diálogo com os alunos em torno do contexto histórico de aprovação da Declaração
na ONU e de outras declarações do mesmo tipo que, em diferentes épocas históricas,
constituíram um marco em termos da construção de um sentido global de Cidadania.
- Explicitação pelo professor de alguns conceitos, nomeadamente o de Direitos Civis,
Políticos e Sociais
- Análise colectiva de alguns dos artigos da Declaração, identificando-os face aos
conceitos anteriormente utilizados.
- Análise, em grupo, de notícias de jornais diários de tiragem local ou nacional,
identificando os direitos que em cada um delas estão em causa. Escolha de uma das
notícias para análise mais aprofundada das questões/problemas nelas presentes
(utilização de um guião de trabalho).
- Apresentação por cada grupo à turma do trabalho produzido sobre a notícia e do
ponto de vista do grupo.
98 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

AVALIAÇÃO

• Reflexões desenvolvidas no Trabalho de Grupo.


• Apresentação do trabalho à classe e conhecimentos evidenciados durante o
mesmo.

RECURSOS (PARA O PROFESSOR E PARA OS ALUNOS)

- Declaração Universal dos Direitos Humanos


- Cartazes para afixar na sala de aula destacando alguns Direitos
- Jornais locais e nacionais
- Guião para o trabalho de grupo-análise e reflexão sobre as notícias.

Roteiro trabalhado na sala de aula do Magistério Primário de Benguela


Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 99

EIXO TEMÁTICO 4. PARTICIPAÇÃO RESPONSÁVEL E INTERVENÇÃO SO-


CIAL

ROTEIRO DE ACTIVIDADES 4.3.

Tema: Violação dos Direitos Humanos


objectivos

• Conhecer os documentos oficiais que existem sobre os Direitos do Homem


• Tomar consciência da universalidade desses Direitos
• Reflectir sobre casos em que os Direitos do Homem tenham sido
desrespeitados
• Suscitar o interesse e a empatia para com aqueles que são vítima desse
desrespeito
• Sensibilizar para a mensagem de paz que qualquer educação deve transmitir

noções e conceitos essenciais

Direitos Humanos
Dignidade
Liberdade
Poder
Conflito

desenvolvimento das actividades

Reflectir sobre casos que os Direitos Humanos tenham sido violados.


Procurar na imprensa e noutros media casos de violação.
Analisá-los e tentar explicar a sua causa
Os alunos apresentam as suas conclusões à turma e debatem

recursos

DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS


100 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 101

EIXO TEMÁTICO 4. PARTICIPAÇÃO RESPONSÁVEL E INTERVENÇÃO SO-


CIAL

ROTEIRO DE ACTIVIDADES 4.4.

Tema: Educação Cívica – Conhecer as instituições políticas de Angola


objectivos 3 aulas

• Conhecer as instituições políticas de Angola (locais, regionais, nacionais)


• Estar informado dos seus Direitos e Deveres na sociedade
• Desenvolver o sentido da participação responsável
• Compreender a importância da intervenção nas iniciativas e resolução de
problemas da comunidade – valor da solidariedade
• Treinar competências de trabalho de projecto

noções e conceitos essenciais

Instituições Políticas
Direitos e Deveres
Participação responsável

AVALIAÇÃO

Avaliação da actividade
Realização da actividade no tempo previsto
Capacidade de mobilizar conhecimentos de outras áreas/disciplinas
Capacidade de contacto com a população local e personalidades significativas

Avaliação de competências
- Aprofundamento e contextualização dos saberes já informais existentes acerca da
organização política e administrativa do Estado Angolano
- Novos saberes adquiridos sobre a temática
- Capacidade de pesquisa e organização de informação significativa
- Capacidade de reflexão sobre os direitos e deveres dos cidadãos angolanos
102 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

recursos

Materiais (aula)

- Constituição da República Angolana


- Regimento do Parlamento Angolano
- Outra documentação relevante sobre a organização política e administrativa do
país, nomeadamente legislação sobre a organização do poder local
- Regulamentos internos das instituições públicas mais relevantes
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 103

EIXO TEMÁTICO 4. PARTICIPAÇÃO RESPONSÁVEL E INTERVENÇÃO SO-


CIAL

ROTEIRO DE ACTIVIDADES 4.4.

Tema: Educação Ambiental – Salvem a Terra !


objectivos

• Tomar consciência dos perigos que ameaçam o património natural e a


humanidade a ponto colocar em risco a sua existência e continuidade
• Conhecer as organizações nacionais e internacionais que se mobilizam pela
defesa do Ambiente.
• Desenvolver atitudes e valores favoráveis ao ambiente.
• Aprender a “pensar os problemas à escala mundial e agir à escala local”

noções e conceitos essenciais

Problemas ambientais
Ecologia
Recursos naturais
Património natural

desenvolvimento das actividades

1. A crise ambiental que vivemos justifica toda a preocupação e passa também por
cada país ter legislação aplicável que permita proteger o ambiente das múltiplas
agressões que lhe são feitas.
O professor apresenta à turma da legislação existente no país sobre Defesa do
Ambiente e Protecção do Património, bem como um ou dois documentos de
referência internacionais nesta matéria.Os pontos mais importantes são escritos no
quadro para que todos os possam ter deles conhecimento e registá-los.

2. O professor propõe que os alunos procurem informação sobre a situação, primeiro


da sua localidade e depois do país relativamente aos seguintes temas (devem ser
equacionadas um conjunto de perguntas para pesquisa, dando-se o exemplo de
algumas):

2.1.Recolha de lixos (como é recolhido o lixo? Para onde vai? A quem pertencem
as lixeiras? O que é feito ao lixo? Há ou é possível algum tipo de aproveitamento do
lixo?...)
104 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

2.2.Existência e distribuição de água potável (A localidade tem distribuição de


água? Como é feita? A quem chega e a quem não chega? Há capacidade de análise
da água dos poços? A agua potável é paga? Há algum tipo de aproveitamento da
água?...)
2.3. Uso de fertilizantes e produtos químicos nos solos (Que tipo de fertilizantes
são utilizados nos solos? Que tipo de produtos são empregues para tratar animais e
plantas?...)
2.4. Protecção de espécies da flora vegetal e animal (Há espécies ameaçadas ou
em risco de extinção? As pessoas conhecem essas indicações? A quem compete tal
protecção?...)

Nota: outros temas podem ser acrescentados por sugestões dos alunos ou do
professor

3. Apresentação da informação relevante recolhida aos outros grupos

4. O professor convida alguém ligado a uma organização local ou nacional para vir
falar da actividade da mesma

5. O professor dá a conhecer aos alunos duas ou três organizações internacionais que


trabalham em prol do ambiente.
Sugestões:
Greenpeace (http://www.greenpeace.org/international/)
IUCN, the International Union for Conservation of Nature (http://www.iucn.org/)
UNEP - United Nations Environment Programme environment for development
http://www.unep.org/

AVALIAÇÃO

Avaliação da actividade

-Recolha de informação pertinente sobre os temas em questão


- Nível de participação dos alunos nas actividades propostas
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 105

Avaliação de competências

- Compreensão das questões e problemas ambientais


- Conhecimento adquirido sobre a documentação de referência nesta matéria
- Capacidade de propor soluções adequadas face a diversos contextos e situações e
de se comprometer com elas
- Compreensão do papel social das organizações ligadas à defesa do Ambiente

recursos

- Lei do Património Cultural, Ministério da Cultura, República de Angola


- Constituição de Angola

Textos para o professor:


Educação ambiental. Valores e atitudes para uma nova forma de encarar o ambiente.
Melo Raposo, in: Escola Cultural e os valores, 1992, Patrício, M. (org) Porto editora.

Educação Ambiental. ALVES, F. e CAEIRO, S.(1998) Lisboa: Universidade Aberta


106 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 107

EIXO TEMÁTICO 4. PARTICIPAÇÃO RESPONSÁVEL E INTERVENÇÃO SO-


CIAL

ROTEIRO DE ACTIVIDADES 4.6.

Tema: Educação para a Paz


objectivos

• Tomar consciência dos perigos que a guerra, a violência, a opressão representam


para a vida das pessoas e sociedades
• Construir os valores da paz, da liberdade e da justiça social
• Compreender a luta do homem pela paz e o papel de algumas personalidades
que se distinguiram especialmente nesse combate

noções e conceitos essenciais

Paz
Liberdade
Justiça
Poder
Conflito

desenvolvimento das actividades

1. Agostinho Neto – uma personalidade relevante da história do país

a) O professor propõe aos diversos grupos da turma que façam um trabalho de


pesquisa sobre o seguinte tema

“A vida e a obra de Agostinho Neto, e o seu papel na construção da soberania


angolana”

b) Os alunos efectuam fora da aula o seu trabalho de campo (recolha de dados através
de entrevistas, questionários, consultas de documentos)
c) Os alunos efectuam um texto escrito e um conjunto de imagens ilustrativas e
apresentam-no à turma que o debate e apresenta sugestões para o melhorar
d) A turma constrói um jornal de parede com esses textos e imagens
108 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

2. Prémios Nobel da Paz


a) O professor propõe o estudo de figuras internacionais relevantes para a construção
da Paz no mundo. Sugerem-se os Prémios Nobel da Paz, destacando-se, por exemplo,
seguintes:
2001- United Nations (U.N.) Kofi Annan , pelo “seu trabalho a favor de um mundo
melhor e em paz”.
1999- Médicos sem fronteira, como “ reconhecimento do seu trabalho pioneiro e
humanitário em todos os continentes”
1993- Nelson Mandela e Frederik Willem de Klerk pela sua determinação na construção
da paz, do fim do regime de Apartheid e pela construção da Democracia na África do
Sul

Mais sugestões em: http://nobelprize.org/nobel_prizes/peace/laureates/

b) Cada um dos grupos da turma estuda um dos laureados e apresenta a sua


biografia e trabalho desenvolvido à turma.

AVALIAÇÃO

Avaliação da actividade
- Recolha de informação efectuada
-Participação e interesse nas actividades

Avaliação de competências
- Capacidade de pesquisa e organização da informação
- Capacidade de exposição da informação relevante
- Conhecimento de personalidades com um percurso relevante a favor da Paz
- Construção e/ou reforço de uma atitude favorável à Paz

recursos

Materiais (aula)

- Biografia de Agostinho Neto


- Computador com ligação à Internet para efectuar pesquisas
PREPA
6
S
RSO
RECU
112 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

6.1 Bibliografia

ANDRADE, de Vaz Júlio (1992), “Os valores na formação pessoal e social”, Lisboa: Texto Editora, 1ª
Editora

CANÁRIO, Rui, (1999), “Educação de Adultos – Um Campo uma Problemática”, Colecção Educa -
Formação

CARITA, A e ABREU, I. (1994), “A Formação Pessoal e Social: Desenho Curricular”, 2ª Edição,


(Cadernos de Formação Pessoal e Social; 3), Lisboa, I.I.E.

CARVALHO, Adalberto Dias de (Org.), ALMEIDA, Leandro S., AFONSO, Manuela, ARAUJO, Estelvina,
“ A Construção do Projecto da Escola”

CARVALHO, Adalberto Dias de, (1994), “Utopia e Educação”, Colecção Ciências da Educação, Porto
Editora

CARVALHO, Luís Miguel, (1992), “Clima de Escola e Estabilidade dos Professores”, Colecção Educa
– Organizações, Editora Educa

CASTRO, B. Lisete; RICARDO, G.M. Maria (1992), “Gerir o trabalho de projecto”, Manual para
Professores e Formadores, 4ª Edição, Lisboa: Texto Editora

CHARLOT, B. (2000) “Da relação com o Saber – Elementos para uma Teoria”, Artemed Editora

CONVENÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA, 1989, Editora UNESCO

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, 1948, Editora UNESCO

ESTRELA, Maria Teresa, (2000), ”Relação Pedagógica Disciplina e Indisciplina na sala


de aula”, Colecção Ciências da Educação, Porto Editora

FORMOSINHO, Júlia Oliveira (org.) (2002) ”A Supervisão na Formação de Professores II. Da


Organização à Pessoa”, Colecção de Infância, Porto Editora

GOMES, Rui (1993), “Culturas de Escola e Identidade dos Professores”, Lisboa: Colecção Educa –
Organizações, Editora Educa

GOODSON, Ivor F. (1997),“A Construção Social do Currículo”, Lisboa: Colecção Educa


Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 113

GRÁCIO, Sérgio (1997), “Dinâmicas da Escolarização e das Oportunidades Individuais”, Lisboa:


Colecção Educa - Formação

HERNÁNDEZ, F., VENTURA, M.(1998), “A Organização Do Currículo por Projectos de Trabalho – O


Conhecimento é um Caleidoscópio”, Porto Alegre: Artmed Editora

HUTCHISON, D. (2000),“Educação Ecológica – Ideias sobre Consciência Ambienta” Porto Alegre:


Artmed Editora

MEIRIEU, P. (1992), “Aprender SIM… mas como?”, 7ª Edição, Porto Alegre: Artmed Editora

MIGUEL, S. Nuno (1990), “Os Jovens e a Sexualidade”, Edição conjunta da Juventude da Comissão
Nacional da Luta Contra a Sida, 5ª Edição.

OZMON, E., CRAVER, S.M., (2004), “Fundamentos Filosóficos da Educação”, Porto Alegre: Artmed
Editora

PERRENOUD, P., (1999) “Construir as Competências desde a Escola”, Porto Alegre: Artmed Editora

PERRENOUD, P. , (2000) “Dez Novas Competências para Ensinar”, Porto Alegre: Artmed Editora

PRAIA, Maria (1991), “Desenvolvimento Pessoal e Social”, Porto: Edições ASA

PRAIA, Maria; SOARES, F. Maria (1993), “Desenvolvimento Pessoal e Social – Uma experiência
pedagógica”, Porto: Edições Asa

SCHÖN, D.A. ,(2000), ”O Professional Reflexivo – Como Pensa, como Atua?”, Porto Alegre: Artmed
Editora

SIROTA, R., (2001), “A Escola Primária no Cotidiano”, Porto Alegre: Artmed Editora

UNESCO (1999). Educação, Um Tesouro a Descobrir. Jacques Delors.

UNESCO (2000), “O Direito à Educação – Uma Educação para todos durante toda a vida”. Relatório
mundial sobre a educação

ZABALZA, Miguel A.,(2002) “Diários de aula”, Colecção Ciências da Educação, Porto: Editora

ZEICHNER, Kenneth M. (2004) “A Formação Reflexiva de Professores: Ideias e Praticas”, Lisboa:


Colecção Educa - Professores

JOGOS PARA A FORMAÇÃO PESSOAL SOCIAL E DEONTOLÓGICA

ALLUÉ, M. (2000), “O Grande Livro dos Jogos – 250 jogos para todas as idades”. Lisboa: Âncora
Editores

BRANDES, D. e HOWARD, P. (1997), “Manuel de jogos educativos – 140 jogos para professores e
animadores de grupo”, Lisboa: Moraes Editores

LEITE, C. RODRIGUES, M.L. (2001) “Jogos e contos numa educação para a cidadania”, Lisboa, IIE,
Porto Editora
114 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

6.2 Sítios na Internet

Greenpeace (http://www.greenpeace.org/international/)

IUCN, the International Union for Conservation of Nature (http://www.iucn.org/)

UNEP - United Nations Environment Programme environment for development


http://www.unep.org/

UNICEF - Portugal
http://www.unicef.pt/

UNESCO
http://www.unesco.org/education/educprog/sne/

Site da Educação
http://educacao.te.pt

CEDIC - Centro de documentação e informação sobre a criança


http://old.iec.uminho.pt/cedic/index.html

Instituto das Comunidades Educativas - ICE


http://www.ice.web.pt/

inde - Intercooperação e Desenvolvimento


http://www.inde.pt/

ONG de Desenvolvimento - Plataforma Portuguesa


http://www.plataformaongd.pt/plataforma/ongd.htm

Instituto de Apoio à Criança


http://www.iacrianca.pt/

1000 mulheres para o prémio Nobel da paz 2005


http://www.1000peacewomen.org

Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres


http://www.cidm.pt/

Forum Social Mundial


http://www.forumsocialmundial.org.br/home.asp
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 115

Europa - O portal da União Europeia


http://europa.eu.int/index_pt.htm

Infocid - Informação ao Cidadão


http://www.ajc.pt/

Centro Nacional de Informação Juvenil


http://www.sej.pt/index.asp

Instituto do Emprego e Formação Profissional


http://www.cidadevirtual.pt/iefp_guia

Instituto do Consumidor
http://www.ic.pt/

Instituto da Conservação da Natureza


http://www.icn.pt

Centro de Informação Europeu Jacques Delors


http://www.cijdelors.pt

Parlamento Europeu
http://www.europarl.eu.int

Conselho da União Europeia


http://ue.eu.int

Conselho da Europa
http://www.coe.fr

Comissão Europeia
http://europa.eu.int

ONU - Portugal
http://www.onuportugal.pt/

Sítios na Internet – livros e revistas

Editorial de la Infancia
http://www.editorialdelainfancia.com/

Editorial GRAÓ
http://www.grao.com/

Editorial Paidós
http://www.paidos.com/

Minutos de Leitura apresenta diversos livros


http://www.minutosdeleitura.pt/
116 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

Revista PATIO: Educação Infantil, editada pela ARTMED - Brasil


http://www.artmed.com.br/patioonline/patio.htm

Educación y Futuro (digital)


http://www2.cesdonbosco.com/revista/

CONGRESO INTERNACIONAL
http://www.cesdonbosco.com/revista/congreso03.asp

Associação de Profissionais de Educação de Infância


http://apei.no.sapo.pt/

Publicações da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação


http://www.fpce.uc.pt/publicacoes/

Revista Educação Sociedade & Culturas


http://www.fpce.up.pt/~ciie/revistaesc/index.html

Revista Ibero-Americana da Educação, editada pela OEI


http://www.campus-oei.org/revista/index.html

Sítios na Internet –materiais pedagógicos

“O meu brinquedo é um livro”.


www.app.pt/omb

Músicas para bebés - do compositor Raimond Lap


http://www.atxilipu.com/00_index.html

Quality Circle Time - desenvolvido por Jenny Mosley


http://www.circle-time.co.uk/index.html
PREPA
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 117
7
O S
NE X
A
120 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

Preâmbulo

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família


humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da
justiça e da paz no mundo;
Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos humanos conduziram a actos de
barbárie que revoltam a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que
os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e da miséria, foi proclamado
como a mais alta inspiração humanos;
Considerando que é essencial a protecção dos direitos humanos através de um regime de direito,
para que o homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a
opressão;
Considerando que é essencial encorajar o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações;
Considerando que, na Carta, os povos das Nações Unidas proclamam, de novo, a sua fé nos
direitos fundamentais humanos, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de
direitos dos homens e das mulheres e se declararam resolvidos a favorecer o progresso social
e a instaurar melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla;
Considerando que os Estados membros se comprometeram a promover, em cooperação com a
Organização das Nações Unidas, o respeito universal e efectivo dos direitos humanos e das
liberdades fundamentais;
Considerando que uma concepção comum destes direitos e liberdades é da mais alta importância
para dar plena satisfação a tal compromisso:
A Assembléia Geral proclama a presente Declaração Universal
dos Direitos humanos
como ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações, a fim de que todos os indivíduos
e todos os órgãos da sociedade, tendo-a constantemente no espírito, se esforcem, pelo ensino
e pela educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promover,
por medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua
aplicação universais e efectivos tanto entre as populações dos próprios Estados membros
como entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição.
Artigo 1°
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de
consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.
Artigo 2°
Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente
Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de
religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento
ou de qualquer outra situação.
Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou
internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território
independente, sob tutela, autónomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 121

Artigo 3°
Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo 4°
Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob
todas as formas, são proibidos.
Artigo 5°
Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou
degradantes.
Artigo 6°
Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento, em todos os lugares, da sua personalidade
jurídica.
Artigo 7°
Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual protecção da lei. Todos têm
direito a protecção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e
contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo 8°
Toda a pessoa tem direito a recurso efectivo para as jurisdições nacionais competentes contra os
actos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei.
Artigo 9°
Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Artigo 10°
Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e publicamente
julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus direitos e obrigações
ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela seja deduzida.
Artigo 11°
1. Toda a pessoa acusada de um acto delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade
fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as garantias
necessárias de defesa lhe sejam asseguradas.
2. Ninguém será condenado por acções ou omissões que, no momento da sua prática, não
constituíam acto delituoso à face do direito interno ou internacional. Do mesmo modo, não
será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no momento em que o acto delituoso
foi cometido.
Artigo 12°
Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou
na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou
ataques toda a pessoa tem direito a protecção da lei.
Artigo 13°
1. Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de
um Estado.
2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o
direito de regressar ao seu país.
Artigo 14°
1. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em
outros países.
122 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

2. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por
crime de direito comum ou por actividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações
Unidas.
Artigo 15°
1. Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade.
2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar de
nacionalidade.
Artigo 16°
1. A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem
restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua
dissolução, ambos têm direitos iguais.
2. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos futuros esposos.
3. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à protecção desta e
do Estado.
Artigo 17°
1. Toda a pessoa, individual ou colectivamente, tem direito à propriedade.
2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade.
Artigo 18°
Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este
direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade
de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em
privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.
Artigo 19°
Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não
ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de
fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão.
Artigo 20°
1. Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
Artigo 21°
1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direcção dos negócios, públicos do seu país,
quer directamente, quer por intermédio de representantes livremente escolhidos.
2. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do seu
país.
3. A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos: e deve exprimir-se
através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com
voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto.
Artigo 22°
Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode legitimamente
exigir a satisfação dos direitos económicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao
esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia com a organização e os recursos
de cada país.
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 123

Artigo 23°
1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e
satisfatórias de trabalho e à protecção contra o desemprego.
2. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual.
3. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à
sua família uma existência conforme com a dignidade humana, e completada, se possível, por
todos os outros meios de protecção social.
4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos
para defesa dos seus interesses.
Artigo 24°
Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente, a uma limitação razoável da
duração do trabalho e as férias periódicas pagas.
Artigo 25°
1. Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a
saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à
assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança
no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de
meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade.
2. A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças,
nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozam da mesma protecção social.
Artigo 26°
1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a
correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O
ensino técnico e profissional dever ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve
estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito.
2. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos
humanos e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância
e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o
desenvolvimento das actividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.
3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escholher o género de educação a dar aos filhos.
Artigo 27°
1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de
fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam.
2. Todos têm direito à protecção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção
científica, literária ou artística da sua autoria.
Artigo 28°
Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma ordem capaz
de tornar plenamente efectivos os direitos e as liberdades enunciadas na presente Declaração.
Artigo 29°
1. O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e pleno
desenvolvimento da sua personalidade.
2. No exercício destes direitos e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito senão às
limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o
respeito dos direitos e liberdades dos outros e a fim de satisfazer as justas exigências da moral,
da ordem pública e do bem-estar numa sociedade democrática.
124 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

3. Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente aos fins e aos
princípios das Nações Unidas.
Artigo 30°
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a envolver para
qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma actividade ou
de praticar algum acto destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados.
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 125

CONVENÇÃO DOS DIREITOS DA CRIANÇA

• Como já deves ter ouvido falar, as Nações Unidas aprovaram uma


lei chamada “Convenção sobre os Direitos da Criança”. Essa lei tem
54 artigos que explicam cada um dos teus direitos.
• Os artigos que não referimos aqui dizem, sobretudo, respeito à
forma como os adultos e os governos devem trabalhar em conjunto
para que todas as crianças gozem dos seus direitos.

ARTIGO 1º
Todas as pessoas com menos de 18 anos têm todos os seus direitos escritos nesta convenção.
ARTIGO 2º
Tens todos esses direitos seja qual for a tua raça, sexo, língua ou religião. Não importa o país onde
nasceste, se tens alguma deficiência, se és rico ou pobre.
ARTIGO 3º
Quando um adulto tem qualquer laço familiar ou responsabilidade sobre uma criança, deverá
fazer o que for melhor para ela.
ARTIGO 6º
Toda a gente deve reconhecer que tens direito à vida.
ARTIGO 7º
Tens direito a um nome e a ser registado, quer dizer, o teu nome, o dos teus pais e a data em que
nasceste devem ser registados. Tens direito a uma nacionalidade e o direito de conheceres e
seres educado pelos teus pais.
ARTIGO 8º
Deves manter a tua identidade própria, ou seja, não te podem mudar o nome, a nacionalidade
e as tuas relações com a família e menos que seja melhor para ti. Mesmo assim, deves poder
manter as tuas próprias ideias.
ARTIGO 9º
Não deves ser separado dos teus pais, excepto se for para teu próprio bem, como por exemplo, no
caso dos teus pais te maltratarem ou não cuidarem de ti. Se decidirem separar-se, tens de ficar
a viver com um deles, mas tens o direito de contactar facilmente com os dois.
ARTIGO 10º
Se os teus pais viverem em países diferentes, tens direito a
regressar e viver junto deles.
ARTIGO 11º
Não deves ser raptado mas, se tal acontecer, o governo deve fazer
tudo o que for possível para te libertar.
ARTIGO 12º
Quando os adultos tomam qualquer decisão que possa afectar a
tua vida, tens o direito a dar a tua opinião e os adultos devem ouvir
seriamente o que tens a dizer.
126 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

ARTIGO 13º
Tens direito a descobrir coisas e dizer o que pensas através da fala, da escrita, da expressão
artística, etc., excepto se, quando o fizeres, estiveres a interferir com o direito dos outros.
ARTIGO 14º
Tens direito à liberdade de pensamento e a praticar a religião que quiseres. Os teus pais devem
ajudar-te a compreender o que está certo e o que está errado.
ARTIGO 15º
Tens direito a reunir-te com outras pessoas e a criar grupos e associações, desde que não violes os
direitos dos outros.
ARTIGO 16º
Tens direito à privacidade. Podes ter coisas como, por exemplo,
um diário que mais ninguém tem licença para o ler.
ARTIGO 17º
Tens direito a ser informado sobre o que se passa no mundo
através da rádio, dos jornais, da televisão, dos livros, etc.
Os adultos devem ter a preocupação de que compreendes
a informação que recebes.
ARTIGO 18º
Os teus pais devem educar-te, procurando fazer o que é melhor para ti.
ARTIGO 19º
Ninguém deve exercer sobre ti qualquer espécie de maus tratos. Os adultos devem proteger-te
contra abusos, violência e negligência. Mesmo os teus pais não têm o direito de te maltratar.
ARTIGO 20º
Se não tiveres pais, ou se não for seguro que vivas com eles, tens direito a protecção e ajuda
especiais.
ARTIGO 21º
Caso tenhas de ser adoptado, os adultos devem procurar ter o máximo de garantias de que tudo
é feito da melhor maneira para ti.
ARTIGO 22º
Se fores refugiado (se tiveres de abandonar os teus pais
por razões de segurança), tens direito a protecção e ajuda
especiais.
ARTIGO 23º
No caso de seres deficiente, tens direito a cuidados e educação
especiais, que te ajudem a crescer do mesmo modo que as
outras crianças.
ARTIGO 24º
Tens direito à saúde. Quer dizer que, se estiveres doente, deves ter acesso a cuidados médicos e
medicamentos. Os adultos devem fazer tudo para evitar que as crianças adoeçam, dando-
lhes uma alimentação conveniente e cuidando bem delas.
ARTIGO 27º
Tens direito a um nível de vida digno. Quer dizer que os teus pais devem procurar que não te
falte comida, roupa, casa, etc. Se os pais não tiverem meios suficientes para estas despesas, o
governo deve ajudar.
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 127

ARTIGO 28º
Tens direito à educação. O ensino básico deve ser gratuito e não deves deixar de ir à escola.
Também deves ter possibilidade de frequentar o ensino secundário.
ARTIGO 29º
A educação tem como objectivo desenvolver a tua personalidade, talentos e aptidões mentais e
físicas. A educação deve, também, preparar-te para seres um cidadão informado, autónomo,
responsável, tolerante e respeitador dos direitos dos outros.
ARTIGO 30º
Se pertenceres a uma minoria, tens o direito de viver de
acordo com a tua cultura, praticar a tua religião e falar a
tua própria língua.
ARTIGO 31º
Tens direito a brincar.
ARTIGO 32º
Tens direito a protecção contra a exploração económica, ou
seja, não deves trabalhar em condições ou locais que
ponham em risco a tua saúde ou a tua educação. A lei
portuguesa diz que nenhuma criança com menos de 16
anos deve estar empregada.
ARTIGO 33º
Tens direito a ser protegido contra o consumo e tráfico de droga.
ARTIGO 34º
Tens o direito a ser protegido contra abusos sexuais. Quer dizer que ninguém pode fazer nada
contra o teu corpo como, por exemplo, tocar em ti, fotografar-te contra a tua vontade ou
obrigar-te a dizer ou a fazer coisas que não queres.
ARTIGO 35º
Ninguém te pode raptar ou vender.
ARTIGO 37º
Não deverás ser preso, excepto como medida de último
recurso e, nesse caso, tens direito a cuidados próprios para a
tua idade e visitas regulares da tua família.
ARTIGO 38º
Tens direito a protecção em situação de guerra.
ARTIGO 39º
Uma criança vítima de maus tratos ou negligência, numa
guerra ou em qualquer outra circunstância, tem direito a
protecção e cuidados especiais.
ARTIGO 40º
Se fores acusado de ter cometido algum crime, tens direito a defender-te. No tribunal, a polícia,
os advogados e os juizes devem tratar-te com respeito e procurar que compreendas o que se
está a passar contigo.
ARTIGO 42º
Todos os adultos e crianças devem conhecer esta Convenção. Tens direito a compreender os teus
direitos e os adultos também.
128 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola

Assim, pode-se dizer que o Dia Mundial da Criança serve para lembrar um grande
problema mundial: o esquecimento dos direitos das crianças.
PREPA
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 129

Você também pode gostar