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Guia Metodológico
2010
Equipa da ESE de Setúbal (Portugal)
Ana Francisca Moura
Carla Cibele
Criação e Design
JL Andrade
www.jlandrade.com
1. Apresentação, 9
2. Objectivos e estrutura do Guia Metodológico, 13
3. Sugestões para a gestão do Programa, 15
4. Orientações Metodológicas, 25
5. Roteiros de Trabalho e Materiais Pedagógicos, 35
EIXO TEMÁTICO - ESTRATÉGIAS DE FORMAÇÃO PESSOAL E SOCIAL
Roteiros de actividades
Auto-retrato
Quais as vossas expectativas?
Jogo para nos conhecermos melhor
O trabalho de grupo
Tipos e formas de violência - Trabalho de projecto
Educação para a Paz - Tema em Debate
Educação Ambiental - Organizar um jornal de parede
EIXO TEMÁTICO - A EDUCAÇÃO NA ESCOLA
Roteiros de Actividades
Finalidades e funções da escola
Educação e conflito de gerações
Heroínas e Heróis
Diferenças Individuais – Todos diferentes, todos iguais
História da minha vida
Direitos da Criança e Educação
EIXO TEMÁTICO - EDUCAÇÃO PARA OS VALORES NA ESCOLA
Roteiros de Actividades
Os valores na escola
Os valores hoje
Kizomba e a Globalização
O que eu gosto em mim
Mala das delícias
EIXO TEMÁTICO - PARTICIPAÇÃO RESPONSÁVEL E INTERVENÇÃO SOCIAL
Roteiros de Actividades
Participação e Democracia
Direitos e Deveres
Violação dos Direitos do Homem
Conhecer as instituições políticas de Angola
Educação Ambiental
Educação para a Paz – Salvem a Terra!
6. Recursos, 111
6.1. Bibliografia e documentação básica
6.2. Sítios na Internet
7. Anexos, 119
Declaração Universal dos Direitos Humanos - Convenção dos Direitos da Criança
Convenção dos Direitos da Criança
A ética não pode ser ensinada por lições de moral. Deve formar-
se nos espíritos a partir da consciência de que o ser humano é ao
mesmo tempo indivíduo, parte de uma sociedade, parte de uma
espécie. Trazemos em cada um de nós esta tripla realidade. De
igual modo, todo o desenvolvimento verdadeiramente humano
deve compreender o desenvolvimento conjunto das autonomias
individuais das participações comunitárias e a consciência de
pertencer à espécie humana.”
Apresentação
1 Deverá aqui ser referida a contribuição dos processos de experimentação e validação dos
conteúdos deste Guia que resultarão da colaboração referida na nota anterior.
2 A partir destes poderão ser realizados outros que possam ser considerados mais adequados a
um dado contexto escolar e/ou às características específicas de formadores e/ou de estudantes,
em concreto.
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 11
1 Para a sua validação foi fundamental a contribuição prestada pelo INIDE e pelos formadores
dos vários magistérios primários que colaboraram connosco.
De qualquer forma, apesar das alterações que são sugeridas, continua a seguir-se de muito perto o
programa actualmente existente.
12 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
2
Objectivos e estrutura do
Guia Metodológico
Espera-se que contribua para que o professor seja capaz de desenvolver di-
versas competências tais como, conhecer, com segurança, para determinada
disciplina os conteúdos a serem abordados e a sua tradução em situações de
aprendizagem; trabalhar a partir das representações e experiências dos alunos;
construir e planear sequências didácticas; envolver os alunos em actividades de
pesquisa e projecto.
14 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
INTRODUÇÃO
Objectivos do guia
Objectivos da disciplina (1)
Fundamentação em função das competências previstas no Perfil do Professor
Primário em Angola (2)
RECURSOS
COMPETÊNCIAS (3)
1. Para o professor:
Bibliografia anotada
2. Para os alunos:
ACTIVIDADES DE
Colectânea de textos
APRENDIZAGEM
CONCEITOS-CHAVE de apoio
3. Bibliografia geral
Sites internet
AVALIAÇÃO
O autor levanta a questão de que todos estes recursos não provêm da for-
mação inicial, nem mesmo da formação contínua. Alguns deles são construídos
ao longo da prática, são “os saberes de experiência”. Esta perspectiva, que deve
enformar também a formação inicial de professores, está expressa no programa
de Formação Pessoal, Social e Deontológica:
(…)
Simultaneamente, a formação pessoal e social, no sentido da automa-
tização, da solidariedade e da cidadania activa, é um fim da educação, clara-
mente expresso na Lei de Bases do Sistema Educativo, merecendo como tal
uma atenção particular enquanto objectivo e conteúdo num projecto de for-
mação de professores.
(...)
1 PERRENOUD, Ph. 2002. As Competências para Ensinar no Século XXI. Porto Alegre: Artmed
editora
18 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
Objectivos da disciplina
COMPETÊNCIAS
Competências
1. Noção de grupo
5. Condições
6. Fases
9. Estratégias de animação
Temáticas Específicas:
Educação Ambiental
Prevenção de Acidentes
5. Expectativas e angústias
Temáticas Específicas:
1. Os Valores Hoje
2. Noção de Valor/Atitude/Norma
4. Auto-Conhecimento
16. Normas
Temáticas Específicas:
Competências
1. Participação e Democracia
ORIENTAÇÕES
METODOLÓGICAS
Têm a ver com os recursos que são os próprios alunos, trabalho de grupo,
debates, trabalho de projecto, etc... Alguns destes pontos estão referidos no pro-
grama de FPSD: “Técnicas para promover uma Metodologia Activa e Participa-
tiva”
O principal aspecto que falha nas escolas ou nos sistemas educativos é não
compreenderem a complexidade das vidas e da aprendizagem das crianças.
As crianças, tal como os adultos, aprendem em todas as áreas da vida, em to-
das as idades, formalmente e informalmente, sós e com outros. De facto todos
os ambientes das crianças - famílias e comunidades, com os pares, em locais
de trabalho, através dos media - são essencialmente oportunidades de apre-
ndizagem. É por isso que construir mais escolas com mais professores, novos
currículos e novos textos, embora seja uma tarefa muito importante, não pro-
porciona automaticamente uma melhoria na qualidade da educação.
Diário de valores: Consiste num caderno especial onde o aluno irá anotando
ao longo do ano as ideias que os debates e os acontecimentos na sala de aula, ou
mesmo fora dela, lhe forem suscitando, facilitando assim o seu processo de re-
flexão e auto-conhecimento. O diário de valores permite um recurso importante
a uma série de actividades.
Jogos interpessoais: São aulas onde são propostos jogos que de uma forma
lúdica facilitam a interacção e o conhecimento mútuo, etc. 1
1 ALLUÉ, M. (2000), “O Grande Livro dos Jogos – 250 jogos para todas as idades”. Âncora Editores
BRANDES, D. e HOWARD, P. (1997), “Manual de jogos educativos – 140 jogos para professores e
animadores de grupo”, Lisboa, Moraes Editores
LEITE, C. RODRIGUES, M.L. (2001) “Jogos e contos numa educação para a cidadania”, Lisboa, IIE,
Porto Editora
28 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
Não é aconselhável a sua discussão antes da lista estar completa. Deste modo,
é possível recolher uma grande participação e uma vasta gama de contribuições,
não as limitando, desde o início com valorações ou opiniões contrárias.
‘Criança a criança’:1
Este método tem sido utilizado como uma estratégia eficaz para integrar alu-
nos com deficiências nas turmas regulares.
Esta estratégia tem como objectivo comum tentar que as crianças duma
comunidade tenham a oportunidade de compreender melhor as pessoas que,
por qualquer razão, são diferentes – na cor, na maneira de vestir, na língua, nos
movimentos, nas capacidades. Verifica-se que quando as crianças compreendem
melhor outra criança, deixam de revelar crueldade ou sentir desagrado, para se
tornarem os seus melhores amigos e o seu maior apoio.
a educação torna-se mais eficaz se estiver relacionada com assuntos que in-
teressam às crianças, às suas famílias e às suas comunidades;
ter consciência das diferentes deficiências e do que pode significar ser deficiente;
perceber que, embora uma pessoa deficiente possa ter dificuldades de fazer
certas coisas, também pode ser capaz de fazer bem outras coisas;
Apesar de não agradar a alguns, nunca foi possível, e será cada vez menos,
que o ensino seja baseado unicamente numa racionalidade rígida, essencial-
mente dedutiva, sem pausa imaginativa. Para aprender os jovens têm neces-
sidade de ter a sua atenção, a sua memorização, a sua lógica atraídas pela
imagem.
André de Peretti 1
1 André de Peretti.
Contes et fables. Approches analogiques en pédagogie pour l’enseignant moderne. Paris: Hachette.
2006. (www.hachette-education.com)
Sobre o autor. Antigo aluno da Escola politécnica, doutorado em ciências humanas. Antigo director
do departamento de educação do I.N.R.P. Institut Nacional de Recherche Pédagogique . É
autor de numerosas obras científicas, pedagógicas e literárias.
Foi responsável por relatórios ministeriais sobre formação de professores que estiveram na base
de reformas educativas em França.
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 31
e a inserção social?
Tudo isto pode ser discutido, a parábola é divertida, mas questiona-nos... ape-
sar de se apoiar nas diferenças de espécie dos animais, somos levados a pensar
sobre a heterogeneidade da espécie humana.
“Era uma vez uma escola para animais. O programa era: correr, escalar, voar e
nadar. Para facilitar o ensino todas as matérias eram obrigatórias.
O pato era muito bom em natação, melhor até do que o seu professor, era
razoável a voar mas era uma nulidade em corrida. Por isso foi obrigado a deixar
as aulas de natação para ter aulas suplementares de corrida. Este programa ma-
goava de tal modo os seus pés espalmados que se tornou “regular” em natação.
O coelho era o melhor da aula de corrida mas teve uma depressão nervosa
por excesso de aulas de recuperação em natação.
O esquilo era incomparável em escalada, mas nas aulas de voo tinha muitos
problemas, o professor exigia que começasse a voar do chão para cima, enquan-
to ele preferia voar do topo duma árvore para baixo. Começou a ter dores muscu-
lares por excesso de esforço na descolagem e as notas de escalada tornaram-se
“regulares” e insuficientes na corrida.
Aprendizagem Cooperativa
TRABALHO DE PROJECTO
Problema (Schumark):
- na resolução de problemas
Baseia-se:
- no experimentalismo
pragmáticos e práticos.
aprendizagem
UNIDADES TEMÁTICAS
Tema: Auto-retrato
objectivos
Professor-animador
O papel do animador
Participação activa
Dinâmica de grupo
RECURSOS
AVALIAÇÃO
Levantamento de expectativas
Ensino centrado no aluno versus ensino transmissivo
Aluno enquanto co-construtor do seu projecto de estudo
RECURSOS
Programa da disciplina
AVALIAÇÃO
RECURSOS
AVALIAÇÃO
Foi fácil ou difícil exprimir as ideias? O que é que faz com que seja fácil ou difícil?
Como é que cada um pode beneficiar de ouvir as contribuições dos outros?
Como nos podemos tornar mais seguros, confiantes das nossas próprias ideias?
1 – Eu penso que...
2 - Eu acredito que...
4 - Eu gostava que...
5 – Diverte – me que...
6 - Eu procuro...
9 - Admiro mais...
14 - Não gosto...
21 - Sempre quis...
22 - Penso que...
23 - Eu sei...
25 - Gosto...
31 - Gostava de modificar...
32 - Eu sou...
33 - Eu quero...
34 - Eu penso
37 - Consegui...
38 - Gostava de conseguir...
40 - Estou a melhorar...
43 - Vejo-me como...
44 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
45 - Relaxo...
46 - Estou a aprender...
Noção de grupo
Organização do trabalho em grupo
Vantagens do trabalho em grupo
• Dizer de um modo muito sintético quais serão os dois / três pontos do programa
a desenvolver, o número de aulas que serão utilizadas e a metodologia que irá ser
utilizada (trabalho de grupo).
• Dividir a turma em grupos de oito alunos utilizando um método de constituição
de grupos heterogéneos. Atribuir os temas de trabalho aos grupos, por sorteio,
assegurando-se que cada tema é trabalhado por dois grupos diferentes.
A – Trabalho em grupo (1ª aula)
• Cada grupo organiza-se escolhendo um coordenador, (chefe do grupo) que mais
tarde irá apresentar o trabalho à turma, e um secretário ou redactor que deverá anotar
todas as ideias produzidas no seio do grupo. Sempre que possível, deverão ser de
género diferente (M/F).
• Cada grupo deverá discutir o seu tema e produzir um pequeno texto de uma
página, onde apresenta quer as ideias surgidas, quer as conclusões a que chegou. O
grupo pode recorrer à análise documental (textos do professor, pesquisa no centro
de recursos) ou a entrevistas a pessoas mais velhas ou a professores (de História, por
exemplo).
46 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
Temáticas Específicas
Educação Ambiental
Prevenção de acidentes
Projecto Intercultural (Temas em aberto)
Formas de violência
Direitos Humanos: uma Realidade que se Constrói
B – Trabalho em grande grupo (2ª aula)
• A apresentação dos trabalhos de grupo será feita por temas. Por isso os chefes
dos grupos que têm o mesmo tema fazem a apresentação dos respectivos trabalhos,
um após o outro, e só depois os colegas de grupo e os outros grupos intervêm a
propósito daquele tema.
Tema A – Grupo 1 Grupo 2
• A aula está centrada na exploração dos temas, mais do que na avaliação dos
trabalhos dos grupos. Portanto, o professor deverá interagir sempre com os alunos,
estimulando-os a explicitar ideias e conclusões.
C – Ao PROFESSOR cabe ainda a tarefa de desenvolver, sistematizar e sintetizar.
Os trabalhos realizados podem ser afixados no placar da sala.
RECURSOS
AVALIAÇÃO
- O professor corta a corda entre dois papéis que contenham formas de violência.
- Dois alunos, um de cada grupo terão que restabelecer a energia, agarrando a corda
com uma mão e com a outra pegar o papel que contém a forma de violência.
- Os dois grupos terão que restabelecer a energia. Assim terão 5 minutos para pensar
numa solução para os dois problemas/forma de violência apresentados.
- Cada grupo lê as suas soluções em voz alta. Os observadores tomam nota das
soluções.
- Repete-se até todas as formas de violência serem substituídas por soluções.
RECURSOS
AVALIAÇÃO
Direitos Humanos
Quais são os Direitos Humanos que estão a ser violados quando de uma situação
de violência?
52 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
RECURSOS
AVALIAÇÃO
Avaliação da actividade
- Analisar colectivamente o que correu bem e mal e o que poderia ser melhor
trabalhado
Avaliação de competências
- O professor avalia o trabalho que solicitou, colocando em cada um uma classificação
qualitativa (insuficiente, suficiente, bom e muito bom) ou expressa o que poderia ser
melhorado em cada texto sem atribuir classificação.
Paz
Desenvolvimento Humano
Justiça social
Exclusão social
AVALIAÇÃO
Avaliação da actividade
Avaliação de competências
Recursos
Problemas ambientais
Ecologia ambiental
Recursos naturais
Património natural
Avaliação da actividade
Avaliação de competências
recursos
Documentação
Lei do Património Cultural, Ministério da Cultura, República de Angola
Constituição de Angola
• Dizer, de modo muito sintético, quais serão os dois / três pontos do programa
a desenvolver, o número de aulas que serão utilizadas e a metodologia que irá ser
utilizada (trabalho de grupo).
• Dividir a turma em 8 grupos de alunos, utilizando um método de constituição
de grupos heterogéneos. Atribuir os temas de trabalho aos grupos, por sorteio,
assegurando-se que cada tema é trabalhado por 2 grupos diferentes.
A - Trabalho em grupo (20 a 30 min.)
Cada grupo organiza-se escolhendo um coordenador (chefe de grupo), que mais
tarde irá apresentar o trabalho à turma, e um secretário ou redactor que deverá
anotar todas as ideias produzidas no seio do grupo. Sempre que possível, eles
deverão ser de género diferente (M/F).
58 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
Cada grupo deverá discutir o seu tema e produzir um pequeno texto de 1 página
onde apresenta quer as ideias surgidas, quer as conclusões a que chegou. O grupo
poderá recorrer à análise documental ou a entrevistas a pessoas mais velhas ou a
professores (de História, por exemplo).
Temas:
Tema A: O que é que os alunos procuram na escola.
Porque é que a escola é importante para ti? Que razões levam os alunos à
escola? O que procuram e o que encontram?
Tema B: Para que serve a escola
O que os pais querem e esperam da escola?
E as empresas o que esperam da escola?
Tema C: Nas sociedades e comunidades …
Onde é que se aprendem as profissões? Só na escola? Só na comunidade?
E fora da escola, onde se educam as crianças?
Tema D: Como era a escola no tempo dos nossos pais e dos nossos avós
Quem ia à escola nesse tempo? Quais eram os objectivos e
finalidades da escola nesse tempo? Como, onde e quando surgiram as primeiras
escolas em Angola?
AVALIAÇÃO
RECURSOS
A – Para o professor
Educação e desenvolvimento
Conflito de gerações
Preconceitos
RECURSOS
• Respeitar as diferenças
• Analisar criticamente o significado de heróis e heroínas como modelos e como
estereótipos
• Identificar os diversos tipos e formas de violência
• Reflectir sobre a História e reconhecer diferentes perspectivas e formas na partilha
de eventos históricos e dos heróis e heroínas associados a eles
Diferenças
Género
Igualdade
Estereótipos
Tipos e formas de violência
AVALIAÇÃO
Existem aspectos que pensam vão influenciar o vosso trabalho como futuros
professores?
64 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 65
RECURSOS
Adaptado de : Andar por outros caminhos, Teresa Cunha e Celina Santos, 2007, AJPaz
66 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 67
Auto-conceito
Identidade
História de Vida
1.
a) O que eu era antes:
b) O que eu sou agora:
c) O que eu gostaria de ser:
d) O que eu gostaria de mudar em mim:
2. Em que medida as suas características- o que é agora e o que queria ser- dependem
de situações ou acontecimentos que foram fundamentais na sua vivência?
AVALIAÇÃO
Avaliação da actividade
Avaliação de competências
recursos
Para o professor:
www.educationenvalores.org/IMG/pdf/educacao_valores.pdf
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 69
Direitos e Deveres
Consciência cívica
1.O professor solicita aos alunos que colectivamente na turma identifiquem os direitos
que consideram que as crianças devem ter, e vai escrevendo no quadro as indicações
por eles ditas
2. Trabalho de grupo
2.1 Cada grupo compara os direitos das crianças feitos pela turma com os que constam
da Convenção dos Direitos da Criança e identifica as diferenças e as semelhanças
2.2. Cada grupo selecciona os direitos cujo cumprimento lhes parece mais difícil ou
possa estar em causa e explicita as razões que o justificam
AVALIAÇÃO
Avaliação da actividade
Avaliação de competências
recursos
Materiais (aula)
Inculcação de valores
Clarificação de valores
Perspectivas cognitivo-desenvolvimentistas de trabalho sobre os valores
2. Desenvolvimento da actividade
O professor explicita que há vários modos de trabalhar os valores na escola,
perspectivas que devem conhecer para poder futuramente trabalhar com as crianças.
O professor explicita que para que estas teorias/diferentes perspectivas sejam
conhecidas e compreendidas, irá propor um exercício relativo à estratégia que cada
uma destas teorias utiliza para trabalhar os valores na escola.
Clarificação de valores
- O professor propõe a realização de dois jogos de clarificação de valores no grupo/
turma. (Ver pág. do texto referido nos textos para o professor)
- O professor propõe analisar e discutir os resultados do jogo na turma
- O professor explicita a teoria de clarificação de valores que inclui como estratégia do
trabalho a adopção deste tipo de jogos como forma de colocar os alunos a dialogar, a
pensar e a construir os seus próprios valores, dando-se uma importância fundamental
à escolha que cada um faz perante os valores que a sociedade lhes oferece.
72 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
Inculcação de valores
O professor explicita que nesta teoria se utilizam sobretudo os ditados populares,
as histórias tradicionais de vários países, as fábulas e os contos de fadas como forma
de trabalhar os valores com as crianças. Estas histórias contêm sempre uma “moral”
que expressa o que é considerado “bem” e “bom” numa determinada cultura e por
isso constituem uma referência a usar na Educação. Nesta perspectiva, mais do que
ensinar as crianças a pensar sobre os valores, é importante transmitir-lhes os valores
da geração de pais e avós. O professor deve escolher uma história tradicional da sua
cultura, contá-la e trabalhá-la com os alunos sob o ponto de vista moral.
(nos materiais em anexo sugere-se uma história africana)
Sistematização
- O professor propõe aos alunos a leitura de um pequeno texto sobre as diversas
formas de abordar os valores na escola
- Os alunos realizam a leitura individual e silenciosa do texto e anotam as
características e designações das principais teorias
- O professor propõe uma análise colectiva das vantagens e limitações de cada uma
das perspectivas de trabalho dos valores na escola. O professor solicita aos alunos
que como futuros professores efectuem sugestões relativamente à forma como
poderão trabalhar os valores com as crianças.
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 73
AVALIAÇÃO
Avaliação da actividade
- - Analisar colectivamente o que correu bem e mal e o que poderia ser melhor
trabalhado
Avaliação de competências
RECURSOS
Para o professor:
Texto: Valente, O. A educação para os valores na escola. Universidade de Lisboa,
Faculdade de Ciências.
A educação para os valores, Maria Odete Valente
www.educationenvalores.org/IMG/pdf/educacao_valores.pdf
Histórias tradicionais
Para os alunos:
Excerto do texto “Valente, O. A educação para os valores na escola. Universidade de
Lisboa, Faculdade de Ciências.
74 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
Material de estudo
A Educação para os Valores
Maria Odete Valente
Departamento de Educação da
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
(captado em http://www.educacionenvalores.org/IMG/pdf/educacao_va-
lores.pdf)
1 A escola e os valores
O professor na sala de aula bem como a escola no seu todo, naquilo que ex-
plicita e não explicita, no que diz permitir e no que proíbe, no que incentiva e
no que faz por desconhecer, ensinam aquilo que valorizam, o que acham, justo
e não justo, em suma, ensinam valores. O ensino dos valores não se pode evi-
tar. Todas as actividades em que se envolve o professor desde os livros ou tex-
tos que sugere ou escolhe, as experiências que selecciona, os trabalhos de casa
que recomenda ou pede, tudo isto implica uma hierarquia de valores. Mas não é
apenas o professor, são também as regras de jogo da própria escola, as relações
entre Conselho Directivo, professores e alunos, as circulares e ordens de serviço,
o que se pode ou não fazer no pátio, as actividades extra-curriculares que se
fomentam, aquilo que é premiado ou considerado indesejável, são todas estas
situações e muitas outras que, explícita ou implicitamente, revelam os valores
que se privilegiam.
A educação para os valores realiza-se em todos os momentos, permeia o
curriculum e também todas as interacções interpessoais na escola e as relações
desta com a família e a sociedade. Manifesta-se nas reuniões, na sala de aula,
na definição dos capazes e dos incapazes, na maneira como são recebidas as
minorias, pobres ou ricos, frágeis ou bem constituídos, cabo-verdianos ou “es-
trangeiros”, vestidos a rigor ou desajustados e sem “estilo”, etc. Manifesta-se na
aula de Ciências, nos métodos utilizados, no maior ou menor uso de argumentos
de autoridade, no maior ou menor rigor com que se colhem os dados, na exigên-
cia de verdade nos relatos, na tolerância e compreensão em relação à aborda-
gem de cada um em busca de sentido para as suas experiências. Manifesta-se na
aula de História ou Estudos Sociais, nos problemas em que o professor mais se
envolve ou detém, nos documentos históricos a que se dá mais ênfase. Manifes-
ta-se nas aulas de Português, nos textos escolhidos, na caracterização das per-
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 75
AVALIAÇÃO
MATERIAL DE ESTUDO:
Edgar Morin
A globalização pode ser vista como a última fase de uma planetarização téc-
nico-económica.
Por outros motivos, como em toda a sociedade, criou-se um sub mundo -mas,
desta vez, planetário com uma criminalidade própria. Desde os anos 1990, existe
uma máfia intercontinental (que trabalha especialmente com o tráfico de drogas
e a prostituição). E o 11 de Setembro de 2001 mostrou a existência de uma rede
terrorista mundial, que, à sua própria maneira, também contribui para o surgi-
mento da sociedade-mundo.
tempo, e pela ideia de uma política da civilização. A política do humano teria por
missão mais urgente solidarizar o planeta.
Assim, uma agência da ONU criada especificamente para esse fim disporia
de fundos próprios para a humanidade carente, sofredora, miserável. Ela com-
portaria um departamento mundial de medicamentos gratuitos para a SIDA e as
doenças infecto-contagiosas, um departamento mundial de alimentação para
atender às populações carentes ou atingidas pela fome, uma ajuda substancial
às ONGs humanitárias.
Está claro a nossos olhos (e apenas para os nossos) que uma reforma da civili-
zação ocidental e de todas as civilizações é necessária, que uma reforma radical
de todos os sistemas de educação é necessária, e não está menos claro que o que
existe é a inconsciência total e profunda da necessidade dessa reforma.
Ana Francisca Moura, Dália Afonso, Eugénio Inácio, José Manuel, Móni-
ca Malanga, professores do Magistério Primário de Benguela.
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 83
RECURSOS
AVALIAÇÃO
Auto-estima
Auto-conhecimento
Apreço por si próprio
Auto-respeito
Auto-confiança
RECURSOS
Lista de questões, a lista de questões pode ser fotocopiada ou introduzida aos alunos
pelo professor ditando ou escrita no quadro.
AVALIAÇÃO
Lifekills Teaching Programmes n°1, Barrie Hopsom and Mike Scally, 1988.
Priory Press, Mirfield, Westyorkshire
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 89
Questões
As Minhas Respostas
O Que Eu Gosto Em Mim?
Auto-conhecimento
Apreço por si próprio
Auto-respeito
Auto-confiança
Não são exercícios que preencham sessões mas uma série de sugestões
actividades que podem ser introduzidas em várias alturas:
• “Dar uma mãozinha” — Procura uma situação, todos os dias, em que ajudes
alguém, ex. alunos mais velhos ajudam os mais novos, no recreio, nos trabalhos,
emprestar um livro, um disco, etc. a alguém; deixar passar alguém à frente numa fila…
• Durante 5 minutos, a pares, no fim do dia, reflectir sobre situações de ajuda.
• 5 minutos, a pares, no fim do dia, para falar de:
“O que aprendi hoje”.
ou ‘A melhor coisa que me aconteceu hoje”.
ou “O que quero conseguir amanha”.
ou “Em que é que estou a trabalhar para melhorar, progredir”.
• 5 minutos, todo o grupo, em que se fala de:
“Exemplos de uma pessoa a ajudar outra”
• 5 ou 10 minutos nos quais um membro da classe comunica aos outros qualquer
coisa que seja muito importante para ele/ela ou qualquer conhecimento/saber que
tenha.
(Um jornal de classe pode ser escrito semanalmente registando sucesso e
acontecimentos da semana.
92 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
Os próprios alunos
AVALIAÇÃO
Participação
Democracia
Direitos e Deveres
RECURSOS
Textos de apoio
AVALIAÇÃO
AVALIAÇÃO
Direitos Humanos
Dignidade
Liberdade
Poder
Conflito
recursos
Instituições Políticas
Direitos e Deveres
Participação responsável
AVALIAÇÃO
Avaliação da actividade
Realização da actividade no tempo previsto
Capacidade de mobilizar conhecimentos de outras áreas/disciplinas
Capacidade de contacto com a população local e personalidades significativas
Avaliação de competências
- Aprofundamento e contextualização dos saberes já informais existentes acerca da
organização política e administrativa do Estado Angolano
- Novos saberes adquiridos sobre a temática
- Capacidade de pesquisa e organização de informação significativa
- Capacidade de reflexão sobre os direitos e deveres dos cidadãos angolanos
102 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
recursos
Materiais (aula)
Problemas ambientais
Ecologia
Recursos naturais
Património natural
1. A crise ambiental que vivemos justifica toda a preocupação e passa também por
cada país ter legislação aplicável que permita proteger o ambiente das múltiplas
agressões que lhe são feitas.
O professor apresenta à turma da legislação existente no país sobre Defesa do
Ambiente e Protecção do Património, bem como um ou dois documentos de
referência internacionais nesta matéria.Os pontos mais importantes são escritos no
quadro para que todos os possam ter deles conhecimento e registá-los.
2.1.Recolha de lixos (como é recolhido o lixo? Para onde vai? A quem pertencem
as lixeiras? O que é feito ao lixo? Há ou é possível algum tipo de aproveitamento do
lixo?...)
104 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
Nota: outros temas podem ser acrescentados por sugestões dos alunos ou do
professor
4. O professor convida alguém ligado a uma organização local ou nacional para vir
falar da actividade da mesma
AVALIAÇÃO
Avaliação da actividade
Avaliação de competências
recursos
Paz
Liberdade
Justiça
Poder
Conflito
b) Os alunos efectuam fora da aula o seu trabalho de campo (recolha de dados através
de entrevistas, questionários, consultas de documentos)
c) Os alunos efectuam um texto escrito e um conjunto de imagens ilustrativas e
apresentam-no à turma que o debate e apresenta sugestões para o melhorar
d) A turma constrói um jornal de parede com esses textos e imagens
108 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
AVALIAÇÃO
Avaliação da actividade
- Recolha de informação efectuada
-Participação e interesse nas actividades
Avaliação de competências
- Capacidade de pesquisa e organização da informação
- Capacidade de exposição da informação relevante
- Conhecimento de personalidades com um percurso relevante a favor da Paz
- Construção e/ou reforço de uma atitude favorável à Paz
recursos
Materiais (aula)
6.1 Bibliografia
ANDRADE, de Vaz Júlio (1992), “Os valores na formação pessoal e social”, Lisboa: Texto Editora, 1ª
Editora
CANÁRIO, Rui, (1999), “Educação de Adultos – Um Campo uma Problemática”, Colecção Educa -
Formação
CARVALHO, Adalberto Dias de (Org.), ALMEIDA, Leandro S., AFONSO, Manuela, ARAUJO, Estelvina,
“ A Construção do Projecto da Escola”
CARVALHO, Adalberto Dias de, (1994), “Utopia e Educação”, Colecção Ciências da Educação, Porto
Editora
CARVALHO, Luís Miguel, (1992), “Clima de Escola e Estabilidade dos Professores”, Colecção Educa
– Organizações, Editora Educa
CASTRO, B. Lisete; RICARDO, G.M. Maria (1992), “Gerir o trabalho de projecto”, Manual para
Professores e Formadores, 4ª Edição, Lisboa: Texto Editora
CHARLOT, B. (2000) “Da relação com o Saber – Elementos para uma Teoria”, Artemed Editora
GOMES, Rui (1993), “Culturas de Escola e Identidade dos Professores”, Lisboa: Colecção Educa –
Organizações, Editora Educa
MEIRIEU, P. (1992), “Aprender SIM… mas como?”, 7ª Edição, Porto Alegre: Artmed Editora
MIGUEL, S. Nuno (1990), “Os Jovens e a Sexualidade”, Edição conjunta da Juventude da Comissão
Nacional da Luta Contra a Sida, 5ª Edição.
OZMON, E., CRAVER, S.M., (2004), “Fundamentos Filosóficos da Educação”, Porto Alegre: Artmed
Editora
PERRENOUD, P., (1999) “Construir as Competências desde a Escola”, Porto Alegre: Artmed Editora
PERRENOUD, P. , (2000) “Dez Novas Competências para Ensinar”, Porto Alegre: Artmed Editora
PRAIA, Maria; SOARES, F. Maria (1993), “Desenvolvimento Pessoal e Social – Uma experiência
pedagógica”, Porto: Edições Asa
SCHÖN, D.A. ,(2000), ”O Professional Reflexivo – Como Pensa, como Atua?”, Porto Alegre: Artmed
Editora
SIROTA, R., (2001), “A Escola Primária no Cotidiano”, Porto Alegre: Artmed Editora
UNESCO (2000), “O Direito à Educação – Uma Educação para todos durante toda a vida”. Relatório
mundial sobre a educação
ZABALZA, Miguel A.,(2002) “Diários de aula”, Colecção Ciências da Educação, Porto: Editora
ALLUÉ, M. (2000), “O Grande Livro dos Jogos – 250 jogos para todas as idades”. Lisboa: Âncora
Editores
BRANDES, D. e HOWARD, P. (1997), “Manuel de jogos educativos – 140 jogos para professores e
animadores de grupo”, Lisboa: Moraes Editores
LEITE, C. RODRIGUES, M.L. (2001) “Jogos e contos numa educação para a cidadania”, Lisboa, IIE,
Porto Editora
114 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
Greenpeace (http://www.greenpeace.org/international/)
UNICEF - Portugal
http://www.unicef.pt/
UNESCO
http://www.unesco.org/education/educprog/sne/
Site da Educação
http://educacao.te.pt
Instituto do Consumidor
http://www.ic.pt/
Parlamento Europeu
http://www.europarl.eu.int
Conselho da Europa
http://www.coe.fr
Comissão Europeia
http://europa.eu.int
ONU - Portugal
http://www.onuportugal.pt/
Editorial de la Infancia
http://www.editorialdelainfancia.com/
Editorial GRAÓ
http://www.grao.com/
Editorial Paidós
http://www.paidos.com/
CONGRESO INTERNACIONAL
http://www.cesdonbosco.com/revista/congreso03.asp
Preâmbulo
Artigo 3°
Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo 4°
Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob
todas as formas, são proibidos.
Artigo 5°
Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou
degradantes.
Artigo 6°
Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento, em todos os lugares, da sua personalidade
jurídica.
Artigo 7°
Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual protecção da lei. Todos têm
direito a protecção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e
contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo 8°
Toda a pessoa tem direito a recurso efectivo para as jurisdições nacionais competentes contra os
actos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei.
Artigo 9°
Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Artigo 10°
Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e publicamente
julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus direitos e obrigações
ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela seja deduzida.
Artigo 11°
1. Toda a pessoa acusada de um acto delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade
fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as garantias
necessárias de defesa lhe sejam asseguradas.
2. Ninguém será condenado por acções ou omissões que, no momento da sua prática, não
constituíam acto delituoso à face do direito interno ou internacional. Do mesmo modo, não
será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no momento em que o acto delituoso
foi cometido.
Artigo 12°
Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou
na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou
ataques toda a pessoa tem direito a protecção da lei.
Artigo 13°
1. Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de
um Estado.
2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o
direito de regressar ao seu país.
Artigo 14°
1. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em
outros países.
122 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
2. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por
crime de direito comum ou por actividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações
Unidas.
Artigo 15°
1. Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade.
2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar de
nacionalidade.
Artigo 16°
1. A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem
restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua
dissolução, ambos têm direitos iguais.
2. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos futuros esposos.
3. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à protecção desta e
do Estado.
Artigo 17°
1. Toda a pessoa, individual ou colectivamente, tem direito à propriedade.
2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade.
Artigo 18°
Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este
direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade
de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em
privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.
Artigo 19°
Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não
ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de
fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão.
Artigo 20°
1. Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
Artigo 21°
1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direcção dos negócios, públicos do seu país,
quer directamente, quer por intermédio de representantes livremente escolhidos.
2. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do seu
país.
3. A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos: e deve exprimir-se
através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com
voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto.
Artigo 22°
Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode legitimamente
exigir a satisfação dos direitos económicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao
esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia com a organização e os recursos
de cada país.
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 123
Artigo 23°
1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e
satisfatórias de trabalho e à protecção contra o desemprego.
2. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual.
3. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à
sua família uma existência conforme com a dignidade humana, e completada, se possível, por
todos os outros meios de protecção social.
4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos
para defesa dos seus interesses.
Artigo 24°
Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente, a uma limitação razoável da
duração do trabalho e as férias periódicas pagas.
Artigo 25°
1. Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a
saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à
assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança
no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de
meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade.
2. A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças,
nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozam da mesma protecção social.
Artigo 26°
1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a
correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O
ensino técnico e profissional dever ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve
estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito.
2. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos
humanos e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância
e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o
desenvolvimento das actividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.
3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escholher o género de educação a dar aos filhos.
Artigo 27°
1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de
fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam.
2. Todos têm direito à protecção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção
científica, literária ou artística da sua autoria.
Artigo 28°
Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma ordem capaz
de tornar plenamente efectivos os direitos e as liberdades enunciadas na presente Declaração.
Artigo 29°
1. O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e pleno
desenvolvimento da sua personalidade.
2. No exercício destes direitos e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito senão às
limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o
respeito dos direitos e liberdades dos outros e a fim de satisfazer as justas exigências da moral,
da ordem pública e do bem-estar numa sociedade democrática.
124 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
3. Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente aos fins e aos
princípios das Nações Unidas.
Artigo 30°
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a envolver para
qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma actividade ou
de praticar algum acto destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados.
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 125
ARTIGO 1º
Todas as pessoas com menos de 18 anos têm todos os seus direitos escritos nesta convenção.
ARTIGO 2º
Tens todos esses direitos seja qual for a tua raça, sexo, língua ou religião. Não importa o país onde
nasceste, se tens alguma deficiência, se és rico ou pobre.
ARTIGO 3º
Quando um adulto tem qualquer laço familiar ou responsabilidade sobre uma criança, deverá
fazer o que for melhor para ela.
ARTIGO 6º
Toda a gente deve reconhecer que tens direito à vida.
ARTIGO 7º
Tens direito a um nome e a ser registado, quer dizer, o teu nome, o dos teus pais e a data em que
nasceste devem ser registados. Tens direito a uma nacionalidade e o direito de conheceres e
seres educado pelos teus pais.
ARTIGO 8º
Deves manter a tua identidade própria, ou seja, não te podem mudar o nome, a nacionalidade
e as tuas relações com a família e menos que seja melhor para ti. Mesmo assim, deves poder
manter as tuas próprias ideias.
ARTIGO 9º
Não deves ser separado dos teus pais, excepto se for para teu próprio bem, como por exemplo, no
caso dos teus pais te maltratarem ou não cuidarem de ti. Se decidirem separar-se, tens de ficar
a viver com um deles, mas tens o direito de contactar facilmente com os dois.
ARTIGO 10º
Se os teus pais viverem em países diferentes, tens direito a
regressar e viver junto deles.
ARTIGO 11º
Não deves ser raptado mas, se tal acontecer, o governo deve fazer
tudo o que for possível para te libertar.
ARTIGO 12º
Quando os adultos tomam qualquer decisão que possa afectar a
tua vida, tens o direito a dar a tua opinião e os adultos devem ouvir
seriamente o que tens a dizer.
126 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
ARTIGO 13º
Tens direito a descobrir coisas e dizer o que pensas através da fala, da escrita, da expressão
artística, etc., excepto se, quando o fizeres, estiveres a interferir com o direito dos outros.
ARTIGO 14º
Tens direito à liberdade de pensamento e a praticar a religião que quiseres. Os teus pais devem
ajudar-te a compreender o que está certo e o que está errado.
ARTIGO 15º
Tens direito a reunir-te com outras pessoas e a criar grupos e associações, desde que não violes os
direitos dos outros.
ARTIGO 16º
Tens direito à privacidade. Podes ter coisas como, por exemplo,
um diário que mais ninguém tem licença para o ler.
ARTIGO 17º
Tens direito a ser informado sobre o que se passa no mundo
através da rádio, dos jornais, da televisão, dos livros, etc.
Os adultos devem ter a preocupação de que compreendes
a informação que recebes.
ARTIGO 18º
Os teus pais devem educar-te, procurando fazer o que é melhor para ti.
ARTIGO 19º
Ninguém deve exercer sobre ti qualquer espécie de maus tratos. Os adultos devem proteger-te
contra abusos, violência e negligência. Mesmo os teus pais não têm o direito de te maltratar.
ARTIGO 20º
Se não tiveres pais, ou se não for seguro que vivas com eles, tens direito a protecção e ajuda
especiais.
ARTIGO 21º
Caso tenhas de ser adoptado, os adultos devem procurar ter o máximo de garantias de que tudo
é feito da melhor maneira para ti.
ARTIGO 22º
Se fores refugiado (se tiveres de abandonar os teus pais
por razões de segurança), tens direito a protecção e ajuda
especiais.
ARTIGO 23º
No caso de seres deficiente, tens direito a cuidados e educação
especiais, que te ajudem a crescer do mesmo modo que as
outras crianças.
ARTIGO 24º
Tens direito à saúde. Quer dizer que, se estiveres doente, deves ter acesso a cuidados médicos e
medicamentos. Os adultos devem fazer tudo para evitar que as crianças adoeçam, dando-
lhes uma alimentação conveniente e cuidando bem delas.
ARTIGO 27º
Tens direito a um nível de vida digno. Quer dizer que os teus pais devem procurar que não te
falte comida, roupa, casa, etc. Se os pais não tiverem meios suficientes para estas despesas, o
governo deve ajudar.
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 127
ARTIGO 28º
Tens direito à educação. O ensino básico deve ser gratuito e não deves deixar de ir à escola.
Também deves ter possibilidade de frequentar o ensino secundário.
ARTIGO 29º
A educação tem como objectivo desenvolver a tua personalidade, talentos e aptidões mentais e
físicas. A educação deve, também, preparar-te para seres um cidadão informado, autónomo,
responsável, tolerante e respeitador dos direitos dos outros.
ARTIGO 30º
Se pertenceres a uma minoria, tens o direito de viver de
acordo com a tua cultura, praticar a tua religião e falar a
tua própria língua.
ARTIGO 31º
Tens direito a brincar.
ARTIGO 32º
Tens direito a protecção contra a exploração económica, ou
seja, não deves trabalhar em condições ou locais que
ponham em risco a tua saúde ou a tua educação. A lei
portuguesa diz que nenhuma criança com menos de 16
anos deve estar empregada.
ARTIGO 33º
Tens direito a ser protegido contra o consumo e tráfico de droga.
ARTIGO 34º
Tens o direito a ser protegido contra abusos sexuais. Quer dizer que ninguém pode fazer nada
contra o teu corpo como, por exemplo, tocar em ti, fotografar-te contra a tua vontade ou
obrigar-te a dizer ou a fazer coisas que não queres.
ARTIGO 35º
Ninguém te pode raptar ou vender.
ARTIGO 37º
Não deverás ser preso, excepto como medida de último
recurso e, nesse caso, tens direito a cuidados próprios para a
tua idade e visitas regulares da tua família.
ARTIGO 38º
Tens direito a protecção em situação de guerra.
ARTIGO 39º
Uma criança vítima de maus tratos ou negligência, numa
guerra ou em qualquer outra circunstância, tem direito a
protecção e cuidados especiais.
ARTIGO 40º
Se fores acusado de ter cometido algum crime, tens direito a defender-te. No tribunal, a polícia,
os advogados e os juizes devem tratar-te com respeito e procurar que compreendas o que se
está a passar contigo.
ARTIGO 42º
Todos os adultos e crianças devem conhecer esta Convenção. Tens direito a compreender os teus
direitos e os adultos também.
128 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola
Assim, pode-se dizer que o Dia Mundial da Criança serve para lembrar um grande
problema mundial: o esquecimento dos direitos das crianças.
PREPA
Guia Metodológico | Formação Pessoal Social e Deontológica • 129