Você está na página 1de 111

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


DEPARTAMENTO DE ANÁLISES CLÍNICAS
DISCIPLINA DE BIOQUÍMICA CLÍNICA I

DISLIPIDEMIAS e
TRATAMENTOS
Prof. Dr. Edson Luiz da Silva
Dislipidemias

Grupo de distúrbios caracterizados por anormalidades


quantitativas e/ou qualitativas das lipoproteínas plasmáticas.
Classificação das Dislipidemias

Hipercolesterolemia Elevação isolada do CT, geralmente


isolada aumento do LDL-c (≥ 160 mg/dL).

Elevação isolada dos TG (≥150 mg/dL),


Classificação Hipertrigliceridemia isolada por aumento do VLDL, IDL e/ou QM
Bioquímica
Valores aumentados de CT e TG
ou Fenotípica Hiperlipidemia Mista (geralmente LDL-c e VLDL)

HDL-c <40 mg/dL nos homens e <50


HDL-c Baixo mg/dL nas mulheres) com ou sem
aumento de LDL-c ou TG

Dislipidemias primárias Causas genéticas


Classificação
Etiológica
Dislipidemias Secundárias Apresenta causa secundária
Classificação Etiológica

Dislipidemias Primárias:
- São decorrentes de causas genéticas.

- Algumas só se manifestam em função da


influência ambiental, devido à dieta
inadequada e/ou sedentarismo.
Dislipidemias com forte componente genético e sua
importância para a aterosclerose
Fenótipo Alteração Alteração Freqüência Características Associa-
Lipídico Metabólica Genética ou Populacional Clínicas marcantes ção com
Genes Ateroscl.
Associados Prematura

QM ↑↑↑ Hiperquilomi- LPL ↓↓ Apo 1:1000.000 Pancreatite; -


(TG ↑↑↑) cronemia CII ↓↓ (Raro) Xantomas eruptivos;
Lipemia retinal
VLDL ↑ ou ↑↑ Hipertrigliceri- Vários 1:300 - -/+
(TG ↑ ou ↑↑) demia familiar
VLDL ↑↑ e/ou Hiperlipidemia Apo AI-CIII- 0,5 a 1:100 - ++
LDL ↑↑ Familiar AIV ?? LLP
(TG e/ou CT) Combinada outros???

LDL variável - Apo E2, E3, E4 Até 5% da - + quando


(CT – ou ↑) variação do CT for ↑
na população
LDL ↑↑↑ Hipercolestero- Receptor da 1:500 Xantomas tendinosos +++
(CT ↑↑↑) lemia Familiar- LDL; (heteroz.) xantelasma e arco
Apo B100 1:1.000.000 corneano precoces
(homozigoto)
Dislipidemias com forte componente genético e sua importância p/ a aterosclerose

Fenótipo Alteração Alteração Freqüência Características Associação


Lipídico Metabólica Genética ou Populacional Clínicas marcantes com
Genes Ateroscl.
Associados Prematura
IDL ↑↑↑ Disbetalipoprotei Apo E (E2) Frequência de Xantoma ++
nemia (tipo III) tuberoeruptivo
(CT ↑↑ e TG outros defeitos E2/E2 = 1:100
↑↑) genéticos apo Mas da lipemia Tardio;
E 1:5000 Xantomas palmares;
Arco corneano
HDL ↓ Hipoalfalipopro- Apo AI, AIV ↓ ? , muito raro -
teínemia CIII ↑ + ou ?
LH ↑ ; LPL ↓
LCAT ↓
HDL ↓ ; TG ↑ Tangier ABCA1 muito raro Infiltração linfóide +

Lp (a) ↑ - Apo (a) ? - + ou ?


polimórfica

LDL ↑ ou ↑↑ Hipercolesterole Múltiplos 1/100 ou 5/100 - +


mia poligenética genes ?
CT ↑ ou ↑↑
VLDL↑, HDL↓ Resistência à ? ? Insulina ↑; ++
insulina intolerância à glicose;
LDL pequenas
(síndrome HAS; obesidade;
CT ↑↑, N ou ↑; metabólica)
TG ↑ fibrinogênio ↑; PAI-1 ↑
microalbuminúria;
ácido úrico ↑
Causas Primárias de Triglicerídeos Elevados

- Mutação no gene da lipase lipoprotéica, o que leva a


defeito em sua função ou produção.

- Ocasionalmente, é causada por deficiência genética de


apo C-II, o ativador da lipase lipoprotéica.

- Mutação ou polimorfismo do gene ApoE, o que


prejudica a ligação ao receptor da apoE (remanescentes
de QM e IDL).
Sinais de Hipertrigliceridemia

Lipemia retinal
Hepatoesplenomegalia
Plasma leitoso

- Hemiparesia (paralisia
Xantoma eruptivo:
pápulas amarelas nas parcial de um lado do
superfícies dos braços, corpo), perda de
pernas, nádegas e memória e de
costas
concentração
Sinais de Hipertrigliceridemia

Xantoma estriado palmar: pode ser Xantoma tuberoeruptivo: lesões amarelas,


simplesmente uma coloração amarelo- geralmente nos cotovelos e joelhos. Podem
alaranjada dentro das dobras da pele ser nodular ou tipo “couve-flor”, muitas
das palmas das mãos. Porém, podem vezes cercada por satélites menores. Podem
aparecer como lesões elevadas nas ser encontradas sobre calcanhares e dorso
palmas das mãos, dedos e pulsos. das articulações interfalangeanas.
Causas Primárias de LDL-c elevado

Mutações no gene receptor B/E da LDL podem:

- Produzir receptores sem atividade de ligação (receptor


negativo). Assim, o receptor não é sintetizado, não é
transportado para a superfície celular ou pode não ser
internalizado após a ligação com a LDL;

- Produzir receptores com sítio de ligação anormal


(receptor com defeito), que permite a ligação e entrada
da LDL na célula, mas lentamente, por causa da ligação
anormal.
Causas Primárias de LDL-c elevado

Joseph Goldstein e Michael Brown: Descoberta do receptor


de LDL em 1973 e Prêmio Nobel de medicina em 1985.
Causas Primárias de LDL-c elevado

- Mutação na apoB-100, na qual a glutamina é substituída


por arginina no domínio de ligação ao receptor da LDL.

- Superprodução de apoB, que resulta em elevação das


lipoproteínas contendo apoB.

- Mutações que aumentam a atividade da proteína


convertase subtilisina/kexina tipo 9 (PCSK9), levando à
degradação do receptor de LDL.
Sinais de Hipercolesterolemia

Xantoma no tendão de Aquiles Xantoma tendinoso no dorso da mão


(hipercolesterolemia familiar heterozigótica)

Patognomônico de
hipercolesterolemia

Xantoma Planar na fossa antecubital


(hipercolesterolemia familiar homozigótica)
Sinais de Hipercolesterolemia

Arco Corneal Xantelasma

Não confundir com:

Arco Senil Catarata


Causas Primárias de HDL-c Elevado

Deficiência de CETP (proteína de transferência de ésteres de


colesterol)

- Autossômica co-dominante; devido às mutações em


ambos os alelos do gene CETP.

- Valores elevados de HDL-c (100-250 mg/dL) e apoA-I.

- Nenhuma evidência de proteção contra a aterosclerose;


possível risco aumentado de aterosclerose prematura.
Deficiência da CETP

HDL
Catabolismo A-I
diminuído A-I
LCAT CE
CE FC ABCA1 FC
HDL
Nascente Macrófago
CETP

VLDL/LDL
Causas Primárias de HDL-c elevado

Deficiência da Lipase Hepática


- Autossômica recessiva, devido a mutações em ambos os
alelos do gene da lipase hepática.

- Valores modestamente elevados de HDL-c e apoA-I.

- Elevações variáveis de colesterol total, triglicerídeos e


partículas de lipoproteínas remanescentes.

- Nenhuma evidência de proteção contra aterosclerose;


possível risco aumentado de aterosclerose prematura.
Metabolismo da HDL na deficiência da Lipase Hepática

HDL2 Catabolismo
A-I diminuído

CE
HL TG A-I

Fígado
CE

HDL3
Causas primárias de HDL-c elevado

Hiperalfalipoproteínemia Familiar

- Autossômica dominante; etiologia molecular desconhecida

- Síntese aumentada de apoA-I em algumas famílias.

- Elevação modesta a acentuada de HDL-c e apoA-I (70-100


mg/dL).
Associada com longevidade e proteção contra a
aterosclerose.
Classificação Etiológica

Hipolipidemias Primárias:

Diminuição de LDL-c: Ex. Abetalipoproteínemia ou


hipobetalipoproteínemia

Diminuição de HDL-c: Ex.Hipoalfalipoproteínemia


ou doença de Tangier
Causas primárias de diminuição de Quilomícrons, LDL, VLDL

Abetalipoproteínemia: Ausência completa de apoB.


- As lipoproteínas que contêm apoB (quilomícrons, VLDL e
LDL) estão ausentes do plasma.
- Os valores do colesterol e triglicerídeos apresentam-se
muito baixos.

Hipobetalipoproteínemia: Redução da síntese de apoB.


- As VLDL e LDL, apesar de baixas concentrações, não
estão ausentes.
Causas primárias de diminuição de HDL-c

Deficiência Completa de ApoA-I

- Devido à deleção do gene apoA-I

- Redução acentuada de HDL-c e ausência de apoA-I

- Xantomas cutâneos (alguns pacientes).

- Doença aterosclerótica vascular prematura (alguns


pacientes).
Causas primárias de diminuição de HDL-c

Mutações na ApoA-I

- Devido a mutações que impedem a síntese de apo A-I.

- Redução acentuada a modesta dos valores de HDL-c


(15 – 30 mg/dL) e apoA-I.

- Catabolismo rápido de apoA-I

- Poucas sequelas clínicas. Raramente associada com


aterosclerose prematura.
Causas primárias de diminuição de HDL-c

Mutações no gene da LCAT


- Deficiência completa de LCAT
- Deficiência parcial de LCAT (Fish-eye disease)

Comum a ambos os tipos de deficiência da LCAT:


 Redução acentuada de HDL-c (< 10 mg/dL) e apoA-I.
 Hipertrigliceridemia variável.
 Catabolismo aumentado de apoA-I e apoA-II
 Arco Corneal
 Doença aterosclerótica vascular prematura
Deficiência completa da LCAT :
 Proteinúria e insuficiência renal progressiva
Causas primárias de diminuição de HDL-c

Metabolismo da HDL na Deficiência da LCAT

A-I HDL Nascente


A-I
CE
LCAT
FC ABCA1 FC

Macrófago
Catabolismo
rápido

CE, Cholesteryl-Ester;
FC, Free cholesterol;
ABCA1, ATP-Binding cassete transporter type A1
Causas primárias de diminuição de HDL-c

Doença de Tangier
- Desordem autossômica recessiva devido a mutações em ambos os
alelos do gene da ABCA1.
- Redução acentuada de HDL-c (<5 mg/dL) e apoA-I.
- Catabolismo acentuadamente acelerado da apoA-I e apoA-II.

- Acúmulo de colesterol:
Amígdalas amareladas e aumentadas
Hepatoesplenomegalia
Neuropatia periférica

- Risco aumentado de aterosclerose prematura


Causas Primárias da Diminuição de HDL-C

Doença de Tangier

A-I HDL Nascente


A-I
LCAT CE
FC FC
ABCA1
Macrófago
Catabolismo
Rápido
Causas Primárias da Diminuição de HDL-C

Hipoalfalipoproteínemia Familiar

- Desordem dominante; devido a mutações em um alelo do


gene ABCA1 em algumas famílias, e de etiologia genética
desconhecida em outras famílias.

- Redução moderada de HDL-c (15-35 mg/dL) e apoA-I.


- Triglicerídeos normais.

- Risco aumentado de aterosclerose prematura.


Classificação Etiológica

Dislipidemias Secundárias

- Dislipidemias secundárias a doenças

- Dislipidemias secundárias a medicamentos

- Dislipidemias secundárias a hábitos de vida


(dieta, tabagismo e etilismo)
Dislipidemia secundária a doenças

Diabetes mellitus: Devido à resistência ou falta de insulina.


Ocorre acúmulo de VLDL pela maior oferta de substrato
(ácidos graxos, apoB).
Diminuição da atividade da LPL aumenta VLDL e diminui HDL.

Hipotireoidismo: Acúmulo de LDL devido à diminuição do


número de receptores para a lipoproteína.
Hipertrigliceridemia causada pela redução da atividade da LPL.
Dislipidemia secundária a doenças

Síndrome Nefrótica: Aumento da síntese de apoB (VLDL e LDL)


para manter a pressão oncótica do plasma;
Diminuição do catabolismo da VLDL ( LPL ou perda de apoC-II).

Insuficiência Renal Crônica: Diminuição do catabolismo da VLDL


e LDL (LPL  e LH  ??).
CT usualmente normal, talvez pela má-nutrição dos pacientes.

Hepatopatias Colestáticas Crônicas: Elevação de LDL devido à


presença de uma partícula rica em colesterol e fosfolipídeos
(Lipoproteína X) na cirrose biliar primária.
Dislipidemia secundária a doenças

Causas Lipoproteínas (principal alteração)


Colesterol Total Triglicérides HDL-C
Diabetes mellitus —— ↑ ↓
Hipotireoidismo ↑↑ ↑ ↑ ou ↓
Síndrome Nefrótica ↑ ↑ —
Ins. Renal Crônica ↑ ↑ —
Hepatopatias ↑a normal ou leve ↑ ↑↑ ↓
Colestáticas Crônicas ↑↑↑↑↑
Obesidade ↑ ↑↑ ↓
Anorexia Nervosa ↑ —— ——
Bulemia ↑↑ ↑↑ ——
Dislipidemia secundária a medicamentos

Diuréticos: Mecanismo desconhecido. Pode ser, em parte, pelo


aumento da lipase hormônio sensível no tecido adiposo, liberando
ácidos graxos para o fígado sintetizar VLDL.
Diminuição do catabolismo da VLDL (LPL ) reduz o HDL-c.

Betabloqueadores: Reduzem a liberação de insulina, aumentando


a concentração de VLDL pela redução do catabolismo e aumento da
síntese.

Estrógenos: Diminuem a LDL pelo aumento de receptores.


Agravam a hipertrigliceridemia, talvez, por aumentar a síntese de
VLDL.
Dislipidemia secundária a medicamentos

Medicamento Colesterol Triglicérides HDL-C


Total
Diuréticos —— ↑ ↓
Beta-bloqueadores (*) —— ↑ ↓
Anticoncepcionais ↑ ↑ ——
Corticosteróides ↑ ↑ ——
Anabolizantes ↑ —— ↓
Estrógenos (**) →↑ →↓
Progestágenos (**) →↑ →↓
Isotretinoína ↑ ↑ ↑
Ciclosporinas ↑ ↑↑ ↑
Inibidores de Protease ↑ ↑↑↑ ——
(*) destituídos de atividade simpatomimética intrínseca; (**) os efeitos dependem do tipo de estrógeno e progestágeno
e da rota de administração: o estradiol VO apesar de poder causar hipertrigliceridemia, produz redução do LDL-C e
aumento do HDL-C; a via transdérmica não eleva os triglicérides.
Dislipidemia secundária a hábitos de vida

Tabagismo: Reduz o HDL-c e pode induzir resistência à insulina.


Nicotina inibe a LPL e provoca hipertrigliceridemia

Etilismo: Ingestão excessiva é, freqüentemente, acompanhada de


aumento de TG e, às vezes de QM, ocorrendo valores variáveis de
LDL-c e aumento de HDL-c.

Excesso de peso: Associado a valores elevados de CT, LDL-c,


triglicérides e redução do HDL-c. Acúmulo de gordura visceral está
associada a maior risco de aterosclerose.

Inatividade física: contribui para excesso de peso e pode elevar o LDL-


c e diminuir HDL-c. Atividade física regular aumenta o HDL-c, diminui
triglicerídeos e ajuda a perder peso e, assim, diminui o LDL-c.
Classificação de Fredrickson

- Baseada nos padrões de lipoproteínas associados às


concentrações elevadas de colesterol e/ou triglicerídeos, não
considerando o HDL-c.

- Não é classificação etiológica, mas é útil para caracterização de


anormalidades das lipoproteínas. Aplica-se às dislipidemias
primárias e secundárias.

- Permite diferenciar se a elevação de TG é proveniente da dieta


(quilomícrons) ou endógena (VLDL).
- Foi baseada inicialmente na separação por eletroforese ou por
ultracentrifugação.
Classificação Fenotípica das Hiperlipidemias (Fredrickson)

Lipoproteínas no Plasma Lipídeos no Plasma Soro


(principal alteração)
(valores mais comuns)
Fenótipo QM VLDL IDL LDL CT TG (mg/dL) Aparência
(mg/dL)
Tipo I ↑↑↑ 160-400 1.500-5.000 Sobrenad.
Hiperlipidemia Exógena cremoso
Tipo IIa ↑ a ↑↑↑ >250 <200 Límpido
Hipercolesterol. Familiar
Tipo IIb ↑a ↑ a ↑↑↑ 240-500 200-500 Turvo
Hiperlipid. Combinada ↑↑
Tipo III ↑↑ a ↑↑↑ 300-600 300-600 Turvo
Hiperli. Remanescentes
Tipo IV ↑a <240 300-1000 Turvo
Hiperlipidem. Endógena ↑↑↑
Tipo V ↑a ↑a 160-400 1.500-5.000 Sobrenad.
↑↑↑ ↑↑↑ cremoso
Hiperlipidemia Mista Infran. turvo
Hiperlipidemia Exógena (Tipo I)

- Desordem rara, encontrada em pessoas menores de 10 anos.

- Causada pela deficiência da lipase lipoprotéica ou Apo C-II.

- Presença maciça de quilomícrons (>1000,0 mg/dL) no plasma.

- Difere do tipo V pela formação de camada leitosa sobre um


infranadante límpido após a refrigeração.

- Xantomas aparecem com triglicerídeos > 2000,0 mg/dL.

- Apresenta dor abdominal aguda, lipemia retinalis, hepato e/ou


esplenomegalia.
Hipercolesterolemia Familiar (Tipo IIa)

- Genética ou secundária a alterações como hipotireoidismo,


síndrome nefrótica ou, de etiologia incerta, refletindo interação
entre dieta e fatores poligênicos indefinidos.

- Mutações do gene do receptor da LDL representam cerca de


90% dos casos de HF. Outras mutações: Apo B-100 e PCSK-9.

- Estima-se que existam mais de 10.000.000 de indivíduos com


HF no mundo. No entanto, menos de 10% têm diagnóstico
conhecido e menos de 25% são tratados.
Hipercolesterolemia Familiar (Tipo IIa)

- A probabilidade de HF é de 80% com LDL-c ≥ 250 mg/dL em


indivíduos ≥ 30 anos, ≥ 220 mg/dL em indivíduos entre 20-29 anos,
ou ainda ≥ 190 mg/dL em indivíduos < 20 anos.

- Arco corneal está presente em 50% dos portadores aos 50 anos.


Xantomas são encontrados em 68% dos portadores.

- Maioria dos acometidos não está acima do peso e não têm


hipertensão, diabetes ou histórico de tabagismo,
hipercolesterolemia e história familiar de aterosclerose prematura.
Hipercolesterolemia Familiar (Tipo IIa)

Heterozigotos
- O colesterol em heterozigotos é 350-450 mg/dL, independente de dieta ou idade.

- Valores elevados já estão presentes no sangue do cordão umbilical e na infância.

- HDL-c no limite inferior, em particular se os triglicerídeos estiverem aumentados.

Risco elevado de DCV:


- Sem tratamento, 50% dos homens desenvolverão DAC antes dos 50 anos e 100%,
aos 70 anos.
- Primeiro infarto do miocárdio ou angina com 30 anos em homens.
- Sem tratamento, 12% das mulheres manifestarão DAC aos 50 anos e 74%, aos 70.
- 15% das mulheres com HF morrem de doença coronariana antes dos 60 anos.
- 25% das mulheres chegam aos 70 anos sem doença coronariana sintomática.
- Cerca de 85% dos homens e 50% das mulheres com HF heterozigótica terão um
evento cardiovascular antes dos 65 anos de idade.
Hipercolesterolemia Familiar (Tipo IIa)

Homozigotos

Casos homozigóticos ocorrem em sociedades em que casamentos


consangüíneos e hipercolesterolemia heterozigótica são freqüentes.

- Colesterol sérico tipicamente maior que 600 mg/dL.


- Desenvolvimento de xantoma cutâneos e tuberosos na infância.

- Infarto do miocárdio e angina ocorrem até mesmo na infância.


- Depósitos de ateroma na raiz da aorta contribuem para a morte súbita.
- A morte antes dos 30 anos era a regra antes da plasmaferese de LDL.
Hiperlipidemia Combinada (Tipo IIb)

- Superprodução de apoB, que resulta em elevação das


lipoproteínas contendo ApoB. Exacerbada por fatores nutricionais
adquiridos, como a obesidade.

- A prevalência do tipo IIb é notada com o aumento da idade e


obesidade.

- O risco cardiovascular é maior para um dado valor de colesterol,


quando os triglicerídeos no soro também estão elevados.

- Pacientes com hipertrigliceridemia frequentemente tem LDL


pequena e densa aumentada. HDL-c baixo, agrava o risco.
Hiperlipidemia Remanescente (Tipo III)

- Condição autossômica recessiva causada por uma apoE anormal,


que não é reconhecida pelos receptores lipoprotéicos (genótipo
E2/E2).

- Acúmulo de remanescentes de quilomícrons e IDL (remanescente


de VLDL).

- Associado com hipotireoidismo ou obesidade.


- Associada com enfermidade cardiovascular periférica. Por isso, a
intervenção é indicada.

- Presença de xantomas na superfície palmar ou depósitos


tuberosos nos cotovelos e joelhos que desaparecem com a terapia.
Hiperlipidemia Remanescente (Tipo III)

- Eletroforese pode diferenciar os tipos de dislipidemia.


Tipo II b Tipo III
IDL

HDL VLDL LDL HDL VLDL LDL

- Ultracentrifugação identifica IDL (beta-VLDL), típico do tipo III.

- Diagnóstico definitivo necessita da análise de isoformas da apoE.


Hiperlipidemia Endógena (Tipo IV)

- Pode ser familiar, mas é comumente encontrada por causas


secundárias.

- Provocada pela superprodução de VLDL, como na


hipertrigliceridemia induzida por carboidratos, alcoolismo ou
terapia por estrogênios/progesterona ou, ainda, devido à
diminuição da atividade da lipase lipoprotéica, como na
insuficiência renal crônica e diabetes.

- A amostra refrigerada de soro fica uniformemente turva


sem a camada de quilomícrons.
Hiperlipidemia Mista (Tipo V)

- Presença de quilomícrons e excesso de VLDL no plasma, com


valores de TG acima de 1.000 mg/dL e colesterol normal ou
elevado.
- Aumento da produção hepática de VLDL, secundário à
obesidade, diabetes ou alcoolismo, ocasionalmente induzidos
por estrogênios e raramente familiar. Associada com
diminuição da atividade da lipase lipoprotéica (familiar ou
secundária ao hipotireoidismo, diabetes, beta-bloqueadores).

- O início dos sintomas ocorre a partir dos 30 ou 40 anos.


Determinação Laboratorial

Perfil Lipídico (após jejum 12-14 h)


Colesterol Total (CT)
Triglicerídeos (TG)
HDL-c
LDL-c*
* Fórmula de Friedewald: LDL-c = CT – (HDL-c +TG/5)
(válida para valores de TG < 400 mg/dL)

Lipoproteína(a) – Lp(a)
Homocisteína (HCY)
Fibrinogênio
Proteína C reativa de alta sensibilidade (PCR-as) ?
Determinação Laboratorial

Lipoproteína(a): Associada a eventos cardiovasculares. Não há


provas de que a redução diminui o risco de aterosclerose

Homocisteína: Aminoácido formado do metabolismo da


metionina. Elevação associada à disfunção endotelial, trombose e
maior gravidade de aterosclerose. Não há evidências de que
valores elevados sejam fator de risco isolado.

Fibrinogênio: junto com outras variáveis hemostáticas (antígeno


do PA-1 e t-PA) tem sido associado ao risco cardiovascular.

PCR-as: Marcador do processo inflamatório em indivíduos


sadios. Não se aplica a fumantes, diabéticos, portadores de
osteoartrose, mulheres sob TRH, uso de AINES ou em infecções.
Risco Relativo considerando os valores de Proteína C Reativa e
Razão Colesterol Total:HDL-c
LDL
ALTO
HDL
ALTO
CASO 1
LDL-C: baixo RISCO
120 CARDIOVASCULAR
HDL-C: muito
baixo
ALTO
20
BAIXO BAIXO
CASO 2 160
LDL-C: alto RISCO
CARDIOVASCULAR
HDL-C: baixo
40 MODERADO
CASO 3
160 RISCO
LDL-C: alto
CARDIOVASCULAR
HDL-C: muito
alto
80
BAIXO

CASO 4 RISCO
LDL-C: muito CARDIOVASCULAR
baixo
70 60 BAIXÍSSIMO
HDL-C: alto
Índice de Castelli
Valor do LDL-C  Valor do HDL-C = Resultado

RESULTADO RISCO
OBTIDO CARDIOVASCULAR

Inferior a 2 Baixíssimo

Entre 2 e 3,5 Baixo

Entre 3,6 e 5 Moderado

Superior a 5 Alto

Exemplo: LDL-C = 158 mg/dL e HDL-C = 52 mg/dL;


Resultado = 3,2; Risco Cardiovascular Baixo
Em quem determinar o perfil lipídico?

Todas as pessoas acima de 10 anos de idade.

Crianças a partir de 2 anos:


- Com antecedentes em familiares de primeiro grau de:
- Aterosclerose precoce (homens < 55 anos ou mulheres
< 65 anos)
- Dislipidemia grave (CT  300 e/ou TG  400 mg/dL)
- Presença de pancreatite aguda, xantomatose, obesidade
ou outros fatores de risco (hipertensão arterial, diabetes,
fumo, obesidade).
V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Arq Bras Cardiol v. 101, n. 4, 2013.
I Diretriz Brasileira de Hipercolesterolemia Familiar (HF);
Valores de referência dos lipídeos para indivíduos > 20 anos
Lipídeos Valores (mg/dL) Categoria
< 200 Desejável
CT 200 - 239 Limítrofe
 240 Alto
<100 Ótimo
100 - 129 Desejável
LDL-c 130 - 159 Limítrofe
160 - 189 Alto
 190 Muito alto
<40 Baixo
HDL-c >60 Desejável

<150 Desejável
150 - 200 Limítrofe
Triglicérides 201 - 499 Alto
 500 Muito alto
<130 Ótimo
130 - 159 Desejável
Colesterol não-HDL 160 - 189 Alto
 190 Muito alto

V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose.Arq Bras Cardiol v. 101, n. 4, 2013.


Valores de referência dos lipídeos para indivíduos entre 2 e 19 anos

Lipídeos Valores (mg/dL)

Desejável Limítrofe Aumentado


CT < 150 150 - 169  170
LDL-c < 100 100 - 129  130
HDL-c  45 - -
TG  100 100 - 129  130

I Diretriz Brasileira de Prevenção da Aterosclerose na Infância e Adolescência. Arq Bras Cardiol v. 85, supl. 6, 2005.
Escore de risco de Framingham

Calcula o risco absoluto de


eventos coronarianos em 10
anos

Risco Chance de evento


em 10 anos
Idade HDL-C Baixo < 10%
PAS Tabagismo
Col. Total Médio Entre 10 e 20%
Alto > 20%
Escore de risco de Framingham

Idade Pontos Colesterol


20-39 40-49 50-59 60-69 70-79
Total, mg/dL
20-34 -9
< 160 0 0 0 0 0
35-39 -4 160-199 4 3 2 1 0
40-44 0 200-239 7 5 3 1 0

45-49 3 240-279 9 6 4 2 1

50-54 6 ≥ 280 11 8 5 3 1

55-59 8

60-64 10 Fumo 20-39 40-49 50-59 60-69 70-79


65-69 11 Não 0 0 0 0 0
70-74 12
Sim 8 5 3 1 1
75-79 13

PA (sistólica, mm não HDL-colesterol


tratada Pontos
Hg) tratada (mg/dL)
< 120 0 0 ≥ 60 -1
120-129 0 1 50-59 0
130-139 1 2 40-49 1
140-159 1 2
< 40 2
≥ 160 2 3
Escore de risco de Framingham

Idade Pontos Colesterol


20-39 40-49 50-59 60-69 70-79
Total, mg/dL
20-34 -7
< 160 0 0 0 0 0
35-39 -3
160-199 4 3 3 1 1
40-44 0
200-239 8 6 6 2 1
45-49 3 240-279 11 8 8 3 2
50-54 6 ≥ 280 13 10 10 4 2

55-59 8

60-64 10

65-69 12 Fumo 20-39 40-49 50-59 60-69 70-79

70-74 14 Não 0 0 0 0 0

75-79 16 Sim 9 7 4 2 1

PA (sistólica, mm não HDL-colesterol


Pontos
tratada (mg/dL)
Hg) tratada
< 120 0 0 ≥ 60 -1
50-59 0
120-129 1 3
130-139 2 4 40-49 1
140-159 3 5 < 40 2

≥ 160 4 6
Escore de risco de Framingham

Total de pontos Risco absoluto 10 Total de pontos Risco absoluto 10


Homens anos (%) Mulheres anos (%)
<0 <1 <9 <1
0 1 9 1
1 1 10 1
2 1 11 1
3 1 12 1
4 1 13 2
5 2 14 2
6 2 15 3
7 3 16 4
8 4 17 5
9 5 18 6
10 6 19 8
11 8 20 11
12 10 21 14
13 12 22 17
14 16 23 22
15 20 24 27
16 25 ≥ 25 ≥30
≥17 ≥30
Escore de Risco Global e Escore de Risco pelo Tempo de Vida

Estratificação de risco por etapas:


1. Determinação da presença de DAC significativa ou de seus equivalentes;
2. Utilização dos escores de predição do risco;
3. Reclassificação do risco predito pela presença de fatores agravantes do risco

O paciente que se
enquadrar em uma
dessas categorias não
requer outras etapas para
estratificação de risco,
sendo considerado
automaticamente como
de ALTO RISCO (≥ 20%
em 10 anos)

V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Arq Bras Cardiol v. 101, n. 4, 2013.
Escore de Risco Global

Fase 2 - Escore de risco


(Chance de apresentarem eventos cardiovasculares em 10 anos)

Risco Absoluto Final

BAIXO RISCO: < 5%

RISCO INTERMEDIÁRIO: ≥ 5% e  20% (homens); ≥ 5% e  10% (mulheres)

ALTO RISCO: > 20 % (homens); > 10% (mulheres)

http://my.americanheart.org/professional/StatementsGuidelines/PreventionGuidelines/Prevention-Guidelines_UCM_457698_SubHomePage.jsp
V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Arq Bras Cardiol v. 101, n. 4, 2013.
Fase 2 - Escore de Risco Global

http://my.americanheart.org/professional/StatementsGuidelines/PreventionGuidelines/Prevention-Guidelines_UCM_457698_SubHomePage.jsp
V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Arq Bras Cardiol v. 101, n. 4, 2013.
Fase 2 - Escore de Risco Global

http://my.americanheart.org/professional/StatementsGuidelines/PreventionGuidelines/Prevention-Guidelines_UCM_457698_SubHomePage.jsp
V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Arq Bras Cardiol v. 101, n. 4, 2013.
Fase 3 – Fatores Agravantes

Nos indivíduos de risco


intermediário devem-se utilizar
os fatores agravantes que,
quando presentes (pelo menos
um deles), reclassificam o
indivíduo para a condição de
alto risco.

http://my.americanheart.org/professional/StatementsGuidelines/PreventionGuidelines/Prevention-Guidelines_UCM_457698_SubHomePage.jsp
V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Arq Bras Cardiol v. 101, n. 4, 2013.
Síndrome Metabólica

Conjunto de fatores de risco que aumentam a chance de


desenvolver doenças cardíacas, mesmo sem o LDL-c elevado.

Relacionada com hereditariedade, mas principalmente obesidade


abdominal, resistência à insulina e inatividade física.
Presença de três ou mais dos seguintes fatores:
- Circunferência da cintura: 88 cm (mulheres); 102 cm (homens);
- HDL-c inferior a 50 mg/dL em mulheres, e 40 mg/dL em homens;
- Triglicerídeos acima de 150 mg/dL;
- Pressão arterial de 130/85 mmHg ou superior
- Glicose em jejum acima de 100 mg/dL
Síndrome Metabólica

http://my.americanheart.org/professional/StatementsGuidelines/PreventionGuidelines/Prevention-Guidelines_UCM_457698_SubHomePage.jsp
V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Arq Bras Cardiol v. 101, n. 4, 2013.
Escore de Risco pelo Tempo de Vida

http://my.americanheart.org/professional/StatementsGuidelines/PreventionGuidelines/Prevention-Guidelines_UCM_457698_SubHomePage.jsp
V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Arq Bras Cardiol v. 101, n. 4, 2013.
Risco cardiovascular acumula com cada fator

Diabetes mellitus

Hipercolesterolemia

Obesidade e Sobrepeso

Tabagismo

Hipertensão

Sedentarismo
Estresse Oxidativo (?)

Fatores de Risco Risco cardiovascular


Objetivo do Tratamento: Redução do Risco
Cardiovascular Total

Prevention of Cardiovascular Disease – WHO, 2007.


Concentrações mais Altas de Colesterol estão
associadas a Taxas de Mortalidade mais Altas

18
16
Taxa de Mortalidade

14
por 1000 Homnes

12
10
8
6
4
2
0
140 160 180 200 220 240 260 280 300

Colesterol Total (mg/dL)

MRFIT study. Martin et al. Lancet 1986;II:933–936.


Impacto da Redução do LDL-c nos Eventos
Cardiovasculares e na Mortalidade Total

DAC Mortalidade
LDL-c AVC
fatal ou não por DAC Total
0

-10
%
-20
§
-22
-30
-28 ‡
-30* -29†
-40 -33*
*IC não reportado
†95% IC, 14-41%
‡95% IC, 16-37%

Herbert PR et al. JAMA. 1997; 278: 313-321 §95% IC, 12-31%


Grundy SM, et al. Circulation 2004;110:227-39
Relação entre
LDL-C e Risco Relativo para DAC

3,7
RR de DAC (log)

2,9

2,2

1,7
A cada redução de 30 mg/dL de LDL-C
Redução do RR de DAC em 30%
1,3

40 70 100 130 160 190

Redução do LDL-C (mg/dL)

Grundy SM, et al. Circulation 2004;110:227-39


Metas dos Tratamentos Preventivos com Hipolipemiantes

Risco em 10 anos Meta Terapêutica (mg/dL)

LDL-c Não-HDL-c
Baixo  160 190
Intermediário 130  160
Alto ou diabéticos  100  130
(opcional  70) (opcional  100)

Aterosclerose significativa  70  100


HDL-c TG
Homens  40  150
Mulheres e diabéticos  50  150
V Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose
Metas dos Tratamentos Preventivos com Hipolipemiantes

Risco em 10 anos Meta Terapêutica (mg/dL)

LDL-c Não-HDL-c
Baixo  160 190
Intermediário 130  160
Alto ou diabéticos  100  130
(opcional  70) (opcional  100)

Aterosclerose significativa  70  100


HDL-c TG
Homens  40  150
Mulheres e diabéticos  50  150
V Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose
Conceitos Fundamentais de Tratamento da Hipercolesterolemia

Não existe mais alvo terapêutico (AHA 2013 – EUA)

Definição de 4 grupos que se beneficiam com a estatina


1. Aterosclerose clínica (representa prevenção secundária)

2. Elevações primárias do LDL-c ≥ 190 mg/dL

3. Diabéticos de 40 a 75 anos com LDL-c 70-189 mg/dL

4. Indivíduos sem aterosclerose clínica e não diabéticos, com LDL-c 70-


189 mg/dL e risco estimado em 10 anos para aterosclerose ≥ 7,5%.

Stone NJ, et al. 2013 ACC/AHA Blood Cholesterol Guideline. Circulation, 2013. http://circ.ahajournals.org/
Conceitos Fundamentais de Tratamento da Hipercolesterolemia

Não existe mais alvo terapêutico (AHA 2013 – EUA)

Avaliação Global do Risco por uma nova fórmula

Inclui como fatores de risco: sexo, idade, etnia, colesterol total, HDL-c,
pressão arterial sistólica, tratamento para hipertensão, diabetes e tabagismo.
http://my.americanheart.org/cvriskcalculator

http://my.americanheart.org/professional/StatementsGuidelines/Prevention
Guidelines/Prevention-Guidelines_UCM_457698_SubHomePage.jsp

Stone NJ, et al. 2013 ACC/AHA Blood Cholesterol Guideline. Circulation, 2013. http://circ.ahajournals.org/
Conceitos Fundamentais de Tratamento da Hipercolesterolemia

Não existe mais alvo terapêutico (AHA 2013 – EUA)

Definição de 3 Estratégias de Tratamento


1. Terapia de Alta Doença aterosclerótica clínica Reduzir LDL-c ≥ 50%
Intensidade (coronária, cerebrovascular) e
 75 anos; LDL-c ≥ 190 mg/dL

2. Terapia de Diabéticos; Reduzir LDL-c aprox.


Moderada a Alta Risco em 10 anos ≥ 7,5% 30-50%
Intensidade

2. Terapia de LDL-c 70-189 Reduzir LDL-c aprox.


Moderada Intensidade 30-50%

Stone NJ, et al. 2013 ACC/AHA Blood Cholesterol Guideline. Circulation, 2013. http://circ.ahajournals.org/
Medidas Terapêuticas Iniciais e Período de Reavaliação

Condição Medida Terapêutica Reavaliação das Metas


Inicial

Baixo Risco MEV 6 meses


Risco Intermediário MEV 3 meses

Alto Risco MEV + Tratamento 3 meses


Farmacológico

Aterosclerose MEV + Tratamento Individualizada


Manifesta Farmacológico

MEV = Mudança do Estilo de Vida


V Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose
Mudança de estilo de vida

Recomendações dietéticas para o tratamento das hipercolesterolemias


Nutriente Ingestão recomendada
Gordura Total 25 -35% das calorias totais
Ácidos graxos saturados ≤ 7% das calorias totais
Ácidos graxos ≤ 10% das calorias totais
polinsaturados
Ácidos graxos ≤ 20% das calorias totais
monoinsaturados
Carboidratos 50 -60% das calorias totais
Proteínas Cerca de 15% das calorias totais
Colesterol ≤ 200 mg/dia
Fibras 20 a 30 g/dia
Mudança de estilo de vida

Mudança Redução de
LDL-c
Gordura Diminuição para 8 -10% A atividade física regular é
Saturada menos de 7% das medida auxiliar para o controle
calorias das dislipidemias. A prática de
exercício físico aeróbio promove
Colesterol Diminuição para 3-5%
redução de TG e aumento do
da Dieta menos de 200
HDL-c. Porém, sem grandes
mg/dia
alterações no LDL-c.
Peso Perder 5 kg (se 5-8%
tiver sobrepeso)
Fibras Adicionar 5-10 5-15%
Solúveis g/dia
Fitosteróis Adicionar 2 g/dia 5-15%
Total 20-30%
Tratamento farmacológico da hipercolesterolemia:
Estatinas

São inibidores reversíveis e específicos da HMG-CoA redutase.

 Síntese hepática de colesterol;


 Aumento da síntese dos receptores da LDL-c com  da
captação de LDL-c.

Assim, o principal efeito bioquímico consiste em:


 LDL-c (15% a 55%)
 Triglicerídeos (7% a 28%)
 HDL-c (2% a 10%)
Estatinas

Hepatócito Receptor da
LDL
Acetato

HMG-CoA
Redutase
LDL

Colesterol

LDL no
plasma
Estatinas - Mecanismo de Ação

83
Estatinas - Mecanismo de Ação no Aumento do HDL-c

Regulação de ApoA1 e ABCA1 pelas estatinas.

PPAR-a: peroxissome proliferator-activated receptor alpha


SREBP-2: sterol regulatory element-binding protein 2
LXR: Liver X Receptor
Estatinas e HDL-c

- Aumenta a secreção de adiponectina, que, promove


produção de ApoAI e expressão de ABCA1 no fígado.

- Ativação da Lipase lipoproteica (PPAR-y).

- Diminui atividade da Lipase hepática.

- Diminui atividade da
Fosfolipase endotelial.

- Aumenta a expressão e
a atividade da PON1.
- CETP????
Estatinas e HDL-c (resumo)
Outras Ações das Estatinas

- Melhora a função endotelial


- Reduz a inflamação nas células e agregação plaquetária
- Aumento da neovascularização do tecido isquêmico
- Aumento das células progenitoras endoteliais circulantes
- Estabilização da placa aterosclerótica
- Ações antitrombóticas e aumento da fibrinólise
- Imunossupressão
- Potenciais como anti-oxidante, anti-tumoral, antimalárico.

Efeitos adversos são raros , os mais graves são hepatite, miosite


e rabdomiólise.
Inibidores da Absorção de Colesterol

• Inibe a absorção do colesterol da dieta

• Inibe a reabsorção do colesterol biliar

• Diminui LDL-colesterol

Mecanismo

•Inibe a formação de LDL


•Aumenta a remoção plasmática de LDL
Absorção Intestinal de Colesterol
Célula Epitelial Colesterol Colesterol da
Através do Intestinal Biliar Dieta
sistema
linfático
para o
fígado
MTP
QM Colesterol
Ésteres de Colesterol
Luminal
ABCG5
Ácido
ACAT ABCG8
Biliar
(esterificação) excreção
Colesterol
Micelar
Transportadores
de Colesterol
Colesterol
Livre NPC1L1
Captação

Bays H et al. Expert Opin Pharmacother 2003;4:779-790.


Fitoesteróis de Plantas

Colesterol da Fitoesterol
- Uma dieta adequada Dieta
fornece 200 a 400 mg de
fitosteróis.
Colesterol

- É necessária a ingestão
de 2 g/dia para a redução
de 10-15% do LDL-c.

- Não influenciam na
concentração de HDL-c e
de triglicérides.
Fitoesteróis de Plantas

Linfa Enterócito Lúmen


Intestinal

Colesterol
Esteróis e estanóis
entram no
enterócito, mas são ACAT NPC1L1
devolvidos ao
lúmen intestinal
com mais eficiência
pelo complexo
ABCG5/G8, de Éster de
modo que apenas Colesterol ABCG5/G8
traços de esteróis
ficam na circulação.
Ezetimibe

Colesterol Colesterol da
Célula Epitelial Intestinal Biliar Dieta

Através do sistema
linfático para o
fígado
MTP
QM
Ésteres de Colesterol Colesterol
Luminal
Ácido
ACAT ABCG5
Biliar
ABCG8
(esterificação)
Colesterol
Ezetimibe Micelar

Colesterol NPC1L1
Livre captação
Ezetimibe

- Usado isolado reduz cerca de 20% do LDL-c.

- Associação com estatina, redução adicional de LDL-c em cerca


de 20% em comparação com a estatina isoladamente.

- Como monoterapia, diminui cerca de 28% o LDL-c em crianças


com hipercolesterolemia familia heterozigótica.

- Monoterapia indicada a partir de 5 anos e associação com estatinas


a partir de 8 anos.

- Raros efeitos colaterais. Não se recomenda o uso em caso de doença


hepática.
Resinas de Ligação de Sais Biliares

Sequestram os sais biliares no intestino e impedem sua reabsorção e


circulação ênterohepática.

↓ Absorção do Colest.
Endógeno e Exógeno

↑ Metab. do Colesterol
endógeno em ác. Biliares

↑ Expressão de LDLR

HDL-c não altera


TG pode elevar (maior
produção hepática)
Resinas de Ligação de Sais Biliares

- Reduz cerca de 20% de LDL-c, potencializado pelas estatinas.

- Útil em crianças menores de 8 anos que não podem usar estatinas.


- Única liberada para mulheres no período reprodutivo sem método
anticoncepcional efetivo.

- Utilizar outros medicamentos 1 h antes ou 4 h depois da


administração das resinas.

- Efeitos colaterais: constipação, plenitude gástrica, náuseas.


Diminui a absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, K, E) e ácido fólico.
Ezetimibe e Colestiramina

Linfa Enterócito Lúmen


Intestinal

Colesterol Ezetimibe

X
ACAT NPC1L1

Éster de
Colesterol ABCG5/G8

X
Colestiramina
Inibidores da Absorção de Colesterol
LDL Receptores
apoB100
Fígado
Colesterol

Duodeno

VLDL
apoB100
Ezetimibe
Colestiramina
X Jejuno

Íleo

Remanescente QM
de QM
apoB48
apoB48 Colon
Formação e Secreção de VLDL

Presença de Triglicerídeos

MTP MTP
ApoB Ésteres de Colesterol

Colesterol

Dieta/Bile Síntese
Efeito dos Inibidores da Absorção de
Colesterol

Presença de Triglicerídeos

MTP MTP
ApoB Ésteres de Colesterol

Colesterol
Ezetimibe
X
Colestiramina
Dieta/Bile Síntese
Adição da estatina bloqueia o aumento
compensatório da síntese de colesterol

Presença de Triglicerídeos

MTP MTP
ApoB Ésteres de Colesterol

Colesterol

X X
Ezetimibe
Colestiramina Estatina
Dieta/Bile Síntese
Dupla Inibição
LDL
apoB100
Fígado
Estatina
Duodeno
X
VLDL
apoB100
Jejuno
Ezetimibe X
Colestiramina

Íleo

Remanescente QM
de QM
apoB48
apoB48 Colon
Tratamento farmacológico da hipertrigliceridemia:
Fibratos
Derivados do ácido fíbrico. Ex. Bezafibrato, Ciprofibrato,
Genfibrozila.

Estimulam o receptor nuclear PPAR-α.


Esse estímulo leva ao aumento da
produção e ação da lipase lipoprotéica
(LPL) e redução da Apo C-III,
responsável pela inibição da LPL.

 produção hepática de VLDL;


 30-60% TG
Fibratos

- O estímulo do PPAR-α aumenta a síntese da ApoAI ( 10% de HDL).


- Ação variável no LDL-c

 Expressão do fator de transcrição nuclear NF-kB → inibindo o


processo inflamatório vascular.

- Podem ocorrer: distúrbios gastrintestinais, mialgia, astenia, litíase


biliar, erupção cutânea, prurido, cefaléia, alteração do sono.
- Rabdomiólise pode ocorrer na associação de estatinas + genfibrozil.

- Recomenda-se cautela: na doença biliar; uso com anticoagulante


oral; função renal diminuída; associação com estatinas.
Tratamento farmacológico da hipertrigliceridemia:
Ácido Nicotínico
Ex. ACIPIMOX
Reduz a ação da lipase tecidual, levando a menor liberação de
ácidos graxos livres para a acorrente sanguínea e reduzindo a
produção hepática de triglicerídeos e a secreção de VLDL.
 TG (20 a 50%)  LDL (5 a 25%)  HDL (15 a 35%)

Alternativa aos fibratos e estatinas ou em associação com estes.

Atua nos receptores de prostaglandina levando à vasodilatação


intensa, rubor facial ou prurido.

Potencializa a hipotensão ortostática causada por antihipertensivos,


diminui a efetividade de hipoglicemiantes
Tratamento farmacológico da hipertrigliceridemia:
Omega 3

Os ácidos graxos omega-3 são derivados do óleo de peixes


provenientes de águas frias e profundas; óleo de canola, soja,
linhaça e nozes.

Em altas doses (4 a 10 g ao dia), diminuem a produção hepática


de VLDL e aumentam discretamente o HDL-c.

Terapia adjuvante na hipertrigliceridemia ou em substituição a


fibratos, niacina ou estatinas em pacientes intolerantes.
Potenciais mecanismos de redução dos triglicerídeos (TG) e colesterol pelos
ácidos graxos polinsaturados (FA)

LDL-R

Jacobson, Am. J. Clin. Nutr., 87 (Suppl.): 1981S-90S, 2008.


Omega-3 Fatty Acids: Studies Don't Support
Heart Benefit

LDL-R

A suplementação com ácidos graxos w-3 (em cápsulas)


não reduziu o risco de eventos cardiovasculares.
Chowdhury, R et al "Association of dietary, circulating, and supplement fatty acids with coronary risk“. A
systematic review and meta-analyis. Ann of Intern Med 2014; 160 (6).
Association of Dietary, Circulanting, and Supplement
Fatty Acids with Corronary Risk
SARDINHA SALMÃO

LDL-R

O consumo de peixes ricos em ácidos graxos w-3 está associado à


redução do risco de eventos cardiovasculares, enquanto a ingestão
de ácidos graxos trans aumenta o risco.
Chowdhury, R et al "Association of dietary, circulating, and supplement fatty acids with coronary risk“. A systematic review and
meta-analyis. Ann of Intern Med 2014; 160 (6).
Orlistat

- Inibidor das lipases intestinais. Atua ligando-se


covalentemente aos sítios catalíticos das lipases gástrica
e pancreática.
- Diminui em 30% a absorção de triglicerídeos ingeridos.
- Não se conhece definitivamente o papel do seu uso na
prevenção da aterosclerose.
Potenciais alvos para o desenvolvimento de novas
terapias para a aterosclerose
- Inibição da proteína de transferência microssomal de triglicerídeos
(MTP).
- Inibidores da síntese hepática de apoB100
- Inibição da esqualeno sintase
- Inibição da PCSK9
- Estímulo à sintese de ApoA-I, ApoA-IV, ApoE
- Proteínas celulares e membranares que influenciam o
metabolismo da HDL: ABCA1, SR-BI

- Modulação da atividade da LCAT, CETP, Lipase Lipoprotéica,


Lipase Hepática, Lipase Endotelial.

Você também pode gostar