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TRT - RO n.º 2882/98 - (Ac. TP n.º 1211/99)

ORIGEM: JCJ DE TANGARÁ DA SERRA/MT

RELATOR: JUIZ BRUNO WEILER

REVISOR: JUIZ ANTÔNIO GABRIEL

RECORRENTE: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

ADVOGADO: JUEL PRUDÊNCIO BORGES E OUTROS

RECORRIDO: WILSON FRANCELINO DE OLIVEIRA

ADVOGADOS: ALCIDES MATTIUZO JÚNIOR E OUTRO(S)

EMENTA: DEVOLUÇÃO DE DESCONTOS. AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO


EXPRESSA.

É devida a devolução dos descontos salariais efetuados pelo


empregador, sem a autorização prévia e por escrito do
empregado, para ser integrado em planos de assistência
odontológica, médico-hospitalar, de seguro, de previdência
privada, ou de entidade cooperativa, cultural ou recreativa
associativa dos seus trabalhadores, em seu benefício e dos
seus dependentes, por afronta ao disposto pelo art. 462 da
CLT.

(Inteligência do Enunciado 342 do TST).

I - RELATÓRIO

Sob a presidência do Exmº. Juiz OSMAIR COUTO, a Junta de


Conciliação e Julgamento de Tangará da Serra/MT, de
conformidade com a sentença exarada às fls. 220/5, cujo
relatório adoto, rejeitou as preliminares de incompetência
material e de ilegitimidade passiva ad causam da reclamada;
acolheu a prejudicial de prescrição extinguindo o feito
quanto aos créditos anteriores a 14-09-93 e, no mérito,
julgou parcialmente procedentes os pedidos, condenando a
reclamada a pagar ao reclamante as horas extras com
reflexos e proceder à devolução dos descontos a título de
FUNCEF, SASSE - seguro preferencial de vida e PAMS -
Participação.

Irresignada, a reclamada recorre ordinariamente às fls.


226/235, renovando a argüição das preliminares rejeitadas e
pleiteando a reforma da decisão quanto aos pedidos em que
restou sucumbente.

Custas processuais e depósito recursal regularmente


recolhidos, respectivamente às fls. 226/227.

O recurso foi tempestivamente contra-arrazoado às fls.


241/246.

Em parecer emitido à fl. 125 o Ministério Público do


Trabalho opina pelo prosseguimento do feito.

É o relatório.

II - ADMISSIBILIDADE

Presentes os pressupostos processuais de admissibilidade,


conheço do recurso ordinário e das contra-razões.

III - PRELIMINARES

DA INCOMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA E ILEGITIMIDADE


PASSIVA AD CAUSAM

A Junta de origem rejeitou as preliminares em epígrafe, no


que concerne ao pedido de devolução de contribuições de
complementação de aposentadoria recolhidas à Fundação dos
Economiários Federais - FUNCEF, sob o fundamento de que "a
competência material da Justiça do Trabalho não supõe a
disputa na condição atual de empregado e empregador",
bastando que a lide seja concernente ao tempo em que
vigorou o contrato de emprego e deste derivante.

Rejeitou, ainda, os argumentos no sentido de que a matéria


é de cunho previdenciário, sendo a reclamada mera
instituidora da FUNCEF, entendendo ser esta entidade
previdenciária privada uma longa manus do próprio
empregador e que o pedido do autor reporta-se a devolução
de descontos efetuados no salário por ela pagos, não
podendo a reclamada esquivar-se de responder em juízo pelos
mesmos.

Colacionou arestos que reconhecem no contrato de emprego o


suporte do direito subjetivo material invocado em juízo
para direcionar à Justiça do Trabalho a competência para
conhecer e dirimir os pedidos dele decorrentes.

Nada a acrescentar na fundamentação da sentença, neste


particular.

Rejeito as preliminares.

IV - MÉRITO

1. DAS HORAS EXTRAS

A Junta deferiu ao reclamante "1:45 horas extras por dia,


de segunda a sexta-feira, durante o período em que o
reclamante não laborou desempenhando função de Gerente
Geral de Agência até a demissão (01/2/96 até 28/7/97)",
determinando, ainda, a dedução das horas extras pagas e que
fossem considerados os dias efetivamente laborados.

A reclamada busca a reforma da decisão alegando que "as


horas extras efetivamente prestadas, no período em que o
reclamante laborou como escriturário, foram anotadas nas
Folhas de Freqüências e devidamente pagas", conforme prova
nos autos.

A Junta firmou seu convencimento ao avaliar a prova


testemunhal, especialmente no depoimento da primeira
testemunha da reclamada, Sr. João Anísio de Souza Boechat,
às fls. 27/28, nos seguintes termos:

"Que o reclamante saiu da


gerência e foi trabalhar como
escriturário, mas também
sibustituía nos caixas.(...)
Que o Recte trabalhava das
08:15/08:30 horas às
16:30/17:00 horas. Que as
folhas de freqüência eram
preenchidas no final do mês.
(...) Que o horário anotado
na sua folha de ponto é
somente o horário padrão do
banco de seis horas das 9:30
às 15:30 horas, com 15
minutos de intervalo (...)
Que nos dias de grande
movimento os caixas
trabalhavam além das 17:00
horas."

Observa-se que a testemunha apresentada pela reclamada


afirmou fato contrário ao interesse da mesma e favorável à
tese do reclamante.

Acertadamente decidiu a Junta originária, posto que a


própria reclamada produziu prova contra si.

No que concerne à alegação de que as horas laboradas foram


devidamente pagas, a condenação não incidirá em bis in
idem, pois foi determinado o desconto de todas as horas
extras pagas ao reclamante, o que será apurado em
liquidação por cálculo do contador.

Nego provimento, no particular.

2. DEVOLUÇÃO DE DESCONTOS A TÍTULO DE FUNCEF, SASSE -


SEGURO PREFERENCIAL DE VIDA E PAMS - PARTICIPAÇÃO

Requer a reclamada a reforma da sentença quanto à devolução


dos descontos efetuados, ao longo do vínculo empregatício,
sob as rubricas: FUNCEF, SASSE - Seguro Preferencial de
Vida e PAMS - Participação, .

Entendo que desde que autorizados os descontos relativos a


benefícios os quais, ainda que potencialmente venham a
possibilitar a fruição pelo empregado, descabe a devolução,
sob pena de se desestimular o empregador a realizar
convênios médicos e/ou de seguros de vida em grupo em favor
de seus empregados, o que se diz apenas a título
exemplificativo.

Ocorre, entretanto, que tais descontos, in casu, não foram


autorizados, por escrito, pelo obreiro, contrariando o
entendimento jurisprudencial assentado, conforme os termos
do Enunciado 342 do C. TST, in verbis:

"DESCONTOS
SALARIAIS.
Descontos salariais
efetuados pelo
empregador, com a
autorização prévia
e por escrito do
empregado, para ser
integrado em planos
de assistência
odontológica,
médico-hospitalar,
de seguro, de
previdência
privada, ou de
entidade
cooperativa ,
cultural ou
recreativa
associativa dos
seus trabalhadores,
em seu benefício e
dos seus
dependentes, não
afrontam o disposto
pelo art. 462 da
CLT, salvo se ficar
demonstrada a
existência de
coação ou de outro
defeito que vicie o
ato jurídico".

Verifica-se na ata de audiência, à fl. 24, que o Reclamante


confirmou a devolução de 80% dos valores descontados sob a
rubrica FUNCEF, tendo a Reclamada retido os 20% restantes,
"a título de administração."

Em suas razões recursais, a reclamada afirma, (fl. 232),


verbis: "Conforme regulamento, caso o empregado se demita
tem este o direito ao resgate das contribuições efetuadas
durante o seu contrato, evidente que de parte desse valor,
conforme tabela estabelecida em regulamento."

Desta forma, a Reclamada admite o direito que assiste ao


reclamante na devolução das contribuições, uma vez que não
trouxe aos autos o Regulamento da FUNCEF, de modo a
possibilitar o exame da licitude da retenção alegada pela
mesma e por ser a responsável direta pelos descontos no
salário daquele, incumbe-lhe efetuar a devolução dos 20%
restantes, conforme determinou a Junta originária.

Por tais fundamentos, entendo devida a devolução dos


valores descontados pela Reclamada a título de FUNCEF,
SASSE - Seguro Preferencial de Vida e PAMS - Participação,
mantendo a sentença revisanda por seus jurídicos
fundamentos.

Nego provimento ao recurso


 

V - CONCLUSÃO

Por todo o exposto, conheço do recurso ordinário, rejeito


as preliminares de incompetência em razão da matéria e de
ilegitimidade passiva ad causam e, no mérito, nego-lhe
provimento, nos termos da fundamentação.

ISTO POSTO,

DECIDIU o eg. Tribunal Regional do Trabalho da Vigésima


Terceira Região, por unanimidade, conhecer do recurso
ordinário, rejeitar as preliminares de incompetência em
razão da matéria e de ilegitimidade passiva ad causam e, no
mérito, negar-lhe provimento, nos termos do voto do Juiz
Relator.

Obs: Ausentes as Exmas. Senhoras Juízas Leila Conceição da Silva


Boccoli, em gozo de férias regulamentares, e Maria Berenice Carvalho
Castro Souza, conforme Resolução nº 591/98 do C. TST.

Cuiabá, 25 de maio de 1999. (3ªf.)

JUIZ PRESIDENTE

BRUNO LUIZ WEILER SIQUEIRA

Juiz Relator

PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO

Fonte: DJ/MT nº 5.692 do dia 22/06/99 pág. 22

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